abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
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organizando o trabalho com a família<br />
“O abrigo t<strong>em</strong> feito essa reintegração com a família e auxilia bastante a gente.<br />
Eles têm mais contato, as visitas são mais informais e a equipe técnica pode<br />
avaliar melhor a família”, declara a promotora Cláudia. 21<br />
Pelo telefone, nas visitas ao abrigo ou na casa da criança, os técnicos se colocam ao<br />
lado da família, para um apoio psicológico, uma orientação sobre os equipamentos<br />
sociais disponíveis na cidade ou mesmo só para conversar: “A gente faz assim:<br />
fortalece a autoestima das famílias, melhora os vínculos entre eles e as ajuda para que<br />
resolvam os próprios probl<strong>em</strong>as”.<br />
Márcia 22 insiste neste ponto: “A gente contribui oferecendo el<strong>em</strong>entos para que<br />
as famílias encontr<strong>em</strong> meios para superar suas dificuldades e seus conflitos. Valorizamos<br />
a ação neste processo”. E Raquel conclui: “Resolver de qualquer jeito traz mais<br />
probl<strong>em</strong>as, porque vai voltar para cá”.<br />
O apoio à família na saúde de uma criança também é um caminho <strong>em</strong> construção.<br />
A instituição acolhe a família e a auxilia. Em alguns casos, as mães são<br />
convidadas a desenvolver habilidades na própria cozinha do abrigo.<br />
Em outra história, o apoio do abrigo t<strong>em</strong> sido fundamental para o pai que,<br />
mesmo sofrendo com o alcoolismo, tenta organizar a vida com os cinco filhos. A<br />
equipe aposta no afeto que ele d<strong>em</strong>onstra pelas crianças para conseguir superar as<br />
dificuldades. “A gente fica até <strong>em</strong>ocionada quando ele diz: a minha vida t<strong>em</strong> outra<br />
cor depois do contato com vocês.”<br />
A rede social<br />
“Eu gosto muito do pessoal do abrigo, além deles cuidar<strong>em</strong> das crianças, me<br />
ajudam moralmente.” Qu<strong>em</strong> fala é uma moça de 26 anos e seis filhos. O primeiro<br />
nascido quando ela tinha 16 anos e uma avó para ajudar. Depois que o pai dos dois<br />
primeiros foi <strong>em</strong>bora, ela perdeu o controle. Foi assim que três deles foram parar<br />
no abrigo. Agora, com o apoio do Lar Pedacinho de Luz, ela se reorganiza para receber<br />
de volta as crianças. Isso significa ajudar a mãe a conseguir trabalho, creche<br />
e escola para as crianças, além de mapear uma rede de parentes, amigos, vizinhos<br />
com que esta família possa contar nos eventos da vida.<br />
O Lar Pedacinho de Luz entende que as famílias muitas vezes se sent<strong>em</strong><br />
sozinhas, precisam ser ajudadas. Por isso, trabalha estimulando o fortalecimento<br />
das redes que existam e a criação de novas possibilidades de redes de apoio: escola,<br />
igreja, serviço social disponível na comunidade.<br />
É preciso olhar as redes sociais com muita atenção, a fim de encontrar suporte<br />
para necessidades físicas, econômicas, <strong>em</strong>ocionais. Qu<strong>em</strong> é ou pode ser esta<br />
93<br />
21 Cláudia Krähenbühl Leitão<br />
é promotora de justiça de<br />
Campo Limpo Paulista. Acompanhou<br />
todo o processo de<br />
desenvolvimento do Lar Pedacinho<br />
de Luz e é uma parceira<br />
com qu<strong>em</strong> o Lar Pedacinho de<br />
Luz aprendeu a contar.<br />
22 Márcia da Silva Sant’Anna<br />
Pinto, assistente social, é funcionária<br />
do Lar Pedacinho de<br />
Luz há cerca de dois anos. Faz<br />
a articulação com os serviços<br />
públicos da região.