C rítica à E conom ia V erde - Fundação Heinrich Böll
C rítica à E conom ia V erde - Fundação Heinrich Böll
C rítica à E conom ia V erde - Fundação Heinrich Böll
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Prefácio<br />
PREFÁCIO<br />
A primeira conferênc<strong>ia</strong> das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento<br />
realizada em 1992 no Rio de Janeiro chegou a ser considerada um marco para a<br />
política ambiental. Mas ela não significou o início de uma verdadeira mudança<br />
rumo ao futuro sustentável em termos socioambientais. De lá para cá, todas as<br />
importantes tendênc<strong>ia</strong>s globais ecológicas só fizeram piorar em vez de melhorar. As<br />
decisões políticas e econômicas pouco são influenc<strong>ia</strong>das por mudanças climáticas,<br />
perdas na biodiversidade ou escassez de recursos. Este ensaio descreve os motivos<br />
pelos quais não se pode esperar da próxima Conferênc<strong>ia</strong> sobre Desenvolvimento<br />
Sustentável, mais uma vez no Rio de Janeiro, uma transformação profunda no<br />
pensamento das elites econômicas e políticas.<br />
As mudanças climáticas, a escassez de recursos, a perda dos ecossistemas e<br />
da diversidade biológica necessitam de ação rápida e objetivos com prioridades<br />
claras. Mas a conferênc<strong>ia</strong> Rio+20 traz nitidamente <strong>à</strong> tona imensos dilemas.<br />
O combate <strong>à</strong> pobreza continua sendo pensado nas clássicas categor<strong>ia</strong>s de<br />
crescimento e desenvolvimento. Mas as mudanças climáticas e a crescente<br />
escassez de recursos pedem limites, moderação e contenção em escala global. Fazse<br />
necessár<strong>ia</strong> uma nova “grande transformação”, um novo contrato soc<strong>ia</strong>l entre<br />
todas as nações, que aceite os limites planetários e almeje um desenvolvimento<br />
orientado pelos direitos humanos. Entretanto, em vez disso, recebemos respostas<br />
macroeconômicas tradicionais que não resolvem o problema.<br />
Tudo indica que, passados 20 anos da primeira Cúpula da Terra, continuaremos<br />
sonhando que os chefes de Estado e de governo do mundo inteiro finalmente<br />
levem a sério os limites planetários e introduzam os passos necessários a um<br />
mundo de baixo carbono, eficiente em recursos e mais justo. Neste ensaio,<br />
queremos focar naquilo que dever<strong>ia</strong> ser dito (mas não será) no Rio. Os limites<br />
planetários precisam de passos corajosos e radicais para uma transformação<br />
global. A e<strong>conom</strong><strong>ia</strong> v<strong>erde</strong> é tida como nova promessa para “o futuro que<br />
queremos”, lema da Rio+20. Ela será negoc<strong>ia</strong>da pela primeira vez em nível<br />
internacional durante a conferênc<strong>ia</strong> Rio+20. Mas uma polêmica ardente envolve<br />
este conceito, sua definição, o que dever<strong>ia</strong> ser. Nesse sentido, o que espera o<br />
leitor é uma discussão c<strong>rítica</strong> dos conceitos centrais que envolvem a e<strong>conom</strong><strong>ia</strong><br />
v<strong>erde</strong> e que sempre colocam o aspecto econômico no cerne de todos os debates<br />
sobre um futuro sustentável. É certo que só conseguiremos salvar o planeta se<br />
trabalharmos com a e<strong>conom</strong><strong>ia</strong>, e não contra ela. Mas será que ela está de fato<br />
no centro de todas as soluções? Queremos estimular a reflexão c<strong>rítica</strong> sobre os<br />
conceitos existentes e apontar alternativas. Em todos os conceitos de e<strong>conom</strong><strong>ia</strong><br />
v<strong>erde</strong>, a tecnolog<strong>ia</strong> e a eficiênc<strong>ia</strong> assumem um papel proeminente. Mas devemos<br />
7