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abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História

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Foi necessário, porém, rever essas estratégias, na medida <strong>em</strong> que Ana não<br />

podia corresponder às necessidades de Pedro, <strong>em</strong> função das suas próprias. Neste<br />

sentido, o levantamento da rede familiar da criança, feito pela equipe, assim como<br />

o fortalecimento do vínculo com a irmã de Ana, que não se perdeu ao longo do<br />

t<strong>em</strong>po, ampliou as perspectivas de reintegração de Pedro ao convívio familiar.<br />

A história de Pedro é s<strong>em</strong>elhante a muitas outras histórias. Do ponto de vista<br />

de investir no potencial das famílias, pode-se dizer que s<strong>em</strong>pre dá certo. N<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre, entretanto, a família conta com uma rede de proteção mínima que possa<br />

favorecer esse trânsito.<br />

CARlA: UMA EstRAnhA nO nInhO?<br />

Carla chegou à Casa Raio de Sol quando esta não tinha n<strong>em</strong> um mês de funcionamento,<br />

<strong>em</strong> outubro de 2002, e permaneceu abrigada até o final de 2004. Com<br />

transtornos psiquiátricos graves, Carla mordia e batia <strong>em</strong> todos que encontrava,<br />

quebrava as coisas ao seu redor. Parecia ter medo.<br />

Encaminhada para um dos serviços da rede Santos Mártires, fez avaliações<br />

com psicólogos, psiquiatras, neurologista, sendo diagnosticada epilepsia, com crises<br />

de ausência, <strong>em</strong> razão do uso e abuso de drogas pela mãe. Tinha mais duas irmãs,<br />

uma delas apresentando os mesmos sintomas.<br />

A família de Carla era envolvida com o tráfico e sua mãe, Laura, fora presa <strong>em</strong><br />

sua presença, o que acarretou o abrigamento.<br />

Movida pela necessidade de saber lidar com os probl<strong>em</strong>as psiquiátricos que<br />

Carla apresentava, a equipe da Casa Raio de Sol buscou se capacitar. Procuraram<br />

um hospital próximo ao abrigo e fizeram curso para aprender noções mínimas de<br />

transtornos psiquiátricos, controle de medicação e seus efeitos no comportamento.<br />

Investiram no vínculo amoroso, na possibilidade de ser<strong>em</strong> continentes à agressividade<br />

de Carla que, mesmo com todo esse comprometimento, tinha consciência de<br />

suas limitações e da necessidade de tomar os medicamentos.<br />

Carla mantinha contato com sua madrinha, que chegou a levá-la para passar<br />

os fins de s<strong>em</strong>ana <strong>em</strong> sua companhia. Quando Laura, a mãe da Carla, “recebeu liberdade”,<br />

foi visitá-la e queria desabrigá-la imediatamente. Dizia que sua filha não<br />

era louca e que havia ficado assim depois que fora para o abrigo. Informada sobre<br />

os procedimentos legais, Laura foi gradativamente se acalmando e se vinculando à<br />

equipe. Passou a frequentar os encontros que eram realizados com as famílias. Com<br />

essa aproximação, Carla começou a ir para casa quinzenalmente, nas férias de final<br />

de ano e, depois, s<strong>em</strong>analmente.<br />

Durante mais de seis meses, Carla passou todo final de s<strong>em</strong>ana com a família<br />

e, neste período, a equipe realizou visitas domiciliares sist<strong>em</strong>aticamente. Perceberam<br />

que Carla estava b<strong>em</strong> adaptada à dinâmica familiar.<br />

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