abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
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<strong>Fazendo</strong> este caminho, os integrantes do Lar Pedacinho de Luz perceberam que a<br />
família da criança é importante e seu lugar t<strong>em</strong> de ser preservado. A princípio, parecia<br />
que “era melhor que a criança esquecesse todo aquele passado e começasse<br />
tudo novamente com uma nova família”. Com um olhar mais aguçado, foram<br />
percebendo que não é b<strong>em</strong> assim. É importante conhecer a história da família e<br />
dar novo significado ao passado. i<br />
A hIstóRIA DA MEnInA E DA PsICólOgA<br />
A menina não recebia visitas e a psicóloga ficou intrigada: “Como ninguém vinha<br />
ver a garota?” Então foi visitar a mãe uma vez. Outra. Um dia a mulher mostrou<br />
interesse <strong>em</strong> ver a filha. Uma vez. Outra. As duas se aproximaram. No aniversário da<br />
menina, a mãe levou um bolo e falou que gostaria de levá-la para casa.<br />
Uma lição desta história. A ação da psicóloga trouxe inspiração para Raquel:“Eu<br />
percebi a importância da família, quando a mãe vinha, ela era feliz... Mas eu não<br />
sabia como organizar este trabalho, aí entrou o Programa Abrigar”. A possibilidade<br />
de refletir a respeito, compartilhar dúvidas e ouvir outras experiências permitiu à<br />
equipe repensar o lugar da família e vislumbrar um novo trabalho a ser feito.<br />
A equipe foi descobrindo a importância de ouvir as histórias, buscar os familiares,<br />
evitar prejulgamentos e posições fechadas, como na história do garoto<br />
que foi parar no abrigo porque fugia de casa. Informações equivocadas afastaram<br />
a mãe da criança. O pessoal do Pedacinho de Luz insistiu. Ficou sabendo que ela<br />
tinha feito uma “adoção informal”, já que a mãe biológica estava presa e o pai,<br />
morto. Depois de quatro anos de convivência, quando a mãe biológica saiu da<br />
cadeia, começaram as fugas do menino. Daí a confusão. Qu<strong>em</strong> estava impedida de<br />
ver o garoto no abrigo era a mãe biológica, e não a adotiva. Agora os dois estão <strong>em</strong><br />
processo de reaproximação para uma adoção formal e definitiva.<br />
Para encontrar a família da criança, o abrigo foi se conectando a redes informais<br />
na busca de informações; alguém que sabe alguma coisa que possa ajudar a<br />
criança acolhida. A articulação do abrigo com a comunidade foi se tornando mais<br />
robusta: amigos, escola, conhecidos, todos começam a ser acionados.<br />
Assim, puderam rever preconceitos: “A gente abriu nossa cabeça sobre a importância<br />
da família. É algo que ouvi muito. Você t<strong>em</strong> que saber a história da mãe”.<br />
E respeitar os novos arranjos familiares, muitas vezes, diferentes daquele estabelecido<br />
no meio social do próprio profissional. “Você aprende a respeitar, a considerar<br />
os padrões que você não entendia.”<br />
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