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TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

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A ocasião da missão também servia para as pessoas repensar<strong>em</strong> seus vícios e<br />

atitu<strong>de</strong>s cotidianas. E “ao escurecer caía um ar triste sobre as casas. A vila se <strong>em</strong>biocou. Todo<br />

o mundo pensava nos seus pecados”. 325 Essa <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Amado <strong>de</strong>monstra que mesmo<br />

antes da missão, a vila <strong>de</strong> Itaporanga não era mais a mesma. Enquanto uns trabalhavam nos<br />

preparativos, outros se arrependiam dos pecados buscando modificar seus atos cotidianos.<br />

Outros aproveitavam a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas para aumentar a renda com a venda <strong>de</strong><br />

artigos religiosos: “nas lojas apareceu uma quantida<strong>de</strong> enorme <strong>de</strong> cruzes, rosários, santinhos;<br />

mandaram próprios buscá-los <strong>em</strong> Aracaju e na Bahia”. 326<br />

Segundo Gervásio <strong>de</strong> Carvalho Prata, o povo <strong>de</strong> Lagarto dava gran<strong>de</strong> importância<br />

à palavra dos homens da Igreja Católica, notadamente aos missionários capuchinhos. Lagarto<br />

é um ex<strong>em</strong>plo on<strong>de</strong> ocorreram importantes transformações, a partir das missões,<br />

<strong>de</strong>monstrando a importância da Religião para as comunida<strong>de</strong>s sergipanas da época. Lá assim<br />

como nas diversas comunida<strong>de</strong>s sergipanas os missionários eram vistos com muita<br />

consi<strong>de</strong>ração e respeito:<br />

Comunida<strong>de</strong> discreta, endógena na sua fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> aos velhos princípios<br />

educativos, comandados por sacerdotes cuja voz era como ouvir a divinda<strong>de</strong><br />

falando para a terra, quando ainda os fra<strong>de</strong>s missionários se suplicavam<br />

navalhando-se por simples pecados <strong>em</strong> pensamento, <strong>de</strong>itando-se para a salga<br />

<strong>de</strong> Deus na boca <strong>de</strong> um apóstolo possuía mais força do que a <strong>de</strong> um rei na<br />

sua falação do trono, quando a massa era mais reverente e <strong>de</strong> menos <strong>de</strong>scaso,<br />

menos profana e mais comportada, Lagarto viu essa quadra; ainda encontrei<br />

nos seus dias finais, essa quadra que foi para Monsenhor Daltro a mais<br />

sublime da sua vida, <strong>em</strong> que se sublimou, elevado ao posto supr<strong>em</strong>o <strong>de</strong><br />

patriarca que todos ou quase todos nele queriam ver. 327<br />

É importante mencionar que n<strong>em</strong> todos ficavam satisfeitos com as missões.<br />

Conforme anotações <strong>de</strong> frei João Evangelista, verificamos alguns ex<strong>em</strong>plos nesse sentido: os<br />

protestantes, Antônio Conselheiro e a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Canudos, algumas autorida<strong>de</strong>s políticas<br />

e eclesiásticas. Nesse sentido também mostrou Edilberto Campos.<br />

325 I<strong>de</strong>m, p. 147.<br />

326 Ibi<strong>de</strong>m, p. 148.<br />

327 PRATA, op. cit., p. 92.<br />

[...] Até 1892, apesar das <strong>de</strong>z léguas que as separam, [Estância e Lagarto]<br />

nossas relações familiares se entrosavam <strong>de</strong> tal maneira nessas duas cida<strong>de</strong>s,<br />

que elas não podiam ser consi<strong>de</strong>radas separadamente. O cavalo e o carro-<strong>de</strong>boi<br />

mantinham aquele contato inconcebível para a gente <strong>de</strong> hoje. Gastava-se<br />

um dia no que atualmente se faz numa hora. [...] O então advogado<br />

Guilherme Campos entrou para a magistratura <strong>em</strong> 1888. [...] No ano seguinte<br />

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