VJ FEV 2010.p65 - Visão Judaica
VJ FEV 2010.p65 - Visão Judaica
VJ FEV 2010.p65 - Visão Judaica
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Publicação mensal independente da<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e Publicidade<br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Curitiba • PR • Brasil<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Dir. de Operações e Marketing<br />
SHEILLA FIGLARZ<br />
Dir. Administrativa e Financeira<br />
HANA KLEINER<br />
Diretor de Redação<br />
SZYJA B. LORBER<br />
Publicidade<br />
DEBORAH FIGLARZ<br />
Arte e Diagramação<br />
SONIA OLESKOVICZ<br />
Webmaster<br />
RAFFAEL FIGLARZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Antonio Carlos Coelho, Aristide Brodeschi,<br />
Avraham Tsvi Beuthner Breno Lerner,<br />
Heitor De Paola, Jane Bichmacher de<br />
Glasman, Ruben Kaplan, Sérgio Alberto<br />
Feldman, Szyja Ber Lorber, Vittorio<br />
Corinaldi, Yossef Dubrawsky e Yossi<br />
Groisseoign.<br />
A ajuda de Israel ao Haiti e o objetivo do Irã<br />
srael enviou ao Haiti uma<br />
equipe de socorro humanitária.<br />
É uma tradição israelense.<br />
Tão logo chegaram<br />
a Porto Príncipe os dois<br />
boeings carregados, depois da<br />
tragédia, a equipe montou aquilo que<br />
ficou sendo chamado de “o Rolls<br />
Royce dos hospitais de campanha”.<br />
A comparação com a famosa marca<br />
britânica de automóveis de luxo não<br />
é exagerada. Embora muitos outros<br />
países também tenham enviado equipes<br />
de ajuda, apenas Israel montou<br />
e manteve um hospital capaz de<br />
atender com eficiência e segurança<br />
aos feridos com mais gravidade. Os<br />
israelenses auxiliaram também no<br />
resgate de sobreviventes soterrados<br />
nos escombros.Aproveitaram<br />
o<br />
know how<br />
adquirido<br />
em décadas<br />
de conflitos<br />
para salvar<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />
o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou<br />
comentários publicados, sejam de terceiros<br />
(mencionando a fonte) ou próprios e assinados<br />
pelos autores. O fato de publicá-los não indica<br />
que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />
dos conceitos ou dos temas.<br />
Contém termos sagrados, por isso trate<br />
com respeito esta publicação.<br />
www.visaojudaica.com.br<br />
Este jornal é um veículo independente<br />
da Comunidade Israelita do Paraná<br />
vidas e víti-<br />
Datas importantes<br />
20 de fevereiro<br />
25 de fevereiro<br />
27 de fevereiro<br />
28 de fevereiro<br />
1º de março<br />
6 de março<br />
13 de março<br />
20 de março<br />
mas de uma das maiores tragédias<br />
naturais de todos os tempos.<br />
Esta não foi a primeira vez que<br />
Israel resgata vítimas de acidentes<br />
naturais. Em 1985, após um terremoto<br />
no México, salvou 55 pessoas.<br />
Atuou em outro terremoto na Armênia<br />
em 1988, e na década seguinte,<br />
auxiliou as vítimas dos atentados terroristas<br />
em Buenos Aires (1992 e<br />
1994) e no Quênia (1998). Em 1999,<br />
após um terremoto que atingiu a Turquia<br />
e a Grécia, foram enviadas duas<br />
equipes de resgate e construído um<br />
hospital de campanha. Em 2004, Israel<br />
auxiliou no socorro às vítimas de<br />
um carro-bomba que atingiu um hotel<br />
no Egito. A presença de Israel no<br />
Haiti mostra a natureza humana da<br />
sociedade criada pelo projeto sionista,<br />
tão vilipendiada por países árabes<br />
e muçulmanos e pela banda de música<br />
de certa esquerda mundial.<br />
Curiosamente, os mesmos países<br />
que têm rotulado o sionismo como<br />
desumano e criminoso, nada fizeram<br />
— embora nadem em petrodólares —<br />
ACENDIMENTO DAS VELAS<br />
EM CURITIBA -<br />
<strong>FEV</strong> de 2009 / MAR de 2010<br />
Shabat<br />
DATA HORA<br />
19 / 2<br />
26 / 2<br />
5 / 3<br />
12 / 3<br />
19 / 3<br />
19h38<br />
19h32<br />
19h24<br />
19h18<br />
19h10<br />
Obs: A partir do dia 21/2/2010 terminou o<br />
Horário Brasileiro de Verão. Os horários<br />
de acendimento das velas às sextasfeiras<br />
já estão ajustados ao Horário de<br />
Verão e ao término deste.<br />
Nossa capa<br />
Shabat / Terumá<br />
Jejum de Ester<br />
Shabat / Tetsavê / Zachor / Véspera de Purim<br />
Purim / Leitura da Meguilá<br />
Shushan Purim (em Jerusalém)<br />
Shabat / Ki Tissá / Pará<br />
Shabat / Vayak'hel / Picudê / Hachôdesh<br />
Shabat / Vayicrá<br />
em termos de ajuda ao Haiti. Onde<br />
está a Arábia Saudita, o Irã, a Síria, a<br />
Turquia, que estiveram tão preocupados<br />
com o ‘desastre’ na Faixa de Gaza,<br />
agora que uma verdadeira catástrofe<br />
ocorreu? Ah, a Turquia enviou condolências!<br />
É irônico que Israel, quase<br />
universalmente difamado por motivos<br />
“humanitários”, e apesar de seu pequeno<br />
tamanho e falta de recursos<br />
minerais, esteja de fato sempre entre<br />
os primeiros a ajudar em desastres<br />
naturais em todo o mundo!<br />
O Irã, em sua corrida para o armamento<br />
nuclear, coloca à prova a<br />
liderança de Barack Obama. O presidente<br />
dos EUA prometera uma política<br />
de “mão estendida e não de punho<br />
fechado” ao regime iraniano, se<br />
conseguisse discutir seriamente o<br />
futuro de seu programa nuclear e suspender<br />
o enriquecimento de urânio,<br />
como exigem cinco resoluções do<br />
Conselho de Segurança da ONU.<br />
A resposta do Irã foi ignorar olimpicamente<br />
o Conselho de Segurança,<br />
desprezar o presidente americano e<br />
A capa reproduz a obra de arte cujo título é: “Leitura da<br />
Meguilat Esther”, pintada com a técnica aquarela e dimensões<br />
de 48x38cm, criação de Aristide Brodeschi.<br />
O autor nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e<br />
artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já desenvolveu<br />
trabalhos em várias técnicas, dentre elas pintura, gravura<br />
e tapeçaria. Recebeu premiações por seus trabalhos no<br />
Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas por vários<br />
países e tem no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração.<br />
É o autor das capas do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para<br />
conhecer mais sobre ele, visite o site www.brodeschi.com.br)<br />
Falecimento<br />
Rodolpho Goldstein Paciornik, dia<br />
13/2/2010, em Curitiba (30 de<br />
Shevat de 5770). Era médico,<br />
deixou viúva Beatriz Paciornik e os<br />
filhos Fernando e Peggy. Sepultado<br />
na manhã do dia 14/2/2010 no<br />
Cemitério Israelita de Umbará.<br />
Humor Judaico<br />
pisar no acelerador em seus esforços<br />
para conseguir um urânio suficientemente<br />
puro que lhe dê acesso às armas<br />
atômicas. O desafio ao mundo<br />
culminou com o anúncio de Ahmadinejad<br />
ordenando aos técnicos iranianos<br />
o início da produção de urânio enriquecido<br />
em 20%, em comparação<br />
com o índice atual de 3,5 a 5%, suficiente<br />
para as necessidades dos reatores<br />
civis. A decisão prova, mais uma<br />
vez, a falácia das afirmações do regime<br />
teocrático iraniano que insiste que<br />
só pretende desenvolver a indústria<br />
nuclear para fins pacíficos.<br />
A última provocação do Irã esgotou<br />
a paciência de Obama, que a qualificou<br />
de “inaceitável” e prometeu<br />
“duras sanções” contra Teerã. França,<br />
Alemanha, Reino Unido e Itália<br />
mostraram-se favoráveis à adoção<br />
imediata das sanções. Também a Rússia,<br />
farta dos sucessivos desplantes<br />
iranianos, está inclinada a apoiar uma<br />
nova resolução do Conselho de Segurança<br />
nesse sentido.<br />
Mãe Mãe judia<br />
judia<br />
A Redação<br />
Abrão liga para sua mãe na Flórida.<br />
- "Mamãe, como está?"<br />
- " Não muito bem", responde a mãe. "Eu estou<br />
muito fraca".<br />
Diz o filho: "Por que você está tão fraca?"<br />
Ela responde: "Porque eu não comi nos últimos<br />
38 dias."<br />
O filho: "Isso é terrível… Por que não comeu nestes<br />
38 dias?"<br />
Responde a mãe: "Porque eu não queria estarcom<br />
comida na boca quando você ligasse".<br />
Qual a diferença entre uma mãe judia e uma<br />
mama italiana?<br />
A italiana diz: Coma meu filho, senão te mato.<br />
A judia diz: Coma meu filho, senão me mato.
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Entrevista com Pilar Rahola em Barcelona<br />
Sérgio A. Feldman e Szyja B. Lorber *<br />
manhã de inverno não<br />
fora generosa comigo.<br />
Barcelona alternava<br />
sol e chuva e nesse dia<br />
(14/1) o sol se escondera<br />
e chovia, e suspeitei que<br />
poderia não ser um bom<br />
presságio. A entrevista fora marcada<br />
para o Real Club de Polo de Barcelona.<br />
Fiz uso do metrô e por pouco não me<br />
perdi entre os prédios do imenso campus<br />
universitário que se aloca nesta parte<br />
da cidade. Cheguei cedo e acanhado<br />
entrei. Um lugar de elite, onde um turista<br />
casual, vestido de maneira simples<br />
pode se sentir perdido em meio a tanta<br />
gente elegante e refinada.<br />
Em alguns minutos apareceu Pilar.<br />
Elegante, agitada e cheia de carisma.<br />
Uma mulher charmosa e que transpira<br />
personalidade. Foi gentil e afetiva e me<br />
convidou para comer e beber algo. Agradeci<br />
mas ela fez questão e me trouxe<br />
um refrigerante. O clima era descontraído<br />
e o ambiente propício para uma entrevista.<br />
Sorte de principiante, diria algum<br />
entendido.<br />
Pilar não se incomodou com perguntas<br />
provocativas e nem com dilemas<br />
e contradições. Assumiu imediatamente<br />
sua identidade e não escondeu sua<br />
absoluta negativa a freios e rédeas ideológicas.<br />
Sua condição de "livre pensadora",<br />
num sentido contemporâneo é<br />
explicita. Vamos à entrevista.<br />
SÉRGIO FELDMAN: A guisa de introdução<br />
irei questioná-la sobre um tema de meus<br />
estudos que cria uma relação entre entrevistador<br />
e entrevistado. No século<br />
XIII, em 1263 nesta cidade de Barcelona,<br />
realizou-se um debate entre o sábio<br />
judeu Nachmânides e um grupo de dominicanos,<br />
onde se sobressaia um judeu<br />
convertido, de nome Pablo Christiani.<br />
A verdadeira fé era o tema. O mundo<br />
mudou e a gente repensa os fatos<br />
sob uma nova ótica. Haveria hoje em<br />
Barcelona e na Espanha, um novo e respeitoso<br />
diálogo entre os dois lados desta<br />
corrente? Haveria um reencontro com<br />
este passado e um acerto de contas com<br />
certos erros do mesmo?<br />
PILAR RAHOLA: Quando a Espanha expulsou<br />
os judeus da velha Sefarad, também<br />
expulsou a inteligentzia (N. E: intelectualidade),<br />
expulsou o desejo e a<br />
vocação do diálogo, expulsou o debate<br />
e, provavelmente, por um longo tempo,<br />
a modernidade. Sem dúvida alguma<br />
a comunidade judaica aqui na Catalunha,<br />
onde estamos, em Barcelona, tinha<br />
a ver com o melhor do pensamento<br />
da época, e dos grandes debates que<br />
são mencionados. Sabemos que de<br />
muitos deles perdemos o registro, mas<br />
estamos conscientes que lá realmente<br />
se promovia o pensamento. Tenho que<br />
dizer com muita dor que a consciência<br />
e a alma judaica de Barcelona e globalmente<br />
da Catalunha ficaram completamente<br />
mirradas. E eu diria também no<br />
nível amplo de toda a Espanha.<br />
Mas hoje a ideia de que um judeu,<br />
sábio profundo, possa ter um debate<br />
sensato, elevado e tranquilo com um<br />
não judeu, hoje, na minha cidade, é impossível.<br />
Estamos submetidos a discursos<br />
muito estigmatizados, a um pensamento<br />
politicamente correto, que de<br />
alguma forma demoniza o judeu, e qualquer<br />
discussão que tenha a ver com a<br />
cultura judaica, com o seu profundo conhecimento<br />
da vida, com suas ideias filosóficas,<br />
sempre cai na atualidade política,<br />
militar, no conflito do Oriente<br />
Médio. É impossível. Muitos dos meus<br />
artigos falam sobre essa questão, a sensatez.<br />
Falam da reivindicação do direito<br />
ao diálogo. Vou te dar um exemplo<br />
para a minha auto-referência. Na época<br />
da operação militar na Faixa de Gaza,<br />
aqui na Espanha ficaram loucos. Praticamente<br />
isso ocorreu em todo o mundo,<br />
mas especialmente aqui isso foi visível.<br />
Acho que agora, francamente,<br />
que a Espanha é o país mais neo-antissemita<br />
de toda a Europa. Reinventando<br />
o antissemitismo. Chamem de antissionismo,<br />
chamem de antiisraelismo,<br />
mas ainda é o tema judaico.<br />
Lembro que quando houve a ofensiva<br />
em Gaza escrevi um artigo primeiro<br />
dizendo "não simplifiquemos o conflito".<br />
Apenas afirmei isso: Não sejamos<br />
simplistas e tampouco maniqueístas.<br />
Nem uns são tão maus, nem outros são<br />
tão bons. O maniqueísmo é inútil, pois<br />
elimina o diálogo. Bem, é óbvio que fui<br />
criticada, atacaram-me, ameaçaramme.<br />
Tudo que vocês possam imaginar.<br />
Então, escrevi outro artigo onde reivindicava<br />
o direito de pensar e reivindicava<br />
o direito de falar. E nós estamos nesse<br />
nível. De forma que eu lhes digo, obviamente,<br />
nas sociedades modernas<br />
podemos discutir as mudanças climáticas,<br />
os direitos civis e sobre o que você<br />
queira, mas quando tocamos na pele judaica,<br />
há um montão de gente que se<br />
torna absolutamente histérica.<br />
E já me perguntei publicamente, e<br />
repito agora: Por que tanta gente inteligente<br />
ao falar sobre esta questão torna-se<br />
estúpida? Fica assim, sem lógica<br />
e sem coerência: Cega na negação do<br />
judeu e do Judaísmo. Não, não imagino<br />
este diálogo medieval hoje, no século<br />
XXI, em Barcelona. Todo e qualquer diálogo<br />
hoje redundaria em antiisraelismo.<br />
Infelizmente, isto quer dizer que,<br />
ainda que de maneira matizada e dentro<br />
de contextos diferentes, em alguns<br />
aspectos, o passado nos ensina lições<br />
de tolerância.<br />
SF: Você é uma republicana, cosmopolita<br />
e defensora dos direitos humanos e<br />
da modernidade, mas rejeitar as posições<br />
antiisraelenses da esquerda faz de<br />
você um ET, uma extraterrestre. Comente<br />
isso.<br />
PR: Hoje, a ideologia mais difícil de defender,<br />
a ideologia mais dura, a que<br />
temos que lutar mais, é a ideologia do<br />
livre pensamento. Isto é, todos se colocam<br />
sob o "guarda-chuva" ideológico.<br />
Sou de esquerda, sou de direita, sou<br />
ambientalista, e sou antissistema. E alguém<br />
diz: Eu sou eu. E as minhas dúvidas,<br />
minhas perguntas, claro que têm<br />
sensibilidade, eu sou uma ambientalista,<br />
estou preocupada com os direitos<br />
civis, direitos das mulheres, direitos<br />
dos animais. Eu sou contra touradas.<br />
Sou uma das líderes na Espanha, de um<br />
movimento que está prestes a conseguir<br />
a proibição das corridas de touros<br />
em Barcelona, e na Catalunha, como um<br />
todo. Nós enviamos cem mil assinaturas<br />
para o Parlamento. Eu sou tudo isso,<br />
mas acima de tudo, e antes de tudo<br />
isso, eu sou alguém que faz perguntas.<br />
Ah! Isto é desconfortável, isso é um<br />
sacrilégio, porque vivemos num mundo<br />
em que todos têm respostas. Mas<br />
ninguém faz perguntas.<br />
Recordo, se me permitir, da visão<br />
de Albert Camus, no ano do aniversário<br />
do cinqüentenário de sua morte. Parafraseando<br />
este pensador, eu me lembro<br />
da visão da pessoa que está no meio<br />
de uma praça pública, que armou sua<br />
barraca de campanha na praça e defende<br />
suas perguntas e respostas contra<br />
tudo e contra todos. Notem que Albert<br />
Camus foi um esquerdista, mas enfrentou<br />
Sartre e outros intelectuais da época,<br />
porque eles defendiam ditadores.<br />
Sartre ia para as manifestações de 68<br />
com uma foto de Pol Pot, o sanguinário<br />
ditador cambodjano, que executou<br />
centenas de milhares de pessoas inocentes!<br />
E Camus disse: Não, isso não é<br />
liberdade! E quando toda a gauche (esquerda)<br />
francesa defendia as ações que<br />
o terrorismo praticava nos bares de Argel,<br />
onde as mulheres vestidas com túnicas<br />
traziam bombas, e se faziam explodir<br />
matando jovens que bebiam<br />
café, vitimando pessoas inocentes, em<br />
operações terroristas executadas sem<br />
sentido, quando os alvos civis são o<br />
objetivo, Camus, profético, já dizia:<br />
Não, o terrorismo não justifica as causas,<br />
e não há motivo que justifique esse<br />
mal. E ele os enfrentou. Tinha a visão<br />
daquele que olhava para além da sua<br />
ideologia. Pensava livremente.<br />
Modestamente, estou convencida<br />
de que não há nada mais revolucionário,<br />
mais rebelde, e mais livre, que pensar<br />
livremente, até com direito a errar,<br />
todo dia. Pensar e não temer dizer e<br />
enfrentar a maioria que reluta em refletir.<br />
E ter o direito de errar. E a retificar:<br />
reconhecer, caso errou. Mas eu aspiro<br />
fundar a ideologia dos que têm dúvidas,<br />
dos que se perguntam, dos que não se<br />
somaram aos estereótipos, dos que não<br />
são politicamente corretos, dos que não<br />
têm medo de pensar e falar. O que significa<br />
que alguns te odeiem? Bem, ninguém<br />
é ninguém, se não tiver alguns<br />
bons inimigos. O que quer dizer que alguns<br />
te expulsem de seu paraíso ideológico?<br />
Eu os expulso do meu. O que é<br />
que significa que alguém esteja só?<br />
Quem disse que a liberdade não tem a<br />
ver com a solidão? Veja: Uma vez alguém<br />
escreveu: Um pensamento livre é um<br />
território inóspito solitário. E eu vivo no<br />
pensamento livre.<br />
Posso perceber que ela se emociona<br />
quando fala. Imagine a energia dela<br />
ao falar de Israel, do "prejuicio" (preconceito<br />
em espanhol). Ela se percebe<br />
como parte de uma minoria, pois é catalã<br />
assumida. Defende o uso de sua língua<br />
e de sua cultura já milenar. Ou seja,<br />
possui um parâmetro de reflexão que é<br />
étnico e que postula a diversidade.<br />
Sergio Alberto Feldman entrevistou Pilar Rahola em Barcelona<br />
SF: Por que o Islã militante hoje é a vanguarda<br />
da reação, se o Islã medieval na<br />
Espanha era o encontro das civilizações<br />
e de uma suposta convivência?<br />
PR: Bem, vamos por partes. Há um mito<br />
sobre Al Andaluz que eu creio que é<br />
falso. Al Andaluz não foram 800 anos<br />
de paz. Al Andaluz não foram 800 anos<br />
de convivência, Al Andaluz não foram<br />
800 anos de pensamento e de tecnologia.<br />
Em Al Andaluz houve alguns momentos<br />
de certa tranquilidade e de<br />
certa tolerância. Mas houve anos e<br />
anos, e décadas, e inclusive séculos,<br />
de uma intolerância terrível com brutais<br />
perseguições de todos aqueles que<br />
não eram muçulmanos. Não esqueçamos<br />
que cristãos e judeus naquele Al<br />
Andaluz eram cidadãos de segunda, e<br />
às vezes de terceira classe. Muito frequentemente<br />
perseguidos, explorados<br />
com elevados impostos, expulsos<br />
do serviço público, e considerados<br />
realmente como seres humanos de nível<br />
inferior. Considerar que o mito de<br />
Al Andaluz é o mito da tolerância é<br />
mentira histórica. De fato, o exemplo<br />
mais claro é Maimônides, que tem que<br />
ser ouvido como o exemplo mais emblemático.<br />
Teve de fugir de Córdoba e<br />
se refugiar no Norte da África e depois<br />
no Egito. Al Andaluz exilou um de seus<br />
mais nobres filhos. Em 800 anos houve<br />
de tudo. Mas primaram especialmente<br />
por longas épocas de um extremismo<br />
islâmico brutal e terrível, absolutamente<br />
violento, claramente o<br />
contrário a algum tipo de diálogo, e<br />
que a partir daí é o pior tipo de Islã<br />
que imagino.<br />
Estou certa de que alguns dos ditadores<br />
do petrodólar, os ditadores da<br />
Arábia Saudita, ou os ditadores de qualquer<br />
nação... Inclusive alguns dos líderes<br />
terroristas como Bin Laden por sua<br />
vez, viveriam felizes em Al Andaluz,<br />
porque houve épocas em Al Andaluz<br />
3<br />
* Sérgio Alberto<br />
Feldman é doutor<br />
em História pela<br />
UFPR e professor<br />
de História Antiga<br />
e Medieval na<br />
Universidade<br />
Federal do Espírito<br />
Santo, em Vitória.<br />
Foi diretor de<br />
Cultura <strong>Judaica</strong> da<br />
Escola Israelita<br />
Brasileira Salomão<br />
Guelmann, em<br />
Curitiba.<br />
Szyja Ber Lorber é<br />
jornalista e editor<br />
do Jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>. Degravou<br />
o vídeo, traduziu o<br />
texto e fez a préedição<br />
do material.<br />
A edição final é de<br />
Sérgio Alberto<br />
Feldman.
4<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
que o modelo foi o modelo de Bin Laden.<br />
De forma que o modelo do fundamentalismo<br />
islâmico... Não dista muito<br />
do passado que muitos exaltam.<br />
De maneira que cuidado com o mito<br />
de Al Andaluz. Eu não participo dele. A<br />
Espanha teve uma época de esplendor<br />
não em Al Andaluz, não durante os 800<br />
anos da presença muçulmana. Tsk, tsk,<br />
tsk (expressando sua opinião negativa,<br />
acompanhada do sinal de "não" feito<br />
com o dedo indicador da mão direita).<br />
Durante uma parte desta época, houve<br />
tolerância e certo diálogo e pudemos<br />
ver certa convivência entre judeus,<br />
muçulmanos e cristãos. Limitada pelas<br />
diferenças e restrições, e isto muitas<br />
vezes esteve presente nas juderías ou<br />
aljamas (N.E: comunidades autônomas),<br />
ou na legislação de emirados ou<br />
califados. Admito que tenha havido trocas<br />
culturais e muito progresso, num<br />
certo período. Mas isso foi rompido<br />
com os reis católicos (N.E: Os reis Fernando<br />
e Isabel que reinaram na passagem<br />
do século XV ao XVI e expulsaram<br />
os judeus em 1492). Para mim foi uma<br />
das grandes infelicidades da Espanha.<br />
Note que a história é escrita pelos vencedores.<br />
Você que é historiador sabe<br />
muito bem disso, não é? E a Espanha<br />
também modificou com seus reis católicos.<br />
Uma radical mudança de rota. Estes<br />
monarcas foram os que inventaram<br />
o primeiro processo em massa de ódio<br />
e de intolerância (N.E: leia-se: Introduziram<br />
a Inquisição). Foram os primeiros.<br />
E a Espanha se criou na vanguarda<br />
da intolerância. Conduzimos o preconceito<br />
contra um povo, num processo<br />
ideológico que nos acabaria levando a<br />
Auschwitz. O antissemitismo começa<br />
com os reis católicos e acaba em Auschwitz.<br />
E não acabou! Em todo caso, a<br />
Europa clássica acaba em Auschwitz.<br />
Não se pode entender Auschwitz se<br />
primeiro não se entender o que ocorreu.<br />
Notem o comportamento mental<br />
desse ódio intolerante. Primeiro exigimos<br />
dos judeus: Vocês não podem viver<br />
entre nós se não se converterem.<br />
Depois suspeitamos de sua conversão<br />
e criamos a inquisição espanhola: Ou<br />
te tornas cristão, ou vais embora. Depois,<br />
dissemos-lhes: Não podem viver<br />
entre nós, pois não se tornaram verdadeiros<br />
fiéis cristãos. São etapas. A sequência<br />
é uma realidade cruel. Expulsar,<br />
converter e depois negar. E depois,<br />
asseguro-lhes, em períodos subsequentes,<br />
vêm etapas cruéis com os pogroms,<br />
as perseguições, Dreyfus, e em<br />
seguida dissemos a eles: não podem<br />
viver...! E isso é Auschwitz. E são três<br />
passos, três etapas do processo de intolerância<br />
que matou mais gente no<br />
mundo. Nem o machismo, nem o racismo<br />
mataram tanto como o antissemitismo.<br />
De forma que é realmente o problema<br />
mais grave.<br />
E pensar que esta Espanha ideal,<br />
que numa época floresceu nas letras e<br />
no conhecimento, e conviveram (N. E:<br />
As três religiões), seria uma imagem<br />
para pensar agora, primeiro. Vale repensar<br />
que inclusive o melhor da convivência<br />
de maneira ampla e integrada,<br />
nunca a tivemos. Pusemos os judeus<br />
em guetos, os bairros judeus, os<br />
cals (equivalente a judería ou bairro<br />
judaico), como se chama em catalão.<br />
Frequentemente os insultávamos de<br />
dia, e à noite íamos procurar os médicos<br />
judeus porque eram os melhores.<br />
Temos uma história de intolerância importante.<br />
Mas pensar que o Al Andaluz<br />
muçulmano foi mais tolerante que a<br />
Espanha católica, tsk, tsk, tsk (de negação),<br />
nada disso. Em absoluto. Podemos<br />
dar as mãos. Creio que, no entanto, é<br />
certo que com os séculos, o Islã, durante<br />
muitas épocas foi mais tolerante que<br />
o catolicismo, ou que o cristianismo.<br />
Porque Lutero... (faz o sinal de distanciar-se<br />
com a mão direita, recordando<br />
do antissemitismo de Lutero).<br />
Que grande líder civil ou religioso<br />
na Europa não foi antissemita? Todos.<br />
Voltaire, Lutero, os grandes reformistas<br />
eram antissemitas. Como também<br />
são misóginos. Olhem que coincidência,<br />
hein! De maneira que alguém pensa:<br />
O que é a modernidade? Ah, Voltaire,<br />
mas coloca-se em seu antissemitismo.<br />
Não me serve. Ou me serve só um<br />
pouquinho, não é? Naquela época, durante<br />
os séculos de intolerância cristã<br />
os judeus podiam viver melhor no Islã<br />
do que na Europa. Houve épocas que<br />
se podia viver melhor na Grande Pérsia,<br />
ou no Marrocos. Ou em tantos outros<br />
lugares que na Europa. Quantos<br />
judeus que foram aos países árabes, aos<br />
países muçulmanos, viveram mais tranquilos<br />
que os pobres judeus da Letônia,<br />
da Bielorussia, da Europa Central,<br />
dos russos, etc, etc. A pergunta é - e era<br />
tua pergunta, suponho - como é possível<br />
que esse Islã tolerante, que durante<br />
muitíssimo tempo acolheu a população<br />
judaica e teve uma visão mais moderna<br />
que a da Europa esteja transformado<br />
hoje em dia no fator mais grave e<br />
importante da intolerância e do ódio no<br />
mundo? O que aconteceu?<br />
Não há dúvida alguma que o Islã ao<br />
invés de tentar melhorar a vida de suas<br />
populações, pela via do avanço da civilização,<br />
está sendo sequestrado e contaminado,<br />
por um lado por grandes ditadores,<br />
ricos, poderosos, fanáticos e<br />
malvados, e pelo outro, por líderes revolucionários<br />
que utilizam a tecnologia<br />
do século XXI, mas têm o cérebro no<br />
século XIII. Estão em cima do cavalo<br />
matando gente, mas falando por telefone<br />
via satélite. Terrível! Hoje em dia<br />
o principal problema do mundo é sem<br />
dúvida alguma que um bilhão e quatrocentos<br />
milhões de pessoas sejam<br />
educadas no ódio à liberdade, no ódio<br />
aos ocidentais, no ódio profuso aos judeus,<br />
e ao desprezo pela vida. Certamente,<br />
a culpa pelo terrorismo islâmico<br />
é do um bilhão e quatrocentos milhões<br />
de pessoas? Não, eles são vítimas<br />
também. Com certeza um bilhão<br />
e quatrocentos milhões de pessoas<br />
não vivem numa única democracia. E<br />
não estudam o enciclopedismo francês<br />
nas universidades ou e nas escolas.<br />
Em geral, majoritariamente, estudam<br />
conceitos fanáticos e conceitos<br />
pré-modernos. Esse bolsão do mundo<br />
educado na confrontação e na violência<br />
é uma bomba relógio muito grave.<br />
SF: Bem...<br />
PR: Não sei se estou sendo demasiado<br />
longa, mas...<br />
SF: Não, não, não. Está muito bem. Está<br />
perfeito. A Espanha tem raízes antijudaicas<br />
no medievo. Há conexões com<br />
algumas correntes políticas atuais?<br />
PR: Têm? Perdão...<br />
SF: As raízes antijudaicas no medievo<br />
têm conexão com as correntes políticas<br />
atuais?<br />
PR: Não. Está muito bem. Vamos ver. O<br />
antissemitismo atual espanhol não é o<br />
antissemitismo medieval, não. Este está<br />
superado. O antissemitismo medieval<br />
primeiro era uma questão de poder,<br />
nunca esqueçamos, é de dinheiro. Sempre<br />
o antissemitismo teve a ver com<br />
movimentos econômicos também!<br />
SF: Mas a Igreja...<br />
PR: Sim, mas a Igreja também fazia parte<br />
dos movimentos econômicos. Mas<br />
o antissemitismo medieval é religioso,<br />
é de corte católico, e este inspirou<br />
a intolerância na Espanha durante séculos.<br />
Mesmo na minha infância, os<br />
pequeninos iam matar judeus quando<br />
iam pela Semana Santa, jogando<br />
umas... (faz movimentos circulares<br />
com a mão direita fechada).<br />
SF: O sábado de Aleluia...<br />
PR: Exatamente... Todos viram os autos<br />
sacramentais onde os judeus eram malvados,<br />
mataram o filho de D-us, é o<br />
povo deicida. É certo que o espanhol<br />
atual não vive esses conceitos. Mas ainda<br />
assim os tem desde o berço. Educaram-me<br />
na escola de monjas. Falaramme<br />
de um povo que matou o filho de D-us.<br />
Está no córtex. E no córtex de nossa sociedade.<br />
Não podemos imaginar que<br />
séculos e séculos de discurso, de pensamento<br />
único antijudaico não tenham<br />
deixado alguma mancha. É evidente. A<br />
Espanha católica, a Espanha da Inquisição,<br />
a Espanha que apontou o dedo contra<br />
um povo, expulsou-o e o transformou<br />
em povo culpado, esta Espanha<br />
ainda é e ainda existe. Mas é certo que<br />
o discurso majoritário hoje em dia, nos<br />
meios de comunicação, os meios globalmente,<br />
e na rua também, é um discurso<br />
antiisraelense. É mais político. E<br />
é menos religioso. Atualmente a Espanha<br />
católica já não existe. Existem bolsões,<br />
mas é algo muito mais generalizado.<br />
E, entretanto, chegou a crer que<br />
só existe um problema no mundo que<br />
é Israel e Palestina. Só existem umas<br />
vítimas que são os palestinos, e só existe<br />
um povo mau, invasor e imperialista<br />
que é Israel. E ponto final. E quando<br />
tudo isso sai na imprensa, você só vê<br />
isso permanentemente.<br />
Por que há tanto ódio contra Israel?<br />
Primeiro porque o ódio a Israel é a forma<br />
moderna do ódio ao judeu.<br />
SF: Laicizá-lo...<br />
PR: Sim. Ou seja: O espanhol medieval<br />
odiava o judeu medieval a partir de<br />
uma perspectiva religiosa. O espanhol<br />
atual odeia o judeu moderno que vê um<br />
exército israelense, ou um Estado moderno<br />
como de Israel, e o transforma<br />
na expressão moderna do judeu anti-<br />
go. Note que os mitos, os estigmas, são<br />
os mesmos, sempre. O judeu medieval<br />
bebia sangue de crianças católicas, na<br />
Páscoa, o Pêssach. O judeu atual mata<br />
crianças palestinas. Sempre são crianças<br />
e judeus maus, não é! Só há crianças<br />
na Palestina e sempre são mortos<br />
pelos israelenses. O judeu alemão, o<br />
austríaco, eram todos banqueiros, todos<br />
tinham dinheiro, era a conspiração<br />
mundial contra o mundo para que o dinheiro,<br />
o ouro judeu... Não é? ... Os Protocolos<br />
dos Sábios de Sião... Hoje, jornalistas<br />
modernos, que passaram pela<br />
universidade, progressistas, e de esquerda,<br />
te dizem que há uma conspiração<br />
dos judeus de Wall Street para dominar<br />
o mundo. Isso que faz o governo<br />
norte-americano é culpa dos judeus de<br />
Wall Street que dominam os Estados<br />
Unidos. É o mesmo mito dos Protocolos.<br />
Sempre é o mesmo mito.<br />
Uma vez escrevi: Se os judeus eram<br />
os párias entre os povos, Israel é o país<br />
pária entre as nações. Que casualidade?<br />
Que o único país do mundo criminalizado,<br />
demonizado, odiado, seja o<br />
país dos judeus. Em um mundo que perseguiu,<br />
demonizou, criminalizou e matou<br />
durante séculos os judeus, nada é<br />
casual. Portanto, se a Espanha renovou,<br />
ou reinventou seu antissemitismo, não<br />
é igual ao medieval, não aumentou, mas<br />
continua sendo um país antissemita.<br />
SF: Palavras finais à comunidade judaica<br />
de Curitiba. Duas pequenas palavras...<br />
PR: (sorrindo) De Curitiba sempre tenho...<br />
(Interrupção do telefone celular)...<br />
Curitiba me evoca carinhos. Tenho<br />
recordações e saudades. Em Curitiba<br />
conheci um homem excepcional que é<br />
o pai de Szyja Lorber, um sobrevivente<br />
do Holocausto. Um homem de uma grande<br />
integridade. O Szyja, que faz umas<br />
traduções ao "português" (N.E: Pilar diz<br />
"brasileiro") fantásticas. E algumas mulheres<br />
fortes, divertidas, com as quais<br />
passei muito bem, inclusive me presentearam<br />
com alguma roupinha que eu<br />
hoje uso. Perdoem-me a frivolidade,<br />
mas tenho belas lembranças de Curitiba.<br />
À comunidade de Curitiba o que<br />
digo? Bem, vou voltar um dia, talvez<br />
para passear, com as crianças e marido,<br />
sem pressa, e enquanto isso não acontece,<br />
lembrem-se que um pedacinho<br />
de Curitiba está num coração de Barcelona,<br />
no coração de uma catalã, a milhares<br />
de quilômetros, mas o amor não<br />
corta tudo. Muitos beijos.<br />
SF: Muito obrigado.<br />
A entrevista se encerra e desligo a<br />
câmera, mas a conversa continua. Eloquente<br />
e comunicativa ela defende outros<br />
ideais: é contra as touradas, feminista,<br />
ecologista e alinhada com ideais<br />
diversos, mas os coordena com coerência.<br />
Eu emito em off algumas discordâncias<br />
a suas opiniões e entabulamos alguns<br />
diálogos muito ricos e intensos. A<br />
agenda dela impede que nos estendamos<br />
mais e ela parte em seu "New Fusca"<br />
para seu cotidiano. Eu fico com a<br />
impressão forte de ter entrevistado uma<br />
pessoa única, autentica e refinada. Barcelona<br />
não falhou comigo.
* Breno Lerner<br />
* Breno Lerner é editor e<br />
gourmand, especializado em<br />
culinária judaica. Escreve<br />
para revistas, sites e jornais.<br />
Dá regularmente cursos e<br />
workshops. Tem três livros<br />
publicados, dois deles sobre<br />
culinária judaica.<br />
Aprendi esta receita em Veneza,<br />
num bistrozinho que a tinha e ninguém<br />
sabia por que tinha este nome<br />
e ingredientes.<br />
Se verificarmos as tradições, veremos<br />
que Purim é a ultima grande festa<br />
antes de Pêssach, boa ocasião<br />
para começar a se ver livre da farinha.<br />
Por outro lado o uso de sementes<br />
de papoulas (Mohntaschen),<br />
esta diretamente ligado à raiz do<br />
nome do doce maior de Purim, o Hamantaschen.<br />
Agora fica mais fácil<br />
entender o nome do tagliatelle.<br />
Ingredientes:<br />
1 pacote de tagliatelle;<br />
1 abobrinha grande, ralada em<br />
ralo grosso;<br />
1 colher de sopa de margarina;<br />
4 colher de sopa de sementes de<br />
papoula;<br />
2 colher de sopa de suco de<br />
limão;<br />
Sal e pimenta do reino à gosto;<br />
1 colher sopa de folhas de<br />
salsinha para decorar.<br />
Modo de fazer:<br />
Tagliatelle à Ester<br />
Cozinhe a massa em água salgada<br />
com um fio de óleo. Enquanto isto,<br />
numa panela grande, refogue a abobrinha<br />
na margarina por 3 minutos.<br />
Reserve. Escorra a massa e coloque<br />
na panela com as abobrinhas. Misture<br />
bem. Coloque então, o suco de<br />
limão, as sementes de papoula, sal<br />
e pimenta do reino. Decore com as<br />
folhas de salsinha e sirva.<br />
Bíblia Hebraica, Identidades <strong>Judaica</strong>s e Globalismo<br />
é o curso de extensão cultural do Programa<br />
de Língua Hebraica, Literatura e Cultura <strong>Judaica</strong>s do<br />
Departamento de Letras Orientais da Faculdade de<br />
Filosofia, Ciências e Letras da USP que será ministrado<br />
em São Paulo, de 8 de abril a 27 de maio de<br />
2010, pela professora doutora Daniela Susana Segre<br />
Guertzenstein.<br />
O objetivo do curso é apresentar uma breve história<br />
do desenvolvimento da cultura judaica através<br />
de uma ótica peculiar que expõe os códigos, linguagens<br />
e costumes judaicos transmitidos de geração<br />
a geração, para que se entenda a formação das di-<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Receitas de Purim<br />
Nunca entendi muito bem porque<br />
este é um prato típico de Purim,<br />
mas, minha babe Clara, que vem<br />
de Zefat e me ensinou o Alef/Beit<br />
garantia que era e sua receita<br />
era imbatível. Esta é a melhor<br />
versão que consegui da receita<br />
da babe Clara:<br />
Ingredientes:<br />
Torta de uvas pretas<br />
3 xícaras de farinha de trigo;<br />
150g margarina;<br />
2 xícaras de açúcar;<br />
1 colher de sopa de fermento<br />
em pó;<br />
1 xícara de suco de uvas;<br />
3 ovos;<br />
1kg de uvas pretas.<br />
Modo de fazer:<br />
Misture tudo muito bem, exceto as<br />
uvas. Colocar a massa em uma assadeira<br />
untada e espalhar por cima<br />
as uvas lavadas e passadas em um<br />
pouco de farinha de trigo (este é<br />
um truquezinho para que não afundem<br />
na massa). Levar para assar<br />
em forno baixo.<br />
Salada do Rei Assuero<br />
De brinde uma<br />
refrescante<br />
entrada para<br />
Seudah Purim. Dei<br />
este nome a ela,<br />
mas, se vocês<br />
quiserem podem<br />
dar um mais<br />
criativo.<br />
Ingredientes:<br />
5<br />
Os judeus da Pérsia, hoje Irã, sempre consideraram-se<br />
descendentes da rainha Ester<br />
e com isto entendiam ser a festa de<br />
Purim, uma festa exclusiva deles. Acabaram<br />
por criar uma série de pratos únicos<br />
para a festa, dentre eles este. Não esqueçamos<br />
que halvá quer dizer doce.<br />
Ingredientes:<br />
2 xícaras de farinha;<br />
1,5 xícara de açúcar;<br />
1 colher chá de canela em pó;<br />
1 xícara de óleo;<br />
2 xícaras de água;<br />
1 xícara de amêndoas sem casca, em<br />
lascas.<br />
Modo de fazer:<br />
Halvá persa<br />
Com muito cuidado e em fogo baixo doure<br />
a farinha numa frigideira grande Retire do<br />
fogo e acrescente o açúcar, a canela e o<br />
óleo, misturando muito bem. Volte ao fogo<br />
baixo e vá colocando a água sem para de<br />
mexer, até engrossar. Acrescente as amêndoas,<br />
tampe e cozinhe em fogo baixíssimo<br />
por 5 minutos. Espalhe num tabuleiro<br />
ou mármore untados ou ainda sobre papel<br />
manteiga. Deixe esfriar e corte em losangos<br />
ou quadrados.<br />
1 melão;<br />
1 melão Cantaloupe;<br />
Suco de 1 limão;<br />
3 colheres de sopa de mel;<br />
1 colher de sopa de hortelã<br />
picadinha;<br />
1 colher de sopa de Cointreau<br />
ou Curaçau.<br />
Curso de Bíblia Hebraica na USP<br />
versas identidades judaicas, a ligação entre elas e<br />
a interação das mesmas nas mais variadas sociedades<br />
e países ao redor do mundo. A metodologia,<br />
segundo a professora Daniela Guertzenstein terá<br />
aulas expositivas em que são apresentados e analisados<br />
resumos de pesquisas, textos, fotos e artefatos<br />
judaicos com o objetivo de servir como introdução<br />
ou orientação para pesquisas mais profundas<br />
sobre os temas propostos.<br />
As aulas serão sempre das 15 as 17 horas no<br />
prédio da FFLCH (o número da sala ainda será divulgado)<br />
na USP - Cidade Universitária, em São<br />
Paulo. "Bíblia Hebraica, Identidades <strong>Judaica</strong>s e<br />
Com a boleadeira<br />
transforme a polpa dos<br />
dois melões em bolinhas.<br />
Misture todos os<br />
outros ingredientes e<br />
despeje sobre as bolinhas<br />
de melão, misturando<br />
bem. Deixe na<br />
geladeira por, ao menos,<br />
duas horas. Sirva<br />
em taças individuais.<br />
Globalismo" é aberto ao público em geral, e terá<br />
como temas:<br />
1. O povo de Israel e as Escrituras Hebraicas; 2.<br />
As traduções da Bíblia Hebraica e o helenismo; 3. A<br />
tradição oral e o desenvolvimento da cultura judaica;<br />
4. Identidades judaicas: centros de cultura judaica<br />
no oriente e no ocidente; 5. O judaísmo sefaradita<br />
(espanhol) e outras comunidades judaicas<br />
européias; 6. Primeiras cópias impressas da Bíblia<br />
Hebraica e do Talmud Babilônico; 7. O judaísmo asquenazita<br />
(europeu oriental) e suas comunidades<br />
judaicas; e 8. Identidades judaicas modernas, pósmodernas,<br />
virtuais, Israel e internet.
6<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Confederação Israelita do<br />
Brasil (Conib) e a Federação<br />
Israelita de Pernambuco<br />
(Fipe) realizaram dia 27/<br />
1 uma cerimônia em Recife<br />
para marcar o Dia Internacional<br />
em Memória das Vítimas do<br />
Holocausto, na qual estiveram mais<br />
de 600 pessoas e convidados como<br />
sobreviventes do massacre nazista,<br />
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,<br />
ministros, lideranças políticas,<br />
parlamentares de diversos partidos,<br />
autoridades religiosas, representantes<br />
diplomáticos, dirigentes comuni-<br />
Ato religioso na Sinagoga Kahal Zur Israel em memória das vítimas do<br />
Holocausto<br />
O presidente Lula na Sinagoga Kahal Tsur Israel, entre rabinos<br />
O sobrevivente Ben Abraham conversa com o presidente Lula na<br />
Sinagoga de Recife<br />
Primeira sinagoga das Américas recebe Lula<br />
para homenagem às vítimas da Shoá<br />
Em Recife, cerimônia marca o dia da Recordação do Holocausto<br />
tários, entre outros.<br />
“Foi um evento de grande envergadura,<br />
que coroou nossos esforços<br />
para homenagear as vítimas do nazismo<br />
e mostrou a vitalidade de nossa<br />
comunidade, em especial da comunidade<br />
judaica pernambucana, que<br />
tanto se empenhou na organização<br />
deste evento”, afirmou Claudio Lottenberg,<br />
presidente da Conib.<br />
A cerimônia ocorreu na Sinagoga<br />
Kahal Zur Israel, a primeira das<br />
Américas, fundada no século XVII.<br />
O presidente Lula chegou ao evento<br />
acompanhado pela ministra-chefe<br />
da Casa Civil, Dilma Roussef, pelos<br />
ministros Carlos Minc (Meio Ambiente),<br />
Franklin Martins (Comunicação<br />
Social), Edson Santos (Política<br />
de Promoção de Igualdade Racial),<br />
e por Alfredo Manevy, ministro-interino<br />
da Cultura, e Clara Ant,<br />
assessora especial da Presidência.<br />
Compareceram também o governador<br />
de Pernambuco, Eduardo Campos;<br />
o governador da Bahia, Jaques<br />
Wagner; e o prefeito de Recife, João<br />
da Costa Bezerra Filho. Vieram parlamentares<br />
de diversos Estados, como<br />
o senador Romero Jucá, os deputados<br />
federais Marcelo Itagiba, Sérgio Carneiro,<br />
Ana Arraes, Charles Lucena,<br />
Fernando Ferro, Pedro Eugênio, e o<br />
deputado estadual Heitor Férrer. Da<br />
área diplomática, estiveram o embaixador<br />
de Israel, Giora Becher, a encarregada<br />
de negócios e ministra-conselheira<br />
da embaixada dos EUA, Lisa<br />
Kubiske, entre outros. O cônsul-honorário<br />
de Israel no Rio de Janeiro, o jornalista<br />
Osias Wurman, também esteve<br />
presente.<br />
Entre as autoridades religiosas<br />
estiveram Dom Fernando Saburido,<br />
arcebispo de Olinda e Recife, bem<br />
como os rabinos David Weitman, Yossi<br />
Schildkraut, Alex Mizrahi e Michel<br />
Schlesinger, além de presidentes de<br />
sete instituições filiadas à Conib e<br />
Jack Terpins, presidente do Congresso<br />
Judaico Latino-Americano.<br />
A sinagoga Kahal Zur Israel, passou<br />
por uma importante reforma para<br />
abrigar a cerimônia, realizada em data<br />
instituída pela ONU em 2005. “Os<br />
eventos anteriores, no Brasil, foram<br />
realizados em São Paulo e Rio de Janeiro,<br />
e trazê-la para o Nordeste significou<br />
também para nós proporcio-<br />
nar grande visibilidade à vida judaica<br />
nesta parte de nosso país e um incentivo<br />
a mais para intensificar nossas<br />
atividades comunitárias”, declarou<br />
Ivan Kelner, presidente da Fipe.<br />
“Pudemos, além de homenagear<br />
as vítimas do nazismo, contar a<br />
tanta gente a história da Sinagoga<br />
Kahal Zur Israel, que remete a outro<br />
momento de intolerância e brutalidade,<br />
representado pela Inquisição”,<br />
disse ele. A Sinagoga foi fundada<br />
durante a ocupação holandesa,<br />
e os judeus tiveram de fugir, ainda<br />
no século XVII, quando da reconquista<br />
portuguesa, que significou a<br />
volta da repressão religiosa.<br />
Após escavações arqueológicas, o<br />
prédio da Sinagoga foi recuperado<br />
pela comunidade judaica e reinaugurado<br />
apenas há cerca de oito anos,<br />
com apoio da Fundação Safra, abrigando<br />
hoje um centro cultural.<br />
A cerimônia começou com um ato<br />
religioso dirigido pelos rabinos. Em<br />
seguida, houve o acendimento de um<br />
candelabro com seis velas, cada uma<br />
simbolizando um milhão de judeus<br />
mortos no Holocausto. Participaram<br />
deste ato Ben Abraham, presidente da<br />
Sherit Hapleita (Associação dos Sobreviventes<br />
do Holocausto), acompanhado<br />
por dois jovens da comunidade<br />
judaica pernambucana; o governador<br />
de Pernambuco e o prefeito de Recife;<br />
Joseph Safra, presidente da escola<br />
e da comunidade Beit Yaacov;<br />
Jaques Wagner e Marcelo Itagiba; os<br />
rabinos; e o presidente Lula.<br />
Após o acendimento das velas discursaram<br />
Ben Abraham, Ivan Kelner,<br />
Claudio Lottenberg, João da Costa<br />
Bezerra Filho, Eduardo Campos e o<br />
presidente Lula, que participou pelo<br />
quinto ano consecutivo da cerimônia<br />
do Dia Internacional em Memória das<br />
Vítimas do Holocausto.<br />
“É um dever moral proteger a memória<br />
das vítimas do Holocausto,<br />
mas acima de tudo é nossa missão<br />
manter acesa a chama da luta pela<br />
liberdade e denunciar os regimes intolerantes,<br />
quaisquer que sejam<br />
eles”, discursou Lottenberg. “Nossa<br />
obrigação é denunciar e combater o<br />
racismo e o revisionismo histórico,<br />
pois negar o Holocausto é inaceitável,<br />
inadmissível e um desrespeito à<br />
memória coletiva. Quem nega o Ho-<br />
locausto e faz dessa negação uma de<br />
suas bandeiras políticas personifica<br />
valores incompatíveis com a democracia<br />
e a convivência entre diferentes<br />
pessoas e origens”, prosseguiu o<br />
presidente da Conib.<br />
Em seu discurso, o presidente<br />
Lula disse: “Como vocês sabem, o<br />
presidente Shimon Peres, o presidente<br />
Mahmoud Abbas e o presidente<br />
Ahmadinejad estiveram no Brasil recentemente.<br />
Durante esses encontros,<br />
conversamos longamente sobre<br />
a necessidade de uma paz duradoura<br />
no Oriente Médio e sobre os obstáculos<br />
que vêm impedindo alcançar<br />
esse objetivo. Mostrei ao presidente<br />
do Irã que é impossível negar o Holocausto,<br />
que 60 milhões de vidas foram<br />
perdidas na Segunda Guerra<br />
Mundial em combates, em enfrentamentos<br />
de parte a parte. Mas que os<br />
6 milhões de judeus não foram mortos<br />
em combates, foram exterminados.<br />
E ninguém tem o direito de desconhecer<br />
o extermínio de tanta gente.<br />
Falamos também da nossa disposição<br />
de dialogar com todos os setores<br />
envolvidos, sobre como nosso<br />
país, com longa tradição pacifista e<br />
de respeito às diferenças, pode contribuir<br />
nos processos que visam a<br />
resolução dos conflitos na região”.<br />
A visita de Lula ao Oriente Médio,<br />
prevista para março, também foi<br />
tema dos pronunciamentos. Lottenberg<br />
relembrou o fato de o presidente<br />
ter se reunido com representantes<br />
da comunidade judaica 22 vezes<br />
nos últimos sete anos: “Confiamos<br />
muito em suas intenções no<br />
sentido de um acordo de paz entre<br />
israelenses e palestinos. Todos queremos<br />
a paz, embora possamos divergir<br />
a respeito dos meios e modos<br />
mais adequados para atingir a<br />
paz que garanta segurança e prosperidade<br />
àquela região”.<br />
O presidente Lula, referindo-se a<br />
sua viagem a Israel, territórios palestinos<br />
e Jordânia, afirmou: “E mais uma<br />
vez, em nome do povo brasileiro, levarei<br />
até lá nossa mensagem de tolerância<br />
e de paz, nossa convicção em<br />
defesa do diálogo comum. Uma mensagem<br />
que é baseada não em uma<br />
utopia, mas na realidade de uma nação<br />
onde as mais diversas comunidades<br />
convivem em harmonia”. (BB).
Deve estar doendo muito. Não deve<br />
ser fácil para a mídia que durante os<br />
últimos anos tem plantado constantemente<br />
a ideia de Israel como um<br />
país “beligerante, genocida,<br />
assassino, que não liga para vidas<br />
humanas”, ter de noticiar sobre<br />
fatos que desmentem este quadro<br />
pintado com tanto esmero. Mas o<br />
incrível bombardeio de comidas e<br />
remédios que os israelenses estão<br />
realizando no Haiti supera todas as<br />
expectativas. Depois de décadas se<br />
calando sobre o lado bom de Israel<br />
e as ações humanitárias do país,<br />
parece que desta vez a omissão<br />
deixou de ser uma opção.<br />
hospital de campanha<br />
montado pela<br />
equipe humanitária<br />
israelense no Haiti<br />
está sendo chamado<br />
pelas demais equipes<br />
internacionais de socorristas de “hospital<br />
Rolls Royce”, por conta do número<br />
e da qualidade de recursos disponíveis.<br />
A capacidade de atendimentos<br />
prevista para o hospital é de 500<br />
pacientes por dia, mas é comum que<br />
esta quantidade seja ultrapassada,<br />
por conta do enorme número de pessoas<br />
feridas.<br />
Desde o dia 13/1, quando diversas<br />
missões internacionais começaram<br />
a se instalar na capital haitiana<br />
para prestar socorro às vítimas do<br />
terremoto que devastou o país, a<br />
base dos israelenses tem atendido<br />
aos casos mais urgentes. Com um<br />
longo histórico de missões humanitárias<br />
ao redor do mundo, os 236 ho-<br />
"Genocidas" que salvam vidas<br />
A reação desproporcional de Israel no Haiti<br />
mens e mulheres israelenses conseguiram<br />
instalar em Porto Príncipe um<br />
centro com uma farmácia completa;<br />
uma ala pediátrica; um departamento<br />
de radiologia de alta tecnologia;<br />
uma Unidade de Terapia Intensiva<br />
completa, e ainda uma sala de emergência;<br />
duas salas de cirurgia; uma<br />
maternidade e um departamento de<br />
medicina interna.<br />
Mais da metade do contingente<br />
de Israel no Haiti é composto de militares<br />
especializados em busca e resgate<br />
sob ruínas e identificação de<br />
corpos. O restante da missão possui<br />
40 médicos, 44 enfermeiras e 20 paramédicos,<br />
todos pertencentes ao<br />
Magen David Adom, organização de<br />
Israel equivalente à Cruz Vermelha.<br />
Primeira Primeira criança: criança: criança: Israel<br />
Israel<br />
Por ser o mais equipado, o hospital<br />
de campanha israelense tem recebido<br />
os casos mais graves, cujas<br />
demais unidades internacionais não<br />
têm capacidade de atender. Um destes<br />
casos foi o de uma mulher grávida<br />
ferida num desabamento e em<br />
avançado trabalho de parto. Ela chegou<br />
à unidade israelense trazida por<br />
um repórter da rede de TV americana<br />
ABC. O jornalista em questão era<br />
médico, e logo percebeu que não tinha<br />
condições de realizar o parto sozinho<br />
ou num posto de atendimento<br />
comum. A criança, um menino, foi batizada<br />
de Israel, em homenagem aos<br />
paramédicos. A equipe da rede ABC<br />
filmou o procedimento.<br />
Até o momento calcula-se que o<br />
número de mortos pelo terremoto<br />
chega a 217 mil. Mais de um milhão<br />
de pessoas estão desabrigadas.<br />
Não há previsão para<br />
a retirada das equipes<br />
de socorro internacional<br />
do Haiti.<br />
Um Um longo longo histórico histórico<br />
histórico<br />
de de ajuda ajuda humanitária<br />
humanitária<br />
Quando das comemorações<br />
de 60 anos<br />
da criação do moderno<br />
Estado de Israel, muito<br />
era festejado, mas tragédias<br />
ainda tinham<br />
precedência sobre comemorações:<br />
equipes de resgate e ajuda de Israel<br />
eram despachadas para a China, onde<br />
um terremoto matou mais de 12 mil<br />
pessoas e outros tantos paramédicos<br />
e materiais hospitalares eram enviados<br />
para a Birmânia, onde furacões podem<br />
ter matado mais de 100 mil. Mais de<br />
1,5 milhão de pessoas foram afetadas<br />
de alguma maneira pelo ciclone.<br />
A instituição IsraAID, que representa<br />
15 organizações não-governamentais<br />
que trabalharam nestes casos<br />
de desastres, além do já mencionado,<br />
enviou também à Birmânia uma<br />
equipe de voluntários especialistas<br />
em qualidade de água, para medir e<br />
tratar a água local, para que ela possa<br />
se tornar potável para os sobreviventes<br />
da região, que estavam morrendo<br />
de doenças, fome e sede.<br />
Mas se o caro leitor acha que isso<br />
tudo são exceções, ou uma novidade<br />
criada nos últimos tempos, está muito<br />
enganado. Desde 1953 – quando<br />
pela primeira vez Israel enviou pessoal<br />
da Marinha para ajudar a Grécia,<br />
abalada por um grave terremoto<br />
– o grupo especial de salvamento israelense<br />
já participou de cerca de 3<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Parte da equipe médica israelense que<br />
montou hospital de campanha no Haiti<br />
mil operações de busca e resgate,<br />
tanto em Israel como em vários países<br />
do mundo.<br />
Quando países muçulmanos se<br />
negaram a ajudar, ou o fizeram de forma<br />
ínfima no tsunami, que atingiu<br />
principalmente a Indonésia e o Sri<br />
Lanka (países islâmicos), Israel estava<br />
lá. Para a Indonésia, Israel enviou<br />
mais de 75 toneladas de suprimentos<br />
médicos e remédios. Para o Sri Lanka,<br />
7<br />
Menina recebe cuidados dos médicos<br />
israelenses no "Hospital Rolls Royce"<br />
Médicos do Exército de Israel em Port au Prince fizeram um parto no<br />
hospital de campanha, onde nasceu um menino saudável e a mãe, que<br />
chegou ao hospital vítima do terremoto, grávida de oito meses,<br />
decidiu dar o nome de Israel ao garoto
8<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Israel enviou médicos do Departamento<br />
de Cirurgia e Traumatologia do Hospital<br />
Hadassah, de Jerusalém, e equipes<br />
do Maguen David Adom, o serviço<br />
médico de emergência de Israel. Dias<br />
depois, um avião da Força Aérea de<br />
Israel decolou com mais de 82 toneladas<br />
de alimentos, remédios, água mineral,<br />
geradores elétricos, barracas e<br />
cobertores a serem doados às vítimas.<br />
Mais além: quando Israel foi discriminado<br />
por ser um país judeu, mesmo<br />
assim não se negou a ajudar. A<br />
Haitiano vítima do terremoto, salvo do soterramento,<br />
recebe tratamento no hospital israelense<br />
política de “salvar vidas está acima<br />
de decisões de governos” foi fator determinante.<br />
Em 2005, o Paquistão, a Índia e o<br />
Afeganistão foram atingidos por um<br />
grande terremoto. Ocorreu então um<br />
problema nas vias diplomáticas,<br />
quando Israel decidiu enviar sua ajuda<br />
humanitária. O Paquistão, país<br />
com a segunda maior população muçulmana<br />
do mundo, e que não mantêm<br />
relações diplomáticas diretas<br />
com Israel, disse que aceitaria o oferecimento<br />
de Israel, mas de forma indireta<br />
e não oficial, através da ONU,<br />
da Cruz Vermelha Internacional ou de<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
O Van Gogh<br />
roubado<br />
A.J. Zerries - Ed. Landscape<br />
um Fundo de Ajuda. Confirmando a<br />
notícia, o Paquistão enviou uma lista<br />
a Jerusalém, destacando os itens<br />
mais necessários para o atendimento<br />
às vítimas: remédios, barracas,<br />
sacos plásticos, colchões, cobertores,<br />
alimentos não perecíveis, água potável,<br />
estojos de primeiros socorros e<br />
material para cirurgias. No caso do Sri<br />
Lanka, no tsunami, a exigência do país<br />
foi que as ambulâncias e os remédios<br />
não exibissem a característica “Maguen<br />
David” (Estrela de David) vermelha.<br />
Ferido retirado dos escombros provocado pelo terremoto no<br />
Haiti recebe atendimento de emergência da equipe israelense<br />
LIVRO<br />
Na época, o porta-voz do consulado<br />
israelense em Los Angeles, Gilad<br />
Millo, resumiu, de forma clara e precisa,<br />
a posição humanitária de Israel, independente<br />
de governos e governantes:<br />
“Quando acontece um desastre<br />
desse porte nós só pensamos, em primeiro<br />
lugar, em salvar vidas”. E lembrou<br />
que Israel está sempre entre os<br />
primeiros países a oferecer ajuda aos<br />
povos assolados pela tragédia, pouco<br />
importando a coloração política, credos<br />
e localização geográfica.<br />
No Sudão, nos últimos anos, enquanto<br />
uma limpeza étnica de seus<br />
governantes muçulmanos contra a<br />
Quando o Retrato do Monsieur Trabuc, de Vincent Van Gogh, há muito<br />
desaparecido, aparece inesperadamente no Museu de Arte Metropolitano,<br />
uma pintura de 50 milhões de dólares enviada da Argentina em<br />
um pacote comum da UPS, o caso vai parar nas mãos do detetive Clay Ryder, da Polícia<br />
de Nova York, Esquadrão de Casos Prioritários.<br />
Ryder descobre que, em 1944, alguém denunciou que a pintura tinha sido roubada durante o<br />
Holocausto, em Paris. O ladrão, um notório oficial da SS nazista, tinha morrido em um acidente<br />
de automóvel, e assim o paradeiro do Van Gogh terminou virando mistério. Depois que Ryder<br />
consegue descobrir a verdadeira herdeira do quadro, Rachel Meredith, o Museu Metropolitano<br />
lhe entrega o quadro com grande estardalhaço, em cerimônia amplamente divulgada, e a polícia<br />
considera o caso encerrado.<br />
Mas não está. O Mossad, serviço secreto israelense, logo vai fazer uma visita clandestina a Ryder,<br />
na intenção de desentocar o tal oficial da SS, que, segundo acreditam, ainda está vivo. Enquanto<br />
isso, os leiloeiros, comerciantes de arte e museus competem pela posse do Van Gogh. Quando<br />
Rachel se recusa a vender sua herança, a situação começa a transformar-se de predatória em<br />
violenta. Ryder termina precisando correr contra o relógio para superar a mente maquiavélica que<br />
cometerá tantos assassinatos quantos forem necessários para pôr as mãos no Van Gogh.<br />
população negra do local, já deixou<br />
mais de 500 mil mortos e dois milhões<br />
de exilados, equipes israelenses<br />
tem se exposto ao perigo, se infiltrando<br />
no país para atender as vítimas<br />
do massacre.<br />
Na Turquia, em 1999, em uma única<br />
intervenção, os israelenses salvaram<br />
12 pessoas e resgataram 140<br />
corpos e mais de 22 mil pessoas receberam<br />
ajuda médica, incluindo cirurgias<br />
de emergência. Especialistas<br />
em socorro internacional são unânimes<br />
em afirmar que as equipes de resgate<br />
de Israel são preparadas, de<br />
modo especial, a atender situações<br />
extremas em áreas de destruição. Por<br />
força de sua experiência em atentados<br />
terroristas à bomba, Israel desenvolveu<br />
uma avançada tecnologia para<br />
a retirada cuidadosa das vítimas dos<br />
escombros, sem a utilização de máquinas<br />
pesadas e tratores que são<br />
usados normalmente. Ainda em 2001,<br />
um terremoto atingiu o oeste da Índia<br />
e outra vez Israel enviou uma missão<br />
de socorro com equipes médicas,<br />
material cirúrgico e grupos de enfermagem,<br />
totalizando 150 profissionais.<br />
Cinco aviões da Força Aérea de Israel<br />
partiram para o local transportando<br />
equipamentos e até um mini-hospital.<br />
Em dois dias, mais de 200 pessoas<br />
foram socorridas.<br />
No continente americano, Israel<br />
enviou equipes médicas e suprimentos<br />
para o México - quando do terremoto<br />
de 1985 - tendo o mesmo procedimento<br />
com Honduras, Nicarágua,<br />
Guatemala e El Salvador, em 1998,<br />
logo depois da passagem do furacão<br />
Mitch. Em 1999, a Colômbia foi sacudida<br />
por um forte terremoto e Israel<br />
imediatamente despachou uma grande<br />
quantidade de remédios, alimentos<br />
e leite especial para bebês. Em 2001,<br />
quando El Salvador foi novamente abalado<br />
pela tragédia de um terremoto, o<br />
Ministério do Exterior de Israel enviou<br />
estoques de remédios e equipe médica<br />
para socorrer às vítimas.<br />
No domingo, primeiro de agosto<br />
de 2004, uma imensa tragédia deixou<br />
a população do Paraguai de luto. Em<br />
sua capital, Assunção, houve um terrível<br />
incêndio em um supermercado,<br />
cuja consequência foi um saldo de<br />
aproximadamente 370 mortos. Israel<br />
ofereceu imediatamente o envio de<br />
médicos, remédios e equipamentos<br />
apropriados a Assunção, a fim de auxiliar<br />
os inúmeros feridos. Dois cirurgiões<br />
plásticos israelenses se deslocaram<br />
para o local, no intuito de disponibilizar<br />
ajuda médica aos que sofreram<br />
danos físicos. Trata-se dos<br />
doutores Ymri Tamir e Eran Ben Meir,<br />
ambos do Hospital Tel Hashomer.<br />
Outros exemplos de ajuda humanitária<br />
israelense: O terremoto na<br />
Grécia, em 1999; o ataque à embaixada<br />
norte-americana de Nairobi, no<br />
Quênia, em 1998; o incêndio na Turquia,<br />
em 1997; dando assistência a<br />
refugiados de Ruanda, em 1994; o<br />
ataque à AMIA na Argentina, em 1994;<br />
na Bósnia, em 1992; o terremoto na<br />
República da Geórgia, em 1991; a revolução<br />
na Romênia, em 1989; o terremoto<br />
na Armênia, em 1998; a erupção<br />
vulcânica em Camarões, em 1986;<br />
os terremotos no México, e, 1985; aos<br />
refugiados no campo do Camboja, em<br />
1979 – e em muitos outros momentos<br />
e lugares.<br />
Em relação ao Irã, logo após o terremoto<br />
que matou 30 mil pessoas, em<br />
2003, Israel também ofereceu ajuda<br />
oficial e o envio de pessoal, remédios<br />
e equipamentos. Mas, as autoridades<br />
iranianas rejeitaram o oferecimento<br />
por razões políticas e ideológicas.<br />
Mesmo assim, o então presidente de<br />
Israel, Moshe Katsav (nascido no Irã,<br />
em 1945), conclamou a população israelense<br />
a ajudar as vítimas iranianas<br />
com donativos individuais ou<br />
através de organismos internacionais.<br />
Fica a pergunta: Por que nada disso<br />
é divulgado pela mídia? Não é notícia?<br />
Tudo isso é ainda mais surpreendente<br />
dado que todas as maiores<br />
agências mundiais de notícias têm<br />
equipes inteiras de reportagem em<br />
Israel, as quais apresentam pelo menos<br />
um artigo sobre Israel a cada dia.<br />
A falta de interesse da mídia pelo<br />
esforço humanitário israelense significa<br />
que a benevolência de Israel para<br />
com os outros povos não é transmitida<br />
favoravelmente ao mundo ocidental.<br />
Se assim fosse, talvez os observadores<br />
viessem a entender uma outra<br />
coisa: que a resposta de Israel à<br />
violência palestina é também motivada<br />
pela mais alta preocupação ética<br />
em relação à vida humana, e que não<br />
é conduzida - como a mídia tão frequentemente<br />
retrata - por um sistema<br />
nacional opressivo e de caráter<br />
desprezível.<br />
E E não não custa custa perguntar perguntar perguntar... perguntar ...<br />
Como alertou em sua coluna,<br />
Claudio Humberto, intitulada “Nem<br />
Aí...”, onde estão nesta hora os países<br />
muçulmanos super-endinheirados<br />
pelo petróleo e sua consciência humanística<br />
que tanto costuma berrar<br />
pelos oprimidos e famintos? Vários<br />
países, pobres e ricos, mandaram socorro,<br />
equipes ou dinheiro para o Haiti.<br />
Mas Arábia Saudita, Emirados Árabes,<br />
etc... ainda não compareceram<br />
ao esforço internacional. Por quê?<br />
(Colaborou com esta matéria o jornalista<br />
Victor Grinbaum, do Rio de Janeiro).<br />
FONTES DE CONSULTA:<br />
Boletim do Honest Reporting de 28 de<br />
dez de 2004: “Ajuda humanitária<br />
israelense não divulgada”<br />
Aliza Moreno Goldschdmit: “Falar sobre o<br />
que a imprensa mundial cala: Ajuda<br />
humanitária de Israel”<br />
Sheila Sacks, publicado no Jornal Nosso<br />
Rio: “A Ideologia do bem”<br />
Site Israel 21c: “Israel envia ajuda para<br />
Birmânia”
m grupo de socorristas<br />
israelenses conseguiu<br />
dia 23/1 resgatar<br />
com vida Emmanuel<br />
Buso, de 22 anos<br />
que estava preso nos escombros<br />
de um prédio em<br />
Porto Príncipe, dez dias depois do terremoto<br />
que arrasou a cidade, informou<br />
um comunicado do Exército de Israel.<br />
O homem foi levado para um hospital<br />
de campanha montado pelas forças<br />
israelenses na capital haitiana, e<br />
seu estado de saúde é estável. O prédio<br />
onde ele estava fica perto do palácio<br />
presidencial, que também foi<br />
destruído pelo impacto do tremor.<br />
"Equipes americanas e francesas<br />
não haviam conseguido resgatá-lo,<br />
então chamaram as equipes de busca<br />
e resgate da delegação israelense,<br />
que o tiraram dos escombros em<br />
meia hora. Um túnel de 2,5 a 3 m foi<br />
cavado e por ele o homem foi retirado<br />
inteiro e saudável", disse o major<br />
Zohar Moshe, membro da equipe de<br />
socorristas de Israel.<br />
Os 236 membros do corpo médico e da<br />
equipe de resgate das Forças de Defesa de<br />
Israel (218 militares e 18 civis) que desembarcaram<br />
no Haiti três dias após o catastrófico<br />
terremoto que atingiu o Haiti, concluíram<br />
seus trabalhos dia 27/01. A bordo do avião que<br />
os levou de volta, estava uma criança haitiana<br />
de 5 anos que passará por uma cirurgia cardíaca<br />
em Israel.<br />
Durante sua permanência os israelenses<br />
trataram mais de 1.100 pacientes, realizaram<br />
319 cirurgias bem sucedidas, fizeram o parto<br />
de 16 bebês e salvaram dezenas de pessoas<br />
presas sob as ruínas.<br />
A delegação era constituída de equipes de<br />
resgate do Comando e pessoal médico dos<br />
Corpos Médicos das Forças de Defesa de Israel,<br />
bem como unidades de logística, pessoal<br />
de segurança, busca, identificação e outros.<br />
Trinta toneladas de equipamentos que incluem<br />
aparelhos cirúrgicos, duas incubadoras,<br />
material para curativos, lençóis e material de<br />
cozinha foram deixados no Haiti para ajudar<br />
na continuidade dos esforços de ajuda.<br />
Na cerimônia que marcou a desmontagem<br />
do hospital de campo, o comandante, coronel<br />
Itzik Kryce, disse ao seu pessoal:<br />
- "Vocês foram uma gota de esperança num<br />
mar de desespero e muitas vezes fizeram a<br />
diferença entre a vida e a morte. Foi um grande<br />
privilégio e vocês o fizeram como seres humanos,<br />
seguindo o espírito das Forças de Defesa<br />
de Israel e de acordo com os valores de<br />
seu Corpo Médico".<br />
Homem de 22 anos é resgatado<br />
no Haiti 10 dias após tremor<br />
Terremoto erremoto<br />
Um terremoto de magnitude 7 na<br />
escala Richter atingiu o Haiti dia 12/<br />
1, às 16h53 no horário local (19h53<br />
em Brasília). Com epicentro a 15 km<br />
da capital, Porto Príncipe, segundo o<br />
Serviço Geológico Norte-Americano, o<br />
terremoto é considerado pelo órgão<br />
o mais forte a atingir o país nos últimos<br />
200 anos.<br />
Dezenas de prédios da capital<br />
caíram e deixaram moradores sob<br />
escombros. Importantes edificações<br />
foram atingidas, como prédios das<br />
Nações Unidas e do governo do país.<br />
Estimativas recentes do governo haitiano<br />
falavam que seriam 217 mil mortos<br />
e 75 mil corpos já enterrados. O<br />
Haiti é o país mais pobre do continente<br />
americano.<br />
Morte Morte de de brasileiros<br />
brasileiros<br />
A fundadora e coordenadora internacional<br />
da Pastoral da Criança,<br />
Organismo de Ação Social da Conferência<br />
Nacional dos Bispos do Brasil<br />
(CNBB), Zilda Arns, de Curitiba, o diplomata<br />
Luiz Carlos da Costa, segunda<br />
maior autoridade civil da Organização<br />
das Nações Unidas (ONU) no<br />
Haiti, o tenente da Polícia Militar do<br />
Distrito Federal Cleiton Batista Neiva,<br />
e pelo menos 18 militares brasileiros<br />
da missão de paz da ONU morreram<br />
durante o terremoto. Também<br />
foi confirmada a morte de uma brasileira<br />
com dupla nacionalidade, cuja<br />
identidade não foi divulgada.<br />
O O Brasil Brasil no no Haiti<br />
Haiti<br />
O Brasil chefia a missão de paz<br />
da ONU no país (Missão das Nações<br />
Unidas para a Estabilização no Haiti,<br />
ou Minustah, na sigla em francês),<br />
que conta com cerca de 7 mil integrantes.<br />
Segundo o Ministério da Defesa,<br />
1.266 militares brasileiros servem<br />
na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros<br />
no Haiti.<br />
A missão de paz foi criada em<br />
2004, depois que o então presidente<br />
Jean-Bertrand Aristide foi deposto<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
durante uma rebelião. Além do prédio<br />
da ONU, o prédio da Embaixada<br />
Brasileira em Porto Príncipe também<br />
ficou danificado, mas segundo o governo,<br />
não há vítimas entre os funcionários<br />
brasileiros.<br />
9<br />
Equipes de socorro de Israel no Haiti, retiram homem dos escombros<br />
após 10 dias do terremoto<br />
Relatório Haiti Nota de pesar por Zilda Arns<br />
A comunidade israelita do Paraná<br />
recebeu com choque a confirmação da<br />
morte da fundadora e coordenadora da<br />
Pastoral da Criança Internacional, Zilda<br />
Arns Neumann, no terremoto ocorrido<br />
no Haiti dia 12/1. A vida da excepcional<br />
médica catarinense de nascimento,<br />
mas curitibana de coração,<br />
que escolheu como projeto de vida a<br />
saúde pública e salvar vidas de crianças<br />
é exemplar para o mundo todo.<br />
Na Pastoral da Criança - entidade<br />
que fundou há anos atrás, e que desempenhou<br />
papel importantíssimo no<br />
Brasil inteiro, e também no exterior,<br />
na consolidação das políticas públicas<br />
de alimentação e nutrição, amamentação<br />
materna e controle da mortalidade<br />
infantil, entre outras ações de<br />
prevenção que promoveram a saúde,<br />
Zilda contou, por diversas vezes, com<br />
o auxílio da comunidade israelita, por<br />
intermédio de suas instituições.<br />
A atuação desta mulher de espírito<br />
nobre foi essencial para elevar a<br />
criança a uma condição prioritária<br />
dentro dos objetivos éticos e humanitários.<br />
Morreu dedicando-se às<br />
crianças, como sempre fez ao longo<br />
de sua vida.<br />
Seu trabalho foi merecedor, nos<br />
últimos anos, de diversos prêmios e<br />
medalhas. A última delas foi a Me-<br />
dalha de Mérito Oswaldo Cruz, conferida<br />
em novembro passado pelo<br />
Ministro da Saúde. Ela recebeu também<br />
diversos prêmios internacionais.<br />
Zilda Arns Neumann era atualmente<br />
coordenadora da Pastoral da<br />
Criança Internacional e da Pastoral do<br />
Idoso. Estava no Haiti disseminando<br />
entre religiosos de comunidades carentes<br />
daquele país as práticas bem<br />
sucedidas da Pastoral.<br />
Em outubro de 2002, a Loja<br />
Chaim Weizman da B'nai B'rith do<br />
Paraná, quando era presidente Isac<br />
Baril, foi a primeira a propor à B'nai<br />
B'rith Internacional que o nome de<br />
Zilda Arns fosse indicado para o Prêmio<br />
Nobel da Paz.<br />
Baril, junto com Marcos Guelmann<br />
e sua esposa Clara (hoje ambos<br />
residem em Israel), e o jornalis-<br />
ta Szyja Lorber, do <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, fizeram<br />
a entrega a Zilda Arns, na<br />
sede da Pastoral da Criança em Curitiba<br />
de uma cópia da carta de sua<br />
indicação ao Nobel.<br />
Nascida em Forquilhinha (SC) em<br />
1934 e irmã do cardeal-arcebispo<br />
emérito de São Paulo, d. Paulo Evaristo<br />
Arns, Zilda Arns Neumann era<br />
médica formada em 1959 pela Universidade<br />
Federal do Paraná, tinha<br />
cinco filhos e dez netos. Atuou como<br />
pediatra no Hospital de Crianças Cezar<br />
Pernetta e como diretora técnica<br />
da Associação de Proteção Materno<br />
Infantil Saza Lattes, em Curitiba (PR),<br />
e, posteriormente, como diretora de<br />
Saúde Materno-Infantil, da Secretaria<br />
de Saúde Pública do Estado do Paraná<br />
e do Ministério da Saúde.<br />
Marcos e Clara Guelmann (esquerda) com Zilda Arns em 2002. À direita, Isac Baril
10<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
arta de um médico integrante<br />
da delegação<br />
israelense aos seus<br />
pais, contando como<br />
era o dia-a-dia do Corpo<br />
Médico das Forças de<br />
Defesa de Israel no Haiti.<br />
Na missão do Corpo Médico das<br />
Forças de Defesa de Israel (Tsahal)<br />
no Haiti, montada em barracas, vidas<br />
são salvas e se evita a invalidez<br />
e a mutilação. Oferece-se tratamento,<br />
calor humano e carinho aos enfermos.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal no Haiti, que se encontra no<br />
meio de um inferno de miséria, cada<br />
um dos casos complexos é estudado<br />
por um Conselho de Ética.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal no Haiti, são expostas as dúvidas<br />
sobre qual é o diagnóstico<br />
médico de uma criança com as pernas<br />
amputadas até a virilha, ou qual<br />
é o prognóstico de sobrevivência de<br />
um prematuro conectado a um respirador<br />
na “sala” de prematuros,<br />
localizada na barraca.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal não sobraram aparelhos ortopédicos<br />
especiais para a fixação<br />
de fraturas complexas. Cada um<br />
custa 5.000 euros. O dinheiro não<br />
é problema. Simplesmente, não<br />
existem aparelhos. Porém, os cirurgiões<br />
tiveram uma ideia: um suboficial<br />
levou-os a um torneiro e este<br />
fez dezenas de aparelhos ortopédicos.<br />
Continuamos salvando vidas.<br />
Na Missão do Corpo Médico,<br />
montada em barracas, existe um<br />
sistema de rede de computadores<br />
para a gestão e o acompanhamento<br />
dos doentes internados. Das radiografias<br />
feitas na “sala” de raios<br />
X, as imagens são vistas diretamente<br />
no sistema digital localizado na<br />
“sala” de ortopedia.<br />
Na Missão do Corpo Médico,<br />
que veio de Israel, no Oriente Médio,<br />
para o Haiti, prestam serviços<br />
médicos voluntários norte-americanos,<br />
porque eles não têm outras<br />
instalações para operar e nem eficientes<br />
para trabalhar. A eles se juntaram<br />
um médico e uma enfermeira<br />
vindos da Alemanha, que escutaram<br />
ser este o melhor hospital<br />
que existe no Haiti.<br />
Um grupo de cirurgiões, com<br />
um aparato cirúrgico completo e<br />
equipado, chegou da Colômbia, se<br />
instalou ao nosso lado e pediu para<br />
fazer parte de nosso hospital. Vinte<br />
enfermeiras e médicos ingleses<br />
pediram para trabalhar conosco.<br />
Todos eles, sem exceção, todos<br />
os dias, às sete da manhã, colocam-se<br />
em formação, no pátio da<br />
bandeira.<br />
Da bandeira de Israel.<br />
A bandeira do Estado que surgiu<br />
quando os Estados Unidos já eram<br />
a potencia líder no mundo. Quando<br />
Oito salvos durante o "Shabat no inferno"<br />
Em meio a um cenário surreal, um desenrolar emocionante<br />
Depois de trabalhar 38 horas seguidas,<br />
no dia 16/1, a unidade internacional de salvamento<br />
da Zaka, de Israel, que esteve no<br />
Haiti atuando junto com equipes militares e<br />
de voluntários judeus mexicanos, conseguiu<br />
resgatar oito estudantes presos sob os escombros<br />
dos oito andares desmoronaram do<br />
edifício da Universidade de Port-Au-Prince.<br />
A equipe de seis homens da Zaka havia<br />
chegado ao Haiti a bordo de um Hércules<br />
da Força Aérea mexicana, logo após concluir<br />
os trabalhos de recuperação e identificação<br />
de corpos e partes dos corpos no<br />
acidente de helicóptero na Cidade do México,<br />
no qual o empresário e filantropo judeu<br />
Moises Saba e três membros da sua<br />
família foram mortos.<br />
O chefe da unidade internacional de<br />
resgate da Zaka, Mati Goldstein enviou um<br />
e-mail para a sede da Zaka de Jerusalém,<br />
em que ele escreveu sobre o ” Shabat no<br />
Carta de um médico da equipe<br />
de socorro de Israel no Haiti<br />
inferno”. Em todo o lugar, o cheiro acre dos<br />
cadáveres paira no ar. É como as histórias<br />
que são contadas do Holocausto — milhares<br />
de corpos por toda parte. É preciso entender<br />
que a situação é verdadeiramente<br />
louca, e quanto mais o tempo passa, há<br />
mais e mais corpos, em números que não<br />
podem ser absorvidos. Está além da nossa<br />
compreensão”.<br />
Em meio ao mau cheiro e do caos, a<br />
delegação da Zaka ainda teve tempo para<br />
recitar as orações do Shabat. Numa visão<br />
surrealista, os judeus ortodoxos estavam<br />
envoltos em xales de oração (talitim) nos<br />
edifícios desabados. Muita gente do lugar<br />
sentou-se calmamente nos escombros,<br />
olhando para os homens e como eles rezavam<br />
voltados para Jerusalém. Quando terminaram<br />
as orações, os haitianos se reuniram<br />
em volta da equipe e passaram a beijar<br />
seus xales de oração.<br />
os ingleses deixavam a terra que<br />
estava sob seu mandato. Quando a<br />
Colômbia já era uma nação veterana.<br />
Quando os nazistas alemães exterminaram<br />
o povo judeu.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal no Haiti, montada em barracas,<br />
os homens da delegação da<br />
Rússia pedem ajuda de instrumentos<br />
e equipe médica a “potência israelense”.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal no Haiti, estão voluntários<br />
da Zaka, o corpo de voluntários judeus<br />
religiosos que cuida dos cadáveres<br />
e suas partes amputadas.<br />
Com a devida honra fúnebre e com<br />
as honras aos costumes do haitiano<br />
que fala crioulo e que é fiel ao<br />
culto vudu do Mar do Caribe, no<br />
extremo do Atlântico.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal solicita-se autorização aos<br />
enfermos para fotografar seus órgãos<br />
feridos, porém nem sempre se<br />
consegue explicar-lhes o significado<br />
da pergunta.<br />
Na Missão do Corpo Médico<br />
houve escassez de gesso. Um médico<br />
com iniciativa dirigiu-se às<br />
monjas do hospital haitiano e lhes<br />
pediu ajuda. Não tinham gesso.<br />
Mandaram o médico a um bairro<br />
longínquo, de ruas fétidas, onde se<br />
encontra a Embaixada do Marrocos<br />
no Haiti. Em um depósito da embaixada<br />
havia gesso, que foi levado<br />
A organização militante (e terrorista)<br />
libanesa Hezbolá aparentemente financia<br />
sua luta contra Israel com o tráfico<br />
de drogas na Europa, publicou o<br />
semanário alemão Der Spiegel, baseado<br />
em informações do serviço de inteligência<br />
alemão.<br />
Segundo a revista, agentes alemães<br />
obtiveram provas disso nas investigações<br />
que fizeram recentemente na capital<br />
libanesa, Beirute.<br />
As primeiras suspeitas surgiram<br />
quando foram apreendidos no aeroporto<br />
de Frankfurt, em maio de 2008, quatro<br />
libaneses com 8,7 milhões de euros<br />
(US$ 12,5 milhões) em dinheiro e mais<br />
de meio milhão de euros no apartamento<br />
de um suspeito na cidade alemã de<br />
Espira, no oeste.<br />
Nas notas foram encontrados vestígios<br />
de cocaína e impressões digitais de um<br />
ao hospital. Por uma casualidade,<br />
o médico israelense era de origem<br />
marroquina.<br />
Na Missão do Corpo Médico<br />
existe uma “sala” de maternidade.<br />
Ali se realizam partos. Trata-se as<br />
parturientes. Na “sala” adequada<br />
são internados os prematuros que<br />
necessitam de cuidados.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal são feitas intervenções cirúrgicas<br />
plásticas em doentes graves.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal no Haiti, cumpre-se a lei dos<br />
direitos do doente. São respeitados<br />
os direitos individuais, o segredo<br />
médico é respeitado. Por meio de<br />
intérpretes, explica-se ao doente<br />
seu estado, no idioma crioulo.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal no Haiti, montada em barracas,<br />
se respeita a igualdade de direitos<br />
para todos os homens. No<br />
Haiti, que foi um país escravagista<br />
e no qual, hoje, existem diferenças<br />
e distâncias sociais terríveis entre<br />
setores das elites endinheiradas e<br />
dos pobres, que estão entre os mais<br />
pobres do mundo.<br />
Na Missão do Corpo Médico do<br />
Tsahal no Haiti, montada em barracas,<br />
se incorpora a moral humana<br />
em seu apogeu. Ali tem lugar a<br />
fraternidade humana em toda sua<br />
grandeza. E toma um sentido concreto<br />
o versículo bíblico “Amarás ao<br />
teu próximo como a ti mesmo”.<br />
Der Spiegel: O Hezbolá<br />
vende cocaína na Europa<br />
holandês cujo apelidado é "Karlos" e que<br />
está ligado há anos com vários casos de<br />
drogas apreendidas na Alemanha.<br />
Agentes alemães prenderam em<br />
outubro de 2009 dois membros de um<br />
clã libanês em Espira. Acredita-se que<br />
os membros da família transportavam<br />
regularmente somas milionárias de<br />
montantes provenientes da venda de<br />
cocaína na Europa através do aeroporto<br />
de Frankfurt para Beirute.<br />
O beneficiário do dinheiro pertence a<br />
uma família que tem contatos com as<br />
camadas mais altas do Hezbolá e com o<br />
líder da facção, Hassan Nasrallah.<br />
Além disso, acrescenta o semanário,<br />
a polícia alemã tem provas de que<br />
os dois presos em Espira foram treinados<br />
em um acampamento do Hezbolá.<br />
Um parente próximo dos presos nega<br />
as acusações.
primeiro-ministro<br />
italiano Silvio Berlusconi,<br />
afirmou em<br />
Jerusalém, ao ser recebido<br />
por seu homólogo<br />
israelense, Benyamin<br />
Netanyahu, que um de seus<br />
“sonhos” é que Israel possa um dia<br />
ingressar na União Europeia (UE).<br />
“Temos orgulho de sermos nós,<br />
junto à cultura judaico-cristã, as bases<br />
da civilidade europeia”, continuou<br />
Berlusconi, destacando que<br />
sua viagem teve o objetivo de “testemunhar<br />
a amizade, proximidade<br />
e a vontade de colaboração” de<br />
dois “povos vizinhos”.<br />
O chefe de Governo italiano<br />
também falou sobre a existência de<br />
Israel, que ainda hoje é “posta em<br />
questionamento”. “Nós iremos nos<br />
opor, junto à comunidade internacional,<br />
para que isto nunca aconteça”,<br />
destacou o premiê, desejando<br />
ao Estado “um futuro de prosperidade<br />
e bem-estar e, principalmente,<br />
paz para o povo”.<br />
Berlusconi foi recepcionado no<br />
aeroporto de Tel Aviv, e depois recebido<br />
em uma cerimônia oficial em<br />
Jerusalém, dando início à sua visita<br />
a Israel de três dias.<br />
Após a cerimônia de boas-vindas,<br />
Berlusconi cumpriu uma agenda<br />
com visita ao Memorial do Holocausto<br />
Yad Vashem. No dia seguinte,<br />
houve uma reunião conjunta<br />
entre os gabinetes israelense e<br />
italiano. Além de Netanyahu, participaram<br />
do encontro o presidente<br />
de Israel, Shimon Peres, e o chanceler<br />
Avigdor Liberman, e outras<br />
autoridades.<br />
No terceiro dia de viagem (3/2),<br />
Berlusconi fez um discurso no<br />
Knesset (Parlamento local), e inaugurou<br />
uma mostra de obras do artista<br />
italiano Leonardo da Vinci<br />
(1452-1519).<br />
No mesmo dia, o premiê foi a<br />
Belém, na Cisjordânia, onde se reuniu<br />
com o presidente da Autoridade<br />
Palestina (AP), Mahmoud Abbas,<br />
e visitou a Basílica da Natividade.<br />
Depois disso, Berlusconi voltou<br />
a Roma.<br />
Defesa Defesa da da P PPalestina<br />
P Palestina<br />
alestina e e das das ações<br />
ações<br />
em em em Gaza Gaza<br />
Gaza<br />
Silvio Berlusconi discursou no<br />
Knesset, onde defendeu a existência<br />
de um Estado palestino, ao mesmo<br />
tempo em que afirmou que as ações<br />
militares israelenses na Faixa de Gaza<br />
no início de 2009 foram justas.<br />
O primeiro-ministro afirmou<br />
que a atuação de seu país no Oriente<br />
Médio “foi sempre endereçada à<br />
solução que prevê dois Estados, o<br />
judeu de Israel e o palestino, que vivam<br />
em paz e em segurança um ao<br />
lado do outro”. Admitiu, porém, que<br />
a medida não é unanimidade na comunidade<br />
internacional ou entre os<br />
dois povos implicados.<br />
Ele lembrou ainda dos conflitos<br />
ocorridos na Faixa de Gaza entre<br />
dezembro de 2008 e janeiro de<br />
2009, durante a maior ofensiva israelense<br />
no local desde 1967.<br />
Berlusconi recordou que a Itália<br />
se opôs ao relatório Goldstone<br />
— elaborado pelo juiz Richard Goldstone<br />
e aprovado na Assembleia<br />
Geral da Organização das Nações<br />
Unidas em novembro —, que acusa<br />
Israel de ter cometido crimes de<br />
guerra durante os conflitos.<br />
Segundo o premiê, o país judeu<br />
teve “uma justa reação” aos mísseis<br />
lançados pelo Hamas a partir<br />
da Faixa de Gaza. Além disso, lembrou<br />
que a nação esteve sempre<br />
sob o ataque da “onda terrorista da<br />
segunda intifada”.<br />
“Hoje, a segurança de Israel nos<br />
seus limites e seu direito de existir<br />
como Estado são para nós uma escolha<br />
ética e um imperativo moral<br />
contra qualquer retorno do antissemitismo<br />
e do negacionismo contra<br />
a perda de memória do Ocidente”,<br />
declarou, lembrando que a Itália<br />
também se “maculou com a infâmia<br />
das leis raciais” na década de 1930.<br />
O primeiro-ministro afirmou<br />
que seu país combaterá junto aos<br />
israelenses qualquer possível ressurgimento<br />
do ódio aos judeus na<br />
Europa e no mundo e se preocupará<br />
em “tornar inseparável” as batalhas<br />
pela existência e segurança<br />
do Estado de Israel e pela paz.<br />
Sobre os conflitos no Oriente<br />
Médio, o chefe de Governo italiano<br />
afirmou que espera um “avanço”<br />
nas conversas e fez um apelo<br />
ao presidente da Autoridade Nacional<br />
Palestina (ANP) Mahmoud Abbas<br />
para que “retorne à mesa de<br />
negociação e entregue à história<br />
um acordo pela paz e o desenvolvimento<br />
econômico de seu povo”.<br />
Berlusconi também comentou<br />
as ameaças terroristas vindas à<br />
tona com os ataques ao World Trade<br />
Center em 11 de setembro de<br />
2001 e afirmou que os italianos<br />
souberam desde o primeiro momento<br />
“que o desafio” se referia<br />
não somente a Estados Unidos e<br />
Israel, “mas contra todos os países<br />
democráticos do Ocidente e contra<br />
os próprios países árabes moderados”.<br />
Lembrando a presença italiana<br />
no Iraque, Afeganistão, Bósnia<br />
e Líbia, ele afirmou que sua nação<br />
“contribuiu para fazer o mundo<br />
mais seguro e justo”.<br />
Críticas Críticas ao ao ao programa programa nuclear nuclear do do Irã<br />
Irã<br />
Em referência ao Irã, ele declarou<br />
que é preciso tomar medidas<br />
concretas contra o programa<br />
nuclear patrocinado pelo presidente<br />
Mahmoud Ahmadinejad e voltou<br />
a falar em “sanções eficazes”.<br />
“Em uma situação que pode<br />
abrir a perspectiva de novas catástrofes,<br />
toda a comunidade internacional<br />
deve se decidir para estabelecer,<br />
com palavras claras, universais<br />
e unânimes, que não é aceitável<br />
o armamento atômico à disposição<br />
de um Estado cujos líderes<br />
proclamaram ‘abertamente’ a vontade<br />
de destruir Israel e negaram o<br />
Holocausto e a legitimidade do seu<br />
Estado”, completou.<br />
Ele qualificou o presidente iraniano,<br />
Mahmoud Ahmadinejad, de<br />
um “homem nefasto”, além de pedir<br />
“fortes sanções” contra o Irã.<br />
“O problema da segurança é<br />
fundamental para Israel. Agora ainda<br />
mais, porque há um Estado que<br />
prepara uma bomba atômica para<br />
usá-la contra alguém. Um Estado<br />
com um líder que nos recorda personagens<br />
nefastos do passado”, disse<br />
Berlusconi, após firmar em Jerusalém<br />
diversos acordos bilaterais.<br />
O primeiro-ministro disse que o<br />
país judeu é o maior modelo de democracia<br />
e liberdade no Oriente Médio,<br />
“senão o único”. “Um exemplo<br />
que tem raízes profundas na Bíblia<br />
e nos ideais sionistas”, acrescentou,<br />
reafirmando sua vontade de que a<br />
nação passe a fazer parte da UE por<br />
ser “em tudo semelhante às democracias<br />
europeias”.<br />
Ao ouvir as palavras de Berlusconi,<br />
o premiê Benyamin Netanyahu<br />
afirmou que a Itália tornou-se<br />
um país de ponta contra “o<br />
antissemitismo e o negacionismo”<br />
e classificou o italiano como um “líder<br />
corajoso”. “Israel tem um grande<br />
amigo na Europa”, acrescentou,<br />
dizendo que o primeiro-ministro<br />
“conquistou corações”. “Nossa aspiração<br />
nestes dias é renovar o processo<br />
de paz com o resto de nossos<br />
vizinhos e sei bem que ele e o<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Berlusconi defende Israel e diz que sonha<br />
vê-lo entrar na União Europeia<br />
Berlusconi é recebido em Jerusalém por Netanyahu<br />
povo italiano dividem este desejo”,<br />
explicou.<br />
Esta foi a primeira vez que um<br />
primeiro-ministro italiano discursou<br />
no Knesset. “Estou honrado,<br />
meu país está honrado de estar aqui<br />
e falar neste parlamento, que é o<br />
próprio símbolo da democracia.<br />
Comovido agradeço”, escreveu Berlusconi<br />
no livro de visitas da Casa.<br />
Em coletiva de imprensa, após<br />
reunião com o gabinete israelense,<br />
Berlusconi reiterou o pedido de seu<br />
país à comunidade internacional<br />
por “fortes sanções” contra o Irã.<br />
“É nosso dever sustentar e ajudar<br />
a oposição no Irã”, pontualizou.<br />
Antes, ainda em relação ao regime<br />
iraniano, o ministro das Relações<br />
Exteriores da Itália, Franco Frattini,<br />
que acompanhou Berlusconi na<br />
viagem, declarou que o governo<br />
italiano “fará a sua parte”. Uma das<br />
ações anunciada por Frattini foi a<br />
paralisação dos investimentos italianos<br />
no Irã. De acordo com o<br />
chanceler, os investimentos nesse<br />
país não serão mais financiados<br />
pela Sace [grupo de gestão de crédito<br />
italiano]. “E este é um forte desestimulante,<br />
pois quem irá querer<br />
se arriscar?”, questionou.<br />
Frattini reforçou ainda que a Itália<br />
“não tem segredos com nossos<br />
amigos israelenses, e daremos a<br />
eles todos os dados das trocas realizadas<br />
com o Irã”.<br />
Inimigo declarado de Israel, o<br />
governo iraniano mantém em andamento<br />
seu programa de desenvolvimento<br />
de urânio, com forte<br />
repúdio da comunidade<br />
internacional. Por diversas vezes,<br />
Ahmadinejad disse que o Estado<br />
judeu deveria “ser apagado do<br />
mapa” e considerou que o Holocausto<br />
– que assassinou 6 milhões<br />
de judeus - é um “mito”.<br />
11
12<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770
Yossef Dubrawsky *<br />
este mês destaca-se<br />
a festa alegre de Purim<br />
com a sua heroína,<br />
a Rainha Ester.<br />
Tanto o dia de jejum<br />
que antecede a festa<br />
(Taanit Ester) quanto a<br />
história escrita em pergaminho (Meguilat<br />
Ester) testemunham<br />
o papel vital<br />
que esta mulher extraordinária<br />
teve no<br />
desenrolar do milagre<br />
de Purim.<br />
O Talmud pergunta,<br />
onde encontramos<br />
menção da Rainha Ester<br />
na Torá? E responde<br />
que encontramos<br />
uma alusão a esta<br />
personalidade singular, na frase (Deuteronômio<br />
31:18) “VeAnochi hasteir<br />
astir panai bayom hahu”- (As palavras<br />
hasteir astir são da mesma raiz<br />
etimológica do nome Ester) ”- “E Eu<br />
esconderei minha face naquele dia”nos<br />
dias de Ester terá um ocultamento<br />
da face Divina.<br />
A história de Purim aconteceu<br />
após a destruição do primeiro Templo<br />
sagrado, quando a era da profecia<br />
estava se encerrando. Quando<br />
pessoas não mais viam milagres<br />
abertos. Era uma época de encobrimento<br />
da luz Divina. O nome de D-us<br />
nem sequer aparece uma vez na Meguilá<br />
e é possível a gente concluir que<br />
todo o drama e seu final feliz foram<br />
orquestrados por seres humanos e<br />
Máscara: Símbolo de Purim<br />
O banquete de Ester para Achashverosh e Haman, de Jan<br />
Victors, 1640, óleo sobre canvas, 1,70 x 2,30 cm, no<br />
Museu Staatliche, Kassel, Alemanha<br />
"Ester e Achashverosh", obra pintada por Bernardo<br />
Cavallino, entre 1645-50<br />
Mascarada<br />
suas escolhas, coincidências extraordinárias<br />
e a sorte de ter uma rainha<br />
judia no palácio.<br />
Nossos sábios, contudo, nos ensinam<br />
que até a queda de uma folha<br />
da árvore é coreografada, o sopro do<br />
vento controlado e o vôo de um mosquito<br />
traçado pelo Mestre do Universo.<br />
Absolutamente nada é acidental<br />
ou coincidência<br />
na vida.<br />
Todo e qualqueracontecimento<br />
é dirigido<br />
pela própria<br />
mão de D-us.<br />
Certamente<br />
isto é verdade<br />
e quanto mais<br />
ainda quando<br />
se trata de um<br />
poder mundial,<br />
(como era o Rei Achashverosh na época<br />
de Purim), aprovando um decreto<br />
sugerido pelo seu primeiro ministro<br />
Haman, que incitado por um ódio fervoroso<br />
contra Mordechai é determinado<br />
a exterminar todo povo judeu<br />
em um único dia!<br />
O desafio está em nós conseguirmos<br />
revelar a intenção e a mão Divina<br />
em cada momento da nossa vida<br />
mesmo quando não vemos mares se<br />
abrindo, arbustos queimando ou pragas<br />
atingindo os nossos inimigos.<br />
Meguilá – o nome do rolo de Purim<br />
vem da palavra gilui, que significa<br />
revelação, pois foi a nossa heroína<br />
Ester que conseguiu desvendar a mascara<br />
Divina. Ela compreendeu que Dus<br />
a colocara em posição de proeminência<br />
e influência social<br />
para poder servir ao seu<br />
povo. No momento mais<br />
crucial, Ester não vacilou.<br />
Ela arriscou a sua própria<br />
vida, pois a continuidade do<br />
seu povo era mais preciosa,<br />
acima de tudo para ela.<br />
VOCÊ VOCÊ SABIA?<br />
SABIA?<br />
… Que Haman foi enforcado no terceiro<br />
dia de Pêssach? (Purim é o aniversário<br />
da celebração da vitória dos judeus<br />
após sua guerra contra seus inimigos<br />
(11 meses depois).<br />
… Que o nome hebraico de Ester era<br />
Hadassá? ("Ester" é persa).<br />
… Que Mordechai foi o primeiro homem<br />
na história a ser chamado de "judeu"?<br />
(Antes disso, os judeus eram<br />
chamados de hebreus ou israelitas).<br />
… Que Achashverosh ficou quatro anos<br />
procurando uma rainha, e durante este<br />
tempo ele considerou mais de 1400<br />
concorrentes, antes de escolher Ester?<br />
… Que Vashti (a primeira rainha de<br />
A Rainha Ester compreendeu que<br />
o decreto de Haman não havia começado<br />
aqui no plano físico e sim que o<br />
Mestre do mundo em cujo controle<br />
está o coração de todos os governantes<br />
(lev melachim vessarim beyad<br />
Hashem) estava querendo impulsionar<br />
o povo judeu a um nível espiritualmente<br />
superior. Então, primeiramente,<br />
teriam de estreitar os laços<br />
com o Rei dos Reis, o Todo Poderoso.<br />
Ela concordou em enfrentar o rei, com<br />
a condição que o povo se unisse e<br />
voltasse a D-us em oração e jejum<br />
tornando se desta forma merecedoras<br />
da salvação Divina. Foi a Rainha<br />
Ester que conduziu o povo a<br />
uma notável elevação espiritual<br />
e a consequente redenção.<br />
“Hakore et hameguila lemafreia<br />
lo yotsei”. A Halachá diz que<br />
se alguém lê a Meguilá, em Purim,<br />
de trás para frente ele não<br />
cumpre o seu dever. Literalmente,<br />
isto quer dizer que temos que<br />
acompanhar a leitura dos dez<br />
capítulos da Meguilá, na sua sequência<br />
do começo ao fim. O<br />
Baal Shem Tov veio e nos trouxe<br />
uma interpretação mais profun-<br />
da para esta lei. O grande Mestre<br />
Chassídico ensinou que se ao<br />
lermos a Meguilá de Ester nós<br />
pensarmos que estas milagrosas<br />
coincidências só fazem parte do nosso<br />
passado e não dizem nada a respeito<br />
da nossa vida atual - não cumprimos<br />
com o nosso dever. A essência<br />
da Meguilá de Ester é aprender a<br />
olhar cada evento do nosso cotidiano<br />
com cuidadosa consideração e constantemente<br />
procurar a intenção Divina<br />
em todos os momentos.<br />
Os costumes no dia de Purim de<br />
vestir máscaras e fantasias disfarçando<br />
nossa verdadeira personalidade,<br />
comer Humentashen (Osnei Haman)<br />
onde o recheio da papoula ou<br />
ameixa não aparece entre as dobras<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Achashverosh) era bisneta de Nabucodonosor,<br />
o imperador da Babilônia que<br />
destruiu o Primeiro Templo?<br />
… Que foi Haman quem aconselhou<br />
Achashverosh a matar Vashti?<br />
… Que há uma opinião no Talmud dizendo<br />
que Ester não era bela, e tinha<br />
um tom de pele esverdeado?<br />
… Que Haman certa vez fora escravo<br />
de Mordechai?<br />
… Que Mordechai, que se recusou a<br />
inclinar-se perante Haman, era descendente<br />
de Binyamin, o único dos filhos<br />
de Yaacov que não se curvou perante<br />
o ancestral de Haman, Essav?<br />
… Que o decreto de Haman jamais foi<br />
triangulares do docinho e preparar<br />
kreplach (pastéis) que escondem totalmente<br />
a carne ou frango que está<br />
dentro deles, é para lembrar que na<br />
história de Purim D-us escondeu incríveis<br />
milagres através das vestimentas<br />
da natureza, sorte e<br />
coincidências. Purim é uma grande<br />
mascarada, de fato toda nossa trajetória<br />
terrestre é um grande jogo de<br />
esconde-esconde, onde D-us se esconde<br />
e nós devemos procurá-Lo. O<br />
grande desafio e a graça de tudo é<br />
conseguirmos enxergar além da superfície<br />
e revelar a essência Divina<br />
Haman teve que conduzir o cavalo<br />
com Mordechai, com honras de rei<br />
e a mão Divina dentro de tudo<br />
e em todos os momentos.<br />
Faço votos que da mesma<br />
forma que para os judeus<br />
da Pérsia houve luz,<br />
alegria, jubilo e gloria quando<br />
mereceram o “Venehepach<br />
hu” o reviramento do<br />
plano diabólico de Haman,<br />
que assim seja para nós e<br />
para toda humanidade, com<br />
a vinda de Mashiach e a verdadeira<br />
e completa redenção,<br />
muito em breve!<br />
Feliz Purim!<br />
A rainha Ester<br />
13<br />
* Yossef<br />
Dubrawsky é<br />
rabino e diretor<br />
do Beit Chabad<br />
de Curitiba.<br />
Achashverosh manda Vashti<br />
embora, Marc Chagall, 1960.<br />
Galerie Art Chrudim<br />
revogado? (Achashverosh simplesmente<br />
emitiu um segundo decreto, dando<br />
aos judeus o direito de se defenderem<br />
por si mesmos).<br />
… Mordechai era um homem bastante<br />
velho durante a história de Purim? (Ele<br />
já era membro do Sanhedrin, a mais alta<br />
corte da Lei da Torá em Jerusalém, 79<br />
anos antes do milagre de Purim!).<br />
… Que todo judeu no mundo vivia no<br />
reino de Achashverosh, de modo que<br />
foram todos incluídos nos decretos de<br />
Haman?<br />
… Que o nome de D-us não é mencionado<br />
nenhuma vez em todo o Livro de Ester?<br />
(www.chabad.org.br).
14<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
<strong>VJ</strong> INDICA<br />
O Menino do<br />
Pijama Listrado<br />
Título original:<br />
The Boy in the Striped Pyjamas<br />
FICHA TÉCNICA<br />
País de origem: Reino Unido / EUA<br />
Gênero: Drama<br />
Classificação etária: 12 anos<br />
Tempo de Duração: 93 minutos<br />
Ano de Lançamento: 2008<br />
Estréia no Brasil: 12/12/2008<br />
Site Oficial: http://<br />
www.boyinthestripedpajamas.com<br />
Shimon Peres pede em Berlim punição para<br />
criminosos nazistas ainda vivos<br />
Juventude não deve esquecer o que<br />
aconteceu no Holocausto, diz<br />
presidente de Israel em<br />
pronunciamento no Parlamento<br />
alemão pelos 65 anos da libertação<br />
do campo de concentração de<br />
Auschwitz<br />
O presidente de Israel, Shimon Peres, à esquerda, e o presidente da<br />
Alemanha, Horst Koehler colocam coroa de flores no campo de<br />
Buchenwald, dia 26/1<br />
O presidente de Israel, Shimon Peres, à direita, recebe apalusos dos<br />
deputados alemães, em pé, após seu discurso no Bundestag (o<br />
Parlamento alemão) sobre o Dia da Recordação Internacional do<br />
Holocausto, em Berlim, dia 27/1, data que marca a libertação de<br />
Auschwitz<br />
FILME<br />
um comovente pronunciamento<br />
diante<br />
do Parlamento alemão,<br />
o presidente de<br />
Israel, Shimon Peres,<br />
pediu a punição dos criminosos nazistas<br />
ainda vivos. "A Shoá [Holocausto]<br />
tem de ser um eterno sinal<br />
de alerta para a consciência humana",<br />
disse ele dia 27/1 na cerimônia<br />
pelos 65 anos da libertação do campo<br />
de concentração de Auschwitz,<br />
o maior do regime nazista.<br />
Israel não quer "vingança",<br />
mas a "educação" de uma juventude<br />
que não deve esquecer o que<br />
aconteceu durante o Holocausto,<br />
lembrou o Prêmio Nobel da Paz<br />
de 1994 no Bundestag, câmara<br />
baixa do Parlamento alemão,<br />
diante da chanceler federal Angela<br />
Merkel e do presidente da Alemanha,<br />
Horst Köhler.<br />
Para evitar um segundo Holocausto,<br />
a paz deve ser assegurada<br />
com todos os países, disse o político<br />
de 86 anos. As ameaças de destruição<br />
de Israel vêem de pessoas<br />
irresponsáveis, acrescentou, referindo-se<br />
à liderança iranianas.<br />
"Meu "Meu filho, filho, seja seja sempre sempre judeu!"<br />
judeu!"<br />
No emotivo discurso de 35 minutos,<br />
o presidente israelense se<br />
lembrou do avô e de outros membros<br />
da família mortos pelos nazistas.<br />
Quando viu o avô pela última<br />
vez, este lhe disse: "Meu filho, seja<br />
sempre um judeu!"<br />
Estúdio/Distribuição: Buena Vista<br />
Direção: Mark Herman<br />
ELENCO<br />
Asa Butterfield (Bruno), Zac Mattoon O'Brien (Leon),<br />
Domonkos Németh (Martin), Henry Kingsmill (Karl), Vera<br />
Farmiga (Mãe), Cara Horgan (Maria), Amber Beattie<br />
(Gretel), László Áron (Lars), David Thewlis (Father),<br />
Richard Johnson (avô), Sheila Hancock (avó), Iván<br />
Verebély (Meinberg), Béla Fesztbaum (Schultz), Attila<br />
Egyed (Heinz), Rupert Friend (tenente Kotler), David<br />
Hayman (Pavel - serviçal judeu), Jim Norton (Sr. Liszt),<br />
Jack Scanlon (Shmuel), László Nádasi (Isaak), Gábor<br />
Harsai (velho judeu).<br />
O olhar deve ser dirigido ao futuro,<br />
acrescentou: "Nunca mais<br />
uma teoria racial, nunca mais o sentimento<br />
de superioridade", apelou<br />
Peres, acrescentando que "nunca<br />
mais demagogos com intenções<br />
assassinas devem ameaçar um<br />
povo".<br />
Responsabilidade Responsabilidade especial especial da<br />
da<br />
Alemanha<br />
Alemanha<br />
A responsabilidade da Alemanha<br />
em relação ao Estado de Israel<br />
foi lembrada pelo presidente do<br />
Bundestag, Norbert Lammert.<br />
"Onde seu direito de existência e<br />
sua segurança estiverem ameaçados,<br />
não há neutralidade para nós,<br />
alemães", afirmou. "Algumas coisas<br />
são negociáveis, mas não o direito<br />
de existência de Israel".<br />
Referindo-se ao Irã, Lammert<br />
disse que um país com armas nucleares<br />
na vizinhança de Israel, "liderado<br />
por um regime abertamente<br />
antissemita", seria insuportável<br />
não apenas para Israel. "A comunidade<br />
internacional não deve tolerar<br />
tal ameaça", completou.<br />
Peres foi o primeiro presidente<br />
israelense a fazer um pronunciamento<br />
no Bundestag, no dia em<br />
que o Parlamento alemão lembra<br />
as vítimas do regime nacional-socialista.<br />
Também Eser Weizman (em<br />
1996) e Moshe Katzav (2005) já falaram<br />
diante do Parlamento quando<br />
presidentes de Israel, mas não<br />
nesta data.<br />
SINOPSE<br />
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma família alemã se muda de Berlim para<br />
Auschwitz, quando o pai é ordenado a trabalhar em um campo de concentração.<br />
Assim, Bruno, um garoto de 8 anos e filho do oficial, começa uma bela amizade com um<br />
menino judeu da mesma idade. O filme mostra o modo como o preconceito, o ódio e a<br />
violência afetam pessoas inocentes, especialmente as crianças.<br />
Em 27 de janeiro de 1945, tropas<br />
soviéticas libertaram o campo<br />
de concentração de Auschwitz, hoje<br />
na Polônia. A data foi declarada Dia<br />
Internacional em Memória às Vítimas<br />
do Holocausto.<br />
Para Charlotte Knobloch, presidente<br />
do Conselho Central dos Judeus<br />
na Alemanha, o 27 de janeiro<br />
serve de advertência, para que se<br />
combata de forma decisiva "o esquecimento,<br />
os revisionistas da história<br />
e os negadores do Holocausto".<br />
"A falta de empatia, a indiferença<br />
em relação ao destino dos<br />
outros e a falta de disposição para<br />
defender os valores de uma sociedade<br />
democrática e tolerante foram<br />
os fatores que prepararam caminho<br />
ao criminoso regime de Hitler",<br />
acrescentou.<br />
Descaso Descaso com com o o antigo antigo campo campo de<br />
de<br />
Auschwitz Auschwitz<br />
Auschwitz<br />
O vice-presidente do Comitê Internacional<br />
Auschwitz, Christoph<br />
Teubner, alertou em matéria publicada<br />
no jornal Berliner Zeitung para<br />
o descaso com o antigo campo de<br />
concentração na Polônia, hoje Memorial<br />
Auschwitz-Birkenau.<br />
Segundo ele, muitos prédios estão<br />
em ruínas, não podendo mais<br />
ser visitados, enquanto outros<br />
apresentam profundas rachaduras<br />
em suas paredes. As obras de restauração<br />
estão orçadas em cerca de<br />
120 milhões de euros, dos quais o<br />
governo alemão pretende dispor 60<br />
milhões de euros.<br />
Piotr Cywinski, diretor do museu<br />
na área do antigo campo de concentração,<br />
reclama que, se as verbas<br />
não forem logo disponibilizadas,<br />
muitos prédios não poderão mais<br />
ser salvos. Segundo ele, é preciso<br />
investir também na segurança da<br />
área de quase 200 hectares. No ano<br />
passado, o local recebeu 1,3 milhão<br />
de visitantes, na maioria jovens.<br />
Em Em Auschwitz<br />
Auschwitz<br />
O primeiro ministro de Israel,<br />
Binyamin Netanyahu, durante cerimônia<br />
em Auschwitz, na Polônia,<br />
disse: "O Holocausto não foi apenas<br />
um crime contra os judeus, mas<br />
sim um crime contra a humanidade.<br />
Atualmente, há ódio pelos judeus<br />
em nosso meio. Há novas convocações<br />
para exterminar o estado<br />
judaico. A comunidade internacional<br />
está sendo testada hoje se tomará<br />
posição ao lado da verdade,<br />
da evidência do mal, contra os projetos<br />
de assassinato em massa".
Jane Bichmacher de Glasman *<br />
apiamento (ou papiamentu)<br />
é uma língua<br />
oficial e a mais falada<br />
nas ilhas caribenhas<br />
Aruba, Bonaire e<br />
Curaçao (as chamadas<br />
“ilhas ABC”). É uma língua crioula<br />
derivada do português ou espanhol<br />
com influências no vocabulário de línguas<br />
nativas aruaques 1 , africanas,<br />
holandês e inglês. O nome procede<br />
de papiá (=conversar), derivado de<br />
papear, em português.<br />
Exemplos:<br />
Sapatu – espanhol, zapato; português,<br />
sapato;<br />
Kushina - italiano, cucina; espanhol,<br />
cocina; português, cozinha;<br />
Apel = maçã - holandês, appel;<br />
Horkan = furacão - Taino, Hurakan;<br />
Caribe, yuracan, hyoracan;<br />
Por fabor - Português / Espanhol, por<br />
favor;<br />
Kon ta bai? Português, Como vai? ,<br />
Espanhol ¿Cómo te va? ¿Cómo te<br />
va la vida?<br />
Bo mama ta masha simpatiko: Português<br />
Tua / Sua mãe é muito simpática.<br />
Papiamento - já ouviu falar?<br />
Heitor De Paola *<br />
Há muito tempo diversos autores<br />
vimos insistindo em que a Nova Ordem<br />
Mundial visa a destruição da única civilização<br />
que merece tal nome: a Judaico-Greco-Cristã.<br />
Para tal é preciso cercar,<br />
ideológica e geopoliticamente os<br />
dois grandes focos civilizacionais da<br />
atualidade, os Estados Unidos e Israel.<br />
O cerco ideológico tem produzido efeitos<br />
devastadores de antiamericanismo<br />
e antissionismo. Este último nada mais<br />
é do que uma versão hipócrita do milenar<br />
antissemitismo.<br />
Mas a posição mundial começou a<br />
mudar quando Ahmadinejad ameaçou<br />
com um novo Holocausto. Embora a intensa<br />
propaganda faça com que o Estado<br />
de Israel ainda seja visto como um<br />
invasor da ‘Palestina’ e genocida de<br />
seu povo, as ameaças persas despertaram<br />
um pouco daquela simpatia superficial<br />
e nada duradoura pelos que<br />
são ameaçados de morte pelos poderosos.<br />
Superficial e efêmera porque<br />
baseada no princípio de que as ações<br />
devem partir dos demais países, sendo<br />
negado o direito de Israel defender<br />
História<br />
História<br />
E sua relação com os sefaradim do Brasil?<br />
A Espanha reivindicou soberania<br />
sobre as ilhas no século XV, mas devido<br />
ao clima árido e à falta de riqueza<br />
de terras, os espanhóis as nomearam<br />
“Ilhas Inúteis”. A partir de 1634,<br />
os holandeses se apoderaram delas<br />
e deportaram a maioria dos remanescentes<br />
da população aruak e espanhola<br />
para o continente.<br />
A população judaica das ilhas ABC<br />
aumentou substancialmente após<br />
1654, quando os portugueses recuperaram<br />
os territórios ocupados pelos<br />
holandeses no nordeste do Brasil -<br />
gerando a saída da maioria dos judeus<br />
falantes de português daquelas<br />
terras para fugir da perseguição religiosa.<br />
Eles tiveram grande influência<br />
em vários setores da vida local, inclusive<br />
na formação e desenvolvimento<br />
do idioma papiamento.<br />
Curaçao cresceu muito, constituindo-se<br />
na maior e mais próspera<br />
comunidade judaica do novo mundo<br />
até o século XIX e, tendo ajudado as<br />
novas congregações judaicas de Nova<br />
York, Filadélfia, etc., nos EUA e da<br />
América Central, granjeando o título<br />
de “Congregação Mãe das Américas”.<br />
Influência Influência dos dos judeus judeus sefaradim<br />
sefaradim<br />
Como judeus sefaradim - de Portugal,<br />
da Espanha ou do Brasil português<br />
– tornaram-se os principais mercadores<br />
da área, negócios e comércio<br />
diário eram realizados em papiamento,<br />
com influências do ladino.<br />
Enquanto várias nações se apropriavam<br />
das ilhas e mudavam a língua<br />
oficial, o papiamento se tornou a língua<br />
constante dos moradores.<br />
O mais antigo documento escrito<br />
neste idioma é uma carta de amor<br />
redigida por um judeu à sua amada<br />
no ano 1775, chamado “Una Karta de<br />
Amor?. Ela confirma que o papiamento<br />
era a língua dos sefaradim de Curaçao,<br />
por nele registrar seus mais<br />
íntimos sentimentos. Serve como<br />
base de teorias e provas sobre a formação<br />
do papiamento e o papel dos<br />
judeus nele. Muitas palavras do vocabulário<br />
provêm dos idiomas dos<br />
sefaradim, assim como palavras e<br />
expressões do hebraico. A título de<br />
ilustração, alguns exemplos (fora o<br />
vocabulário relativo ao calendário judaico<br />
e à vida na sinagoga):<br />
abraiko = hebraico, de origem judaica;<br />
zoná = prostituta;<br />
beshimantó = boa sorte!;<br />
amidá = oração em silêncio;<br />
Que falta faz uma Ester!<br />
a si mesmo, como afirmei no último<br />
artigo para este jornal.<br />
Os países europeus mobilizam-se.<br />
Até mesmo a Rússia “perdeu a paciência”<br />
com o Irã. Obama, provavelmente<br />
contra sua vontade, declarou que o enriquecimento<br />
de urânio a 20% recentemente<br />
divulgado com estardalhaço pelas<br />
autoridades persas indica claramente<br />
que suas intenções não são pacíficas,<br />
como se houvesse alguém que ainda<br />
acreditasse neste conto das mil e<br />
uma noites. Nem mesmo no abominável<br />
eixo Havana-Brasília-Caracas-Beijing,<br />
que se opõe às sanções e defende<br />
a continuidade das negociações de um<br />
novo acordo de Munique. Amorim, o<br />
moderno Chamberlain, boneco de ventríloquo<br />
de Marco Aurélio Garcia, continua<br />
dizendo que devemos negociar com<br />
Herr Ahmadinejad, cheio de intenções<br />
pacíficas.<br />
Mas não se fiem os israelenses nas<br />
boas intenções dos europeus e americanos:<br />
o que eles propõem são apenas<br />
sanções que certamente não darão resultado<br />
algum, pois o Irã pode resistir<br />
por si mesmo e com a ajuda chinesa e a<br />
magnânima oferta de Chávez – secun-<br />
dada por Lula – de usar as instalações<br />
venezuelanas para enriquecer urânio.<br />
A proximidade da festa de Purim torna<br />
inevitável estabelecer um paralelo<br />
entre o presente e o passado do povo<br />
judeu. Se novamente existe na Pérsia<br />
um Haman a planejar o extermínio dos<br />
judeus e influenciar Ahashverosh para<br />
decretar seu fim, falta uma Ester para<br />
influenciar um rei racional, capaz de<br />
perceber seu erro e tomar as medidas<br />
extremas necessárias para enfrentar o<br />
ódio e a inveja que alimentam o temível<br />
personagem. Ahashverosh, não podendo<br />
revogar seu próprio Édito, assinou<br />
um novo decreto, permitindo que<br />
os judeus se defendessem! Diz a tradição<br />
que no décimo terceiro dia de Adar,<br />
data sorteada por Haman, os judeus se<br />
defenderam dos ataques e venceram<br />
seus inimigos.<br />
É exatamente isto que nações ocidentais,<br />
no mínimo em seu próprio benefício<br />
futuro – pois serão Israel amanhã!<br />
– deveriam fazer, mas certamente<br />
não o farão: deixem que Israel se defenda!<br />
Não seria o primeiro desafio enfrentado<br />
e vencido por este povo. Haverá<br />
uma Ester para aconselhá-los?<br />
* Heitor De Paola é médico psiquiatra e psicanalista, membro da International Psycho-Analytical Association e do Board of Directors da Drug<br />
Watch International e Diretor Cultural da BRAHA, Brasileiros Humanitários em Ação, articulista e escritor, com diversos artigos publicados no<br />
Brasil e no exterior, e um livro. No passado, pertenceu a organização Ação Popular (AP) da esquerda revolucionária.<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
gadol = grande, chefe;<br />
mazal tov = parabéns;<br />
penisilin hudíu = canja de galinha (!)<br />
Os sefaradim eram multilíngues.<br />
Falavam entre si em português; com os<br />
habitantes da região, espanhol; rezavam<br />
em hebraico; conheciam os idiomas dos<br />
marinheiros: espanhol-corrupto, português-corrompido<br />
e pidjin 2 , além do idioma<br />
afro-português dos escravos que<br />
chegavam diretamente com os navios<br />
negreiros ou vindos do Brasil.<br />
Sabemos que para formar seus<br />
idiomas como ladino, haquitía, iídiche,<br />
etc., os judeus tomaram palavras<br />
e expressões das línguas dos países<br />
onde viviam. Menos sabido é que eles<br />
também contribuíram para outros<br />
idiomas. A comunidade judaica sefaradi<br />
teve um papel preponderante no<br />
desenvolvimento das Antilhas Holandesas<br />
assim como na formação do<br />
papiamento e sua transformação, de<br />
língua crioula até seu caráter atual.<br />
15<br />
* Jane<br />
Bichmacher de<br />
Glasman é<br />
escritora, doutora<br />
em Língua<br />
Hebraica,<br />
Literaturas e<br />
Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />
professora<br />
adjunta,<br />
fundadora e exdiretora<br />
do<br />
Programa de<br />
Estudos Judaicos<br />
– UERJ –<br />
Universidade<br />
estadual do Rio de<br />
Janeiro.<br />
Notas:<br />
1 - As línguas aruaques (também aruak ou arawak) formam uma<br />
família de línguas indígenas da América do Sul e do Caribe.<br />
2 - Pidgin ou pídgin, também chamado de língua de contato, é o<br />
nome dado a qualquer língua que é criada, normalmente de forma<br />
espontânea, de uma mistura de outras línguas, e serve de meio de<br />
comunicação entre os falantes de idiomas diferentes.<br />
Morre o capitão do<br />
"Exodus"<br />
Morreu, aos 86 anos, Ike Aronowicz,<br />
capitão do navio "Exodus". De acordo<br />
com o presidente israelense Shimon Peres,<br />
ele "deu uma contribuição única para<br />
o Estado, que jamais será esquecida". O<br />
"Exodus" zarpou do porto de Sete, na França,<br />
com mais de 4.500 passageiros a bordo,<br />
a maioria sobreviventes do Holocausto<br />
nazista que decidiram se estabelecer<br />
na Palestina. O navio foi cercado pela<br />
marinha britânica na costa da Palestina<br />
e impedido de atracar em Haifa. Depois<br />
de semanas isolados no mar, seus passageiros<br />
foram forçados a retornar à França.<br />
Por fim, tiveram que desembarcar na<br />
Alemanha e foram mandados para campos<br />
perto de Lubeck. O incidente revoltou<br />
a comunidade internacional, que ainda<br />
digeria com dificuldade o que havia<br />
acontecido aos judeus nos campos de<br />
concentração do Terceiro Reich durante<br />
a II Guerra Mundial. Pressionadas, as<br />
autoridades britânicas transferiram os refugiados<br />
judeus para campos no Chipre,<br />
onde permaneceram até a criação do Estado<br />
de Israel, em 1948. "O Exodus foi<br />
também criação de Aronowicz. Ele não foi<br />
apenas seu capitão, e sim um líder que<br />
deu à viagem caráter e determinação",<br />
declarou Peres.
16 ○<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
OLHAR<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
HIGH-TECH<br />
○<br />
Tecnologia previne epilepsia<br />
O cardiologista israelense Michael Shechter,<br />
do Instituto do Coração do Sheba<br />
Medical Center, desenvolveu uma técnica<br />
não-invasiva capaz de prever o que<br />
acontecerá ao coração dos pacientes nos<br />
próximos três ou quatro anos. Um aparelho<br />
semelhante ao medidor de pressão<br />
sanguínea ligado a um monitor permite<br />
elaborar um prognóstico detalhado da<br />
saúde cardíaca do paciente. Para se saber<br />
o que ocorre dentro das artérias que<br />
irrigam o coração, o teste mede a elasticidade<br />
do endotélio, o revestimento celular<br />
interno das veias do braço. “Se verificarmos<br />
50% de redução dessa função<br />
no braço, podemos prescrever um tratamento<br />
agressivo para evitar um infarto”,<br />
explica Shechter. Esse é o melhor método<br />
para todos os tipos de pacientes. Não<br />
se usa material radioativo, o exame exige<br />
pouco tempo e não há necessidade<br />
de exercício antes ou durante o teste. (PC<br />
Magazine).<br />
Epilepsia II<br />
Já o neurocirurgião israelense Alon Friedman,<br />
pesquisador da Universidade Ben<br />
Gurion, de Beer Sheva, identificou um<br />
bloqueador (TGF Beta) que poderá prevenir<br />
o surgimento da epilepsia decorrente<br />
de ferimentos no cérebro. Numa pesquisa<br />
em conjunto com a Universidade<br />
de Berkeley (EUA), ele usou o medicamento<br />
com sucesso em ratos de laboratório.<br />
Se o efeito for confirmado em seres<br />
humanos, esse bloqueador poderá prevenir<br />
o surgimento de casos de epilepsia em<br />
vítimas de meningite, tumores cerebrais<br />
ou traumatismo craniano. Atualmente,<br />
entre 25% e 50% das pessoas que sofrem<br />
graves ferimentos na cabeça desenvolvem<br />
epilepsia. (PC Magazine).<br />
Mentirosos são pegos pela escrita<br />
Pesquisadores descobriram que a mentira<br />
tem pernas mais curtas do que se imagina:<br />
ela agora pode ser detectada pelo<br />
modo de escrever de cada um. A descoberta<br />
de que existe relação entre a caligrafia<br />
das pessoas e a veracidade dos<br />
fatos escritos por elas foi feita na Universidade<br />
de Haifa, em Israel, em um estudo<br />
liderado por Gil Luria e Sara Rosenblum.<br />
Eles testaram 34 voluntários que escreveram<br />
duas histórias usando um sistema<br />
chamado ComPET (Computerized Penmanship<br />
Evaluation Tool). Nele, um pedaço<br />
de papel é posicionado em um tablet<br />
de computador e a pessoa utiliza uma<br />
caneta eletrônica sem fio com uma ponta<br />
sensível à pressão. Analisada a escrita,<br />
descobriu-se que nos parágrafos mentirosos<br />
as pessoas não só apertavam com<br />
mais força a caneta eletrônica, como fa-<br />
ziam traços mais longos e desenhavam<br />
letras mais altas que nos parágrafos verdadeiros.<br />
As diferenças não são perceptíveis<br />
aos olhos, mas foram detectadas<br />
pelo computador. Uma das hipóteses é a<br />
de que a escrita muda porque o cérebro<br />
é forçado a trabalhar mais quando precisa<br />
inventar informações – o que acaba<br />
interferindo com a caligrafia. (Applied<br />
Cognitive Psychology).<br />
Robô vigia fronteira e evita<br />
perigo a soldados<br />
Um novo robô que já começou a patrulhar<br />
a fronteira com a Faixa de Gaza é a<br />
grande inovação e uma solução para<br />
evitar perda de vidas humanas na vigilância<br />
dos limites e fronteiras de Israel.<br />
O robô, como se pode ver num vídeo em<br />
http://www.youtube.com/watch?v=Aen<br />
9s0hyLec&feature=player_embedded#,<br />
percorre as áreas onde há artefatos explosivos,<br />
franco-atiradores e outros.<br />
Conta com câmaras e sensores que<br />
transmitem imediatamente a informação<br />
a soldados e patrulhas situadas nas<br />
proximidades e avisam da localização de<br />
explosivos para ativar helicópteros e<br />
demais meios de defesa. (Es-israel/Israel<br />
News).<br />
Aprovado pílula dos três dias seguintes<br />
A Food and Drug Administration (FDA,<br />
organismo norte-americano de controle<br />
de medicamentos e alimentos) aprovou<br />
o uso no país de uma pílula anticoncepcional<br />
de emergência fabricada pela<br />
empresa israelense Teva e pela húngara<br />
Gedeon Richter Ltd. A novidade é que<br />
o efeito da pílula se prolonga por 72<br />
horas. O medicamento, denominado<br />
Plan B One-Step, não surte efeito se a<br />
mulher já tiver engravidado, ou seja, não<br />
é abortiva. (SSB - Agência IN).<br />
Corações de ratos reconstituídos<br />
Cientistas israelenses conseguiram reconstituir,<br />
mediante enxertos, corações<br />
enfermos de ratos, dando novas esperanças<br />
ao tratamento de humanos vítimas<br />
de cardiopatias. Os pesquisadores<br />
implantaram células-tronco de ratos recém-nascidos<br />
nas cobaias enfermas,<br />
transplantando com sucesso esses tecidos<br />
reconstituídos nas partes avariadas<br />
do coração. É a primeira vez que um<br />
teste desse tipo tem sucesso com animais<br />
de laboratório. O estudo, realizado<br />
por Tal Dvir, da Universidade de Beer<br />
Sheva e do americano MIT (Instituto Tecnológico<br />
de Massachussets), foi publicado<br />
na revista médica americana Proceedings<br />
of the National Academy of<br />
Sciences. (Jornal Alef).<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Arquitetura do crime<br />
Vittorio Corinaldi *<br />
O Museu Yad Vashem em Jerusalém é um dos logradouros que compõem o<br />
austero e impressionante conjunto erguido em memória do Holocausto – a<br />
criminosa e premeditada matança dos judeus da Europa pelo regime nazista.<br />
Além da exposição permanente, que por meio de fotos, objetos e documentos<br />
(dispostos segundo um roteiro histórico e cronológico) transmite ao visitante<br />
um conhecimento palpável da inexplicável tragédia, o museu também<br />
oferece exposições temporárias que focalizam aspectos específicos, testemunhos<br />
ou episódios inéditos.<br />
Nestes dias, inaugurou-se no museu uma exposição de projetos de arquitetura:<br />
plantas, cortes, fachadas, detalhes – tudo num caráter essencialmente<br />
técnico e profissional. Mas os projetos estão longe de ser uma inocente apresentação<br />
de empreendimentos de normal construção civil, que fugiria aos propósitos<br />
da instituição promotora.<br />
Trata-se das plantas de execução para as obras do campo de concentração<br />
de Auschwitz-Birkenau, cedidas ao Yad Vashem pela fundação alemã Axel Springer,<br />
em ocasião do 27 de Janeiro – data da libertação do campo e agora declarada<br />
“Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto”.<br />
Os desenhos denotam a precisão e a seriedade que não poderia deixar de<br />
figurar no trabalho de responsáveis profissionais alemães: engenheiros, arquitetos,<br />
técnicos e desenhistas. As cotas e números baseiam-se declaradamente<br />
nos padrões do “Neufert”, que já antes da 2ª Guerra Mundial era o manual<br />
muito difuso que orientava o dimensionamento das edificações. O nível gráfico<br />
expressa o “respeito” com que o trabalho de projeto era encarado, como<br />
cabe à apresentação de serviço para um “ente oficial”.<br />
A “SS”, polícia política nazista, recrutou para a obra o pessoal mais “recomendado”,<br />
dentre os quadros que já haviam se distinguido entre os formandos<br />
de conceituadas escolas e universidades alemãs (dentre elas, triste é salientálo,<br />
também a “Bauhaus”, cujos líderes foram, é verdade, expulsos pelo nazismo<br />
– mas cujos alunos nem sempre absorveram os ensinamentos da orientação<br />
democrática, aberta e liberal promulgada pela escola, que continuou a<br />
funcionar durante certo tempo durante o regime, até ser por este finalmente<br />
dissolvida).<br />
À parte o interesse lugubremente documentário despertado pela mostra,<br />
cabe dedicar um pensamento ao aspecto ético e moral contido nesses documentos:<br />
Ao mesmo tempo em que eles retratam uma atitude supostamente<br />
indiferente e exclusivamente técnica, eles espelham uma cínica posição de<br />
falsa ignorância dos autores quanto à verdadeira natureza dos objetos do trabalho:<br />
poderiam eles não saber – com todo o know-how infra-estrutural envolvido<br />
– que o que se denomina no projeto “duchas especiais” destinava-se na<br />
verdade a câmaras de gás? Poderiam eles não compreender o destino que se<br />
daria aos barracões de “moradia” isentos de janelas, dispostos em blocos de<br />
esmagadora uniformidade? A planta de situação (em escala 1:2000) assinala<br />
com descarado cinismo “jardins” decorativos na cabeceira de cada bloco; mas<br />
define abertamente como “appel platz” (praça da chamada) o espaço aberto<br />
onde se levava a cabo a cotidiana contagem dos prisioneiros. E que dizer das<br />
instalações de vigia e de segregação; do ramal ferroviário que penetrava no<br />
recinto para descarregar a carga humana sobre cuja proveniência e destino<br />
ninguém poderia deixar de indagar?<br />
A exposição é mais um testemunho da tremenda singularidade do genocídio<br />
dos judeus da Europa: pois não se tratou “somente” de chacina em massa,<br />
típica de operações bélicas ou situações de repressão sob o fundo de conflitos<br />
políticos. Tratou-se sim de um programa ideologicamente enunciado e planejado<br />
em seus aspectos logísticos, em nível de uma macabra estrutura técnica e<br />
burocrática organizada para movimentar uma indústria da morte que funcionasse<br />
com a máxima “eficiência”.<br />
Num momento em que arquitetos de todo o mundo competem entre si para<br />
chegar a extremos de arbitrariedade conceitual e formal em suas obras cada<br />
vez mais afastadas de um objetivo significado social, e em que o simbólico e o<br />
expressivo se sobrepõem a qualquer consideração de utilidade e funcionalidade,<br />
é tristemente significativo que uma exposição secamente profissional de<br />
arquitetura e construção nos leve a refletir sobre os limites da legitimidade do<br />
argumento funcional no atuar do arquiteto, e transporte o “funcional” para um<br />
grau de simbolismo celebrativo que é mais eloqüente do que qualquer gesto<br />
espacial e do que qualquer retórico vocabulário figurativo.<br />
* Vittorio Corinaldi é arquiteto e reside em Tel Aviv, Israel.
eis dias depois das cerimônias<br />
pelos 65 anos<br />
da libertação do campo<br />
de Auschwitz-Birkenau<br />
instalado em 1940<br />
pela Alemanha nazista<br />
no sul da Polônia ocupada,<br />
o letreiro roubado em 18 de dezembro<br />
de 2009 foi restituído ao museu.<br />
A polícia polonesa encontrou a<br />
placa com a inscrição “Arbeit macht<br />
frei”, roubada na entrada do campo<br />
nazista de extermínio em Auschwitz-<br />
Birkeneau, no sul da Polônia. Cinco<br />
homens de idades entre 20 e 39 anos<br />
foram presos. A inscrição foi encontrada,<br />
cortada em três pedaços, conforme<br />
a declaração da Polícia de Cracóvia.<br />
A placa com a frase em alemão<br />
quer dizer “o trabalho liberta” e simboliza<br />
o cinismo sem limites da Alemanha<br />
nazista.<br />
O roubo foi considerado uma verdadeira<br />
profanação. “Foi um ato abominável<br />
que remete à profanação e<br />
que constitui um novo testemunho do<br />
ódio e da violência contra os judeus”,<br />
disse Sylvan Shalom, ministro israelense<br />
do Desenvolvimento Regional.<br />
O Memorial do Holocausto em<br />
Jerusalém (Yad Veshem) também<br />
manifestara sua indignação.<br />
O roubo aconteceu na madrugada<br />
de 18 de dezembro de 2009, mas, poucos<br />
dias depois, a Polícia polonesa localizou<br />
o letreiro escondido em uma<br />
casa de campo e deteve os cinco autores<br />
materiais do furto. Os cinco ladrões,<br />
todos poloneses, são acusados<br />
de crime organizado, roubo e danos ao<br />
patrimônio universal da Organização<br />
das Nações Unidas para a Educação,<br />
a Ciência e a Cultura (Unesco), já que,<br />
após se apropriar da inscrição, a quebraram<br />
em três partes para facilitar o<br />
transporte e ocultação.<br />
A frase foi popularizada pelo pastor<br />
alemão Lorenz Diefenbach, que<br />
morreu em 1886, em seu livro “Arbeit<br />
Macht Frei”, para levantar a moral dos<br />
trabalhadores, mas foi reutilizada<br />
pelos nazistas em 1930, no início, com<br />
fins de propaganda na luta contra o<br />
elevado desemprego na Alemanha,<br />
mas, anos mais tarde, se converteu<br />
num slogan dos campos de trabalho<br />
e extermínio alemães. A ideia de usála<br />
nos campos é atribuída ao SS Theodor<br />
Eicke, um dos chefes da concepção<br />
e organização das redes de campos<br />
nazistas.<br />
“Arbeit macht frei” figurava na<br />
entrada dos campos de Dachau,<br />
Gross-Rosen, Sachsenhausen, Theresienstadt,<br />
Flossenburg e Auschwitz,<br />
o maior de todos os cam-<br />
pos de extermínio.<br />
Fabricada em julho de 1940 por<br />
um prisioneiro polonês, o ferreiro Jan<br />
Liwacz, a inscrição de Auschwitz é de<br />
aço, mede cinco metros e tem uma<br />
particularidade: a letra B da palavra<br />
Arbeit está invertida.<br />
Segundo uma interpretação perpetuada<br />
pelos sobreviventes, o B invertido<br />
simbolizava insubmissão e a<br />
resistência à opressão nazista.<br />
Quando, em 27 de janeiro de 1945,<br />
o exército soviético libertou Auschwitz,<br />
a inscrição foi desmontada e ia ser<br />
levada para o Leste de trem. No entanto,<br />
Eugeniusz Nosal, um prisioneiro<br />
polonês recém-libertado, subornou<br />
um guarda soviético com uma garrafa<br />
de vodca para recuperá-la.<br />
Escondida durante dois anos na<br />
prefeitura de Oswiecim (nome polonês<br />
do campo de Auschwitz), a inscrição<br />
voltou a seu lugar original em<br />
1947, quando o campo de extermínio<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Recuperada a inscrição roubada de Auschwitz<br />
Brasil impede sanções contra o programa atômico iraniano<br />
Segundo o jornal Le Monde, corre<br />
nos bastidores diplomáticos europeus<br />
que a postura brasileira tem dificultado<br />
a imposição de novas sanções ao<br />
Irã pelo Conselho de Segurança (CS)<br />
da ONU. A informação foi divulgada<br />
na edição do dia 8/2 do principal jornal<br />
francês. Os governos de Paris,<br />
Londres e Washington estariam fazendo<br />
gestões para que o Itamaraty reveja<br />
sua posição. Os frequentes contatos<br />
entre o chanceler Celso Amorim<br />
e os diplomatas iranianos é visto como<br />
um canal de diálogo entre o Ocidente<br />
e Teerã, mas, para os europeus, o diálogo<br />
tem um “limite”.<br />
Celso Amorim pajeia Ahmadinejad:<br />
Mesmo os fatos consumados não<br />
impedem o apoio do Itamaraty à marginalidade<br />
iraniana. Ainda segundo a<br />
matéria, somente a unanimidade co-<br />
A inscrição "Arbeit mach Frei" roubada e recuperada, foi restituída à entrada<br />
do campo de Auschwitz<br />
locaria pressão sobre a China, país<br />
que é membro permanente do CS e<br />
detentor do poder de veto. A China<br />
vem demonstrando que não está disposta<br />
a apoiar novas sanções contra<br />
o Irã. Segundo a França, é necessária<br />
uma atuação em bloco dos membros<br />
do CS para que uma resolução<br />
seja aprovada. EUA e França renovaram<br />
ontem a exigência de punição a<br />
Teerã, depois que os iranianos anunciaram<br />
planos para enriquecer seu<br />
próprio urânio.<br />
Para ser aprovada, uma resolução<br />
precisa de 9 dos 15 votos do Conselho,<br />
incluindo os cinco votos dos membros<br />
permanentes (a abstenção não é<br />
considerada veto). Além do Brasil, que<br />
assumiu uma cadeira em janeiro, a<br />
Turquia e a Nigéria, países de maioria<br />
muçulmana, também membros não-<br />
permanentes, tendem a apoiar a continuação<br />
das negociações. O Líbano,<br />
cujo governo é formado por uma coalizão<br />
com o grupo terrorista xiita Hezbolá<br />
(financiado pelo governo iraniano),<br />
é outro país que dificilmente votaria<br />
em favor de sanções.<br />
O governo brasileiro vem assumido<br />
uma posição de apaziguamento,<br />
com a pretensão de se tornar um interlocutor<br />
entre o Irã e o Ocidente. O<br />
Itamaraty defende um acordo para a<br />
troca de urânio enriquecido por combustível<br />
nuclear com o Irã, mas a revelação<br />
de que Teerã está enriquecendo<br />
urânio a 20% praticamente enterra<br />
esta possibilidade.<br />
Em Brasília, o Itamaraty reforçou<br />
sua posição em favor do diálogo entre<br />
o Irã e o Sexteto – EUA, França, Grã-<br />
Bretanha, China, Rússia e Alemanha –<br />
virou museu e memorial.<br />
Entre 1940 e 1945, o regime nazista<br />
alemão exterminou 1,5 milhão<br />
de pessoas em Auschwitz-Birkenau,<br />
dos quais 1,1 milhão eram judeus.<br />
Recuperar a inscrição é “uma questão<br />
de honra”, diz o comando de Polícia<br />
de Oswiecim. Enquanto a placa<br />
roubada não era recuperada, foi colocada<br />
uma réplica do original, à espera<br />
da recuperação da placa roubada.<br />
Alemanha Alemanha condena<br />
condena<br />
Foto: EFE/Jacek Bednarczyk<br />
O governo alemão condenou o<br />
roubo da placa com a inscrição “Arbeit<br />
macht frei” da entrada do antigo<br />
campo de extermínio nazista de Auschwitz,<br />
e chegou a oferecer seu apoio<br />
para recuperá-la.<br />
“A Alemanha, consciente de sua<br />
responsabilidade histórica, apoia a<br />
conservação de Auschwitz como museu<br />
e local de lembrança das vítimas<br />
do nazismo”, declarou um porta-voz.<br />
sobre o acordo de troca de urânio por<br />
combustível nuclear. Amorim disse que<br />
falou recentemente com o secretário<br />
de Estado da França para Assuntos<br />
Europeus, Pierre Lellouche. Segundo o<br />
chanceler brasileiro, apesar da posição<br />
dura da França sobre o Irã, em nenhum<br />
momento ouviu de seu interlocutor que<br />
não havia mais espaço para o diálogo.<br />
— Considero que não estão esgotadas<br />
as possibilidades de se alcançar<br />
uma posição comum entre o Irã e o Sexteto<br />
– afirmou Amorim, por meio de sua<br />
assessoria de imprensa. A posição indica<br />
que o Brasil não apoiará novas sanções<br />
no Conselho.<br />
O presidente iraniano, Mahmoud<br />
Ahmadinejad, visitou o Brasil em novembro.<br />
Já o presidente Luiz Inácio Lula<br />
da Silva pretende retribuir a visita indo<br />
a Teerã em maio. (ArtiSion).<br />
17<br />
Técnicas do laboratório de<br />
criminalística da polícia de<br />
Cracóvia, Polônia, Aldona<br />
Wojciechowicz-Bratko (e), e<br />
Magdalena Michlik, (d),<br />
inspecionam a placa que dava as<br />
boas-vindas ao campo de<br />
concentração de Auschwitz, ("O<br />
trabalho os fará livres"), em 4 de<br />
janeiro de 2010. A polícia<br />
polonesa recuperou em 21 de<br />
dezembro de 2009 o letreiro que<br />
presidia a entrada do antigo<br />
campo de extermínio nazista de<br />
Auschwitz, roubado três dias<br />
antes, numa operação em que<br />
contou com a colaboração de<br />
cidadãos, fundamental para a<br />
restituição ao seu lugar este<br />
símbolo do Holocausto
18<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
O escritor gaúcho Moacyr Scliar foi o ganhador da 51ª edição do<br />
Prêmio Jabuti, na categoria de melhor livro de ficção com "Manual<br />
da Paixão Solitária". Na categoria melhor livro de não ficção,<br />
o ganhador foi "Monteiro Lobato: Livro a Livro", organizado<br />
pela professora e crítica literária Marisa Lajolo e pelo professor<br />
João Luís Ceccantini.<br />
O escritor Moacyr Scliar, que publica crônicas semanalmente no<br />
Moacyr Scliar e Marisa Lajolo jornal Folha de S.Paulo, já havia vencido, com "Manual da Paixão<br />
Solitária", o Jabuti do ano passado na categoria romance.<br />
Considerado o mais importante prêmio literário do país, o Jabuti é concedido pela Câmara Brasileira<br />
do Livro, que distribui R$ 30 mil para os ganhadores das categorias de melhor ficção e não ficção.<br />
O coronel-médico Sérgio Idal Rosenberg<br />
transmitiu ao tenente-coronelmédico<br />
Walter Kischinhevsky o cargo<br />
de diretor do Hospital de Aeronáutica<br />
de Belém. A cerimônia militar para a<br />
troca da Direção da Unidade ocorreu<br />
em 12/1. O tenente-coronel Kischinhevsky<br />
é filho do brigadeiro - medico<br />
Waldemar Kischinevsky, z"l, primeiro<br />
Oficial-General judeu da FAB.<br />
O tenente-coronel-aviador Carlos Duek<br />
foi nomeado para o cargo de Comandante<br />
do Segundo Esquadrão do Quinto<br />
Grupo de Aviação 2º/5º GAV - da I Força<br />
Aérea, situado na Base Aérea de Natal,<br />
em Parnamirim - RN, II COMAR. Aos<br />
três distintos Oficiais da FAB votos de<br />
sucesso e mazal tov em suas carreiras.<br />
As informações são de Israel Blajberg.<br />
Marlene Sirotsky, esposa do presidente<br />
emérito do Grupo RBS, Jayme Sirotsky,<br />
que faleceu em Boca Raton, nos Estados<br />
Unidos, foi sepultada em Porto Alegre,<br />
em meio a forte comoção. Os atos<br />
fúnebres foram realizados no Cemitério<br />
da União Israelita Porto Alegrense.<br />
Dona Marlene tinha 72 anos e passava<br />
férias na Flórida, na companhia de Jayme.<br />
Ela faleceu em consequência de<br />
uma parada cardíaca.<br />
As famílias Lorber e Coelho comemoraram<br />
as formaturas de Gabriel Lorber, em<br />
medicina, e Marta Coelho em arquitetura.<br />
Aos formandos e seus pais nosso<br />
Mazal Tov!<br />
Realizou-se na Cidade do Panamá a 12ª<br />
Convenção da UJCL, União das Comunidades<br />
da América Latina e do Caribe,<br />
de 27 a 31 de janeiro de 2010. A convenção<br />
teve como tema este ano<br />
"Construindo a comunidade no século<br />
XXI: desafios e Oportunidades". O<br />
evento contou com a participação de<br />
mais de 180 líderes judaicos da América<br />
Latina. A delegação de Curitiba foi<br />
integrada pelo rabino Pablo Berman,<br />
por Sara Schulman, presidente do Instituto<br />
Cultural Judaico Brasileiro Bernardo<br />
Schulman, e pela presidente da<br />
Kehilá, Esther Proveler.<br />
A Federação Israelita do Paraná, ao dar continuidade em<br />
suas ações e projetos para o ano de 2010, consoante com<br />
sua plataforma responsiva e de difusão dos valores judaicos,<br />
comunica que passará a contar com a participação<br />
dos seguintes novos diretores, nomeados "ad hoc" pela<br />
Presidência e que se juntarão aos já atuantes diretores<br />
estatutários na condução da entidade: Ari Zugman e Artur<br />
Grynbaum (diretores institucionais), Fernando Muniz<br />
(diretor jurídico), Helcio Kronberg (Programa Shalom Paraná)<br />
e Joel Troib (diretor administrativo).<br />
Além destes novos diretores, a atual Diretoria da FEIP é<br />
composta também por: Manoel Knopfholz (presidente);<br />
Nathan Kulisch e Leo Kriger (vice-presidentes); Sidney<br />
Axelrud e Fernando Brafman (secretários); Davi Knopfholz,<br />
Isac Polikar, Isac Baril (conselheiros fiscais); Anna<br />
Troib Penteado (coordenadoria executiva). O Programa<br />
Shalom Paraná tem ainda como produtores Danielle Sommer,<br />
Diana Axelrud, Leo Kriger e Marina Feldman.<br />
De 23 a 27 de janeiro o Governo de Israel promoveu um<br />
Seminário de Segurança Pública para os Secretários de<br />
Segurança Pública Estaduais e os Comandantes Gerais<br />
das Polícias Militares do Brasil, além de outras autoridades<br />
brasileiras.<br />
Participaram do evento os Secretários de Segurança<br />
Pública, Comandantes das Polícias Militares e Autoridades<br />
de algumas das cidades sedes dos jogos da Copa<br />
do Mundo de 2014: Rio de Janeiro, Minas Gerais, São<br />
Paulo, Amazonas, Ceará, Bahia, Mato Grosso e Rio Grande<br />
do Sul.<br />
O Seminário teve como objetivo apresentar os assuntos<br />
e a experiência em Segurança Pública que Israel vem<br />
adquirindo nos últimos anos nas áreas de inteligência,<br />
operacional e tecnológica. Dentre os assuntos apresentados,<br />
destacam-se: segurança em áreas urbanas, em<br />
eventos esportivos, segurança dos transportes e assuntos<br />
de contraterrorismo.<br />
O Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar - Ciam, presidido<br />
por Anna Schvartzman, e a Acredite - Amigos<br />
da Criança com Reumatismo, que tem como vice-presidente<br />
Ana Feffer, promoveram no dia 23 de fevereiro,<br />
junto com a Takla Produções, a avant-premiére de<br />
'O Rei e Eu', um mega espetáculo para toda a família<br />
que conta com um elenco de mais de 60 atores, incluindo<br />
15 crianças, 500 figurinos orientais.<br />
Deu no Jornal Alef: "A revista da TV, de O Globo, publicou<br />
o perfil pessoal dos concorrentes do programa "Big<br />
Brother Brasil 10". Apenas o do judeu Michel Turtchin<br />
consta "ascendência judaica". O dos demais não tem<br />
nenhuma referência à religião..."<br />
Com a presença de rabinos e de algumas das principais lideranças da comunidade<br />
judaica, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab sancionou o<br />
Projeto de Lei 129/09 que institui o "Dia Municipal em Memória às Vítimas<br />
do Holocausto". Em seu discurso, o vereador Floriano Pesaro, autor da<br />
lei, lembrou a história de sua família, que também foi vítima dos horrores<br />
da guerra. Na época, outras famílias, como Camerine, Muscati e Bolafi,<br />
também vieram para o Brasil.<br />
O vereador paulistano Floriano Pessaro ressaltou que, naquela época, todos<br />
já sofriam com as leis raciais na Itália. "A perseguição aos judeus foi<br />
implacável. Não é possível esquecer". Com a sanção, o "Dia Municipal em<br />
Memória às Vitimas do Holocausto" passa a ser comemorado anualmente<br />
em 27 de janeiro, com homenagens e eventos de divulgação.<br />
Sobrevivente de Auschwitz, Ben Abraham, presidente da Sherit Hapleitá,<br />
disse que devemos sempre "aprender com o passado, para viver o presente<br />
e enfrentar o futuro com cabeça erguida. Cabe aos jovens este<br />
trágico legado para que nunca se permita que o Holocausto aconteça de<br />
novo". Também falaram Boris Ber, presidente da Federação Israelita de<br />
S. Paulo (Fisesp), Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita<br />
do Brasil/Conib e do Hospital Albert Einstein.<br />
Ao final da cerimônia na Prefeitura, os presentes acenderam a quarta<br />
vela da Festa das Luzes (Chanuká), enquanto o rabino Henrique Begun<br />
fez uma bênção em hebraico.<br />
Dia do Holocausto também foi lembrado no Paraná. A Loja Chaim<br />
Weizmann da B'nai B'rith do Paraná, a Kehilá e a Federação Israelita<br />
do Paraná realizaram uma cerimônia na Sinagoga do CIP, seguida<br />
de kidush, com a presença de 100 pessoas. Na ocasião, o<br />
sobrevivente Moyses Jakobson acendeu uma das velas . Entre os<br />
presentes, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, o<br />
deputado Nelson Justus. Ele foi homenageado com uma chanukiá<br />
e uma gravura do artista Aristides Brodeschi. Em 2009, a<br />
B'nai B'rith solicitou ao deputado Nelson Justus que a data de 27<br />
de janeiro fosse instituída formalmente no calendário do Paraná.<br />
A parte religiosa foi conduzida pelo rabino Michael Leipziger.<br />
Miguel Krigsner e Roland Hasson entregam<br />
uma gravura com tema judaico como presente<br />
ao deputado estadual Nelson Justus,<br />
presidente à cerimônia de recordação das<br />
víitimas do Holocausto<br />
O vice-presidente José Alencar, no dia 16/12, quando estava no<br />
exercício da Presidência sancionou a lei que institui o dia 18 de<br />
março como a data de celebração da imigração judaica no Brasil. O<br />
projeto de lei é de autoria do deputado federal Marcelo Itagiba<br />
(RJ). Estiveram presentes à solenidade diversas autoridades e lideranças<br />
da comunidade judaica.<br />
O dia 18 de março faz referência à data em que foi reinaugurada a<br />
sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel, em Recife, PE, a primeira do país. Na<br />
ocasião os rabinos Michel Schlesinger (SP) e Sergio Margulies (RJ) acenderam<br />
as velas de Chanucá, na Chanukiá (candelabro de nove braços)<br />
presenteada pela Congregação<br />
Israelita Paulista (CIP).<br />
O presidente Alencar acendeu<br />
a quinta vela, representando<br />
o quinto dia da festividade<br />
judaica, que comemora<br />
o milagre do pequeno<br />
cântaro de óleo durou oito<br />
dias, permitindo acender as<br />
velas no Templo de Jerusalém,<br />
que havia sido conquistado<br />
pelos gregos e retomado<br />
pelos judeus.<br />
O rabino Michael Leipziger assiste o<br />
sobrevivente do Holocausto Moisés Jakobson<br />
acender uma das seis velas em lembrança<br />
dos seis milhões de judeus assassinados<br />
pelos nazistas, durante s cerimônias de<br />
recordação realizada na Sinagoga do CIP<br />
O vice-presidente José Alencar assina a lei que institui o dia<br />
18 de março como a data de celebração da imigração judaica<br />
no Brasil. A direita com o deputado Marcelo Itagiba, Lea<br />
Lozinsky, presidente Federação Israelita do Estado do Rio de<br />
Janeiro (à esquerda) e à direita, em segundo plano, o<br />
jornalista Osias Wurman, cônsul honorário de Israel no Rio<br />
Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br
urante cerca de duas<br />
horas, o papa Bento 16<br />
realizou no domingo 17/<br />
1 sua primeira visita à<br />
sinagoga de Roma – gesto<br />
que o Vaticano espera<br />
ser visto como um marco nas relações<br />
entre as religiões católica e judaica.<br />
Essa foi a terceira visita do papa<br />
a um templo judaico desde que assumiu<br />
a Santa Sé em 2005. No entanto,<br />
as relações com os judeus atravessam<br />
uma crise. O pontífice insiste em<br />
levar adiante planos de canonizar o<br />
papa Pio 12, que dirigiu a igreja católica<br />
durante a Segunda Guerra Mundial,<br />
contra protestos judeus.<br />
Grupos judaicos se sentem<br />
agravados pela iniciativa, já que<br />
Pio 12 é acusado de não ter se esforçado<br />
o suficiente para criticar o<br />
Holocausto nazista.<br />
No entanto, Bento 16 foi recebido<br />
por líderes judeus de Roma e internacionais.<br />
O Vaticano, por sua vez, alega<br />
que registros históricos comprovariam<br />
que o papa ajudou muito judeus.<br />
A sinagoga de Roma, próxima ao<br />
Vaticano, é considerada lar espiritual<br />
da mais antiga comunidade judaica<br />
fora de Israel. A visita de Bento 16 é<br />
apenas a segunda de um papa ao local<br />
em toda a história.<br />
O papa Bento 16 prestou uma<br />
homenagem diante da placa que<br />
lembra a deportação de milhares de<br />
judeus da Itália aos campos de extermínio<br />
nazistas durante a Segunda<br />
Guerra Mundial. Uma coroa de flores<br />
foi depositada em nome do pon-<br />
tífice por um de seus assistentes<br />
diante da placa que recorda a deportação<br />
dos judeus do “gueto” de<br />
Roma em 16 de outubro de 1943 para<br />
os campos concentração.<br />
A presença dele aconteceu 24<br />
anos depois de uma visita de João<br />
Paulo II à Grande Sinagoga de Roma.<br />
Este foi um gesto simbólico, já que<br />
alguns historiadores, muitos deles<br />
judeus, acusam o pontífice da época,<br />
Pio 12, de ter ficado silêncio durante<br />
o Holocausto nazista e criticam o desejo<br />
do Papa alemão de beatificá-lo.<br />
Vários líderes religiosos judeus<br />
já pediram a interrupção do processo<br />
de beatificação de Pio 12 pelo<br />
menos por uma geração, por ferir os<br />
sobreviventes dos campos de concentração<br />
ainda vivos.<br />
O presidente das Comunidades<br />
<strong>Judaica</strong>s de Roma, Riccardo Pacifici,<br />
aproveitou a visita para pedir a Bento<br />
16 a abertura dos arquivos sobre o<br />
controverso papa Pio 12.<br />
“O silêncio de Pio 12 diante do<br />
Holocausto ainda nos machuca, é<br />
algo que ainda falta”, disse Pacifici,<br />
ao abordar um dos temas de maior<br />
divergência entre católicos e judeus.<br />
“Talvez (a palavra do Papa) não<br />
tivesse servido para interromper os<br />
trens da morte, mas teria sido um sinal,<br />
uma palavra de alívio, de solidariedade<br />
humana, para nossos irmãos<br />
que eram transportados para o campo<br />
de Auschwitz”, acrescentou diante<br />
do pontífice alemão.<br />
“Com a esperança de alcançar um<br />
ponto de vista compartilhado, desejamos<br />
com todo respeito que os historiadores<br />
tenham acesso aos arquivos<br />
do Vaticano sobre este período e<br />
sobre os eventos posteriores à queda<br />
da Alemanha nazista”.<br />
Discurso Discurso do do P PPapa<br />
P apa<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Papa faz visita histórica à sinagoga em Roma<br />
Templo é o mais antigo lar espiritual judeu fora de Israel<br />
Mas Bento 16 afirmou em seguida<br />
que o Vaticano “também socorreu,<br />
com frequência de maneira oculta e<br />
discreta”, os judeus durante o nazismo,<br />
em uma resposta às críticas ao<br />
silêncio de Pio 12.<br />
No discurso, o Papa recordou a<br />
deportação de milhares de judeus da<br />
capital e “a horrenda agonia dos que<br />
foram assassinados no campo de extermínio<br />
de Auschwitz”.<br />
“Como esquecer seus rostos,<br />
suas lágrimas, o desespero de homens,<br />
mulheres e crianças?”.<br />
“A Sede Apostólica também socorreu,<br />
com frequência de maneira oculta<br />
e discreta”, disse.<br />
“Infelizmente muitos foram indi-<br />
ferentes, mas muitos outros, entre<br />
eles numerosos católicos italianos,<br />
sustentados pela fé e os ensinamentos<br />
cristãos, com coragem abriram<br />
os braços para socorrer os judeus<br />
perseguidos e que fugiam,<br />
mesmo sob risco de perder a própria<br />
vida”, completou o Papa, que foi<br />
aplaudido várias vezes.<br />
“A memória destes eventos nos<br />
obriga a reforçar os laços que nos<br />
unem, para que cresça a compreensão,<br />
o respeito e a aceitação”, concluiu.<br />
No início da visita, Pacifici pediu<br />
o respeito a um minuto de silêncio<br />
em memória das vítimas do terremoto<br />
no Haiti.<br />
O líder judeu, que recebeu ao lado<br />
de outras personalidades religiosas<br />
judaicas, como o rabino Riccardo De<br />
Segni, papa Bento 16 em sua primeira<br />
visita à sinagoga da capital, fez um<br />
pedido de solidariedade a todos, judeus<br />
ou não.<br />
“É preciso ajudar a população do<br />
Haiti e as milhares de vítimas e pessoas<br />
que ficaram desabrigadas”, disse.<br />
Iraque quer eliminar identidade<br />
judaica de túmulo de profeta Tumbas de profetas judeus no Iraque<br />
Localizado ao sul de Bagdá, o<br />
santuário de Al-Kifl, onde fica o túmulo<br />
do profeta judeu Ezequiel, está ameaçado<br />
de perder sua identidade judaica.<br />
Durante séculos, o templo foi reverenciado<br />
por fiéis dos três grandes credos monoteístas<br />
(judaísmo, cristianismo e islamismo).<br />
Mesmo quando foi construído<br />
um minarete no local, no século XIV, as<br />
características judaicas - inscrições, ornamentos<br />
e um arco da Torá, o Pentateuco,<br />
foram preservadas. Quase toda a<br />
comunidade judaica deixou o Iraque há<br />
60 anos, mas os muçulmanos xiitas sempre<br />
cuidaram bem do templo. Agora, as<br />
autoridades iraquianas responsáveis<br />
pelo patrimônio histórico querem construir<br />
uma grande mesquita sobre o topo<br />
do túmulo do profeta, eliminando as inscrições<br />
e ornamentos judaicos.<br />
A informação, divulgada pela agência<br />
de notícias iraquiana Ur, e foi confirmada<br />
pelo professor Shmuel Moreh, da Universidade<br />
Hebraica de Jerusalém. “Um professor<br />
alemão me revelou que algumas<br />
inscrições hebraicas foram cobertas por<br />
uma camada de argamassa e que uma<br />
mesquita será construída no topo do túmulo”,<br />
disse Moreh, presidente da Associação<br />
de Acadêmicos Judeus do Iraque.<br />
A mídia do Iraque alega que o local<br />
será reformado por conta das condições<br />
precárias, mas Shelomo Alfassa, diretor<br />
da organização norte-americana Justiça<br />
para Judeus de Países Árabes, acredita<br />
que as autoridades iraquianas “estão<br />
sendo pressionadas por extremistas religiosos<br />
islâmicos para que sejam apagadas<br />
todas as evidências de conexão<br />
entre o judaísmo e o Iraque”. Mais informações<br />
através do link:<br />
http://www.jpost.com/servlet/Satellite?<br />
cid=1263147896786&pagename=JPost<br />
%2FJPArticle%2FShowFull<br />
O rabino De Segni dá as boas vindas a Bento 16<br />
O jornal israelense Yediot Acharonot publicou recentemente<br />
fotografias das tumbas de profetas judeus<br />
no Iraque como sendo de Daniel, Ezequiel e Ezra<br />
Hasofer. Estes lugares próximos de Basra e no norte<br />
do Iraque, são cuidados por muçulmanos xiitas que<br />
consideram os mesmos como santos.<br />
Eis aqui algumas das fotografias publicadas naquele<br />
jornal:<br />
Na tumba do profeta Daniel, o<br />
da cova dos leões, é proibido<br />
entrar de sapatos<br />
O Papa chega à Sinagoga de Roma<br />
A tumba do profeta Ezequiel, no<br />
Iraque, está ameaçada de perder<br />
suas características judaicas<br />
Xiitas pressionam para apagar as<br />
evidências judaicas no Iraque<br />
Os textos antiquíssimos em<br />
hebraico na tumba de Ezequiel<br />
correm risco de sumircom as<br />
construção de uma mesquita<br />
19
20<br />
* Avraham<br />
Tsvi<br />
Beuthner é<br />
rabino,<br />
escritor e<br />
frequentemente<br />
escreve<br />
artigos para<br />
jornais,<br />
revistas e<br />
blogs.<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
esde quando guerra<br />
é equação de matemática?<br />
Guerra é<br />
“causar o máximo de<br />
dano ao inimigo (se<br />
possível com um mínimo<br />
de casualidades em relação ao nosso<br />
lado), de modo que o inimigo<br />
seja derrotado e deixe de nos atacar”.<br />
A guerra dos Estados Unidos<br />
contra o Iraque foi “proporcional”?<br />
A invasão do Iraque ao Kwait foi? E<br />
a guerra da Rússia contra a Geórgia?<br />
Por outro lado, ser mais fraco<br />
não significa que você tem mais<br />
moral. Se você é fraco militarmente<br />
e por isso resolve ficar matando<br />
civis com ataques terroristas, homens-bomba<br />
ou com foguetes e<br />
mísseis, isto significa que você tem<br />
“razão” ou será que isto significa<br />
que você é, simplesmente, “um criminoso<br />
terrorista fraco e covarde”?<br />
Por que eles nunca atacam o exército,<br />
se estão “revoltados” com a<br />
“ocupação”, justamente agora que<br />
não existe ocupação nenhuma em<br />
Gaza? Ou será que foram os civis<br />
que ocuparam Gaza? Bom, os civis<br />
israelenses já foram retirados de lá,<br />
certo? Só dá para explicar os ataques<br />
de Gaza contra Israel de um<br />
jeito: “crime e covardia”.<br />
“Mas aqueles foguetinhos caseiros<br />
Kassam não matam ninguém...”<br />
Matam sim e já morreu muita<br />
gente. Mas mesmo se não matassem,<br />
imagine você vivendo na sua<br />
cidade em qualquer lugar do planeta,<br />
sabendo que a qualquer instante<br />
durante o dia ou a noite poderia<br />
ouvir uma sirene que te avisaria<br />
que daqui a quinze segundos<br />
um míssil pode cair na sua cabeça<br />
— diria o quê, que “Kassam não<br />
mata”? Que é legal viver constantemente<br />
em perigo só por que estes<br />
foguetes são “ostensivamente”<br />
fabricações “caseiras”? Se os ladrões<br />
na sua vizinhança usassem<br />
facas ao invés de revólveres, você<br />
ficaria mais tranquilo?...Desde o<br />
cessar-fogo de 2006 e de 2008 os<br />
terroristas de Gaza continuaram<br />
disparando milhares de foguetes<br />
Kassam contra centenas de milha-<br />
O ataque de Israel à Gaza foi<br />
“desproporcional"?<br />
Avraham Tsvi Beuthner *<br />
Clichês sobre Israel foram usados ad nauseum e ainda são utilizados<br />
res de civis em dezenas de cidades<br />
no sul de Israel — vejam bem: civis!<br />
Nem mesmo a coragem de atirar<br />
em alvos militares eles tiveram!<br />
São 5 a 10 foguetes na sua cabeça<br />
por dia — com cessar-fogo, e uns<br />
50-60 sem... Imagine como uns 50<br />
a 60 Kassams por dia já destruíram<br />
as vidas e a saúde de centenas de<br />
pessoas, se não de milhares. Pessoas<br />
que corajosamente insistem<br />
em continuar vivendo nas suas cidades<br />
apesar das ameaças terroristas<br />
por que esta é a sua terra, a terra<br />
bíblica de seus ancestrais.<br />
“Mas a causa de tudo é o cerco<br />
de Israel a Gaza. Israel deveria permitir<br />
a entrada de ajuda humanitária<br />
a Gaza”.<br />
Que cerco, se eles seguem recebendo<br />
ajuda humanitária inclusive<br />
durante a guerra? Que país em plena<br />
guerra abriria suas fronteiras<br />
para mandar ajuda humanitária ao<br />
seu inimigo? São mais de 100 caminhões<br />
de provisões por dia! Até<br />
mesmo árabes e terroristas feridos<br />
na Faixa de Gaza foram transferidos<br />
do hospital Shifa, em Gaza,<br />
para o Hospital Barzilai, em Ashkelon,<br />
Israel, para serem tratados,<br />
enquanto a própria cidade de<br />
Ashkelon está sendo bombardeada<br />
pelos mísseis Grad e por Katyushas<br />
disparados de Gaza!<br />
Se o governo terrorista do Hamas,<br />
em Gaza, rouba estes caminhões,<br />
se o Egito fecha a sua fronteira<br />
para a população de Gaza, a<br />
culpa é de Israel? Se os túneis subterrâneos<br />
que ligam Gaza ao Egito<br />
e por onde se contrabandeia artigos<br />
de “luxo” (como motocicletas,<br />
televisores, ipods, iphones, etc.),<br />
comida, remédios, drogas, mísseis,<br />
armamentos, veículos militares,<br />
etc., seguem funcionando normalmente<br />
(os que não foram bombardeados,<br />
pois são centenas de túneis)<br />
— dá para falar em “escassez”<br />
ou em “crise humanitária”? O pessoal<br />
de Gaza tem muito mais alimentos<br />
e remédios que muita gente<br />
no nordeste do Brasil ou em dezenas<br />
de países na África!<br />
“Por que Israel simplesmente<br />
não volta a fazer um “cessar-fogo”<br />
com Gaza?”<br />
Voltar a fazer um “cessar-fogo”?<br />
Que cessar-fogo, se durante o “pretenso”<br />
cessar-fogo dos seis meses<br />
anteriores à guerra, a cidade israelense<br />
de Sderot foi bombardeada<br />
com foguetes e Kassams todos os<br />
dias (só que ao invés de 20 foguetes<br />
por dia, foram só uns 5-10...)?<br />
O único problema é que cinco a dez<br />
foguetes por dia em Sderot não dá<br />
notícia em jornal nenhum do mundo...<br />
Ninguém liga para estas coisas.<br />
Agora, neste caso, por mais<br />
que Israel queira viver em paz,<br />
quem declarou o fim da paz (do<br />
cessar-fogo) em 19 de dezembro<br />
passado, foi o governo terrorista do<br />
Hamas em Gaza, não Israel. Até o<br />
Egito e outros países árabes declararam<br />
que a culpa de tudo, pelo<br />
menos desta vez, é do Hamas que<br />
intensificou seus ataques covardes<br />
contra civis em Israel.<br />
“Mas o governo do Hamas não<br />
é terrorista. Ele foi eleito democraticamente!”<br />
É verdade. Houve eleições e eles<br />
ganharam o governo junto com o<br />
Fatah, para governar um país que<br />
ainda não existe. Eles deveriam governar<br />
a “Autoridade Palestina”,<br />
que seria algo como uma “província”<br />
autônoma de Israel... Não só a<br />
comida, como até o dinheiro que<br />
eles usam lá, vem de Israel. Antes<br />
de expulsarem os judeus que viviam<br />
lá, a Faixa de Gaza exportava<br />
comida para a Europa e Estados<br />
Unidos. Todas as fazendas e<br />
estufas que os judeus lá construíram<br />
continuam lá, só que hoje não<br />
produzem mais nada (exceto morangos,<br />
se não me engano). Tudo<br />
virou campo de treinamento militar<br />
para grupos terroristas e lançamentos<br />
de foguetes contra Israel.<br />
Voltando agora ao governo eleito<br />
democraticamente:<br />
Após as eleições, o Hamas fez<br />
um “golpe de estado” e “roubou” a<br />
Faixa de Gaza do Fatah. Como assim?<br />
O Hamas tinha maioria no<br />
governo eleito e o Fatah era o segundo<br />
maior partido eleito, com<br />
vários cargos eleitos, parlamentares,<br />
força policial, funcionários públicos<br />
etc. O que fez o Hamas? Assassinou<br />
friamente membros do<br />
Fatah jogando-os de prédios de<br />
vários andares, fuzilando famílias<br />
de membros e simpatizantes do<br />
Fatah e perseguindo-os, até que<br />
tomou conta da Faixa de Gaza e,<br />
junto com outros grupos terroristas,<br />
seguem atingindo civis (árabes<br />
e judeus) inocentes em Israel. Agora<br />
me diga: isto é democracia?<br />
“Mas Israel atingiu propositadamente<br />
os civis em Gaza!”<br />
Vamos entender melhor esta<br />
questão: Você quer dizer que Israel<br />
fez um bombardeio maciço “no lugar<br />
mais densamente povoado de<br />
todo o planeta” há um ano, destruindo<br />
algumas centenas de alvos<br />
estritamente militares, jogando<br />
centenas de bombas em Gaza e, de<br />
acordo com a ONU e fontes de<br />
Gaza, só matou cerca de 50 civis?<br />
Que, de acordo com a ONU e fontes<br />
de Gaza, 97% dos mortos eram<br />
militares terroristas e não civis? Se<br />
você ainda acha que Israel tem<br />
como objetivo atingir os civis, neste<br />
caso você só pode tirar duas conclusões:<br />
1) Se 97% dos atingidos são militares,<br />
Israel não pretende atingir<br />
os civis.<br />
2) Se o objetivo eram os civis, os<br />
pilotos de Israel não sabem atirar<br />
direito...<br />
Acho que a opção 1 me parece<br />
mais lógica, não? Agora eu lhe pergunto:<br />
o site do exército de Israel<br />
divulgou todos os alvos atingidos,<br />
que incluíam campos de treinamento<br />
militar e locais de armazenamento<br />
de munições e explosivos.<br />
O que é que os civis estavam fazendo<br />
perto de locais tão perigosos?<br />
Ou melhor: por que será que o Hamas<br />
armazena seus explosivos em<br />
mesquitas e escolas públicas e treina<br />
seus militares no meio de áreas<br />
civis? Por que será que Israel, antes<br />
de bombardear estas áreas, tem<br />
que jogar avisos por escrito e pelos<br />
meios de comunicação para os<br />
eventuais civis evacuarem a área?<br />
E por fim: Por que os jornais<br />
mostraram fotos de crianças mortas<br />
em outras ocasiões e locais que<br />
não tem absolutamente nada a ver<br />
com aquela guerra (como as fotos<br />
das crianças do necrotério de Jabalia<br />
que apareceu n”O Globo”)? Para<br />
insinuar que Israel está matando<br />
civis de propósito?
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Um dia em memória das vítimas do Holocausto<br />
Antonio Carlos Coelho *<br />
á poucos dias comemoramos<br />
o Dia Internacional<br />
de Memória<br />
do Holocausto, no<br />
dia 27 de janeiro, data<br />
em que, há 65 anos, os<br />
campos de Auschwitz –<br />
Birkenau foram libertados pelos russos.<br />
A Inglaterra foi o primeiro país a estabelecer<br />
esse dia como um Dia de Memória<br />
do Holocausto. Em 2005 a data<br />
foi internacionalizada pela ONU.<br />
O Conselho Muçulmano Britânico<br />
manifestou-se com contrariedade à<br />
institucionalização de um dia para lembrar<br />
o Holocausto. Alegaram que a Inglaterra<br />
não estava considerando outras<br />
vítimas, como palestinos, ruandeses,<br />
armênios e outros. Não é preciso<br />
ter muitas luzes para perceber que a<br />
intenção do Conselho Muçulmano era,<br />
mais uma vez, culpar Israel pelo sofrimento<br />
do povo palestino.<br />
As manifestações contra a criação<br />
e, principalmente após sua internacionalização,<br />
foram relativamente<br />
grandes, principalmente no Reino<br />
Unido. Em razão disso, desde 2007,<br />
corre na internet a notícia de que a<br />
Inglaterra teria excluído o ensino sobre<br />
o Holocausto das escolas públicas.<br />
Isto nunca ocorreu. É mais uma<br />
mentira que circula na rede. Houve<br />
sim, um debate interno, junto aos órgãos<br />
de educação, sobre o modo de<br />
"Faltam-me palavras para expressar<br />
a indescritível experiência no Yad<br />
Vashem. Aprendemos tantos e tantos<br />
assuntos oportunos e interessantes<br />
conexos à temática da Shoá!". Assim<br />
se expressou o professor Marcelo<br />
Walsh, curitibano professor da Universidade<br />
Católica de Goiás, em Goiânia,<br />
que integrou o Grupo de Educadores<br />
Brasileiros na qualidade de<br />
Amigo e Convidado da B'nai B'rith<br />
para um curso em Israel. Este foi o<br />
primeiro grupo de educadores brasileiros<br />
que participaram do curso no<br />
Yad Vashem. Porém, já houve anteriormente,<br />
participação de pesquisadores<br />
brasileiros integrados em turmas<br />
multinacionais.<br />
O objetivo do curso é fazer professores<br />
brasileiros pensarem na questão<br />
do Holocausto, dentro de formação<br />
acadêmica, atuação profissional,<br />
perspectiva e vivência particulares.<br />
"Os professores, tanto do Yad Vashem,<br />
como da Universidade Hebraica de<br />
Jerusalém foram fantásticos", declarou<br />
Walsh, observando que o curso de<br />
capacitação de professores no Ensino<br />
da Shoá, foi de altíssimo nível, dentro<br />
do mais elevado espírito acadêmi-<br />
tratar a questão em sala de aula. Os<br />
professores reclamavam da dificuldade<br />
que tinham de debater um tema,<br />
tão delicado, com os jovens.<br />
Além do tema ser delicado, há<br />
uma acirrada propaganda antijudaica<br />
que induz erroneamente aos jovens<br />
(não só jovens) equiparar a<br />
morte de palestinos ao sofrimento e<br />
morte das vítimas do Holocausto.<br />
Soma-se a isso, o antissemitismo<br />
histórico impregnado na cultura ocidental<br />
que acolhe propagandas dessa<br />
natureza, e ainda, a exigência de<br />
se ter uma postura chamada de politicamente<br />
correta, deixa o professor<br />
inseguro e temeroso em ferir sensibilidades<br />
- (aqui é preciso salientar<br />
o antijudaismo exclui os judeus<br />
das categorias sensíveis). Diante disso<br />
todo o professor deve estar muito<br />
bem preparado, tanto em conhecimento<br />
histórico como no trato com<br />
valores morais, para falar do Holocausto<br />
em sala de aula e administrar<br />
uma discussão que possa surgir.<br />
Chama a atenção o fato de que o<br />
Conselho Muçulmano Britânico, apesar<br />
de se opor ao Dia da Memória,<br />
não fez nenhuma negação e nem<br />
questionou a veracidade do Holocausto.<br />
“O que fez foi se manifestar politicamente<br />
a favor dos palestinos,<br />
acrescentando armênios, ruandeses<br />
na relação dos “esquecidos”. No entanto,<br />
haveria outros esquecidos que<br />
o Conselho não mencionou: as vítimas<br />
co. Particularmente, ele gostou muito<br />
dos testemunhos de Carlos Plaut e do<br />
Sr. Jacky, de um sobrevivente do Gueto<br />
de Budapeste e de uma mulher de<br />
Sarajevo, considerada Justa entre as<br />
Nações, dos quais, infelizmente, não<br />
recorda os nomes.<br />
Ele diz que apreciou ainda as aulas<br />
de Mário Synai (Yad Vashem) e de<br />
Avraham Milgram (conhecido por Tito<br />
e que é natural de Curitiba) e ainda da<br />
palestra do representante do Escritório<br />
do Simon Wiesenthal Center em<br />
Israel. Os integrantes do curso fizeram<br />
uma excursão interna através do complexo<br />
de prédios do Yad Vashem, quando<br />
aprenderam sobre as esculturas,<br />
fotos, pinturas, monumentos relacionados<br />
à Shoá e também puderam adquirir<br />
livros sobre Shoá.<br />
O programa incluiu uma viagem ao<br />
kibutz Lohamei Haguetaot fundado pelos<br />
combatentes do Gueto de Varsóvia,<br />
onde assistiram ao testemunho de uma<br />
ex-combatente, Chavka Folman-Raban,<br />
e uma palestra da dra. Nora Gaon, que<br />
incluiu ainda a visita ao Museu das<br />
Crianças. O grupo também visitou o histórico<br />
kibutz Ramat Rachel.<br />
de Dafur, do episódio do Setembro<br />
Negro, do massacre à cidade de<br />
Hama, na Síria. Coincidentemente,<br />
são vítimas dos próprios irmãos de fé.<br />
É também da Inglaterra o bispo<br />
ultraconservador, da linha lefebvriana,<br />
vinculado à Fraternidade Sacerdotal<br />
São Pio X que vem, seguidamente negando<br />
o Holocausto. O bispo Richard<br />
Williamson, que foi expulso da Argentina<br />
pelas suas declarações, tem seus<br />
simpatizantes, cerca de 600 mil.<br />
Para o bispo Williamson, com o<br />
Holocausto “uma ordem mundial<br />
completamente nova foi construída”<br />
com base neste “fato”, os judeus, ele<br />
acrescentou, “se transformaram em<br />
salvadores substitutos, graças aos<br />
campos de concentração”. Entendese<br />
que, para o bispo, a aceitação do<br />
Holocausto traz um incômodo à sua<br />
“teologia”. Isto é pior do que negar<br />
o fato por não acreditar, é pior que<br />
negar por razões políticas, como faz<br />
Ahmadinejad. Ele nega por motivações<br />
de uma suposta fé, nega em<br />
nome de sua crença. É um desvirtuado<br />
para si, para a Igreja e para a<br />
Humanidade. Seu discurso é aplaudido<br />
pelos nazistas – suas declarações<br />
ganharam espaço em sites do<br />
ramo. Há, nas suas palavras, não<br />
somente em relação aos judeus, mas<br />
também de ordem moral, características<br />
próprias do nazismo.<br />
Negar o Holocausto, tentar minimizá-lo<br />
ou tentar impor uma sombra<br />
Do grupo de professores brasileiros<br />
participaram também colegas de<br />
Marcelo Walsh no Laboratório de Estudos<br />
sobre Intolerância (LEI/USP)<br />
Samuel Feldberg e Daniela Levy.<br />
Como foi dito no dia do encerramento<br />
do seminário, com a entrega dos<br />
certificados, os participantes se tornaram<br />
Embaixadores do Yad Vashem<br />
no Brasil. O fato constitui uma grande<br />
responsabilidade de cultivar a<br />
memória histórica da Shoá, durante a<br />
qual pereceram seis milhões de judeus<br />
e mais de cinco milhões de nãojudeus<br />
- e da sua relação com a cultura<br />
da paz, coexistência, direitos<br />
humanos e diálogo.<br />
No entendimento do professor<br />
Marcelo Walsh, "Memória e Esperança",<br />
resumiriam tudo o que aprendeu<br />
em termos de conteúdo e, sobretudo,<br />
de reflexão. Ele acredita que<br />
com essa mensagem - particular e<br />
ao mesmo tempo universal - poderá<br />
contribuir decisivamente para a<br />
construção de um mundo melhor,<br />
mais fraterno, justo e solidário, onde<br />
o respeito à diversidade torne-se a<br />
regra universal. E Holocausto nunca<br />
mais! Para ele, "devemos sempre<br />
sobre seu significado somente vem<br />
confirmar a sua grandiosidade como<br />
ato de barbárie contra a Humanidade.<br />
No entanto, as maiores vítimas<br />
fazem parte do povo judeu. Portanto,<br />
não é preciso explicar o porquê da<br />
negação e da minimização do fato. O<br />
sentimento de culpa que paira na comunidade<br />
não judaica levou milhões<br />
de pessoas a se engajarem em trabalhos<br />
de sensibilização e educação<br />
sobre o Holocausto; mas, o mesmo<br />
sentimento de culpa pode, também,<br />
levar alguém, como o bispo britânico,<br />
a negar a existência do fato. Sua<br />
forma de pensar, tão próxima ao nazismo,<br />
senão igual, não o permite,<br />
como bispo e suposto cristão, ter que<br />
carregar essa culpa.<br />
Quando se recorda o maior crime<br />
cometido contra os judeus não se excluem<br />
outras tantas vítimas, cerca de<br />
três milhões, que sofreram e morreram<br />
da mesma forma que a comunidade<br />
judaica da Europa. Acontece que o Holocausto<br />
sintetiza, da forma mais cruel,<br />
dois mil anos de perseguição, preconceitos<br />
e mortes de judeus. Isto dá ao<br />
ato nazista uma dimensão astronômica.<br />
Seus efeitos se perpetuam em muitas<br />
famílias e, portanto, o Holocausto<br />
é algo vivo que ainda se manifesta no<br />
seio da comunidade judaica.<br />
Ao lembrar as vítimas da vontade<br />
nazista é um alerta, agora, graças a<br />
ONU, há uma data universal contra<br />
todas as formas de genocídio que<br />
possam vir a ocorrer.<br />
Yad Vashem promove curso de capacitação sobre<br />
a Shoá para professores brasileiros<br />
dizer não ao<br />
antissemitismo,<br />
à xenofobia,<br />
ao racismo,<br />
aos extremismos<br />
e a<br />
qualquer outro<br />
tipo de intolerância.<br />
A ideia da<br />
realização curso foi da família Politansky<br />
e o evento foi possível realizar<br />
graças aos esforços de Jayme Melsohn,<br />
representante do Yad Vashem no<br />
Brasil, de Jacques Griffel, coordenador<br />
da Marcha da Vida pelo Brasil, de Perla<br />
Hazan, diretora do Yad Vashem para<br />
América Latina e Península Ibérica, de.<br />
Mario Synai e Raquel Orensztajn, do<br />
Yad Vashem), do professor Celso Zilbovicius,<br />
coordenador do Grupo e as<br />
seguintes entidades: B'nai B'rith, Centro<br />
de Cultura <strong>Judaica</strong>, Unibes, Instituto<br />
Unibanco, Universidade de São<br />
Paulo (LEI e LEER), Nova Escola <strong>Judaica</strong>,<br />
Escolas Municipais, Yad Vashem,<br />
Universidade Hebraica de Jerusalém,<br />
Claims Conference, Fundação Família<br />
Adelson, Centro Simon Wiesenthal, Revista<br />
Shalom, El Al e Estado de Israel.<br />
21<br />
* Antônio Carlos<br />
Coelho é<br />
professor<br />
universitário,<br />
escritor, diretor<br />
do Instituto<br />
Ciência e Fé, e<br />
colaborador do<br />
jornal <strong>Visão</strong><br />
<strong>Judaica</strong>.<br />
Marcelo Walsh entre dois colegas do Laboratório<br />
de Estudos sobre Intolerância (LEI) da USP:<br />
Daniela Tonello Levy e Samuel Feldberg
22<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
VISÃO<br />
Comercial do Itaú no Oriente Médio<br />
O novo comercial<br />
de<br />
TV do Banco<br />
Itaú, produzido<br />
pela<br />
agencia<br />
África, mostra<br />
uma<br />
cena típica<br />
panorâmica<br />
Cena do novo comercial do banco Itaú<br />
mostra convivência entre judeus e árabes<br />
em Jerusalém<br />
de Jerusalém Oriental, onde árabes e judeus<br />
guardam suas tradições. A mensagem<br />
do banco visa mostrar que o futebol<br />
é paixão na região e serve para unir os<br />
diferentes. O filme chama-se "Feira" e<br />
tem versões de 60 e de 30 segundos. A<br />
criação e direção é de Nizan Guanaes,<br />
Sergio Gordilho, Cassio Zanatta, Zico<br />
Farina, Paulo Coelho, Eduardo Martins e<br />
Carlos Fonseca. A produção da agência<br />
ficou a cargo de Daniela Andrade e Cecília<br />
Berroja. Da equipe ainda fazem parte:<br />
Marcio Santoro, Renata Brasil e Alba<br />
Pismel (Atendimento), Luiz Fernando<br />
Vieira, Fabio Freitas e Rodrigo Gandini<br />
(Mídia), Pedro Cruz e Carolina Mello (Planejamento),<br />
Breno Silveira (direção do filme),<br />
Adriano Goldman (fotografia), Tim<br />
Maia (produção do filme), Vicente Kubrusly<br />
(montagem e edição), Luciano Kurban<br />
(produção de som). As empresas<br />
Conspiração Digital e Voicez foram responsáveis,<br />
respectivamente pela finalização<br />
e pós-produção, e pelo som. O filme<br />
pode ser assistido em http://<br />
www.youtube.com/watch?v=<br />
2ZuPk4vwNck (Divulgação).<br />
Morre último líder do gueto de Varsóvia<br />
O último comandante da rebelião do gueto<br />
de Varsóvia contra os nazistas, em<br />
1943, Marek Edelman, morreu aos 90<br />
anos, informou o site do jornal polonês<br />
Gazeta Wyborcza. "Ele foi um dos chefes<br />
da insurreição do gueto de Varsóvia,<br />
combatente da rebelião, cardiologista e<br />
militante da oposição democrática na<br />
época da Polônia comunista", disse o jornal.<br />
"Chegou à idade avançada [...] e viveu<br />
sempre consciente da tragédia que<br />
enfrentou. Não posso dizer que era insubstituível,<br />
ninguém o é, mas poucas<br />
pessoas foram como Marek Edelman",<br />
declarou o ex-chefe da diplomacia polonesa<br />
Wladyslaw Bartoszewski. "Quero<br />
apresentar minhas condolências à família<br />
de Marek Edelman, à nação polonesa<br />
e à nação judaica. Ele era nosso herói<br />
comum", declarou à TV estatal Shewah<br />
Weiss, ex-presidente do Parlamento israelense.<br />
(Folha Online).<br />
Por causa de Israel, dirigente<br />
esportivo do Irã renuncia<br />
A imprensa iraniana informou que Mo-<br />
(com informações das agências AP, Reuters, AFP,<br />
EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem Post,<br />
Haaretz, Notícias da Rua Judaíca e IG)<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
• Yossi Groisseoign •<br />
hammad Mansour Azimzadeh Ardebili,<br />
um dos dirigentes esportivos do país<br />
renunciou depois que um e-mail de Ano<br />
Novo enviado por ele aos membros da<br />
Fifa, órgão que rege o futebol no mundo,<br />
foi enviado por engano também para<br />
a Federação de Futebol de Israel. Segundo<br />
os relatos o e-mail supostamente<br />
deveria ser encaminhado a todos os<br />
membros da Fifa, exceto Israel. Ardebili<br />
era diretor do gabinete de Relações<br />
Exteriores da Federação de Futebol do<br />
Irã. O presidente da federação, Ali Kaffashian,<br />
pediu desculpas ao povo iraniano<br />
pelo e-mail, segundo o jornal Tehran<br />
Times. "Foi um grande erro enviar um email<br />
para a federação de futebol de Israel,<br />
porém tenho a certeza de que o<br />
diretor do escritório de relações internacionais<br />
não fez isso de propósito",<br />
disse Kaffashian. No entanto, o governo<br />
acredita que foi intencional. Desde<br />
a revolução de 1979, o Irã não reconhece<br />
Israel, e atletas iranianos evitam<br />
competir contra israelense em competições<br />
internacionais, incluindo as Olimpíadas.<br />
(Artision).<br />
Carter pede desculpas<br />
Depois de passar os últimos anos estigmatizando<br />
Israel, comparando o regime<br />
israelense ao do apartheid sul-africano,<br />
o ex-presidente americano Jimmy<br />
Carter pediu desculpas aos judeus dos<br />
EUA. "Temos de reconhecer as conquistas<br />
de Israel sob circunstâncias difíceis,<br />
ainda que lutemos para que o país melhore<br />
suas relações com as populações<br />
árabes, mas não devemos permitir que<br />
as críticas estigmatizem Israel", escreveu<br />
Carter em sua mensagem. Ele pediu<br />
perdão pelas coisas que disse no<br />
passado e que possam ter contribuído<br />
para que isso acontecesse. Nos EUA dizem<br />
que ele pediu desculpas porque o<br />
filho dele é candidato a deputado. Carter<br />
é claro, nega. (<strong>VJ</strong>).<br />
Ataque antissemita na Argentina<br />
Um grave ataque<br />
ocorreu no dia 21<br />
de dezembro de<br />
2009 a um cemitério<br />
judaico localizado<br />
em San<br />
Luis. Mais uma<br />
vez a Daia, a en-<br />
Ataque ao cemitério judaico de<br />
San Luis, na Argentina foi um dos<br />
mais graves dos últimos anos<br />
tidade máxima representativa da comunidade<br />
judaica argentina expressou sua<br />
enérgica condenação diante do novo<br />
ataque antissemita de extrema gravidade.<br />
Foi uma profanação sem precedentes<br />
na Província de San Luis. Pintaram<br />
palavras antissemitas no muro perime-<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
tral e em 27 sepulturas, com apologia<br />
do nazismo e profusos agravos, incluindo<br />
suásticas e ameaças de morte aos<br />
integrantes da comunidade judaica local.<br />
A Daia observou que é cada vez mais<br />
frequente a reiteração destes gravíssimos<br />
atentados, que sempre permanecem<br />
impunes, e devem merecer o categórico<br />
repúdio de toda a sociedade, assim<br />
como a decidida ação das autoridades<br />
policiais e judiciais para identificar<br />
e punir com todo o rigor da lei os responsáveis.<br />
Um nota exigindo providências<br />
foi assinada por Aldo Donzis, presidente<br />
e Fabián Galante, secretário da<br />
instituição (Daia).<br />
Israel homenageia oficial alemão de "O<br />
Pianista"<br />
O memorial israelense do Holocausto<br />
anunciou homenagem ao oficial alemão<br />
Wilm Hosenfeld, que resgatou o pianista<br />
polonês Wladyslaw Szpilman - fato<br />
documentado no filme "O Pianista", de<br />
Roman Polanski. Já falecido, Hosenfeld<br />
é um dos poucos militares da II Guerra<br />
Mundial a receber o título de "Justo entre<br />
as Nações", entre cerca de 22 mil<br />
pessoas homenageadas por ajudar judeus<br />
a escapar da morte no Holocausto.<br />
O Museu Yad Vashem explicou que, depois<br />
de verificar que ele não participou<br />
de crimes de guerra, apesar de ter exercido<br />
papel militar na ocupação de Varsóvia,<br />
Hosenfeld atuou principalmente<br />
como oficial ligado à área esportiva e<br />
cultural, embora tenha tido algum envolvimento<br />
em interrogatórios. (Jornal Alef).<br />
"O Pianista" - 2<br />
O oficial alemão ajudou a abrigar e alimentar<br />
o pianista Wladyslaw Szpilman,<br />
que anotou a bondade do oficial nazista<br />
em seu diário depois de escapar do<br />
gueto de Varsóvia, onde fora encarcerado<br />
por ser judeu. De acordo com o diário<br />
de outro sobrevivente do Holocausto,<br />
Hosenfeld lhe deu trabalho depois<br />
de ele ter fugido de um trem a caminho<br />
do campo de extermínio de Treblinka,<br />
para onde foram enviados quase todos<br />
os moradores do gueto. Perto do final<br />
da guerra, Hosenfeld foi capturado pelo<br />
Exército Vermelho. Ele morreu numa prisão<br />
soviética em 1952. Diários e cartas<br />
mostram que ele expressou seu "horror<br />
diante do extermínio do povo judaico"<br />
pelo país ao qual serviu. Seus descendentes<br />
na Alemanha receberam um certificado<br />
e uma medalha para documentar<br />
a homenagem. (Jornal Alef).<br />
Liga Árabe reconhece descumprimento<br />
de promessa<br />
A Liga Árabe reconheceu que a maioria<br />
de seus membros descumpriu suas promessas<br />
de ajudar os palestinos durante<br />
o último ano, indicou a organização, em<br />
comunicado. Segundo a nota, apenas<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Jordânia, Egito e Arábia Saudita cumpriram<br />
o que tinha prometido à Autoridade<br />
Palestina (AP), enquanto os outros membros<br />
não fizeram o mesmo. Na conferência<br />
de Doha em março de 2009, os países<br />
árabes se comprometeram a doar<br />
US$ 330 milhões à ANP, dos quais os<br />
palestinos só receberam US$ 18 milhões.<br />
No entanto, a Liga Árabe atribui<br />
este descumprimento à profunda divisão<br />
entre Cisjordânia, controlada pela<br />
AP, e a Faixa de Gaza, controlada pelo<br />
movimento fundamentalista Hamas. Alguns<br />
Estados árabes preferiram apoiar<br />
o Hamas, enquanto outros apoiaram a<br />
AP, considerando que são os legítimos<br />
representantes do povo palestino. A próxima<br />
cúpula da Liga Árabe será nos dias<br />
27 e 28 de março, em Trípoli, capital da<br />
Líbia. (Uol.com.br).<br />
Ministro Nelson Jobim em Israel<br />
O ministro da Defesa do Brasil, Nelson<br />
Jobim, esteve em visita oficial a Israel<br />
do dia 24 até o dia 27 de janeiro de 2010,<br />
e foi em resposta a convite do ministro<br />
da Defesa de Israel, Ehud Barak. No país,<br />
o Ministro teve encontros oficiais com o<br />
presidente de Israel, Shimon Peres, com<br />
o Ministro da Defesa de Israel, com ministro<br />
das Relações Exteriores, Avigdor<br />
Liberman e com a Presidência do Supremo<br />
Tribunal de Israel, além de outras audiências<br />
oficiais e visitas a empresas israelenses<br />
de alta tecnologia, com destaque<br />
para a indústria de aeronaves não<br />
tripuladas. Na ocasião, o Nelson Jobim<br />
marcou presença no Seminário de Segurança<br />
Pública, oferecido pelo Governo de<br />
Israel aos secretários de Segurança Pública<br />
estaduais e aos comandantes gerais<br />
das Polícias Militares do Brasil, além<br />
de outras autoridades brasileiras. (Notícias<br />
da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />
Netanyahu critica Amorim<br />
Em recado ao ministro das Relações<br />
Exteriores do Brasil, Celso Amorim, o<br />
primeiro-ministro israelense Binyamin<br />
"Bibi" Netanyahu criticou a intenção do<br />
governo brasileiro de dialogar com o<br />
grupo radical palestino Hamas. Em encontro<br />
anual com correspondentes estrangeiros,<br />
ele disse que conversar com<br />
o movimento islâmico não é "uma boa<br />
ideia" para o avanço das negociações<br />
de paz. Há duas semanas, na Suíça,<br />
Amorim sugeriu que o Brasil estaria disposto<br />
a dialogar com o Hamas para ajudar<br />
a resolver o impasse no Oriente<br />
Médio. Netanyahu disse saber das boas<br />
intenções do Brasil, mas pediu ao País<br />
que "olhe mais de perto" o que acontece<br />
na região. Ele também criticou a visita<br />
ao país do presidente iraniano Mahmoud<br />
Ahmadinejad. "É verdade que a<br />
paz se faz com inimigos. Mas um inimigo<br />
que só quer lhe cortar em pedaços<br />
não é um parceiro para a paz. O Hamas<br />
e seu padrinho, o regime iraniano, dizem<br />
abertamente que têm como objetivo<br />
nos destruir". (O Estado de S. Paulo).
erroristas do Hamas<br />
continuam atacando<br />
a cidade de<br />
Sderot. Às vezes, esses<br />
ataques ocorrem<br />
domingo à noite, como<br />
o foguete Kassam que atingiu a varanda<br />
e o quintal de uma casa. A<br />
mídia informou que “não houve nenhum<br />
ferimento” nas pessoas dentro<br />
da casa, mas oito anos de ataques<br />
contínuos puseram 20 por<br />
cento da população da cidade sob<br />
cuidados mentais.<br />
Cinco outros foguetes também<br />
explodiram na cidade e nas regiões<br />
de Sdot Negev e de Eshkol. Nenhum<br />
dano foi reportado.<br />
“Quatro mil pessoas em Sderot<br />
estão atualmente sob alguma forma<br />
de cuidados psiquiátricos”, de<br />
acordo com David Bedein, um jornalista<br />
pesquisador que também<br />
possui grau de mestrado em assistência<br />
social e trabalhos de campo.<br />
Cerca de 100 foguetes e mortei-<br />
No dia 5 de setembro passado,<br />
70 jornais dos Estados Unidos, entre<br />
os quais se encontrava o prestigioso<br />
The New York Times, circulou<br />
junto com suas edições, um<br />
controvertido e corajoso DVD denominado<br />
"Obsession" Radical<br />
Islam's War Against The West.<br />
Por iniciativa e apoio da Fundação<br />
Clarion, que se declara uma organização<br />
independente e que não<br />
aceita fundos do governo dos Estados<br />
Unidos, instituições políticas<br />
nem de organizações estrangeiras, 28<br />
milhões de cópias foram distribuídas<br />
no território norte-americano.<br />
O filme documentário estreado<br />
em 2005, que foi dirigido pelo sulafricano<br />
Wayne Kopping e concebido<br />
por Peter Mier com a produção<br />
do israelense-canadense Raphael<br />
Shore e Brett Halperin, explicita<br />
cruamente a ameaça do radicalismo<br />
islâmico para a civilização ocidental.<br />
A particularidade do filme,<br />
é que a totalidade de seu conteúdo<br />
foi extraído da mesmíssima mídia<br />
árabe. Pode-se observar fragmentos<br />
da televisão muçulmana,<br />
com incitações à Jihad global decla-<br />
Kassams e cuidados psiquiátricos<br />
ros explodiram em Sderot e na área<br />
adjacente de Sha’ar HaNegev, desde<br />
o fim da Operação Chumbo Derretido,<br />
que a administração Olmert<br />
declarou que traria paz e devolveria<br />
a calma á região Sul de Israel.<br />
Mais de trinta outros mísseis explodiram<br />
em outras áreas, incluindo<br />
a cidade de Ashkelon.<br />
“As pessoas estão sofrendo de<br />
ansiedade” com os ataques, disse<br />
Bedein. Notando que a mídia subestima<br />
os ataques de foguete que<br />
não “causam nenhum dano ou destruição”,<br />
Bedein explicou: “é difícil<br />
informar milagres”.<br />
Ele notou que ao cobrir a Guerra<br />
do Golfo, em 1991, para rádio<br />
CNN, seus superiores rejeitaram<br />
uma reportagem de manchete sobre<br />
um foguete Scud que destruiu<br />
uma rua e atingiu diversas casas.<br />
“A CNN perguntou quantas pessoas<br />
tinham sido mortas, e eles não<br />
mostraram interesse quando eu<br />
disse que não houve nenhuma fa-<br />
rando sem rubor, o objetivo da dominação<br />
do mundo pelo islã, sermões<br />
em mesquitas e arengas às<br />
multidões a partir dos minaretes,<br />
vociferando morte à América e Israel<br />
e o ensino e incentivo ao ódio<br />
nas madrassas, escolas religiosas<br />
corânicas, de onde saem milhares<br />
de terroristas, ávidos pela tanatomania<br />
em nome de Alá.<br />
"Obsession" também traça um<br />
paralelismo entre o nazismo e os movimentos<br />
fundamentalistas islâmicos,<br />
comparando suas respectivas propagandas<br />
e acusações anti-judaicas.<br />
Provavelmente o medo apavorante<br />
de terroristas radicais islâmicos,<br />
foi a razão pela qual durante<br />
um longo período desde sua realização,<br />
o documentário ganhador<br />
do Best Feature Film 2005, do Liberty<br />
Film Festival, que obteve laudatórias<br />
críticas e outros prêmios<br />
posteriores, não seja conhecido em<br />
muitos países e não teve a repercussão<br />
massa que obteve agora.<br />
Um dos poucos jornais americanos<br />
que se negou a distribuir o<br />
DVD, o St. Louis Post, alegou que<br />
durante 2 anos, o filme perturbou<br />
os muçulmanos. O eufemismo de<br />
temor é cuidado para não ferir a<br />
talidade”, contou<br />
Bedein para o Israel<br />
National<br />
News (INN).<br />
Os estudantes<br />
em Ashkelon<br />
consideram ataque<br />
antes da operação<br />
em Gaza,<br />
numa manhã do<br />
Shabat (sábado)<br />
em sua escola<br />
como um milagre<br />
e recitaram<br />
os salmos na<br />
manhã de domingo por isso.<br />
“Eu não quero nem pensar no<br />
que teria acontecido se o foguete<br />
atingisse a escola no meio da semana,<br />
quando os alunos estavam em<br />
aula”, disse Yitzchak Abrijel, principal<br />
educador da Escola Amit. “Foi<br />
um milagre que aconteceu no Shabat,<br />
quando a escola está fechada”.<br />
Os estudantes chegaram domingo<br />
de manhã à escola pesada-<br />
suscetibilidade dos islamitas, é<br />
amplamente utilizado, e se complementa<br />
com outra desculpa, a de<br />
não ofender os muçulmanos.<br />
Desde logo, não se pode envolver<br />
nem associar toda a freguesia<br />
islâmica com o terror.<br />
Não existe unanimidade quanto<br />
a cifra exata de muçulmanos que<br />
há na atualidade As estimativas<br />
variam entre a moderada de oitocentos<br />
milhões e a excessiva que os<br />
situa perto de um bilhão e meio.<br />
Possivelmente, o número real deva<br />
estimar-se em torno de um bilhão.<br />
Uma nada exígua porcentagem entre<br />
vinte e trinta por cento, aderiria<br />
às posições radicalizadas.<br />
Um grupo americano de apoio<br />
aos muçulmanos, solicitou à Federal<br />
Election Comission que investigue<br />
se a Fundação Clarion que distribuiu<br />
o alarmante DVD sobre o<br />
islã, não é veladamente, uma fachada<br />
de um grupo israelense que tinha<br />
como objetivo ajudar a promover<br />
a candidatura do então candidato<br />
John McCain.<br />
Centenas de blogs e publicações<br />
islâmicas, como Notícias corânicas<br />
do Irã, somaram-se aos protestos<br />
pela difusão de "Obsession" e ten-<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
mente danificada, após uma viagem<br />
ao campo, recitaram Salmos<br />
e completaram seu dia na aldeia<br />
jovem da Amit em Petach Tikva.<br />
O foguete que caiu na escola<br />
da cidade no Shabat era de um<br />
modelo mais poderoso que os<br />
prévios e atravessou a estrutura<br />
reforçada que foi projetada para<br />
proteger os estudantes e professores<br />
dos danos.<br />
A guerra do islã radical contra o Ocidente<br />
Ruben Kaplan *<br />
Menino de Ashkelon em estado<br />
de choque depois que um foguete<br />
caiu nas imediações de sua casa<br />
taram desqualificar os produtores,<br />
atribuindo-lhes, serem agentes sionistas<br />
que junto ao grupo religioso<br />
judeu Aish Hatorá se uniram para<br />
desacreditar o Islã.<br />
Em nenhum caso, esboçaram<br />
um desmentido do irrefutável material<br />
do filme, baseado em sua totalidade,<br />
na imprensa árabe.<br />
Os promotores de "Obsession":<br />
Radical Islam's War Against the<br />
West, negaram tratar-se de promover<br />
alguma campanha presidencial<br />
e acrescentaram que era incorreto<br />
vincular a campanha do DVD com<br />
o grupo educacional de Jerusalém,<br />
Aish Hatorá Internacional, se bem<br />
que alguns de seus ex e atuais funcionários,<br />
participaram do projeto.<br />
Sem acovardar-se pelas denúncias<br />
contra si, a Fundação Clarion,<br />
promete redobrar sua aposta, denunciando<br />
o erguimento da espada<br />
de Dâmocles por parte do islã<br />
radicalizado sobre a cabeça do ocidente,<br />
com a iminente estréia de<br />
outro filme que ajudou a produzir:<br />
The Third Jihad, (A terceira Jihad)<br />
outro estremecedor documentário,<br />
que pretende conscientizar o mundo,<br />
que supõe equivocado, que só<br />
Israel é o ameaçado.<br />
23<br />
Residência da cidade de Ashkelom atingida e destruída<br />
por um míssil dos terroristas de Gaza: ações como essa<br />
acabaram levando à guerra de Israel contra o Hamas<br />
* Ruben Kaplan<br />
escreve em<br />
diversos<br />
websites. E é<br />
colaborador do<br />
Por Israel, que<br />
distribuiu este<br />
texto<br />
(www.porisrael.org).
AFP PHOTO/JONATHAN NACKSTRAND<br />
24<br />
VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />
Primeiro modelo elétrico do projeto Better Place<br />
produzido pelas empresas Renault e Nissan<br />
Projeto prevê a instalação de cerca de 500 mil postos de<br />
abastecimento em Israel<br />
Renault e Nissan mostram carros<br />
elétricos para mercado israelense<br />
Renault e Nissan apresentou<br />
no domingo 7/<br />
2, em Ramat Hasharon,<br />
próximo a Tel Aviv,<br />
o primeiro modelo elétrico<br />
do projeto Better Place<br />
que visa a introdução de veículos<br />
movidos a eletricidade em Israel até<br />
2011. A meta das duas empresas é<br />
reduzir a emissão de poluentes no<br />
país, onde cada motorista roda, em<br />
média, 70 quilômetros por dia.<br />
O Projeto Better Place visa a introdução<br />
de carros elétricos em Israel<br />
até 2011. A estimativa é que 45<br />
mil veículos elétricos estejam em circulação<br />
em 2016. O projeto prevê<br />
ainda a instalação de infra-estrutura<br />
de uma rede de abastecimento em<br />
todo o país, com cerca de 500 mil<br />
postos de carregamento de baterias.<br />
De acordo com as duas empre-<br />
sas, o desempenho dos veículos é<br />
semelhante ao de um carro 1.6<br />
movido a gasolina - ou seja, em<br />
média, 100 cavalos de potência. Os<br />
envolvidos na produção do modelo<br />
estimam que daqui cinco anos<br />
45 mil veículos elétricos estejam<br />
em circulação no país.<br />
A A energia energia solar<br />
solar<br />
Um carro 100% movido a energia<br />
solar também foi apresentado<br />
em Israel dia 18/2, e o veículo é um<br />
verdadeiro sonho do consumidor,<br />
cujo pesadelo são as constantes<br />
altas do preço do petróleo e as ameaças<br />
de ficar sem gasolina. Trata-se<br />
do carro movido a energia do sol<br />
exibido durante a feira Eilat-Eloit International<br />
Renewable Energy Conference<br />
& Exhibition, em Israel.<br />
A IC Green Energy, unidade da<br />
empresa israelense Israel Corp,<br />
apresentou seu carro construído<br />
pela Nissan, mas desenvolvido também<br />
pela holding Better Place LLC,<br />
do milionário Shay Agassi, da qual<br />
a Israel Corp faz parte.<br />
"Há uma grande sinergia entre<br />
as empresas envolvidas no projeto<br />
e isso prova que não estamos longe<br />
de vir a utilizar o carro solar nas<br />
atividades cotidianas", diz Yom Tov<br />
Samia, CEO da IC Green Energy.<br />
Protetora de Anne Frank morre aos 100 anos<br />
Miep Gies com o livro "O Diário de Anne Frank"<br />
A principal protetora da menina Anne<br />
Frank e sua família, Miep Gies, morreu<br />
dia 7/1, aos 100 anos, na Holanda.<br />
Miep Gies era a única sobrevivente<br />
do pequeno grupo de pessoas que conheciam<br />
o esconderijo onde os Frank,<br />
família judia que viveu por dois anos,<br />
em Amsterdã, na Holanda, durante a Segunda<br />
Guerra Mundial.<br />
Gies era secretária do pai de Anne<br />
Frank, Otto, e ajudou sua família e outras<br />
quatro pessoas a se manterem escondidas<br />
dos nazistas, levando comida, jornais<br />
e outros mantimentos, de 1942 a 1944.<br />
Depois que uma denúncia anônima<br />
levou os alemães à descoberta do esconderijo<br />
e à prisão dos Frank e seus<br />
companheiros, Gies encontrou no local<br />
o diário e outras anotações de Anne,<br />
cujo conteúdo virou um dos livros mais<br />
lidos do mundo.<br />
Em uma entrevista em fevereiro de<br />
2009, Miep Gies disse que não merecia<br />
toda a atenção dada a ela e lembrou que<br />
outras pessoas fizeram muito mais para<br />
proteger os judeus holandeses durante<br />
a Segunda Guerra.<br />
Gies virou uma espécie de "portavoz"<br />
dos Frank, viajando pelo mundo<br />
para falar de Anne e para fazer campanha<br />
contra a negação do Holocausto e<br />
Protótipo do veículo movido a energia solar, da Nissan<br />
contra boatos de que o diário teria sido<br />
inventado.<br />
Nunca se descobriu quem fez a denúncia<br />
anônima sobre o esconderijo, mas<br />
acredita-se que tenha sido um ladrão que<br />
arrombara o escritório e ficou desconfiado<br />
de que ali se escondiam pessoas.<br />
Anne Frank morreu de tifo no campo<br />
de concentração de Bergen-Belsen poucos<br />
meses antes do fim da guerra. Seu<br />
pai foi o único da família a sobreviver.<br />
Junto com Gies, ele compilou as anotações<br />
da filha em um livro que foi publicado<br />
em 1947. A obra foi traduzida<br />
para vários idiomas e vendeu dezenas<br />
de milhares de cópias até hoje