abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
sobre a sist<strong>em</strong>atização<br />
Largo da Batata, Pinheiros, São Paulo, dez<strong>em</strong>bro de 2006. No ponto de ônibus do<br />
terminal Jardim Ângela, pergunto para a pessoa na fila: “Este é o único ônibus que<br />
vai para o Jardim Ângela”? Iniciamos, então, uma conversa, de mais de quarenta<br />
minutos. Comecei a vislumbrar que pod<strong>em</strong> existir várias realidades, às quais não<br />
t<strong>em</strong>os acesso a não ser quando nos vinculamos a elas. “V<strong>em</strong> aqui à tarde pra tu vê!<br />
A fila dobra o Largo”. Estava lançado o desafio, que eu me propus a aceitar.<br />
Estrangeira, num universo desconhecido, fui recebida por Maria Célia, a coordenadora<br />
da Casa Raio de Sol. Convidada para participar do almoço de confraternização<br />
do final de ano e para alguns dos serviços da Sociedade Santos Mártires (entre<br />
eles, o abrigo), conheci Padre Jaime. Neste momento já se revelou, com intensidade,<br />
a força do <strong>movimento</strong> comunitário, a “soma de pequenas grandes ações”.<br />
Em fevereiro de 2007, d<strong>em</strong>os início ao processo de sist<strong>em</strong>atização propriamente<br />
dito. Ainda “estrangeira”, realizei uma entrevista com Maria Célia e Flávio para<br />
discutirmos qu<strong>em</strong> participaria do processo e como ele aconteceria.<br />
Conheci a Casa Raio de Sol, as crianças, os adolescentes, as famílias. O grupo<br />
ia aos poucos, nos cinco encontros que tiv<strong>em</strong>os, me inserindo <strong>em</strong> seus universos,<br />
<strong>em</strong> suas histórias e efeitos. O projeto com as famílias surgiu <strong>em</strong> suas várias nuances<br />
– fortalecimento dos vínculos, capacitação da equipe, parcerias, construção e<br />
reconstrução de histórias.<br />
Conforme olhávamos mais atentamente o projeto, surgiu, também, o desejo de<br />
saber como ele era visto pelos parceiros. O contato e as entrevistas realizadas (oito, no<br />
total) com os profissionais da Vara da Infância, Fundação Abrinq, Conselho Tutelar,<br />
Secretaria da Assistência Social, Escola, Unidade Básica de Saúde revelaram, para mim,<br />
o que é de fato uma articulação <strong>em</strong> rede. Mostraram, também, no que diz respeito ao<br />
projeto, como as repercussões do Programa Abrigar se faziam presentes <strong>em</strong> outros<br />
espaços.<br />
A rede de interdependência revelou que, diferent<strong>em</strong>ente do que pensamos,<br />
“não somos ilhas isoladas, e sim partes de uma mesma célula – distintos, porém<br />
interligados”. i<br />
Vera Lúcia Galli<br />
37