C rítica à E conom ia V erde - Fundação Heinrich Böll

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30.04.2013 Views

Todos os conceitos em torno da economia verde colocam a economia no cerne de todos os debates sobre a capacidade de ter futuro. Só conseguiremos salvar o planeta com a economia, e não contra ela. Será mais uma vez o Homo economicus no centro de todas as soluções? Quem buscar modelos de sociedade que aceitem os direitos humanos, a justiça, a diversidade cultural e a participação democrática como princípios fundadores, permanecendo ao mesmo tempo dentro dos limites ambientais, precisa nada mais, nada menos que reinventar a modernidade. 34 Crítica à Economia Verde Impulsos para um Futuro Socioambiental Justo Justo

Os contornos de uma economia moderada CAPÍTULO 4 Os contornos de uma economia moderada Podemos examinar e analisar à vontade: uma economia ambiental precisa encontrar a resposta para o “excesso” que veio ao mundo junto com o modo industrial da economia. A economia fóssil ficou grande demais em relação à natureza, obrigando a biosfera a capitular. O que é válido para o tamanho físico também gera consequências para o tamanho social do sistema econômico. Por isso, é necessário um novo equilíbrio tanto entre economia e mundo natural quanto entre economia e mundo social. É difícil imaginar que limites máximos físicos possam ser respeitados no fluxo de recursos de uma economia sem considerar os limites sociais para a expansão do sistema econômico. Não se pode sair do mundo fóssil sem mudar também o mundo mental. A tecnologia precisa encontrar o seu correspondente na cultural social e vice-versa. Em poucas palavras: uma economia verde não pode existir sem uma economia baseada na moderação. Na Rio 92 havia pelo menos a ideia de uma reforma da sociedade ligada a menos pressão sobre a natureza. Sob o lema “padrões sustentáveis de produção e consumo”, a Agenda 21 reivindicava um estilo econômico que pudesse incluir todos os países, ricos e pobres, sem arruinar a biosfera. Agora, no entanto, a economia verde chama a atenção para a introdução de padrões de produção sustentáveis que sejam eficientes e ambientalmente amigáveis, mas a mudança de hábitos de consumo das classes altas e médias não acontece. Não se fala mais sobre o quanto esse estilo de vida predatório das elites do mundo atravanca o caminho da sustentabilidade. Quando a desigualdade social é mencionada nos conceitos de economia verde, logo se pensa no combate à pobreza. Deixar as florestas, os peixes, os pastos e os campos para os pobres sem fazêlos sofrer com a mineração e a extração de petróleo é bom. Mas será possível separar a tarefa de minorar a pobreza da redução da riqueza? Economia da “suficiência” Além de toda a inovação tecnológica, a economia verde, tal qual a compreendemos, precisa cultivar a arte de saber abrir mão. Bens em excesso, velocidade em excesso, distâncias excessivas, stress excessivo no trabalho e um excesso de setores – como escola ou cultura – em que dominam os princípios 35

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que aceitem os direitos humanos, a justiça, a diversidade cultural e a participação<br />

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dentro dos limites ambientais, precisa nada mais, nada menos que reinventar a<br />

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