sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina
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1 POR DENTRO DA REDOMA DE VIDRO: O DUPLO NO ROMANCE<br />
1.1 Entre o Ser e o Estar: Eu sou o Outro<br />
Eu sou Eu sou Eu sou 28<br />
A Redoma <strong>de</strong> Vidro apresenta a personagem narradora/protagonista Esther<br />
Greenwood insatisfeita com sua vida fútil em Nova Iorque ao lado <strong>de</strong> onze garotas. O<br />
verão daquele ano parecia sufocante <strong>de</strong>mais e seus pensamentos flutuavam com as<br />
i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> quem ela pu<strong>de</strong>sse ser ou quem ela realmente gostaria <strong>de</strong> ser, afinal, tinha<br />
capacida<strong>de</strong> para ser tantas coisas, mas não conseguia se <strong>de</strong>cidir e isso se tornara um<br />
gran<strong>de</strong> problema para Esther. A insatisfação passa a ser uma problemática, um<br />
sufocamento <strong>de</strong> seus i<strong>de</strong>ais culminando em um alarmente <strong>de</strong>clínio mental: ―Sabia que<br />
alguma coisa não andava bem comigo naquele verão‖ 29 , ―Nova York já estava<br />
suficientemente horrível‖. 30 Esther ainda reitera sua insatisção, ―[...] Nova York está<br />
se dissolvendo, está tudo se dissolvendo e nada nem ninguém mais me interessa.‖ 31<br />
Ser uma aluna brilhante, ganhar bolsas <strong>de</strong> estudo, ser ganhadora <strong>de</strong> concurso<br />
para uma revista <strong>de</strong> moda ou ainda ser invejada por muitas alunas na faculda<strong>de</strong> e estar<br />
vivendo em Nova Iorque geram mais problemas para uma garota que se achava dona<br />
da situação:<br />
Só que eu não estava dirigindo nada, nem a mim mesma. A única coisa<br />
que fazia era <strong>de</strong>spencar do hotel para o trabalho e para as festas e das<br />
festas para o hotel e outra vez o trabalho, como se fosse um ônibus<br />
embrutecido e insensível. Deveria ficar tão animada quanto a maioria das<br />
garotas, mas não conseguia. Eu me sentia imóvel e oca como o olho do<br />
furacão, se agitando estupidamente no meio daquele enorme tumulto. [...]<br />
Pensava também que todas as pequenas vitórias que ostentei<br />
28 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Op., cit. 1999, p. 60.<br />
29 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p. 8.<br />
30 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p. 7.<br />
31 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p. 27.