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VJ FEV 2010.p65 - Visão Judaica

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16 ○<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

HIGH-TECH<br />

○<br />

Tecnologia previne epilepsia<br />

O cardiologista israelense Michael Shechter,<br />

do Instituto do Coração do Sheba<br />

Medical Center, desenvolveu uma técnica<br />

não-invasiva capaz de prever o que<br />

acontecerá ao coração dos pacientes nos<br />

próximos três ou quatro anos. Um aparelho<br />

semelhante ao medidor de pressão<br />

sanguínea ligado a um monitor permite<br />

elaborar um prognóstico detalhado da<br />

saúde cardíaca do paciente. Para se saber<br />

o que ocorre dentro das artérias que<br />

irrigam o coração, o teste mede a elasticidade<br />

do endotélio, o revestimento celular<br />

interno das veias do braço. “Se verificarmos<br />

50% de redução dessa função<br />

no braço, podemos prescrever um tratamento<br />

agressivo para evitar um infarto”,<br />

explica Shechter. Esse é o melhor método<br />

para todos os tipos de pacientes. Não<br />

se usa material radioativo, o exame exige<br />

pouco tempo e não há necessidade<br />

de exercício antes ou durante o teste. (PC<br />

Magazine).<br />

Epilepsia II<br />

Já o neurocirurgião israelense Alon Friedman,<br />

pesquisador da Universidade Ben<br />

Gurion, de Beer Sheva, identificou um<br />

bloqueador (TGF Beta) que poderá prevenir<br />

o surgimento da epilepsia decorrente<br />

de ferimentos no cérebro. Numa pesquisa<br />

em conjunto com a Universidade<br />

de Berkeley (EUA), ele usou o medicamento<br />

com sucesso em ratos de laboratório.<br />

Se o efeito for confirmado em seres<br />

humanos, esse bloqueador poderá prevenir<br />

o surgimento de casos de epilepsia em<br />

vítimas de meningite, tumores cerebrais<br />

ou traumatismo craniano. Atualmente,<br />

entre 25% e 50% das pessoas que sofrem<br />

graves ferimentos na cabeça desenvolvem<br />

epilepsia. (PC Magazine).<br />

Mentirosos são pegos pela escrita<br />

Pesquisadores descobriram que a mentira<br />

tem pernas mais curtas do que se imagina:<br />

ela agora pode ser detectada pelo<br />

modo de escrever de cada um. A descoberta<br />

de que existe relação entre a caligrafia<br />

das pessoas e a veracidade dos<br />

fatos escritos por elas foi feita na Universidade<br />

de Haifa, em Israel, em um estudo<br />

liderado por Gil Luria e Sara Rosenblum.<br />

Eles testaram 34 voluntários que escreveram<br />

duas histórias usando um sistema<br />

chamado ComPET (Computerized Penmanship<br />

Evaluation Tool). Nele, um pedaço<br />

de papel é posicionado em um tablet<br />

de computador e a pessoa utiliza uma<br />

caneta eletrônica sem fio com uma ponta<br />

sensível à pressão. Analisada a escrita,<br />

descobriu-se que nos parágrafos mentirosos<br />

as pessoas não só apertavam com<br />

mais força a caneta eletrônica, como fa-<br />

ziam traços mais longos e desenhavam<br />

letras mais altas que nos parágrafos verdadeiros.<br />

As diferenças não são perceptíveis<br />

aos olhos, mas foram detectadas<br />

pelo computador. Uma das hipóteses é a<br />

de que a escrita muda porque o cérebro<br />

é forçado a trabalhar mais quando precisa<br />

inventar informações – o que acaba<br />

interferindo com a caligrafia. (Applied<br />

Cognitive Psychology).<br />

Robô vigia fronteira e evita<br />

perigo a soldados<br />

Um novo robô que já começou a patrulhar<br />

a fronteira com a Faixa de Gaza é a<br />

grande inovação e uma solução para<br />

evitar perda de vidas humanas na vigilância<br />

dos limites e fronteiras de Israel.<br />

O robô, como se pode ver num vídeo em<br />

http://www.youtube.com/watch?v=Aen<br />

9s0hyLec&feature=player_embedded#,<br />

percorre as áreas onde há artefatos explosivos,<br />

franco-atiradores e outros.<br />

Conta com câmaras e sensores que<br />

transmitem imediatamente a informação<br />

a soldados e patrulhas situadas nas<br />

proximidades e avisam da localização de<br />

explosivos para ativar helicópteros e<br />

demais meios de defesa. (Es-israel/Israel<br />

News).<br />

Aprovado pílula dos três dias seguintes<br />

A Food and Drug Administration (FDA,<br />

organismo norte-americano de controle<br />

de medicamentos e alimentos) aprovou<br />

o uso no país de uma pílula anticoncepcional<br />

de emergência fabricada pela<br />

empresa israelense Teva e pela húngara<br />

Gedeon Richter Ltd. A novidade é que<br />

o efeito da pílula se prolonga por 72<br />

horas. O medicamento, denominado<br />

Plan B One-Step, não surte efeito se a<br />

mulher já tiver engravidado, ou seja, não<br />

é abortiva. (SSB - Agência IN).<br />

Corações de ratos reconstituídos<br />

Cientistas israelenses conseguiram reconstituir,<br />

mediante enxertos, corações<br />

enfermos de ratos, dando novas esperanças<br />

ao tratamento de humanos vítimas<br />

de cardiopatias. Os pesquisadores<br />

implantaram células-tronco de ratos recém-nascidos<br />

nas cobaias enfermas,<br />

transplantando com sucesso esses tecidos<br />

reconstituídos nas partes avariadas<br />

do coração. É a primeira vez que um<br />

teste desse tipo tem sucesso com animais<br />

de laboratório. O estudo, realizado<br />

por Tal Dvir, da Universidade de Beer<br />

Sheva e do americano MIT (Instituto Tecnológico<br />

de Massachussets), foi publicado<br />

na revista médica americana Proceedings<br />

of the National Academy of<br />

Sciences. (Jornal Alef).<br />

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Arquitetura do crime<br />

Vittorio Corinaldi *<br />

O Museu Yad Vashem em Jerusalém é um dos logradouros que compõem o<br />

austero e impressionante conjunto erguido em memória do Holocausto – a<br />

criminosa e premeditada matança dos judeus da Europa pelo regime nazista.<br />

Além da exposição permanente, que por meio de fotos, objetos e documentos<br />

(dispostos segundo um roteiro histórico e cronológico) transmite ao visitante<br />

um conhecimento palpável da inexplicável tragédia, o museu também<br />

oferece exposições temporárias que focalizam aspectos específicos, testemunhos<br />

ou episódios inéditos.<br />

Nestes dias, inaugurou-se no museu uma exposição de projetos de arquitetura:<br />

plantas, cortes, fachadas, detalhes – tudo num caráter essencialmente<br />

técnico e profissional. Mas os projetos estão longe de ser uma inocente apresentação<br />

de empreendimentos de normal construção civil, que fugiria aos propósitos<br />

da instituição promotora.<br />

Trata-se das plantas de execução para as obras do campo de concentração<br />

de Auschwitz-Birkenau, cedidas ao Yad Vashem pela fundação alemã Axel Springer,<br />

em ocasião do 27 de Janeiro – data da libertação do campo e agora declarada<br />

“Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto”.<br />

Os desenhos denotam a precisão e a seriedade que não poderia deixar de<br />

figurar no trabalho de responsáveis profissionais alemães: engenheiros, arquitetos,<br />

técnicos e desenhistas. As cotas e números baseiam-se declaradamente<br />

nos padrões do “Neufert”, que já antes da 2ª Guerra Mundial era o manual<br />

muito difuso que orientava o dimensionamento das edificações. O nível gráfico<br />

expressa o “respeito” com que o trabalho de projeto era encarado, como<br />

cabe à apresentação de serviço para um “ente oficial”.<br />

A “SS”, polícia política nazista, recrutou para a obra o pessoal mais “recomendado”,<br />

dentre os quadros que já haviam se distinguido entre os formandos<br />

de conceituadas escolas e universidades alemãs (dentre elas, triste é salientálo,<br />

também a “Bauhaus”, cujos líderes foram, é verdade, expulsos pelo nazismo<br />

– mas cujos alunos nem sempre absorveram os ensinamentos da orientação<br />

democrática, aberta e liberal promulgada pela escola, que continuou a<br />

funcionar durante certo tempo durante o regime, até ser por este finalmente<br />

dissolvida).<br />

À parte o interesse lugubremente documentário despertado pela mostra,<br />

cabe dedicar um pensamento ao aspecto ético e moral contido nesses documentos:<br />

Ao mesmo tempo em que eles retratam uma atitude supostamente<br />

indiferente e exclusivamente técnica, eles espelham uma cínica posição de<br />

falsa ignorância dos autores quanto à verdadeira natureza dos objetos do trabalho:<br />

poderiam eles não saber – com todo o know-how infra-estrutural envolvido<br />

– que o que se denomina no projeto “duchas especiais” destinava-se na<br />

verdade a câmaras de gás? Poderiam eles não compreender o destino que se<br />

daria aos barracões de “moradia” isentos de janelas, dispostos em blocos de<br />

esmagadora uniformidade? A planta de situação (em escala 1:2000) assinala<br />

com descarado cinismo “jardins” decorativos na cabeceira de cada bloco; mas<br />

define abertamente como “appel platz” (praça da chamada) o espaço aberto<br />

onde se levava a cabo a cotidiana contagem dos prisioneiros. E que dizer das<br />

instalações de vigia e de segregação; do ramal ferroviário que penetrava no<br />

recinto para descarregar a carga humana sobre cuja proveniência e destino<br />

ninguém poderia deixar de indagar?<br />

A exposição é mais um testemunho da tremenda singularidade do genocídio<br />

dos judeus da Europa: pois não se tratou “somente” de chacina em massa,<br />

típica de operações bélicas ou situações de repressão sob o fundo de conflitos<br />

políticos. Tratou-se sim de um programa ideologicamente enunciado e planejado<br />

em seus aspectos logísticos, em nível de uma macabra estrutura técnica e<br />

burocrática organizada para movimentar uma indústria da morte que funcionasse<br />

com a máxima “eficiência”.<br />

Num momento em que arquitetos de todo o mundo competem entre si para<br />

chegar a extremos de arbitrariedade conceitual e formal em suas obras cada<br />

vez mais afastadas de um objetivo significado social, e em que o simbólico e o<br />

expressivo se sobrepõem a qualquer consideração de utilidade e funcionalidade,<br />

é tristemente significativo que uma exposição secamente profissional de<br />

arquitetura e construção nos leve a refletir sobre os limites da legitimidade do<br />

argumento funcional no atuar do arquiteto, e transporte o “funcional” para um<br />

grau de simbolismo celebrativo que é mais eloqüente do que qualquer gesto<br />

espacial e do que qualquer retórico vocabulário figurativo.<br />

* Vittorio Corinaldi é arquiteto e reside em Tel Aviv, Israel.

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