30.04.2013 Views

TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

oças e fornecedores <strong>de</strong> produtos artesanais e agrícolas. Sendo assim, o modo <strong>de</strong> vida dos<br />

índios al<strong>de</strong>ados nesse século é resultante do contato com o branco europeu, principalmente os<br />

missionários. Enfrentavam ainda a ira dos senhores <strong>de</strong> engenho e criadores <strong>de</strong> gado próximo<br />

as al<strong>de</strong>ias, pela disputa da terra que restara.<br />

[...] queixavam-se os índios <strong>de</strong> que o gado <strong>de</strong>struía suas roças, que os<br />

brancos invadiam suas terras ou não pagavam o arrendamento quando as<br />

exploravam. Por seu turno, os índios eram acusados pelos fazen<strong>de</strong>iros <strong>de</strong><br />

ser<strong>em</strong> ébrios, arruaceiros e preguiçosos e com isso se insinuava que era<br />

um <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong>ixar as terras nas mãos <strong>de</strong>les. 173 [grifo nosso]<br />

Esse trecho <strong>de</strong>monstra que os índios foram caracterizados <strong>de</strong> “ébrios”,<br />

“arruaceiros”, e “preguiçosos” pelos fazen<strong>de</strong>iros, pelo fato <strong>de</strong> não possuír<strong>em</strong> os mesmos<br />

valores que eles <strong>em</strong> relação ao trabalho. Enquanto o índio estava preocupado apenas <strong>em</strong><br />

garantir a sobrevivência, aos fazen<strong>de</strong>iros interessava a contínua acumulação <strong>de</strong> riquezas e<br />

para isso precisava explorar o trabalho <strong>de</strong> terceiros.<br />

Para Nunes, a <strong>de</strong>cadência dos al<strong>de</strong>amentos <strong>em</strong> Sergipe foi impulsionada pela<br />

expansão da sua economia. 174 No entanto, esse não foi o único fator. Conforme Dantas, logo<br />

<strong>de</strong>pois da Lei <strong>de</strong> Terras <strong>de</strong> 1850, <strong>de</strong>terminou-se que os índios que estivess<strong>em</strong> há muito t<strong>em</strong>po<br />

<strong>em</strong> contato com os brancos, seriam consi<strong>de</strong>rados mestiços e não mais índios, per<strong>de</strong>ndo o<br />

direito às terras que habitavam. Assim, se do ponto <strong>de</strong> vista oficial não existiam mais índios<br />

no Brasil, não havia mais necessida<strong>de</strong> dos al<strong>de</strong>amentos. 175 Em 1851, o Presi<strong>de</strong>nte da<br />

Província, Amâncio João Pereira <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, enfatizou a não existência <strong>de</strong> índios <strong>em</strong><br />

Sergipe, mas <strong>de</strong>ixou a enten<strong>de</strong>r que havia controvérsias sobre a aplicação da Lei:<br />

[...] não exist<strong>em</strong> Índios selvagens nesta Província, e que os <strong>de</strong>nominados<br />

Índios, das chamadas Al<strong>de</strong>ias d‟Agua Azeda, Gerú, Porto da Folha, Pacatuba<br />

e Espírito Santo, não estão no caso <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se como Índios al<strong>de</strong>ados,<br />

sujeitos a Directorias, que, enten<strong>de</strong>ndo mal o Regulamento <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> junho,<br />

quer<strong>em</strong> que existão al<strong>de</strong>ias on<strong>de</strong> as não há, e que seja índios os que não o<br />

são. 176<br />

173<br />

Ibi<strong>de</strong>m, p. 48.<br />

174<br />

NUNES, op. cit., p. 247.<br />

175<br />

<strong>DA</strong>NTAS, op. cit., p. 49.<br />

176<br />

SERGIPE. Fala que dirigiu à Ass<strong>em</strong>bleia Legislativa Provincial <strong>de</strong> Sergipe na abertura <strong>de</strong> sua sessão<br />

ordinária no dia 11 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1851 o Exm. Sr. Presi<strong>de</strong>nte da Província Dr. José Amancio João Pereira <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong>. São Cristóvão. Typ. Provincial, 1851, p. 20.<br />

66

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!