abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“É preciso respeitar o limite da criança. A mão t<strong>em</strong> que ser segura, se não tiver<br />
amor no toque, ela percebe.” Depois de um t<strong>em</strong>po, as crianças passam a pedir e<br />
esperar pela massag<strong>em</strong>.<br />
O que as crianças traz<strong>em</strong> a partir deste trabalho é compartilhado com a equipe<br />
técnica da instituição, ampliando e dando mais qualidade à atuação, agora mais<br />
focada nas necessidades daquela criança, naquele momento.<br />
Cláudia avalia: “Só tenho a agradecer esta oportunidade, às vezes chego cansada<br />
no abrigo e saio b<strong>em</strong>”.<br />
o b<strong>em</strong> pode ser b<strong>em</strong> feito<br />
O trabalho voluntário, muitas vezes, é confundido com caridade. Neste processo<br />
de aprendizado do Lar Pedacinho de Luz, os voluntários também tiveram chance<br />
de rever sua participação. Começou a surgir uma interação maior, de dar e receber,<br />
e de reconhecimento destas trocas afetivas.<br />
“Muitas vezes, a gente acha que a criança de abrigo só precisa e não t<strong>em</strong> nada<br />
para dar, não existe como pessoa. Não é verdade, o nosso afilhado mostrou<br />
para a minha família que ele t<strong>em</strong> manias, gostos e personalidade”, descreve<br />
Cristina. 24<br />
Os voluntários continuam b<strong>em</strong>-vindos, mas agora segu<strong>em</strong> normas, cadastram-se<br />
e estabelec<strong>em</strong> um propósito. O trabalho conjunto com a equipe técnica busca o<br />
desenvolvimento individual e cada criança é cuidada segundo suas necessidades<br />
específicas. “Não pode fazer um projeto, começar e depois deixá-lo no caminho. É<br />
muito ruim.”<br />
Uma das formas dos voluntários participar<strong>em</strong> é através do Projeto <strong>Fazendo</strong><br />
<strong>História</strong>. 25 Nele, cada criança constrói sua história e vai tecendo sua rede: família,<br />
irmãos, parentes, amigos. Um pertencimento que se materializa na forma de um<br />
caderno que a criança levará junto com ela. Todo esse processo é acompanhado<br />
por técnicos do programa que orientam os voluntários.<br />
É com orgulho que a Cristina abre o caderno de um garoto e mostra uma<br />
foto com duas crianças. Mesmo vivendo no mesmo abrigo, os dois, até então, não<br />
se reconheciam como irmãos. Aquela foto marca um vínculo reconquistado.<br />
descoberta do apadrinhamento<br />
Acompanhamento familiar ou apadrinhamento? A experiência t<strong>em</strong> mostrado que<br />
as duas alternativas contribu<strong>em</strong> para criar um espaço de pertencimento para a<br />
criança. Para o abrigo, conciliar as duas coisas ainda é um desafio. É preciso t<strong>em</strong>-<br />
95<br />
24 Tereza Cristina H. V.<br />
Belo t<strong>em</strong> quatro filhos e é<br />
voluntária do Lar Pedacinho<br />
de Luz; além de atuar como<br />
madrinha afetiva, participa do<br />
Projeto <strong>Fazendo</strong> <strong>História</strong> .<br />
25 Realizado <strong>em</strong> parceria com<br />
o <strong>Instituto</strong> <strong>Fazendo</strong> <strong>História</strong>,<br />
busca resgatar, registrar e<br />
valorizar a história de vida das<br />
crianças e dos adolescentes<br />
moradores do abrigo.