30.04.2013 Views

Cap. 01 - Grandezas elétricas básicas - Minerva.ufpel.tche.br

Cap. 01 - Grandezas elétricas básicas - Minerva.ufpel.tche.br

Cap. 01 - Grandezas elétricas básicas - Minerva.ufpel.tche.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CAPÍTULO 1<<strong>br</strong> />

GRANDEZAS ELÉTRICAS BÁSICAS<<strong>br</strong> />

1.1 CONDUTORES E ISOLANTES<<strong>br</strong> />

A estrutura íntima dos materiais é um ramo da Física que ainda não está<<strong>br</strong> />

completamente estudado. No entanto, grande parte dos fenômenos elétricos e<<strong>br</strong> />

eletromagnéticos pode ser explicada usando-se um modelo bastante simples, conhecido<<strong>br</strong> />

como o átomo de Rutherford.<<strong>br</strong> />

O modelo de<<strong>br</strong> />

Rutherford, também chamado<<strong>br</strong> />

planetário é visto na Figura<<strong>br</strong> />

1.1; propõe que qualquer<<strong>br</strong> />

átomo possui um núcleo –<<strong>br</strong> />

composto por cargas positivas<<strong>br</strong> />

(prótons) e neutras (nêutrons)<<strong>br</strong> />

– em torno do qual circulam<<strong>br</strong> />

cargas negativas (elétrons) em<<strong>br</strong> />

órbitas bem definidas.<<strong>br</strong> />

Para o estudo de<<strong>br</strong> />

Eletricidade importam apenas<<strong>br</strong> />

os elétrons que ocupam a<<strong>br</strong> />

camada mais distante do<<strong>br</strong> />

núcleo. São as propriedades<<strong>br</strong> />

desses elétrons que ditarão as<<strong>br</strong> />

características <strong>elétricas</strong> do<<strong>br</strong> />

Figura 1.1 - Átomo de Rutherford.<<strong>br</strong> />

material. Assim, se os elétrons<<strong>br</strong> />

da camada mais externa<<strong>br</strong> />

estiverem frouxamente ligados<<strong>br</strong> />

ao núcleo, eles poderão “fugir” do átomo, tornando-se elétrons livres, capazes de se<<strong>br</strong> />

movimentar aleatoriamente através do material. Na maior parte dos casos práticos, são<<strong>br</strong> />

esses elétrons livres que participam dos processos elétricos como portadores de corrente.<<strong>br</strong> />

Materiais condutores são aqueles que possuem grande quantidade de elétrons-livres:<<strong>br</strong> />

mesmo pequenas quantidades de energia são suficientes para desalojá-los de seus átomos.<<strong>br</strong> />

Materiais desta categoria, que inclui a maioria dos metais, são adequados para a confecção<<strong>br</strong> />

de fios, fusíveis, contatos, etc.<<strong>br</strong> />

Nos materiais isolantes, mesmo os elétrons mais externos estão fortemente ligados<<strong>br</strong> />

ao núcleo, de forma que só podem ser libertados pela aplicação de grandes quantidades de<<strong>br</strong> />

energia. Isso os tornando adequados para a confecção de dispositivos de isolação<<strong>br</strong> />

(dielétricos): borrachas, cerâmicas e poliestireno são alguns desses materiais.<<strong>br</strong> />

No linguajar dos eletricistas, o termo condutor costuma ser aplicado aos fios e<<strong>br</strong> />

cabos, elementos usados na transmissão e distribuição de energia elétrica. Os fios são<<strong>br</strong> />

condutores maciços e rígidos; cabos são condutores formados por dois ou mais fios,<<strong>br</strong> />

geralmente trançados, o que lhes confere maior flexibilidade.


ELETROTÉCNICA – Vol. 1 Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

1.2 CORRENTE ELÉTRICA<<strong>br</strong> />

A corrente elétrica (simbolizada por i) consiste no movimento de cargas <strong>elétricas</strong><<strong>br</strong> />

em um sentido predominante. Este<<strong>br</strong> />

movimento sempre é devido à existência<<strong>br</strong> />

de uma tensão (V. Seção 1.3) e seu<<strong>br</strong> />

sentido depende do tipo de carga elétrica<<strong>br</strong> />

que está em movimento.<<strong>br</strong> />

Como se viu na seção anterior,<<strong>br</strong> />

nos condutores metálicos as cargas<<strong>br</strong> />

disponíveis são negativas (elétronslivres),<<strong>br</strong> />

de modo que o seu deslocamento<<strong>br</strong> />

coincide com o chamado sentido<<strong>br</strong> />

eletrônico da corrente. No entanto,<<strong>br</strong> />

historicamente os conceitos da Física<<strong>br</strong> />

foram criados a partir de cargas positivas;<<strong>br</strong> />

chama-se sentido convencional àquele do<<strong>br</strong> />

Figura 1.2 – Sentidos convencional e<<strong>br</strong> />

eletrônico da corrente em um condutor.<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

deslocamento dessas cargas positivas. A<<strong>br</strong> />

Figura 1.2 mostra a diferença entre essas<<strong>br</strong> />

duas convenções; neste trabalho adotou-se<<strong>br</strong> />

o sentido convencional para a corrente.<<strong>br</strong> />

Além do sentido, a corrente também é caracterizada por um módulo ou intensidade 1 ,<<strong>br</strong> />

que considera a variação da carga q que passa pelo condutor durante o intervalo de tempo t.<<strong>br</strong> />

Assim, o módulo é dado por<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

i (1.1)<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

e tem como unidade o Ampère (símbolo A). São bastante comuns os submúltiplos<<strong>br</strong> />

miliampère (mA) = 10 -3 A e<<strong>br</strong> />

microampère (A) = 10 -6 A<<strong>br</strong> />

Quando o módulo e o sentido da corrente em um condutor não variam com o tempo,<<strong>br</strong> />

como o caso mostrado no gráfico da Figura 1.3a, está-se tratando de corrente contínua<<strong>br</strong> />

(CC); equipamentos alimentados por pilhas ou baterias operam com correntes desse tipo.<<strong>br</strong> />

Se o módulo e o sentido variam no tempo de forma a serem descritos por uma função<<strong>br</strong> />

senoidal, como mostrado na Figura 1.3b, diz-se tratar de corrente alternada (CA) 2 .<<strong>br</strong> />

Quando a corrente elétrica passa por um corpo, um ou mais dos seguintes efeitos<<strong>br</strong> />

podem ser observados:<<strong>br</strong> />

Produção de calor, resultante dos choques entre as cargas portadoras de corrente com<<strong>br</strong> />

partículas do material condutor. Este efeito fundamenta a ação de inúmeros aparelhos,<<strong>br</strong> />

como chuveiros e aquecedores elétricos, relés e fusíveis;<<strong>br</strong> />

1 Alguns eletricistas usam o termo amperagem.<<strong>br</strong> />

2 É oportuno lem<strong>br</strong>ar que na língua inglesa usam-se os termos DC (de direct current) e AC (de alternated<<strong>br</strong> />

current) para corrente contínua e corrente alternada, respectivamente.


ELETROTÉCNICA – Vol. 1 Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

Geração de luz: por vezes o calor gerado pela corrente é tão elevado que leva o<<strong>br</strong> />

condutor à incandescência, produzindo luz no espectro visível. É o caso das lâmpadas<<strong>br</strong> />

incandescentes e mistas.<<strong>br</strong> />

Criação de um campo magnético em torno do condutor, fenômeno que fundamenta o<<strong>br</strong> />

funcionamento dos motores elétricos;<<strong>br</strong> />

Interferência em atividades dos seres vivos, cuja manifestação mais evidente é o choque<<strong>br</strong> />

elétrico; os eletrocardiógrafos, as cercas eletrificadas e desfi<strong>br</strong>iladores também são<<strong>br</strong> />

baseados nesse efeito;<<strong>br</strong> />

Reações químicas, como aquelas utilizadas como princípio em eletrólise e cromagem de<<strong>br</strong> />

metais<<strong>br</strong> />

(a) (b)<<strong>br</strong> />

Figura 1.3 - Formas de onda de corrente: (a) contínua; (b) alternada.<<strong>br</strong> />

1.3 TENSÃO ELÉTRICA<<strong>br</strong> />

A tensão elétrica é uma espécie de “força” que desloca as cargas <strong>elétricas</strong> em um<<strong>br</strong> />

circuito fechado; portanto, a corrente elétrica sempre é um resultado da aplicação de tensão.<<strong>br</strong> />

Diferença de potencial (d.d.p.), força eletromotriz (f.e.m.) e voltagem são outros termos<<strong>br</strong> />

usados para designar tensão.<<strong>br</strong> />

A tensão (u) fornece energia uma carga q do circuito, de forma que seu módulo é<<strong>br</strong> />

dado por<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

u (1.2)<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

Sua unidade é o Volt (símbolo V), mas os seguintes múltiplos e submúltiplos aparecem<<strong>br</strong> />

com freqüência:<<strong>br</strong> />

quilovolt (kV) = 10 3 V e<<strong>br</strong> />

milivolt (mV) = 10 -3 V<<strong>br</strong> />

Quando aplicada aos terminais de um dispositivo, a tensão altera o equilí<strong>br</strong>io das<<strong>br</strong> />

cargas: um destes terminais ficará com falta de elétrons - e, portanto, positivamente<<strong>br</strong> />

carregado - enquanto o outro terá excesso de elétrons, ficando carregado com carga<<strong>br</strong> />

negativa. Chama-se a isto de polaridade da tensão, que é representada por um par de sinais<<strong>br</strong> />

+ e – (Figura 1.4).<<strong>br</strong> />

3


ELETROTÉCNICA – Vol. 1 Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

Figura 1.4 - Polaridade da tensão<<strong>br</strong> />

De acordo com seu comportamento em relação ao tempo, as tensões podem ser<<strong>br</strong> />

classificadas em dois tipos:<<strong>br</strong> />

contínua (CC): quando mantém constantes seu módulo e sua polaridade. Uma pilha<<strong>br</strong> />

e a bateria de um automóvel são exemplos de tais fontes.<<strong>br</strong> />

alternada (CA): quando é do tipo senoidal, como aquela fornecida pelas tomadas<<strong>br</strong> />

residenciais.<<strong>br</strong> />

1.4 POTÊNCIA E ENERGIA<<strong>br</strong> />

O conceito de energia é intuitivo. Em Eletrotécnica, diz-se que é uma grandeza<<strong>br</strong> />

capaz de alterar o comportamento das cargas <strong>elétricas</strong> de um circuito. Sua unidade no SI é o<<strong>br</strong> />

joule (símbolo J), cujo uso em aplicações <strong>elétricas</strong> geralmente produz números muito<<strong>br</strong> />

grandes, de modo que usualmente trabalha-se com uma unidade “derivada”, chamada<<strong>br</strong> />

quilowat-hora (kWh) = 3.600 J<<strong>br</strong> />

A potência é uma grandeza que revela como se comporta a energia associada a um<<strong>br</strong> />

corpo em relação ao tempo 3 . Assim<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

p (1.3)<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

No Sistema Internacional, a unidade de potência é o Watt (símbolo W), sendo<<strong>br</strong> />

corriqueira, ainda, a utilização dos seguintes múltiplos e submúltiplos:<<strong>br</strong> />

megawatt (MW) = 10 6 W<<strong>br</strong> />

quilowatt (kW) = 10 3 W<<strong>br</strong> />

miliwatt (mW) = 10 -3 W.<<strong>br</strong> />

Quando se trata de potência mecânica, geralmente associada a motores elétricos,<<strong>br</strong> />

costuma-se utilizar as seguintes unidades:<<strong>br</strong> />

cavalo-vapor (cv) = 736 W<<strong>br</strong> />

horse-power (hp) = 745,7 W.<<strong>br</strong> />

3 Costuma-se dizer que a potência mede a velocidade com que a energia de um sistema é transformada.


ELETROTÉCNICA – Vol. 1 Eurico G. de Castro Neves e Rubi Münchow<<strong>br</strong> />

No caso de aplicações <strong>elétricas</strong>, e levando-se em consideração as Equações 1.1 e<<strong>br</strong> />

1.2, pode-se reescrever a Equação 1.3 como se segue:<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

p <<strong>br</strong> />

t q<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

q<<strong>br</strong> />

t<<strong>br</strong> />

p = u.i (1.4)<<strong>br</strong> />

que é a chamada potência instantânea, pois depende dos valores de tensão e corrente a cada<<strong>br</strong> />

instante.<<strong>br</strong> />

Quando se lida com tarifação de energia elétrica, é comum chamar-se demanda à<<strong>br</strong> />

potência exigida por um equipamento e consumo à energia requerida pelo mesmo.<<strong>br</strong> />

Como em qualquer sistema físico, existem nos circuitos elétricos elementos que<<strong>br</strong> />

fornecem energia e outros que a absorvem, armazenando-a ou transformando-a em outro<<strong>br</strong> />

tipo de energia. Por convenção, a potência absorvida por um elemento tem sinal positivo e<<strong>br</strong> />

acontece quando o sentido da corrente é tal que entra pelo pólo positivo da tensão no<<strong>br</strong> />

elemento; se, ao contrário, a corrente entra pelo pólo negativo da tensão, a potência<<strong>br</strong> />

associada ao elemento é negativo, isto é, ele estará fornecendo potência.<<strong>br</strong> />

1.5 RENDIMENTO<<strong>br</strong> />

O rendimento () é a relação entre as potências de saída (Ps) e de entrada (Pe) de um<<strong>br</strong> />

circuito ou equipamento, isto é<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

s<<strong>br</strong> />

<<strong>br</strong> />

(1.5)<<strong>br</strong> />

P<<strong>br</strong> />

e<<strong>br</strong> />

Esta grandeza adimensional exprime a eficiência de um equipamento ou circuito, pois<<strong>br</strong> />

a diferença entre essas potências corresponde às perdas que ocorrem dentro do equipamento<<strong>br</strong> />

ou ao longo de sua alimentação. Muitas vezes, o rendimento é expresso em termos<<strong>br</strong> />

percentuais (%) relativamente à potência de entrada.<<strong>br</strong> />

O significado dessas potências e das perdas é mostrado na Figura 1.5, no que se<<strong>br</strong> />

chama balanço de potências. Conforme a Lei da Conservação de Energia, este balanço<<strong>br</strong> />

sempre deve ser igual a zero, isto é<<strong>br</strong> />

Pe = Ps + perdas<<strong>br</strong> />

Figura 1.5 – Balanço de potências<<strong>br</strong> />

num equipamento elétrico.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!