sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina
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completamente feliz na faculda<strong>de</strong> acabaram em nada, naquelas fachadas <strong>de</strong><br />
mármore polido e vidro laminado da Avenida Madison. 32<br />
Esses <strong>de</strong>scontentamentos também faziam com que Esther se sentisse culpada,<br />
afinal, dizia ela, ―achava que eu estava vivendo a melhor época da minha vida‖, 33<br />
após pensar em como os Rosenberg haviam sido mortos. Justificar que estava viva era<br />
um bom sinal, pois ―a idéia <strong>de</strong> ser eletrocutada me dá náuseas e esse era o único<br />
assunto dos jornais – [...] Devia ser a pior coisa do mundo‖. 34 E mesmo assim, ora<br />
aliviada, ora culpada, Esther sabia que estva passando por <strong>de</strong>sgastes que,<br />
furtivamente, <strong>de</strong>sestabilizavam a garota forte física e emocionalmente que<br />
conquistava seus prêmios.<br />
―Éramos doze garotas no hotel‖. 35 ―Jay Cee era minha chefe e eu gostava<br />
muito <strong>de</strong>la‖. 36 Nesse momento da narrativa a protagonista <strong>de</strong>senvolve suas metáforas<br />
sobre suas companheiras e sua chefe, uma suposta i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobramento entre os<br />
apóstolos e a lembrança das iniciais JC, <strong>de</strong> Jesus Cristo, pois como diz Esther, ―Jay<br />
Cee queria me ensinar algo‖. 37 A narradora, já abalada, faz suas comparações e<br />
percebe que além <strong>de</strong> todas as circunstâncias <strong>de</strong>bilitantes a lhe espiar, se vê trancafiada<br />
em um hotel só para mulheres, sem a menor possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua imaginária e tão<br />
sonhada liberda<strong>de</strong> sexual:<br />
Então éramos doze no hotel, na mesma ala do mesmo andar, em<br />
apartamentos individuais, um ao lado do outro, o que lembrava o meu<br />
dormitório na faculda<strong>de</strong>. Não era um hotel normal – isto é, com homens e<br />
mulheres hospedados no mesmo andar. Esse hotel – o Amazon – era só<br />
para mulheres, a maioria da minha ida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> família rica, que queria ter<br />
certeza <strong>de</strong> que suas filhas estariam hospedadas em um lugar on<strong>de</strong> os<br />
homens não pu<strong>de</strong>ssem importuná-las e enganá-las. 38<br />
32 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p. 9-8.<br />
33 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p. 1.<br />
34 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. I<strong>de</strong>m. 1999, p.1.<br />
35 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.9.<br />
36 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.12.<br />
37 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. I<strong>de</strong>m, 1999, p.12.<br />
38 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.10.