abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
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ANTES DA REFORMA DEPOIS DA REFORMA<br />
• Espaços coletivos • Espaços privados e coletivos<br />
• Pertences coletivos • Pertences próprios<br />
• Atenção padronizada • Atenção personalizada<br />
• Maior indiferenciação das crianças • Maior conhecimento sobre a criança<br />
• Maior agitação e destrutividade • Maior atividade e criatividade<br />
• O adulto faz pela criança – “Fazer por” • O adulto faz com a criança – “Fazer com”<br />
Os educadores consideram que a reforma das casas favoreceu o fazer do educador<br />
entendido na sua complexidade e profundidade. Para eles, antes das mudanças<br />
o trabalho do educador era mais simples pela impossibilidade de desenvolver<br />
uma ação mais individualizada. Entend<strong>em</strong> que alguns aspectos da organização e<br />
funcionamento do abrigo também determinam o tipo de cuidado e de educação<br />
oferecidos às crianças. Não era possível conhecer a criança, suas particularidades,<br />
seus gostos, suas dificuldades. Não era possível conversar com a criança, porque<br />
não havia espaços privados. As orientações eram gerais, dirigidas a todos, porque<br />
não se conheciam as especificidades de cada criança. A diferença entre elas, a subjetividade<br />
de cada uma não aparecia porque tudo era padronizado.<br />
Essa atenção padronizada era mantida <strong>em</strong> decorrência do antigo modelo de<br />
abrigo, mas também da ideia de que, ao fazer tudo igual para todos, evitavam-se<br />
as brigas, as disputas, os conflitos.<br />
Hoje eles acreditam que as manifestações de seus gostos, as oposições que faz<strong>em</strong><br />
às orientações dos adultos, o desejo de propriedade das coisas e as disputas decorrentes<br />
deste desejo são fundamentais para aprender<strong>em</strong> a se relacionar com os outros,<br />
para aprender<strong>em</strong> sobre si e para se fazer<strong>em</strong> conhecer. Entend<strong>em</strong> que o papel do educador<br />
é promover oportunidades para que as crianças se express<strong>em</strong>, inclusive no que<br />
diz respeito às suas oposições num ambiente acolhedor que oferece apoio e limites.<br />
No novo modelo, a criança pode arrumar do seu jeito o quarto, organizar<br />
seu próprio espaço. O fato de a criança deixar sua marca pessoal<br />
no ambiente promove o sentimento de afetividade dela com o<br />
abrigo, de pertencer a este lugar. Os educadores observam que as<br />
“Até a posição das ca-<br />
crianças sent<strong>em</strong> satisfação <strong>em</strong> ajudar a cuidar da casa e mantê-la<br />
mas nos quartos era pa- <strong>em</strong> ord<strong>em</strong>, porque elas perceb<strong>em</strong> que o espaço é delas também.<br />
dronizada. Hoje, qu<strong>em</strong><br />
Há, entre os educadores, uma forte crença de que a educa-<br />
define a posição das<br />
ção deve promover a autonomia das crianças. Nesta perspectiva,<br />
os educadores debateram as rotinas diárias e a diferença entre<br />
camas são as crianças.<br />
“fazer pela” criança e “fazer com” a criança.<br />
Eles montam o quar-<br />
“Havia rotinas, escalas de limpeza e de deveres que as crianto<br />
como eles acham<br />
ças tinham que cumprir, mas não havia uma efetiva discussão<br />
melhor.”<br />
sobre a razão dessas rotinas. Atualmente, as crianças participam e<br />
ajudam a manter as casas, dividindo as tarefas. O que mudou?”<br />
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