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abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História

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da queixa ao desejo de mudança<br />

Durante o processo de sist<strong>em</strong>atização desta experiência, os participantes dos grupos<br />

de discussão 8 l<strong>em</strong>braram que, no período anterior a 1996, muitos enfoques<br />

do atendimento do abrigo eram questionados pelas técnicas responsáveis pelos<br />

<strong>abrigos</strong>, principalmente <strong>em</strong> relação aos seguintes aspectos:<br />

1) o binômio qualidade x quantidade;<br />

2) o desabrigamento de jovens que completaram 16 anos e não tinham possibilidade<br />

de voltar para suas famílias;<br />

3) os encaminhamentos das crianças para o educandário – qu<strong>em</strong> era encaminhado?<br />

por qu<strong>em</strong>? por quê?<br />

Mas os questionamentos e a indignação diante de muitas situações<br />

do cotidiano não potencializaram as mudanças. Sentiam-se s<strong>em</strong><br />

forças para <strong>em</strong>preendê-las.<br />

Em 1996, a chegada de uma voluntária no educandário provocou<br />

abalos que contribuíram para o descongelamento do imobilismo<br />

institucional. Tanto os gestores quanto as técnicas reconhec<strong>em</strong><br />

que a função des<strong>em</strong>penhada por esta voluntária foi de<br />

“catalizadora das transformações”.<br />

o olhar estrangeiro<br />

Em 1996, D. Xinha, voluntária da Liga, passou a visitar o educandário nos finais de<br />

s<strong>em</strong>ana para desenvolver algum trabalho junto às crianças. Segundo relatou, naquela<br />

época não tinha qualquer conhecimento a respeito das questões concernentes ao<br />

abrigamento de crianças. No entanto, à medida que pôde estabelecer com elas uma<br />

relação de proximidade veio a conhecer situações que julgou bastante inadequadas<br />

para a formação integral das crianças atendidas.<br />

Passou, então, a relatar as situações para a diretoria da Liga com o objetivo de<br />

sensibilizá-la para a qualidade do atendimento do educandário e, ao mesmo t<strong>em</strong>po,<br />

incentivar a equipe técnica a também comunicar os probl<strong>em</strong>as e reivindicar<br />

mudanças no atendimento. Apesar dessas intervenções, a diretoria da Liga ainda<br />

se mostrava reticente a enfrentar as mudanças radicais que se anunciavam. Neste<br />

momento, essas intervenções não possibilitaram a adesão da diretoria da entidade,<br />

mas tiveram a função importante de instalar um conflito institucional.<br />

Afinal, o conflito é um el<strong>em</strong>ento normal e imprescindível no desenvolvimento<br />

e <strong>em</strong> qualquer manifestação humana e sua patologia se relaciona menos com<br />

sua existência e mais com a ausência dos recursos necessários para resolvê-los ou<br />

dinamizá-los. 9<br />

8 Os grupos de trabalho para<br />

esta sist<strong>em</strong>atização seguiram,<br />

<strong>em</strong> linhas gerais, a mesma<br />

organização dos grupos do<br />

projeto: Grupo dos educadores;<br />

Grupo das técnicas – assistentes<br />

sociais e psicólogas dos<br />

<strong>abrigos</strong> do educandário; Grupo<br />

gestor – responsável pela condução<br />

do projeto; Presidente<br />

e vice-presidente da Liga das<br />

Senhoras Católicas de São Paulo<br />

– à época, respectivamente,<br />

diretora voluntária do educandário<br />

e voluntária da Liga.<br />

“A gente até queria<br />

fazer mudanças, mas<br />

tinha uma parede<br />

intransponível, nós batíamos<br />

de frente e não<br />

conseguíamos avançar.”<br />

43<br />

9 BLEGER, J. Psico-higiene e<br />

Psicologia Institucional. Porto<br />

Alegre: Artes Médicas, 1984.

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