abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
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7 ROUCHY, J. C. Análise da instituição<br />
e mudança. In: RUIZ,<br />
Olga (Org.). Vínculos e instituições,<br />
uma escuta psicanalítica.<br />
São Paulo: Escuta, 2002.<br />
papel diante da comunidade, decidiu investir firm<strong>em</strong>ente na transformação de seu<br />
papel e de sua função social.<br />
O quadro abaixo sintetiza as mudanças relatadas pelo grupo.<br />
Era assim... (de 1938 a 1998) Agora é assim... (a partir de 1999)<br />
• Havia 8 casas • Há quatro casas<br />
• Cada casa abrigava de 30 a 36 crianças • Cada casa abriga até 20 crianças<br />
• Em cada dormitório dormiam 12 crianças • Em cada quarto dorm<strong>em</strong> quatro crianças<br />
• O refeitório e a lavanderia eram comuns<br />
às 8 casas<br />
• As crianças não têm a posse de objetos<br />
pessoais<br />
• As crianças ficavam sob a responsabilidade<br />
dos laristas<br />
• O atendimento médico, odontológico e<br />
psicológico eram oferecidos no complexo<br />
do educandário<br />
• As crianças frequentavam a escola que<br />
funciona no complexo do educandário.<br />
• As psicólogas eram contratadas para o<br />
atendimento clínico das crianças<br />
• Cada casa possui sua cozinha e lavanderia<br />
• Cada criança possui seu espaço para guardar<br />
objetos pessoais<br />
• As crianças ficam sob responsabilidade<br />
direta dos educadores e auxiliares de<br />
educador<br />
• Para o atendimento médico, odontológico<br />
e psicológico é utilizada a rede externa<br />
• As crianças frequentam as escolas da<br />
comunidade<br />
• As psicólogas contratadas atuam no âmbito<br />
institucional – o foco de intervenção é<br />
o atendimento do abrigo<br />
• Atendiam a meninos de 7 a 16 anos • Atend<strong>em</strong> a meninos e meninas de 0 anos<br />
até o desabrigamento<br />
• Não havia atenção especial para o desabrigamento<br />
• Desde a chegada da criança, há ações para<br />
a reintegração familiar<br />
As mudanças expostas no quadro acima são radicais e profundas porque houve,<br />
necessariamente, um questionamento e a revisão crítica das concepções do<br />
atendimento, da relação entre os que assist<strong>em</strong> e os assistidos, das causalidades ou<br />
determinantes que organizam o serviço de abrigamento, de normas e regras de<br />
funcionamento interiorizadas pelos profissionais.<br />
Estas reflexões levaram a um processo de mudança que passou pela modificação<br />
das estruturas e por um trabalho de revisão pessoal e profissional das pessoas e<br />
da organização sobre suas próprias representações (ideias e concepções) e sobre os<br />
valores de que são portadoras a respeito da criança, do trabalho e do abrigo. Esta<br />
experiência permitiu constatar que não há mudança possível s<strong>em</strong> que se permita<br />
que novos valores sejam instituídos. 7<br />
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