abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
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Mudou a compreensão do educador sobre as atividades propostas, que agora<br />
são pensadas a partir de três questões principais: o quê? por quê? como? Hoje os<br />
educadores discut<strong>em</strong> a construção da autonomia aprofundando os ‘porquês’ e os<br />
‘comos’. Com isso, perceb<strong>em</strong> que a criança não está apenas cumprindo uma obrigação,<br />
mas construindo competências e habilidades, desenvolvendo atitudes de<br />
colaboração, de cuidado e valorização dos espaços e objetos que pertenc<strong>em</strong> à ela<br />
ou ao coletivo. E está também aprendendo a ser mais autônoma.”<br />
Nesse sentido, estas atividades cotidianas são acompanhadas pelos adultos,<br />
que interfer<strong>em</strong> para favorecer o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.<br />
Entre o proposto e o esperado, leva-se <strong>em</strong> consideração todos os outros âmbitos<br />
importantes para o desenvolvimento integral da criança: a escola, o t<strong>em</strong>po para o<br />
estudo e outras atividades de educação não formal e o espaço para brincar.<br />
Fusão de projetos<br />
O Projeto Passos estava <strong>em</strong> funcionamento desde nov<strong>em</strong>bro de 1998, inserido<br />
na comunidade, e recebia os jovens que tinham feito o desligamento do abrigo<br />
do Educandário. Eram os jovens que não tinham uma família que os acolhesse<br />
n<strong>em</strong> estavam preparados para assumir sozinhos a própria vida. A partir de 2004,<br />
houve a fusão com o projeto de abrigo do Educandário e o Projeto Passos passou a<br />
receber os adolescentes de 15, 16 anos para ser<strong>em</strong> gradualmente preparados para<br />
a vida autônoma.<br />
A junção entre os dois projetos foi planejada com cuidado e realizada de forma<br />
gradual. Primeiro houve um r<strong>em</strong>anejamento das crianças nas casas do abrigo<br />
do educandário montando-se um abrigo só com adolescentes que começariam<br />
sua preparação para o Projeto Passos.<br />
Isso possibilitou uma percepção maior dos educadores de todas as dificuldades<br />
e sofrimento dos adolescentes nesta nova realidade.<br />
“No início, eles não saíam do Educandário. Vinham almoçar aqui; não tinha<br />
água, eles corriam para cá. Pelo sofrimento que eles tiveram, nós estamos tentando<br />
fazer um outro trabalho aqui. O sofrimento deles nos fez mudar nossa visão.”<br />
Para os educadores, ficou uma forte impressão de que todo o sofrimento vivido<br />
pelos adolescentes estava diretamente associado à grande proteção exercida pela<br />
instituição. Neste sentido, a função do educador seria formá-los para a vida, para<br />
o enfrentamento da vida.<br />
Enquanto refletiam sobre o que chamavam de “grande proteção”, perceberam<br />
que isto podia significar “grande isolamento”. A criança ficava isolada do mundo<br />
e abandonada <strong>em</strong> si mesma. Por isso hoje a vida da criança também acontece fora<br />
do educandário, ela vivencia muito mais interações <strong>em</strong> outros espaços, s<strong>em</strong> que<br />
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