abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
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ela, quando a mãe biológica morreu, o pai não deu conta de cuidar dela e de uma<br />
irmã, entregando-as para adoção. As irmãs foram separadas, cada uma indo para<br />
uma cidade diferente.<br />
Durante a conversa, ela d<strong>em</strong>onstrou uma grande necessidade de provar que<br />
pode ter filhos, que é capaz de cuidar deles, mas se espanta quando ouve que a<br />
desnutrição pode causar sequelas irreversíveis no seu bebê. Ela ainda é uma menina<br />
despreparada para assumir responsabilidades, que já esteve sob custódia do<br />
Estado.<br />
É muito importante acompanhar a criança e a família após o desabrigamento.<br />
Uma adoção como a desta jov<strong>em</strong> pode criar um ciclo vicioso que se repete por<br />
várias gerações. O Lar Pedacinho de Luz trabalha para evitar que estas histórias se<br />
repitam. Hoje o menino t<strong>em</strong> a visita da mãe, o estímulo do pessoal do abrigo e um<br />
apoio extra da família dos padrinhos.<br />
Participar da rede<br />
O fortalecimento do abrigo favoreceu o relacionamento com outras instituições<br />
envolvidas na tarefa de proteger as crianças e os adolescentes, como o Conselho<br />
Tutelar e o Poder Judiciário.<br />
Certa vez, o Conselho Tutelar recebeu uma denúncia de maus tratos e, antes<br />
de procurar a mãe, os conselheiros buscaram o Lar Pedacinho de Luz, já que a<br />
criança <strong>em</strong> questão passara pelo abrigo. Souberam que o garoto que esmolava<br />
pelo bairro tinha probl<strong>em</strong>as psiquiátricos. Esta informação fez toda diferença. Em<br />
vez dos conselheiros dar<strong>em</strong> uma bronca na mãe, visitaram os vizinhos da família e<br />
explicaram a situação. A partir daí, todos tiveram de assumir sua parte de responsabilidade<br />
pela criança.<br />
“Outra coisa que aprend<strong>em</strong>os é que a responsabilidade do conselheiro continua<br />
mesmo depois do abrigamento. Não é porque abrigou que não é mais probl<strong>em</strong>a<br />
dele. Não deixa de ser. O probl<strong>em</strong>a existe e é do conselho, é do abrigo, é da<br />
promotoria, é do juiz e do município.”<br />
Esta visão também funciona no sentido inverso. Os conselheiros pod<strong>em</strong> contar<br />
com apoio do pessoal do abrigo, por ex<strong>em</strong>plo, como nos casos de prevenção do<br />
abrigamento. “Conversamos e a Raquel t<strong>em</strong> me ajudado muito com algumas famílias<br />
para evitar a separação.”<br />
Aquela situação da criança passar a noite num banco da prefeitura também<br />
não acontece mais. O abrigo recebe a criança <strong>em</strong> caráter de <strong>em</strong>ergência e o conselheiro<br />
tutelar se compromete a procurar uma solução o mais rápido possível. Isso<br />
porque a cidade é cortada pela linha de tr<strong>em</strong> e, às vezes, crianças de outros lugares<br />
desc<strong>em</strong> ali. Nesses casos, o conselho tenta descobrir a orig<strong>em</strong> da criança o mais<br />
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