C rítica à E conom ia V erde - Fundação Heinrich Böll
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propõe investimentos dirigidos a dez setores-chaves da e<strong>conom</strong><strong>ia</strong> (energ<strong>ia</strong>,<br />
agricultura, desenvolvimento urbano, água, administração florestal e proteção<br />
aos ecossistemas, entre outros) que propiciem de forma rápida e eficaz a<br />
transição para um desenvolvimento mais v<strong>erde</strong> e mais focado na pobreza. Os<br />
investimentos poder<strong>ia</strong>m ser financ<strong>ia</strong>dos com 2% anuais da atual produtividade<br />
econômica, o que corresponde a cerca de US$1,3 trilhão. O PNUMA acredita<br />
que esse total seja suficiente para impulsionar de forma efetiva uma e<strong>conom</strong><strong>ia</strong><br />
mund<strong>ia</strong>l de baixo carbono mais eficiente em recursos. Nisso, em particular, o<br />
PNUMA se conserva fiel ao seu mandato de ser apenas um programa da ONU<br />
e se satisfaz com os nichos econômicos, em vez de procurar pontos de partida<br />
para transformações estruturais, como, por exemplo, uma moratór<strong>ia</strong> para a<br />
prospecção de novos campos de petróleo e gás.<br />
O PNUMA também reivindica que novas regras de comércio possam benefic<strong>ia</strong>r<br />
produtos ambientalmente corretos no mercado mund<strong>ia</strong>l. Mas como formatar<br />
regras de comércio para reduzir o uso de carbono na e<strong>conom</strong><strong>ia</strong> e torná-la mais<br />
eficiente em recursos? Isso não é bem explicado pelo PNUMA. As propostas mais<br />
detalhadas dizem respeito a uma agricultura ecológica e a um desenvolvimento<br />
urbano ambientalmente sadio.<br />
O corte de subsídios ambiental e soc<strong>ia</strong>lmente prejudic<strong>ia</strong>is nos setores agrícola<br />
e de transportes, bem como para carvão e petróleo, é uma das reivindicações<br />
mais eficazes do PNUMA. O relatório vê o Estado como importante regulador.<br />
Sem um claro arcabouço jurídico e um conjunto de normas, a e<strong>conom</strong><strong>ia</strong> v<strong>erde</strong><br />
não pode ser colocada em prática.<br />
Monetarização da natureza: uma saída para a crise dos ecossistemas?<br />
Um dos conceitos mais polêmicos nos debates anteriores <strong>à</strong> Rio+20 é a chamada<br />
“monetarização da natureza”. Para Pablo Solon, ex-embaixador da Bolív<strong>ia</strong> junto <strong>à</strong>s<br />
Nações Unidas e influente intelectual latino-americano, em seu cerne a e<strong>conom</strong><strong>ia</strong><br />
v<strong>erde</strong> visa uma nova qualidade de mercantilização da natureza. “Agora, a ide<strong>ia</strong><br />
não é só comerc<strong>ia</strong>lizar o mater<strong>ia</strong>l da natureza, mas também processos e funções.<br />
Assim, no futuro, não é mais apenas a madeira das florestas, mas também o seu<br />
potenc<strong>ia</strong>l de armazenar CO2 que será comerc<strong>ia</strong>lizado.”<br />
De fato, faz alguns anos que o PNUMA está <strong>à</strong> frente de um debate sobre uma<br />
nova valoração da natureza, incluindo instrumentos de mercado para proteger<br />
os ecossistemas. Tanto na proteção <strong>à</strong>s florestas quanto no que diz respeito <strong>à</strong><br />
biodiversidade, o PNUMA quer proteger os ecossistemas valorando (e integrando<br />
ao cálculo do PIB) os serviços que a natureza presta para a humanidade e para as<br />
populações que vivem diretamente deles. O PNUMA quer conferir valor econômico<br />
de mercado <strong>à</strong>s prestações de serviço dos ecossistemas e investir nelas de forma<br />
sustentável. “Uma e<strong>conom</strong><strong>ia</strong> v<strong>erde</strong> reconhece o valor da natureza e investe em<br />
capital natural”. Na perspectiva do PNUMA, as chamadas prestações de serviço<br />
dos ecossistemas constituem um fator econômico totalmente subvalorizado.<br />
“Geralmente, esse serviços ecossistêmicos podem ser encontrados em<br />
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C<strong>rítica</strong> <strong>à</strong> E<strong>conom</strong><strong>ia</strong> V<strong>erde</strong> Impulsos para um Futuro Socioambiental Justo Justo