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TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

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Marino 30 fez um histórico da Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a vinda dos primeiros religiosos até o ano <strong>de</strong> 1900,<br />

mencionando a atuação <strong>de</strong> alguns fra<strong>de</strong>s <strong>em</strong> Sergipe.<br />

Essa breve revisão da literatura mostrou que as missões itinerantes capuchinhas<br />

ainda é um t<strong>em</strong>a pouco estudado no Brasil. Somado aos m<strong>em</strong>orialistas, encontramos os fra<strong>de</strong>s<br />

da própria Or<strong>de</strong>m e poucos pesquisadores que se <strong>de</strong>dicaram a essa t<strong>em</strong>ática. Apesar da<br />

contribuição específica <strong>de</strong> cada uma das obras, verifica-se que poucas tratam das<br />

“transformações” proporcionadas pelos capuchinhos na vida das comunida<strong>de</strong>s sergipanas,<br />

uma <strong>de</strong>las foi a minha monografia <strong>de</strong> especialização. 31 Esse trabalho me ajudou a i<strong>de</strong>ntificar<br />

uma lacuna na historiografia sobre a atuação capuchinha <strong>em</strong> Sergipe, <strong>em</strong>bora existisse uma<br />

varieda<strong>de</strong> documental, o que me incitou a continuar pesquisando essa t<strong>em</strong>ática.<br />

Os capuchinhos eram letrados, conhecedores do Evangelho, representantes da<br />

Igreja, que <strong>de</strong>veriam apren<strong>de</strong>r o português rapidamente para evangelizar. Já os participantes<br />

da missão eram homens e mulheres comuns, na maioria analfabeta, acostumados com as<br />

práticas do catolicismo popular. Como se dava a relação entre esses dois “universos”<br />

diferentes? Mesmo com um discurso baseado na pedagogia do medo, havia uma interação<br />

entre os capuchinhos e as pessoas comuns, pois a maioria <strong>de</strong>las gostava da atuação <strong>de</strong>les,<br />

consi<strong>de</strong>rando-os “santos missionários”, numa mistura <strong>de</strong> “veneração” e “medo”. 32<br />

Para Peter Burke as fontes essenciais para estudar os artesãos e camponeses dos<br />

primórdios da Europa Mo<strong>de</strong>rna, quando a maioria não sabia ler ou escrever, teriam sido<br />

escritas por inquisidores, fra<strong>de</strong>s, entre outros letrados. Essas fontes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que usadas com as<br />

<strong>de</strong>vidas ressalvas, são essenciais para compreensão da cultura popular do período.<br />

Os sermões dos fra<strong>de</strong>s, <strong>em</strong> particular os franciscanos, estão entre as fontes<br />

mais importantes para a cultura popular na Europa católica. Os fra<strong>de</strong>s não<br />

raro eram filhos <strong>de</strong> artesãos e camponeses; [...] o modo simples dos fra<strong>de</strong>s<br />

mantinha-os próximos do povo. [...] eram pregadores populares, no sentido<br />

<strong>em</strong> que apelavam <strong>de</strong>liberadamente para os incultos, e muitas vezes atraíam<br />

gran<strong>de</strong>s públicos. 33<br />

30 MARINO, op. cit.,<br />

31 <strong>CUNHA</strong>, Tatiane Oliveira da. “Espaços e Culturas <strong>em</strong> transformações <strong>em</strong> nome <strong>de</strong> Cristo...:” Frei Caetano<br />

<strong>de</strong> San Leo <strong>em</strong> missões populares <strong>em</strong> Sergipe (1901-1911). Monografia <strong>de</strong> Conclusão do Curso <strong>de</strong><br />

Especialização <strong>em</strong> Ciências da Religião. São Cristóvão/SE: UFS, 2008.<br />

32 HAUCK, João Fagun<strong>de</strong>s. Consciência <strong>de</strong> Igreja. In: História da Igreja no Brasil: ensaio <strong>de</strong> interpretação a<br />

partir do povo : Segunda época – Século XIX. 4.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. Conforme João Fagun<strong>de</strong>s<br />

Hauck a religião <strong>de</strong> família no Brasil é expressa da seguinte maneira: “muito Deus e pouco padre, muito céu e<br />

pouca igreja, muita prece e pouca missa” escandalizava os missionários estrangeiros, representantes do<br />

catolicismo institucionalizado, que passaram a agir sobre esse catolicismo consi<strong>de</strong>rado popular, p.17.<br />

33 BURKE, Peter. Cultura Popular na Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna. Trad. Denise Bottmann. 2ª edição. São Paulo: Companhia<br />

das Fontes, 1989, p. 95-96.<br />

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