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VJ FEV 2010.p65 - Visão Judaica

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Publicação mensal independente da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicidade<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Curitiba • PR • Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Dir. de Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Dir. Administrativa e Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor de Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicidade<br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Antonio Carlos Coelho, Aristide Brodeschi,<br />

Avraham Tsvi Beuthner Breno Lerner,<br />

Heitor De Paola, Jane Bichmacher de<br />

Glasman, Ruben Kaplan, Sérgio Alberto<br />

Feldman, Szyja Ber Lorber, Vittorio<br />

Corinaldi, Yossef Dubrawsky e Yossi<br />

Groisseoign.<br />

A ajuda de Israel ao Haiti e o objetivo do Irã<br />

srael enviou ao Haiti uma<br />

equipe de socorro humanitária.<br />

É uma tradição israelense.<br />

Tão logo chegaram<br />

a Porto Príncipe os dois<br />

boeings carregados, depois da<br />

tragédia, a equipe montou aquilo que<br />

ficou sendo chamado de “o Rolls<br />

Royce dos hospitais de campanha”.<br />

A comparação com a famosa marca<br />

britânica de automóveis de luxo não<br />

é exagerada. Embora muitos outros<br />

países também tenham enviado equipes<br />

de ajuda, apenas Israel montou<br />

e manteve um hospital capaz de<br />

atender com eficiência e segurança<br />

aos feridos com mais gravidade. Os<br />

israelenses auxiliaram também no<br />

resgate de sobreviventes soterrados<br />

nos escombros.Aproveitaram<br />

o<br />

know how<br />

adquirido<br />

em décadas<br />

de conflitos<br />

para salvar<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> não tem responsabilidade sobre<br />

o conteúdo dos artigos, notas, opiniões ou<br />

comentários publicados, sejam de terceiros<br />

(mencionando a fonte) ou próprios e assinados<br />

pelos autores. O fato de publicá-los não indica<br />

que o <strong>VJ</strong> esteja de acordo com alguns<br />

dos conceitos ou dos temas.<br />

Contém termos sagrados, por isso trate<br />

com respeito esta publicação.<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

Este jornal é um veículo independente<br />

da Comunidade Israelita do Paraná<br />

vidas e víti-<br />

Datas importantes<br />

20 de fevereiro<br />

25 de fevereiro<br />

27 de fevereiro<br />

28 de fevereiro<br />

1º de março<br />

6 de março<br />

13 de março<br />

20 de março<br />

mas de uma das maiores tragédias<br />

naturais de todos os tempos.<br />

Esta não foi a primeira vez que<br />

Israel resgata vítimas de acidentes<br />

naturais. Em 1985, após um terremoto<br />

no México, salvou 55 pessoas.<br />

Atuou em outro terremoto na Armênia<br />

em 1988, e na década seguinte,<br />

auxiliou as vítimas dos atentados terroristas<br />

em Buenos Aires (1992 e<br />

1994) e no Quênia (1998). Em 1999,<br />

após um terremoto que atingiu a Turquia<br />

e a Grécia, foram enviadas duas<br />

equipes de resgate e construído um<br />

hospital de campanha. Em 2004, Israel<br />

auxiliou no socorro às vítimas de<br />

um carro-bomba que atingiu um hotel<br />

no Egito. A presença de Israel no<br />

Haiti mostra a natureza humana da<br />

sociedade criada pelo projeto sionista,<br />

tão vilipendiada por países árabes<br />

e muçulmanos e pela banda de música<br />

de certa esquerda mundial.<br />

Curiosamente, os mesmos países<br />

que têm rotulado o sionismo como<br />

desumano e criminoso, nada fizeram<br />

— embora nadem em petrodólares —<br />

ACENDIMENTO DAS VELAS<br />

EM CURITIBA -<br />

<strong>FEV</strong> de 2009 / MAR de 2010<br />

Shabat<br />

DATA HORA<br />

19 / 2<br />

26 / 2<br />

5 / 3<br />

12 / 3<br />

19 / 3<br />

19h38<br />

19h32<br />

19h24<br />

19h18<br />

19h10<br />

Obs: A partir do dia 21/2/2010 terminou o<br />

Horário Brasileiro de Verão. Os horários<br />

de acendimento das velas às sextasfeiras<br />

já estão ajustados ao Horário de<br />

Verão e ao término deste.<br />

Nossa capa<br />

Shabat / Terumá<br />

Jejum de Ester<br />

Shabat / Tetsavê / Zachor / Véspera de Purim<br />

Purim / Leitura da Meguilá<br />

Shushan Purim (em Jerusalém)<br />

Shabat / Ki Tissá / Pará<br />

Shabat / Vayak'hel / Picudê / Hachôdesh<br />

Shabat / Vayicrá<br />

em termos de ajuda ao Haiti. Onde<br />

está a Arábia Saudita, o Irã, a Síria, a<br />

Turquia, que estiveram tão preocupados<br />

com o ‘desastre’ na Faixa de Gaza,<br />

agora que uma verdadeira catástrofe<br />

ocorreu? Ah, a Turquia enviou condolências!<br />

É irônico que Israel, quase<br />

universalmente difamado por motivos<br />

“humanitários”, e apesar de seu pequeno<br />

tamanho e falta de recursos<br />

minerais, esteja de fato sempre entre<br />

os primeiros a ajudar em desastres<br />

naturais em todo o mundo!<br />

O Irã, em sua corrida para o armamento<br />

nuclear, coloca à prova a<br />

liderança de Barack Obama. O presidente<br />

dos EUA prometera uma política<br />

de “mão estendida e não de punho<br />

fechado” ao regime iraniano, se<br />

conseguisse discutir seriamente o<br />

futuro de seu programa nuclear e suspender<br />

o enriquecimento de urânio,<br />

como exigem cinco resoluções do<br />

Conselho de Segurança da ONU.<br />

A resposta do Irã foi ignorar olimpicamente<br />

o Conselho de Segurança,<br />

desprezar o presidente americano e<br />

A capa reproduz a obra de arte cujo título é: “Leitura da<br />

Meguilat Esther”, pintada com a técnica aquarela e dimensões<br />

de 48x38cm, criação de Aristide Brodeschi.<br />

O autor nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e<br />

artista plástico, e vive em Curitiba desde 1978. Já desenvolveu<br />

trabalhos em várias técnicas, dentre elas pintura, gravura<br />

e tapeçaria. Recebeu premiações por seus trabalhos no<br />

Brasil e nos EUA. Suas obras estão espalhadas por vários<br />

países e tem no judaísmo, uma das principais fontes de inspiração.<br />

É o autor das capas do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>. (Para<br />

conhecer mais sobre ele, visite o site www.brodeschi.com.br)<br />

Falecimento<br />

Rodolpho Goldstein Paciornik, dia<br />

13/2/2010, em Curitiba (30 de<br />

Shevat de 5770). Era médico,<br />

deixou viúva Beatriz Paciornik e os<br />

filhos Fernando e Peggy. Sepultado<br />

na manhã do dia 14/2/2010 no<br />

Cemitério Israelita de Umbará.<br />

Humor Judaico<br />

pisar no acelerador em seus esforços<br />

para conseguir um urânio suficientemente<br />

puro que lhe dê acesso às armas<br />

atômicas. O desafio ao mundo<br />

culminou com o anúncio de Ahmadinejad<br />

ordenando aos técnicos iranianos<br />

o início da produção de urânio enriquecido<br />

em 20%, em comparação<br />

com o índice atual de 3,5 a 5%, suficiente<br />

para as necessidades dos reatores<br />

civis. A decisão prova, mais uma<br />

vez, a falácia das afirmações do regime<br />

teocrático iraniano que insiste que<br />

só pretende desenvolver a indústria<br />

nuclear para fins pacíficos.<br />

A última provocação do Irã esgotou<br />

a paciência de Obama, que a qualificou<br />

de “inaceitável” e prometeu<br />

“duras sanções” contra Teerã. França,<br />

Alemanha, Reino Unido e Itália<br />

mostraram-se favoráveis à adoção<br />

imediata das sanções. Também a Rússia,<br />

farta dos sucessivos desplantes<br />

iranianos, está inclinada a apoiar uma<br />

nova resolução do Conselho de Segurança<br />

nesse sentido.<br />

Mãe Mãe judia<br />

judia<br />

A Redação<br />

Abrão liga para sua mãe na Flórida.<br />

- "Mamãe, como está?"<br />

- " Não muito bem", responde a mãe. "Eu estou<br />

muito fraca".<br />

Diz o filho: "Por que você está tão fraca?"<br />

Ela responde: "Porque eu não comi nos últimos<br />

38 dias."<br />

O filho: "Isso é terrível… Por que não comeu nestes<br />

38 dias?"<br />

Responde a mãe: "Porque eu não queria estarcom<br />

comida na boca quando você ligasse".<br />

Qual a diferença entre uma mãe judia e uma<br />

mama italiana?<br />

A italiana diz: Coma meu filho, senão te mato.<br />

A judia diz: Coma meu filho, senão me mato.


VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Entrevista com Pilar Rahola em Barcelona<br />

Sérgio A. Feldman e Szyja B. Lorber *<br />

manhã de inverno não<br />

fora generosa comigo.<br />

Barcelona alternava<br />

sol e chuva e nesse dia<br />

(14/1) o sol se escondera<br />

e chovia, e suspeitei que<br />

poderia não ser um bom<br />

presságio. A entrevista fora marcada<br />

para o Real Club de Polo de Barcelona.<br />

Fiz uso do metrô e por pouco não me<br />

perdi entre os prédios do imenso campus<br />

universitário que se aloca nesta parte<br />

da cidade. Cheguei cedo e acanhado<br />

entrei. Um lugar de elite, onde um turista<br />

casual, vestido de maneira simples<br />

pode se sentir perdido em meio a tanta<br />

gente elegante e refinada.<br />

Em alguns minutos apareceu Pilar.<br />

Elegante, agitada e cheia de carisma.<br />

Uma mulher charmosa e que transpira<br />

personalidade. Foi gentil e afetiva e me<br />

convidou para comer e beber algo. Agradeci<br />

mas ela fez questão e me trouxe<br />

um refrigerante. O clima era descontraído<br />

e o ambiente propício para uma entrevista.<br />

Sorte de principiante, diria algum<br />

entendido.<br />

Pilar não se incomodou com perguntas<br />

provocativas e nem com dilemas<br />

e contradições. Assumiu imediatamente<br />

sua identidade e não escondeu sua<br />

absoluta negativa a freios e rédeas ideológicas.<br />

Sua condição de "livre pensadora",<br />

num sentido contemporâneo é<br />

explicita. Vamos à entrevista.<br />

SÉRGIO FELDMAN: A guisa de introdução<br />

irei questioná-la sobre um tema de meus<br />

estudos que cria uma relação entre entrevistador<br />

e entrevistado. No século<br />

XIII, em 1263 nesta cidade de Barcelona,<br />

realizou-se um debate entre o sábio<br />

judeu Nachmânides e um grupo de dominicanos,<br />

onde se sobressaia um judeu<br />

convertido, de nome Pablo Christiani.<br />

A verdadeira fé era o tema. O mundo<br />

mudou e a gente repensa os fatos<br />

sob uma nova ótica. Haveria hoje em<br />

Barcelona e na Espanha, um novo e respeitoso<br />

diálogo entre os dois lados desta<br />

corrente? Haveria um reencontro com<br />

este passado e um acerto de contas com<br />

certos erros do mesmo?<br />

PILAR RAHOLA: Quando a Espanha expulsou<br />

os judeus da velha Sefarad, também<br />

expulsou a inteligentzia (N. E: intelectualidade),<br />

expulsou o desejo e a<br />

vocação do diálogo, expulsou o debate<br />

e, provavelmente, por um longo tempo,<br />

a modernidade. Sem dúvida alguma<br />

a comunidade judaica aqui na Catalunha,<br />

onde estamos, em Barcelona, tinha<br />

a ver com o melhor do pensamento<br />

da época, e dos grandes debates que<br />

são mencionados. Sabemos que de<br />

muitos deles perdemos o registro, mas<br />

estamos conscientes que lá realmente<br />

se promovia o pensamento. Tenho que<br />

dizer com muita dor que a consciência<br />

e a alma judaica de Barcelona e globalmente<br />

da Catalunha ficaram completamente<br />

mirradas. E eu diria também no<br />

nível amplo de toda a Espanha.<br />

Mas hoje a ideia de que um judeu,<br />

sábio profundo, possa ter um debate<br />

sensato, elevado e tranquilo com um<br />

não judeu, hoje, na minha cidade, é impossível.<br />

Estamos submetidos a discursos<br />

muito estigmatizados, a um pensamento<br />

politicamente correto, que de<br />

alguma forma demoniza o judeu, e qualquer<br />

discussão que tenha a ver com a<br />

cultura judaica, com o seu profundo conhecimento<br />

da vida, com suas ideias filosóficas,<br />

sempre cai na atualidade política,<br />

militar, no conflito do Oriente<br />

Médio. É impossível. Muitos dos meus<br />

artigos falam sobre essa questão, a sensatez.<br />

Falam da reivindicação do direito<br />

ao diálogo. Vou te dar um exemplo<br />

para a minha auto-referência. Na época<br />

da operação militar na Faixa de Gaza,<br />

aqui na Espanha ficaram loucos. Praticamente<br />

isso ocorreu em todo o mundo,<br />

mas especialmente aqui isso foi visível.<br />

Acho que agora, francamente,<br />

que a Espanha é o país mais neo-antissemita<br />

de toda a Europa. Reinventando<br />

o antissemitismo. Chamem de antissionismo,<br />

chamem de antiisraelismo,<br />

mas ainda é o tema judaico.<br />

Lembro que quando houve a ofensiva<br />

em Gaza escrevi um artigo primeiro<br />

dizendo "não simplifiquemos o conflito".<br />

Apenas afirmei isso: Não sejamos<br />

simplistas e tampouco maniqueístas.<br />

Nem uns são tão maus, nem outros são<br />

tão bons. O maniqueísmo é inútil, pois<br />

elimina o diálogo. Bem, é óbvio que fui<br />

criticada, atacaram-me, ameaçaramme.<br />

Tudo que vocês possam imaginar.<br />

Então, escrevi outro artigo onde reivindicava<br />

o direito de pensar e reivindicava<br />

o direito de falar. E nós estamos nesse<br />

nível. De forma que eu lhes digo, obviamente,<br />

nas sociedades modernas<br />

podemos discutir as mudanças climáticas,<br />

os direitos civis e sobre o que você<br />

queira, mas quando tocamos na pele judaica,<br />

há um montão de gente que se<br />

torna absolutamente histérica.<br />

E já me perguntei publicamente, e<br />

repito agora: Por que tanta gente inteligente<br />

ao falar sobre esta questão torna-se<br />

estúpida? Fica assim, sem lógica<br />

e sem coerência: Cega na negação do<br />

judeu e do Judaísmo. Não, não imagino<br />

este diálogo medieval hoje, no século<br />

XXI, em Barcelona. Todo e qualquer diálogo<br />

hoje redundaria em antiisraelismo.<br />

Infelizmente, isto quer dizer que,<br />

ainda que de maneira matizada e dentro<br />

de contextos diferentes, em alguns<br />

aspectos, o passado nos ensina lições<br />

de tolerância.<br />

SF: Você é uma republicana, cosmopolita<br />

e defensora dos direitos humanos e<br />

da modernidade, mas rejeitar as posições<br />

antiisraelenses da esquerda faz de<br />

você um ET, uma extraterrestre. Comente<br />

isso.<br />

PR: Hoje, a ideologia mais difícil de defender,<br />

a ideologia mais dura, a que<br />

temos que lutar mais, é a ideologia do<br />

livre pensamento. Isto é, todos se colocam<br />

sob o "guarda-chuva" ideológico.<br />

Sou de esquerda, sou de direita, sou<br />

ambientalista, e sou antissistema. E alguém<br />

diz: Eu sou eu. E as minhas dúvidas,<br />

minhas perguntas, claro que têm<br />

sensibilidade, eu sou uma ambientalista,<br />

estou preocupada com os direitos<br />

civis, direitos das mulheres, direitos<br />

dos animais. Eu sou contra touradas.<br />

Sou uma das líderes na Espanha, de um<br />

movimento que está prestes a conseguir<br />

a proibição das corridas de touros<br />

em Barcelona, e na Catalunha, como um<br />

todo. Nós enviamos cem mil assinaturas<br />

para o Parlamento. Eu sou tudo isso,<br />

mas acima de tudo, e antes de tudo<br />

isso, eu sou alguém que faz perguntas.<br />

Ah! Isto é desconfortável, isso é um<br />

sacrilégio, porque vivemos num mundo<br />

em que todos têm respostas. Mas<br />

ninguém faz perguntas.<br />

Recordo, se me permitir, da visão<br />

de Albert Camus, no ano do aniversário<br />

do cinqüentenário de sua morte. Parafraseando<br />

este pensador, eu me lembro<br />

da visão da pessoa que está no meio<br />

de uma praça pública, que armou sua<br />

barraca de campanha na praça e defende<br />

suas perguntas e respostas contra<br />

tudo e contra todos. Notem que Albert<br />

Camus foi um esquerdista, mas enfrentou<br />

Sartre e outros intelectuais da época,<br />

porque eles defendiam ditadores.<br />

Sartre ia para as manifestações de 68<br />

com uma foto de Pol Pot, o sanguinário<br />

ditador cambodjano, que executou<br />

centenas de milhares de pessoas inocentes!<br />

E Camus disse: Não, isso não é<br />

liberdade! E quando toda a gauche (esquerda)<br />

francesa defendia as ações que<br />

o terrorismo praticava nos bares de Argel,<br />

onde as mulheres vestidas com túnicas<br />

traziam bombas, e se faziam explodir<br />

matando jovens que bebiam<br />

café, vitimando pessoas inocentes, em<br />

operações terroristas executadas sem<br />

sentido, quando os alvos civis são o<br />

objetivo, Camus, profético, já dizia:<br />

Não, o terrorismo não justifica as causas,<br />

e não há motivo que justifique esse<br />

mal. E ele os enfrentou. Tinha a visão<br />

daquele que olhava para além da sua<br />

ideologia. Pensava livremente.<br />

Modestamente, estou convencida<br />

de que não há nada mais revolucionário,<br />

mais rebelde, e mais livre, que pensar<br />

livremente, até com direito a errar,<br />

todo dia. Pensar e não temer dizer e<br />

enfrentar a maioria que reluta em refletir.<br />

E ter o direito de errar. E a retificar:<br />

reconhecer, caso errou. Mas eu aspiro<br />

fundar a ideologia dos que têm dúvidas,<br />

dos que se perguntam, dos que não se<br />

somaram aos estereótipos, dos que não<br />

são politicamente corretos, dos que não<br />

têm medo de pensar e falar. O que significa<br />

que alguns te odeiem? Bem, ninguém<br />

é ninguém, se não tiver alguns<br />

bons inimigos. O que quer dizer que alguns<br />

te expulsem de seu paraíso ideológico?<br />

Eu os expulso do meu. O que é<br />

que significa que alguém esteja só?<br />

Quem disse que a liberdade não tem a<br />

ver com a solidão? Veja: Uma vez alguém<br />

escreveu: Um pensamento livre é um<br />

território inóspito solitário. E eu vivo no<br />

pensamento livre.<br />

Posso perceber que ela se emociona<br />

quando fala. Imagine a energia dela<br />

ao falar de Israel, do "prejuicio" (preconceito<br />

em espanhol). Ela se percebe<br />

como parte de uma minoria, pois é catalã<br />

assumida. Defende o uso de sua língua<br />

e de sua cultura já milenar. Ou seja,<br />

possui um parâmetro de reflexão que é<br />

étnico e que postula a diversidade.<br />

Sergio Alberto Feldman entrevistou Pilar Rahola em Barcelona<br />

SF: Por que o Islã militante hoje é a vanguarda<br />

da reação, se o Islã medieval na<br />

Espanha era o encontro das civilizações<br />

e de uma suposta convivência?<br />

PR: Bem, vamos por partes. Há um mito<br />

sobre Al Andaluz que eu creio que é<br />

falso. Al Andaluz não foram 800 anos<br />

de paz. Al Andaluz não foram 800 anos<br />

de convivência, Al Andaluz não foram<br />

800 anos de pensamento e de tecnologia.<br />

Em Al Andaluz houve alguns momentos<br />

de certa tranquilidade e de<br />

certa tolerância. Mas houve anos e<br />

anos, e décadas, e inclusive séculos,<br />

de uma intolerância terrível com brutais<br />

perseguições de todos aqueles que<br />

não eram muçulmanos. Não esqueçamos<br />

que cristãos e judeus naquele Al<br />

Andaluz eram cidadãos de segunda, e<br />

às vezes de terceira classe. Muito frequentemente<br />

perseguidos, explorados<br />

com elevados impostos, expulsos<br />

do serviço público, e considerados<br />

realmente como seres humanos de nível<br />

inferior. Considerar que o mito de<br />

Al Andaluz é o mito da tolerância é<br />

mentira histórica. De fato, o exemplo<br />

mais claro é Maimônides, que tem que<br />

ser ouvido como o exemplo mais emblemático.<br />

Teve de fugir de Córdoba e<br />

se refugiar no Norte da África e depois<br />

no Egito. Al Andaluz exilou um de seus<br />

mais nobres filhos. Em 800 anos houve<br />

de tudo. Mas primaram especialmente<br />

por longas épocas de um extremismo<br />

islâmico brutal e terrível, absolutamente<br />

violento, claramente o<br />

contrário a algum tipo de diálogo, e<br />

que a partir daí é o pior tipo de Islã<br />

que imagino.<br />

Estou certa de que alguns dos ditadores<br />

do petrodólar, os ditadores da<br />

Arábia Saudita, ou os ditadores de qualquer<br />

nação... Inclusive alguns dos líderes<br />

terroristas como Bin Laden por sua<br />

vez, viveriam felizes em Al Andaluz,<br />

porque houve épocas em Al Andaluz<br />

3<br />

* Sérgio Alberto<br />

Feldman é doutor<br />

em História pela<br />

UFPR e professor<br />

de História Antiga<br />

e Medieval na<br />

Universidade<br />

Federal do Espírito<br />

Santo, em Vitória.<br />

Foi diretor de<br />

Cultura <strong>Judaica</strong> da<br />

Escola Israelita<br />

Brasileira Salomão<br />

Guelmann, em<br />

Curitiba.<br />

Szyja Ber Lorber é<br />

jornalista e editor<br />

do Jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>. Degravou<br />

o vídeo, traduziu o<br />

texto e fez a préedição<br />

do material.<br />

A edição final é de<br />

Sérgio Alberto<br />

Feldman.


4<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

que o modelo foi o modelo de Bin Laden.<br />

De forma que o modelo do fundamentalismo<br />

islâmico... Não dista muito<br />

do passado que muitos exaltam.<br />

De maneira que cuidado com o mito<br />

de Al Andaluz. Eu não participo dele. A<br />

Espanha teve uma época de esplendor<br />

não em Al Andaluz, não durante os 800<br />

anos da presença muçulmana. Tsk, tsk,<br />

tsk (expressando sua opinião negativa,<br />

acompanhada do sinal de "não" feito<br />

com o dedo indicador da mão direita).<br />

Durante uma parte desta época, houve<br />

tolerância e certo diálogo e pudemos<br />

ver certa convivência entre judeus,<br />

muçulmanos e cristãos. Limitada pelas<br />

diferenças e restrições, e isto muitas<br />

vezes esteve presente nas juderías ou<br />

aljamas (N.E: comunidades autônomas),<br />

ou na legislação de emirados ou<br />

califados. Admito que tenha havido trocas<br />

culturais e muito progresso, num<br />

certo período. Mas isso foi rompido<br />

com os reis católicos (N.E: Os reis Fernando<br />

e Isabel que reinaram na passagem<br />

do século XV ao XVI e expulsaram<br />

os judeus em 1492). Para mim foi uma<br />

das grandes infelicidades da Espanha.<br />

Note que a história é escrita pelos vencedores.<br />

Você que é historiador sabe<br />

muito bem disso, não é? E a Espanha<br />

também modificou com seus reis católicos.<br />

Uma radical mudança de rota. Estes<br />

monarcas foram os que inventaram<br />

o primeiro processo em massa de ódio<br />

e de intolerância (N.E: leia-se: Introduziram<br />

a Inquisição). Foram os primeiros.<br />

E a Espanha se criou na vanguarda<br />

da intolerância. Conduzimos o preconceito<br />

contra um povo, num processo<br />

ideológico que nos acabaria levando a<br />

Auschwitz. O antissemitismo começa<br />

com os reis católicos e acaba em Auschwitz.<br />

E não acabou! Em todo caso, a<br />

Europa clássica acaba em Auschwitz.<br />

Não se pode entender Auschwitz se<br />

primeiro não se entender o que ocorreu.<br />

Notem o comportamento mental<br />

desse ódio intolerante. Primeiro exigimos<br />

dos judeus: Vocês não podem viver<br />

entre nós se não se converterem.<br />

Depois suspeitamos de sua conversão<br />

e criamos a inquisição espanhola: Ou<br />

te tornas cristão, ou vais embora. Depois,<br />

dissemos-lhes: Não podem viver<br />

entre nós, pois não se tornaram verdadeiros<br />

fiéis cristãos. São etapas. A sequência<br />

é uma realidade cruel. Expulsar,<br />

converter e depois negar. E depois,<br />

asseguro-lhes, em períodos subsequentes,<br />

vêm etapas cruéis com os pogroms,<br />

as perseguições, Dreyfus, e em<br />

seguida dissemos a eles: não podem<br />

viver...! E isso é Auschwitz. E são três<br />

passos, três etapas do processo de intolerância<br />

que matou mais gente no<br />

mundo. Nem o machismo, nem o racismo<br />

mataram tanto como o antissemitismo.<br />

De forma que é realmente o problema<br />

mais grave.<br />

E pensar que esta Espanha ideal,<br />

que numa época floresceu nas letras e<br />

no conhecimento, e conviveram (N. E:<br />

As três religiões), seria uma imagem<br />

para pensar agora, primeiro. Vale repensar<br />

que inclusive o melhor da convivência<br />

de maneira ampla e integrada,<br />

nunca a tivemos. Pusemos os judeus<br />

em guetos, os bairros judeus, os<br />

cals (equivalente a judería ou bairro<br />

judaico), como se chama em catalão.<br />

Frequentemente os insultávamos de<br />

dia, e à noite íamos procurar os médicos<br />

judeus porque eram os melhores.<br />

Temos uma história de intolerância importante.<br />

Mas pensar que o Al Andaluz<br />

muçulmano foi mais tolerante que a<br />

Espanha católica, tsk, tsk, tsk (de negação),<br />

nada disso. Em absoluto. Podemos<br />

dar as mãos. Creio que, no entanto, é<br />

certo que com os séculos, o Islã, durante<br />

muitas épocas foi mais tolerante que<br />

o catolicismo, ou que o cristianismo.<br />

Porque Lutero... (faz o sinal de distanciar-se<br />

com a mão direita, recordando<br />

do antissemitismo de Lutero).<br />

Que grande líder civil ou religioso<br />

na Europa não foi antissemita? Todos.<br />

Voltaire, Lutero, os grandes reformistas<br />

eram antissemitas. Como também<br />

são misóginos. Olhem que coincidência,<br />

hein! De maneira que alguém pensa:<br />

O que é a modernidade? Ah, Voltaire,<br />

mas coloca-se em seu antissemitismo.<br />

Não me serve. Ou me serve só um<br />

pouquinho, não é? Naquela época, durante<br />

os séculos de intolerância cristã<br />

os judeus podiam viver melhor no Islã<br />

do que na Europa. Houve épocas que<br />

se podia viver melhor na Grande Pérsia,<br />

ou no Marrocos. Ou em tantos outros<br />

lugares que na Europa. Quantos<br />

judeus que foram aos países árabes, aos<br />

países muçulmanos, viveram mais tranquilos<br />

que os pobres judeus da Letônia,<br />

da Bielorussia, da Europa Central,<br />

dos russos, etc, etc. A pergunta é - e era<br />

tua pergunta, suponho - como é possível<br />

que esse Islã tolerante, que durante<br />

muitíssimo tempo acolheu a população<br />

judaica e teve uma visão mais moderna<br />

que a da Europa esteja transformado<br />

hoje em dia no fator mais grave e<br />

importante da intolerância e do ódio no<br />

mundo? O que aconteceu?<br />

Não há dúvida alguma que o Islã ao<br />

invés de tentar melhorar a vida de suas<br />

populações, pela via do avanço da civilização,<br />

está sendo sequestrado e contaminado,<br />

por um lado por grandes ditadores,<br />

ricos, poderosos, fanáticos e<br />

malvados, e pelo outro, por líderes revolucionários<br />

que utilizam a tecnologia<br />

do século XXI, mas têm o cérebro no<br />

século XIII. Estão em cima do cavalo<br />

matando gente, mas falando por telefone<br />

via satélite. Terrível! Hoje em dia<br />

o principal problema do mundo é sem<br />

dúvida alguma que um bilhão e quatrocentos<br />

milhões de pessoas sejam<br />

educadas no ódio à liberdade, no ódio<br />

aos ocidentais, no ódio profuso aos judeus,<br />

e ao desprezo pela vida. Certamente,<br />

a culpa pelo terrorismo islâmico<br />

é do um bilhão e quatrocentos milhões<br />

de pessoas? Não, eles são vítimas<br />

também. Com certeza um bilhão<br />

e quatrocentos milhões de pessoas<br />

não vivem numa única democracia. E<br />

não estudam o enciclopedismo francês<br />

nas universidades ou e nas escolas.<br />

Em geral, majoritariamente, estudam<br />

conceitos fanáticos e conceitos<br />

pré-modernos. Esse bolsão do mundo<br />

educado na confrontação e na violência<br />

é uma bomba relógio muito grave.<br />

SF: Bem...<br />

PR: Não sei se estou sendo demasiado<br />

longa, mas...<br />

SF: Não, não, não. Está muito bem. Está<br />

perfeito. A Espanha tem raízes antijudaicas<br />

no medievo. Há conexões com<br />

algumas correntes políticas atuais?<br />

PR: Têm? Perdão...<br />

SF: As raízes antijudaicas no medievo<br />

têm conexão com as correntes políticas<br />

atuais?<br />

PR: Não. Está muito bem. Vamos ver. O<br />

antissemitismo atual espanhol não é o<br />

antissemitismo medieval, não. Este está<br />

superado. O antissemitismo medieval<br />

primeiro era uma questão de poder,<br />

nunca esqueçamos, é de dinheiro. Sempre<br />

o antissemitismo teve a ver com<br />

movimentos econômicos também!<br />

SF: Mas a Igreja...<br />

PR: Sim, mas a Igreja também fazia parte<br />

dos movimentos econômicos. Mas<br />

o antissemitismo medieval é religioso,<br />

é de corte católico, e este inspirou<br />

a intolerância na Espanha durante séculos.<br />

Mesmo na minha infância, os<br />

pequeninos iam matar judeus quando<br />

iam pela Semana Santa, jogando<br />

umas... (faz movimentos circulares<br />

com a mão direita fechada).<br />

SF: O sábado de Aleluia...<br />

PR: Exatamente... Todos viram os autos<br />

sacramentais onde os judeus eram malvados,<br />

mataram o filho de D-us, é o<br />

povo deicida. É certo que o espanhol<br />

atual não vive esses conceitos. Mas ainda<br />

assim os tem desde o berço. Educaram-me<br />

na escola de monjas. Falaramme<br />

de um povo que matou o filho de D-us.<br />

Está no córtex. E no córtex de nossa sociedade.<br />

Não podemos imaginar que<br />

séculos e séculos de discurso, de pensamento<br />

único antijudaico não tenham<br />

deixado alguma mancha. É evidente. A<br />

Espanha católica, a Espanha da Inquisição,<br />

a Espanha que apontou o dedo contra<br />

um povo, expulsou-o e o transformou<br />

em povo culpado, esta Espanha<br />

ainda é e ainda existe. Mas é certo que<br />

o discurso majoritário hoje em dia, nos<br />

meios de comunicação, os meios globalmente,<br />

e na rua também, é um discurso<br />

antiisraelense. É mais político. E<br />

é menos religioso. Atualmente a Espanha<br />

católica já não existe. Existem bolsões,<br />

mas é algo muito mais generalizado.<br />

E, entretanto, chegou a crer que<br />

só existe um problema no mundo que<br />

é Israel e Palestina. Só existem umas<br />

vítimas que são os palestinos, e só existe<br />

um povo mau, invasor e imperialista<br />

que é Israel. E ponto final. E quando<br />

tudo isso sai na imprensa, você só vê<br />

isso permanentemente.<br />

Por que há tanto ódio contra Israel?<br />

Primeiro porque o ódio a Israel é a forma<br />

moderna do ódio ao judeu.<br />

SF: Laicizá-lo...<br />

PR: Sim. Ou seja: O espanhol medieval<br />

odiava o judeu medieval a partir de<br />

uma perspectiva religiosa. O espanhol<br />

atual odeia o judeu moderno que vê um<br />

exército israelense, ou um Estado moderno<br />

como de Israel, e o transforma<br />

na expressão moderna do judeu anti-<br />

go. Note que os mitos, os estigmas, são<br />

os mesmos, sempre. O judeu medieval<br />

bebia sangue de crianças católicas, na<br />

Páscoa, o Pêssach. O judeu atual mata<br />

crianças palestinas. Sempre são crianças<br />

e judeus maus, não é! Só há crianças<br />

na Palestina e sempre são mortos<br />

pelos israelenses. O judeu alemão, o<br />

austríaco, eram todos banqueiros, todos<br />

tinham dinheiro, era a conspiração<br />

mundial contra o mundo para que o dinheiro,<br />

o ouro judeu... Não é? ... Os Protocolos<br />

dos Sábios de Sião... Hoje, jornalistas<br />

modernos, que passaram pela<br />

universidade, progressistas, e de esquerda,<br />

te dizem que há uma conspiração<br />

dos judeus de Wall Street para dominar<br />

o mundo. Isso que faz o governo<br />

norte-americano é culpa dos judeus de<br />

Wall Street que dominam os Estados<br />

Unidos. É o mesmo mito dos Protocolos.<br />

Sempre é o mesmo mito.<br />

Uma vez escrevi: Se os judeus eram<br />

os párias entre os povos, Israel é o país<br />

pária entre as nações. Que casualidade?<br />

Que o único país do mundo criminalizado,<br />

demonizado, odiado, seja o<br />

país dos judeus. Em um mundo que perseguiu,<br />

demonizou, criminalizou e matou<br />

durante séculos os judeus, nada é<br />

casual. Portanto, se a Espanha renovou,<br />

ou reinventou seu antissemitismo, não<br />

é igual ao medieval, não aumentou, mas<br />

continua sendo um país antissemita.<br />

SF: Palavras finais à comunidade judaica<br />

de Curitiba. Duas pequenas palavras...<br />

PR: (sorrindo) De Curitiba sempre tenho...<br />

(Interrupção do telefone celular)...<br />

Curitiba me evoca carinhos. Tenho<br />

recordações e saudades. Em Curitiba<br />

conheci um homem excepcional que é<br />

o pai de Szyja Lorber, um sobrevivente<br />

do Holocausto. Um homem de uma grande<br />

integridade. O Szyja, que faz umas<br />

traduções ao "português" (N.E: Pilar diz<br />

"brasileiro") fantásticas. E algumas mulheres<br />

fortes, divertidas, com as quais<br />

passei muito bem, inclusive me presentearam<br />

com alguma roupinha que eu<br />

hoje uso. Perdoem-me a frivolidade,<br />

mas tenho belas lembranças de Curitiba.<br />

À comunidade de Curitiba o que<br />

digo? Bem, vou voltar um dia, talvez<br />

para passear, com as crianças e marido,<br />

sem pressa, e enquanto isso não acontece,<br />

lembrem-se que um pedacinho<br />

de Curitiba está num coração de Barcelona,<br />

no coração de uma catalã, a milhares<br />

de quilômetros, mas o amor não<br />

corta tudo. Muitos beijos.<br />

SF: Muito obrigado.<br />

A entrevista se encerra e desligo a<br />

câmera, mas a conversa continua. Eloquente<br />

e comunicativa ela defende outros<br />

ideais: é contra as touradas, feminista,<br />

ecologista e alinhada com ideais<br />

diversos, mas os coordena com coerência.<br />

Eu emito em off algumas discordâncias<br />

a suas opiniões e entabulamos alguns<br />

diálogos muito ricos e intensos. A<br />

agenda dela impede que nos estendamos<br />

mais e ela parte em seu "New Fusca"<br />

para seu cotidiano. Eu fico com a<br />

impressão forte de ter entrevistado uma<br />

pessoa única, autentica e refinada. Barcelona<br />

não falhou comigo.


* Breno Lerner<br />

* Breno Lerner é editor e<br />

gourmand, especializado em<br />

culinária judaica. Escreve<br />

para revistas, sites e jornais.<br />

Dá regularmente cursos e<br />

workshops. Tem três livros<br />

publicados, dois deles sobre<br />

culinária judaica.<br />

Aprendi esta receita em Veneza,<br />

num bistrozinho que a tinha e ninguém<br />

sabia por que tinha este nome<br />

e ingredientes.<br />

Se verificarmos as tradições, veremos<br />

que Purim é a ultima grande festa<br />

antes de Pêssach, boa ocasião<br />

para começar a se ver livre da farinha.<br />

Por outro lado o uso de sementes<br />

de papoulas (Mohntaschen),<br />

esta diretamente ligado à raiz do<br />

nome do doce maior de Purim, o Hamantaschen.<br />

Agora fica mais fácil<br />

entender o nome do tagliatelle.<br />

Ingredientes:<br />

1 pacote de tagliatelle;<br />

1 abobrinha grande, ralada em<br />

ralo grosso;<br />

1 colher de sopa de margarina;<br />

4 colher de sopa de sementes de<br />

papoula;<br />

2 colher de sopa de suco de<br />

limão;<br />

Sal e pimenta do reino à gosto;<br />

1 colher sopa de folhas de<br />

salsinha para decorar.<br />

Modo de fazer:<br />

Tagliatelle à Ester<br />

Cozinhe a massa em água salgada<br />

com um fio de óleo. Enquanto isto,<br />

numa panela grande, refogue a abobrinha<br />

na margarina por 3 minutos.<br />

Reserve. Escorra a massa e coloque<br />

na panela com as abobrinhas. Misture<br />

bem. Coloque então, o suco de<br />

limão, as sementes de papoula, sal<br />

e pimenta do reino. Decore com as<br />

folhas de salsinha e sirva.<br />

Bíblia Hebraica, Identidades <strong>Judaica</strong>s e Globalismo<br />

é o curso de extensão cultural do Programa<br />

de Língua Hebraica, Literatura e Cultura <strong>Judaica</strong>s do<br />

Departamento de Letras Orientais da Faculdade de<br />

Filosofia, Ciências e Letras da USP que será ministrado<br />

em São Paulo, de 8 de abril a 27 de maio de<br />

2010, pela professora doutora Daniela Susana Segre<br />

Guertzenstein.<br />

O objetivo do curso é apresentar uma breve história<br />

do desenvolvimento da cultura judaica através<br />

de uma ótica peculiar que expõe os códigos, linguagens<br />

e costumes judaicos transmitidos de geração<br />

a geração, para que se entenda a formação das di-<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Receitas de Purim<br />

Nunca entendi muito bem porque<br />

este é um prato típico de Purim,<br />

mas, minha babe Clara, que vem<br />

de Zefat e me ensinou o Alef/Beit<br />

garantia que era e sua receita<br />

era imbatível. Esta é a melhor<br />

versão que consegui da receita<br />

da babe Clara:<br />

Ingredientes:<br />

Torta de uvas pretas<br />

3 xícaras de farinha de trigo;<br />

150g margarina;<br />

2 xícaras de açúcar;<br />

1 colher de sopa de fermento<br />

em pó;<br />

1 xícara de suco de uvas;<br />

3 ovos;<br />

1kg de uvas pretas.<br />

Modo de fazer:<br />

Misture tudo muito bem, exceto as<br />

uvas. Colocar a massa em uma assadeira<br />

untada e espalhar por cima<br />

as uvas lavadas e passadas em um<br />

pouco de farinha de trigo (este é<br />

um truquezinho para que não afundem<br />

na massa). Levar para assar<br />

em forno baixo.<br />

Salada do Rei Assuero<br />

De brinde uma<br />

refrescante<br />

entrada para<br />

Seudah Purim. Dei<br />

este nome a ela,<br />

mas, se vocês<br />

quiserem podem<br />

dar um mais<br />

criativo.<br />

Ingredientes:<br />

5<br />

Os judeus da Pérsia, hoje Irã, sempre consideraram-se<br />

descendentes da rainha Ester<br />

e com isto entendiam ser a festa de<br />

Purim, uma festa exclusiva deles. Acabaram<br />

por criar uma série de pratos únicos<br />

para a festa, dentre eles este. Não esqueçamos<br />

que halvá quer dizer doce.<br />

Ingredientes:<br />

2 xícaras de farinha;<br />

1,5 xícara de açúcar;<br />

1 colher chá de canela em pó;<br />

1 xícara de óleo;<br />

2 xícaras de água;<br />

1 xícara de amêndoas sem casca, em<br />

lascas.<br />

Modo de fazer:<br />

Halvá persa<br />

Com muito cuidado e em fogo baixo doure<br />

a farinha numa frigideira grande Retire do<br />

fogo e acrescente o açúcar, a canela e o<br />

óleo, misturando muito bem. Volte ao fogo<br />

baixo e vá colocando a água sem para de<br />

mexer, até engrossar. Acrescente as amêndoas,<br />

tampe e cozinhe em fogo baixíssimo<br />

por 5 minutos. Espalhe num tabuleiro<br />

ou mármore untados ou ainda sobre papel<br />

manteiga. Deixe esfriar e corte em losangos<br />

ou quadrados.<br />

1 melão;<br />

1 melão Cantaloupe;<br />

Suco de 1 limão;<br />

3 colheres de sopa de mel;<br />

1 colher de sopa de hortelã<br />

picadinha;<br />

1 colher de sopa de Cointreau<br />

ou Curaçau.<br />

Curso de Bíblia Hebraica na USP<br />

versas identidades judaicas, a ligação entre elas e<br />

a interação das mesmas nas mais variadas sociedades<br />

e países ao redor do mundo. A metodologia,<br />

segundo a professora Daniela Guertzenstein terá<br />

aulas expositivas em que são apresentados e analisados<br />

resumos de pesquisas, textos, fotos e artefatos<br />

judaicos com o objetivo de servir como introdução<br />

ou orientação para pesquisas mais profundas<br />

sobre os temas propostos.<br />

As aulas serão sempre das 15 as 17 horas no<br />

prédio da FFLCH (o número da sala ainda será divulgado)<br />

na USP - Cidade Universitária, em São<br />

Paulo. "Bíblia Hebraica, Identidades <strong>Judaica</strong>s e<br />

Com a boleadeira<br />

transforme a polpa dos<br />

dois melões em bolinhas.<br />

Misture todos os<br />

outros ingredientes e<br />

despeje sobre as bolinhas<br />

de melão, misturando<br />

bem. Deixe na<br />

geladeira por, ao menos,<br />

duas horas. Sirva<br />

em taças individuais.<br />

Globalismo" é aberto ao público em geral, e terá<br />

como temas:<br />

1. O povo de Israel e as Escrituras Hebraicas; 2.<br />

As traduções da Bíblia Hebraica e o helenismo; 3. A<br />

tradição oral e o desenvolvimento da cultura judaica;<br />

4. Identidades judaicas: centros de cultura judaica<br />

no oriente e no ocidente; 5. O judaísmo sefaradita<br />

(espanhol) e outras comunidades judaicas<br />

européias; 6. Primeiras cópias impressas da Bíblia<br />

Hebraica e do Talmud Babilônico; 7. O judaísmo asquenazita<br />

(europeu oriental) e suas comunidades<br />

judaicas; e 8. Identidades judaicas modernas, pósmodernas,<br />

virtuais, Israel e internet.


6<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Confederação Israelita do<br />

Brasil (Conib) e a Federação<br />

Israelita de Pernambuco<br />

(Fipe) realizaram dia 27/<br />

1 uma cerimônia em Recife<br />

para marcar o Dia Internacional<br />

em Memória das Vítimas do<br />

Holocausto, na qual estiveram mais<br />

de 600 pessoas e convidados como<br />

sobreviventes do massacre nazista,<br />

o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,<br />

ministros, lideranças políticas,<br />

parlamentares de diversos partidos,<br />

autoridades religiosas, representantes<br />

diplomáticos, dirigentes comuni-<br />

Ato religioso na Sinagoga Kahal Zur Israel em memória das vítimas do<br />

Holocausto<br />

O presidente Lula na Sinagoga Kahal Tsur Israel, entre rabinos<br />

O sobrevivente Ben Abraham conversa com o presidente Lula na<br />

Sinagoga de Recife<br />

Primeira sinagoga das Américas recebe Lula<br />

para homenagem às vítimas da Shoá<br />

Em Recife, cerimônia marca o dia da Recordação do Holocausto<br />

tários, entre outros.<br />

“Foi um evento de grande envergadura,<br />

que coroou nossos esforços<br />

para homenagear as vítimas do nazismo<br />

e mostrou a vitalidade de nossa<br />

comunidade, em especial da comunidade<br />

judaica pernambucana, que<br />

tanto se empenhou na organização<br />

deste evento”, afirmou Claudio Lottenberg,<br />

presidente da Conib.<br />

A cerimônia ocorreu na Sinagoga<br />

Kahal Zur Israel, a primeira das<br />

Américas, fundada no século XVII.<br />

O presidente Lula chegou ao evento<br />

acompanhado pela ministra-chefe<br />

da Casa Civil, Dilma Roussef, pelos<br />

ministros Carlos Minc (Meio Ambiente),<br />

Franklin Martins (Comunicação<br />

Social), Edson Santos (Política<br />

de Promoção de Igualdade Racial),<br />

e por Alfredo Manevy, ministro-interino<br />

da Cultura, e Clara Ant,<br />

assessora especial da Presidência.<br />

Compareceram também o governador<br />

de Pernambuco, Eduardo Campos;<br />

o governador da Bahia, Jaques<br />

Wagner; e o prefeito de Recife, João<br />

da Costa Bezerra Filho. Vieram parlamentares<br />

de diversos Estados, como<br />

o senador Romero Jucá, os deputados<br />

federais Marcelo Itagiba, Sérgio Carneiro,<br />

Ana Arraes, Charles Lucena,<br />

Fernando Ferro, Pedro Eugênio, e o<br />

deputado estadual Heitor Férrer. Da<br />

área diplomática, estiveram o embaixador<br />

de Israel, Giora Becher, a encarregada<br />

de negócios e ministra-conselheira<br />

da embaixada dos EUA, Lisa<br />

Kubiske, entre outros. O cônsul-honorário<br />

de Israel no Rio de Janeiro, o jornalista<br />

Osias Wurman, também esteve<br />

presente.<br />

Entre as autoridades religiosas<br />

estiveram Dom Fernando Saburido,<br />

arcebispo de Olinda e Recife, bem<br />

como os rabinos David Weitman, Yossi<br />

Schildkraut, Alex Mizrahi e Michel<br />

Schlesinger, além de presidentes de<br />

sete instituições filiadas à Conib e<br />

Jack Terpins, presidente do Congresso<br />

Judaico Latino-Americano.<br />

A sinagoga Kahal Zur Israel, passou<br />

por uma importante reforma para<br />

abrigar a cerimônia, realizada em data<br />

instituída pela ONU em 2005. “Os<br />

eventos anteriores, no Brasil, foram<br />

realizados em São Paulo e Rio de Janeiro,<br />

e trazê-la para o Nordeste significou<br />

também para nós proporcio-<br />

nar grande visibilidade à vida judaica<br />

nesta parte de nosso país e um incentivo<br />

a mais para intensificar nossas<br />

atividades comunitárias”, declarou<br />

Ivan Kelner, presidente da Fipe.<br />

“Pudemos, além de homenagear<br />

as vítimas do nazismo, contar a<br />

tanta gente a história da Sinagoga<br />

Kahal Zur Israel, que remete a outro<br />

momento de intolerância e brutalidade,<br />

representado pela Inquisição”,<br />

disse ele. A Sinagoga foi fundada<br />

durante a ocupação holandesa,<br />

e os judeus tiveram de fugir, ainda<br />

no século XVII, quando da reconquista<br />

portuguesa, que significou a<br />

volta da repressão religiosa.<br />

Após escavações arqueológicas, o<br />

prédio da Sinagoga foi recuperado<br />

pela comunidade judaica e reinaugurado<br />

apenas há cerca de oito anos,<br />

com apoio da Fundação Safra, abrigando<br />

hoje um centro cultural.<br />

A cerimônia começou com um ato<br />

religioso dirigido pelos rabinos. Em<br />

seguida, houve o acendimento de um<br />

candelabro com seis velas, cada uma<br />

simbolizando um milhão de judeus<br />

mortos no Holocausto. Participaram<br />

deste ato Ben Abraham, presidente da<br />

Sherit Hapleita (Associação dos Sobreviventes<br />

do Holocausto), acompanhado<br />

por dois jovens da comunidade<br />

judaica pernambucana; o governador<br />

de Pernambuco e o prefeito de Recife;<br />

Joseph Safra, presidente da escola<br />

e da comunidade Beit Yaacov;<br />

Jaques Wagner e Marcelo Itagiba; os<br />

rabinos; e o presidente Lula.<br />

Após o acendimento das velas discursaram<br />

Ben Abraham, Ivan Kelner,<br />

Claudio Lottenberg, João da Costa<br />

Bezerra Filho, Eduardo Campos e o<br />

presidente Lula, que participou pelo<br />

quinto ano consecutivo da cerimônia<br />

do Dia Internacional em Memória das<br />

Vítimas do Holocausto.<br />

“É um dever moral proteger a memória<br />

das vítimas do Holocausto,<br />

mas acima de tudo é nossa missão<br />

manter acesa a chama da luta pela<br />

liberdade e denunciar os regimes intolerantes,<br />

quaisquer que sejam<br />

eles”, discursou Lottenberg. “Nossa<br />

obrigação é denunciar e combater o<br />

racismo e o revisionismo histórico,<br />

pois negar o Holocausto é inaceitável,<br />

inadmissível e um desrespeito à<br />

memória coletiva. Quem nega o Ho-<br />

locausto e faz dessa negação uma de<br />

suas bandeiras políticas personifica<br />

valores incompatíveis com a democracia<br />

e a convivência entre diferentes<br />

pessoas e origens”, prosseguiu o<br />

presidente da Conib.<br />

Em seu discurso, o presidente<br />

Lula disse: “Como vocês sabem, o<br />

presidente Shimon Peres, o presidente<br />

Mahmoud Abbas e o presidente<br />

Ahmadinejad estiveram no Brasil recentemente.<br />

Durante esses encontros,<br />

conversamos longamente sobre<br />

a necessidade de uma paz duradoura<br />

no Oriente Médio e sobre os obstáculos<br />

que vêm impedindo alcançar<br />

esse objetivo. Mostrei ao presidente<br />

do Irã que é impossível negar o Holocausto,<br />

que 60 milhões de vidas foram<br />

perdidas na Segunda Guerra<br />

Mundial em combates, em enfrentamentos<br />

de parte a parte. Mas que os<br />

6 milhões de judeus não foram mortos<br />

em combates, foram exterminados.<br />

E ninguém tem o direito de desconhecer<br />

o extermínio de tanta gente.<br />

Falamos também da nossa disposição<br />

de dialogar com todos os setores<br />

envolvidos, sobre como nosso<br />

país, com longa tradição pacifista e<br />

de respeito às diferenças, pode contribuir<br />

nos processos que visam a<br />

resolução dos conflitos na região”.<br />

A visita de Lula ao Oriente Médio,<br />

prevista para março, também foi<br />

tema dos pronunciamentos. Lottenberg<br />

relembrou o fato de o presidente<br />

ter se reunido com representantes<br />

da comunidade judaica 22 vezes<br />

nos últimos sete anos: “Confiamos<br />

muito em suas intenções no<br />

sentido de um acordo de paz entre<br />

israelenses e palestinos. Todos queremos<br />

a paz, embora possamos divergir<br />

a respeito dos meios e modos<br />

mais adequados para atingir a<br />

paz que garanta segurança e prosperidade<br />

àquela região”.<br />

O presidente Lula, referindo-se a<br />

sua viagem a Israel, territórios palestinos<br />

e Jordânia, afirmou: “E mais uma<br />

vez, em nome do povo brasileiro, levarei<br />

até lá nossa mensagem de tolerância<br />

e de paz, nossa convicção em<br />

defesa do diálogo comum. Uma mensagem<br />

que é baseada não em uma<br />

utopia, mas na realidade de uma nação<br />

onde as mais diversas comunidades<br />

convivem em harmonia”. (BB).


Deve estar doendo muito. Não deve<br />

ser fácil para a mídia que durante os<br />

últimos anos tem plantado constantemente<br />

a ideia de Israel como um<br />

país “beligerante, genocida,<br />

assassino, que não liga para vidas<br />

humanas”, ter de noticiar sobre<br />

fatos que desmentem este quadro<br />

pintado com tanto esmero. Mas o<br />

incrível bombardeio de comidas e<br />

remédios que os israelenses estão<br />

realizando no Haiti supera todas as<br />

expectativas. Depois de décadas se<br />

calando sobre o lado bom de Israel<br />

e as ações humanitárias do país,<br />

parece que desta vez a omissão<br />

deixou de ser uma opção.<br />

hospital de campanha<br />

montado pela<br />

equipe humanitária<br />

israelense no Haiti<br />

está sendo chamado<br />

pelas demais equipes<br />

internacionais de socorristas de “hospital<br />

Rolls Royce”, por conta do número<br />

e da qualidade de recursos disponíveis.<br />

A capacidade de atendimentos<br />

prevista para o hospital é de 500<br />

pacientes por dia, mas é comum que<br />

esta quantidade seja ultrapassada,<br />

por conta do enorme número de pessoas<br />

feridas.<br />

Desde o dia 13/1, quando diversas<br />

missões internacionais começaram<br />

a se instalar na capital haitiana<br />

para prestar socorro às vítimas do<br />

terremoto que devastou o país, a<br />

base dos israelenses tem atendido<br />

aos casos mais urgentes. Com um<br />

longo histórico de missões humanitárias<br />

ao redor do mundo, os 236 ho-<br />

"Genocidas" que salvam vidas<br />

A reação desproporcional de Israel no Haiti<br />

mens e mulheres israelenses conseguiram<br />

instalar em Porto Príncipe um<br />

centro com uma farmácia completa;<br />

uma ala pediátrica; um departamento<br />

de radiologia de alta tecnologia;<br />

uma Unidade de Terapia Intensiva<br />

completa, e ainda uma sala de emergência;<br />

duas salas de cirurgia; uma<br />

maternidade e um departamento de<br />

medicina interna.<br />

Mais da metade do contingente<br />

de Israel no Haiti é composto de militares<br />

especializados em busca e resgate<br />

sob ruínas e identificação de<br />

corpos. O restante da missão possui<br />

40 médicos, 44 enfermeiras e 20 paramédicos,<br />

todos pertencentes ao<br />

Magen David Adom, organização de<br />

Israel equivalente à Cruz Vermelha.<br />

Primeira Primeira criança: criança: criança: Israel<br />

Israel<br />

Por ser o mais equipado, o hospital<br />

de campanha israelense tem recebido<br />

os casos mais graves, cujas<br />

demais unidades internacionais não<br />

têm capacidade de atender. Um destes<br />

casos foi o de uma mulher grávida<br />

ferida num desabamento e em<br />

avançado trabalho de parto. Ela chegou<br />

à unidade israelense trazida por<br />

um repórter da rede de TV americana<br />

ABC. O jornalista em questão era<br />

médico, e logo percebeu que não tinha<br />

condições de realizar o parto sozinho<br />

ou num posto de atendimento<br />

comum. A criança, um menino, foi batizada<br />

de Israel, em homenagem aos<br />

paramédicos. A equipe da rede ABC<br />

filmou o procedimento.<br />

Até o momento calcula-se que o<br />

número de mortos pelo terremoto<br />

chega a 217 mil. Mais de um milhão<br />

de pessoas estão desabrigadas.<br />

Não há previsão para<br />

a retirada das equipes<br />

de socorro internacional<br />

do Haiti.<br />

Um Um longo longo histórico histórico<br />

histórico<br />

de de ajuda ajuda humanitária<br />

humanitária<br />

Quando das comemorações<br />

de 60 anos<br />

da criação do moderno<br />

Estado de Israel, muito<br />

era festejado, mas tragédias<br />

ainda tinham<br />

precedência sobre comemorações:<br />

equipes de resgate e ajuda de Israel<br />

eram despachadas para a China, onde<br />

um terremoto matou mais de 12 mil<br />

pessoas e outros tantos paramédicos<br />

e materiais hospitalares eram enviados<br />

para a Birmânia, onde furacões podem<br />

ter matado mais de 100 mil. Mais de<br />

1,5 milhão de pessoas foram afetadas<br />

de alguma maneira pelo ciclone.<br />

A instituição IsraAID, que representa<br />

15 organizações não-governamentais<br />

que trabalharam nestes casos<br />

de desastres, além do já mencionado,<br />

enviou também à Birmânia uma<br />

equipe de voluntários especialistas<br />

em qualidade de água, para medir e<br />

tratar a água local, para que ela possa<br />

se tornar potável para os sobreviventes<br />

da região, que estavam morrendo<br />

de doenças, fome e sede.<br />

Mas se o caro leitor acha que isso<br />

tudo são exceções, ou uma novidade<br />

criada nos últimos tempos, está muito<br />

enganado. Desde 1953 – quando<br />

pela primeira vez Israel enviou pessoal<br />

da Marinha para ajudar a Grécia,<br />

abalada por um grave terremoto<br />

– o grupo especial de salvamento israelense<br />

já participou de cerca de 3<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Parte da equipe médica israelense que<br />

montou hospital de campanha no Haiti<br />

mil operações de busca e resgate,<br />

tanto em Israel como em vários países<br />

do mundo.<br />

Quando países muçulmanos se<br />

negaram a ajudar, ou o fizeram de forma<br />

ínfima no tsunami, que atingiu<br />

principalmente a Indonésia e o Sri<br />

Lanka (países islâmicos), Israel estava<br />

lá. Para a Indonésia, Israel enviou<br />

mais de 75 toneladas de suprimentos<br />

médicos e remédios. Para o Sri Lanka,<br />

7<br />

Menina recebe cuidados dos médicos<br />

israelenses no "Hospital Rolls Royce"<br />

Médicos do Exército de Israel em Port au Prince fizeram um parto no<br />

hospital de campanha, onde nasceu um menino saudável e a mãe, que<br />

chegou ao hospital vítima do terremoto, grávida de oito meses,<br />

decidiu dar o nome de Israel ao garoto


8<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Israel enviou médicos do Departamento<br />

de Cirurgia e Traumatologia do Hospital<br />

Hadassah, de Jerusalém, e equipes<br />

do Maguen David Adom, o serviço<br />

médico de emergência de Israel. Dias<br />

depois, um avião da Força Aérea de<br />

Israel decolou com mais de 82 toneladas<br />

de alimentos, remédios, água mineral,<br />

geradores elétricos, barracas e<br />

cobertores a serem doados às vítimas.<br />

Mais além: quando Israel foi discriminado<br />

por ser um país judeu, mesmo<br />

assim não se negou a ajudar. A<br />

Haitiano vítima do terremoto, salvo do soterramento,<br />

recebe tratamento no hospital israelense<br />

política de “salvar vidas está acima<br />

de decisões de governos” foi fator determinante.<br />

Em 2005, o Paquistão, a Índia e o<br />

Afeganistão foram atingidos por um<br />

grande terremoto. Ocorreu então um<br />

problema nas vias diplomáticas,<br />

quando Israel decidiu enviar sua ajuda<br />

humanitária. O Paquistão, país<br />

com a segunda maior população muçulmana<br />

do mundo, e que não mantêm<br />

relações diplomáticas diretas<br />

com Israel, disse que aceitaria o oferecimento<br />

de Israel, mas de forma indireta<br />

e não oficial, através da ONU,<br />

da Cruz Vermelha Internacional ou de<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

O Van Gogh<br />

roubado<br />

A.J. Zerries - Ed. Landscape<br />

um Fundo de Ajuda. Confirmando a<br />

notícia, o Paquistão enviou uma lista<br />

a Jerusalém, destacando os itens<br />

mais necessários para o atendimento<br />

às vítimas: remédios, barracas,<br />

sacos plásticos, colchões, cobertores,<br />

alimentos não perecíveis, água potável,<br />

estojos de primeiros socorros e<br />

material para cirurgias. No caso do Sri<br />

Lanka, no tsunami, a exigência do país<br />

foi que as ambulâncias e os remédios<br />

não exibissem a característica “Maguen<br />

David” (Estrela de David) vermelha.<br />

Ferido retirado dos escombros provocado pelo terremoto no<br />

Haiti recebe atendimento de emergência da equipe israelense<br />

LIVRO<br />

Na época, o porta-voz do consulado<br />

israelense em Los Angeles, Gilad<br />

Millo, resumiu, de forma clara e precisa,<br />

a posição humanitária de Israel, independente<br />

de governos e governantes:<br />

“Quando acontece um desastre<br />

desse porte nós só pensamos, em primeiro<br />

lugar, em salvar vidas”. E lembrou<br />

que Israel está sempre entre os<br />

primeiros países a oferecer ajuda aos<br />

povos assolados pela tragédia, pouco<br />

importando a coloração política, credos<br />

e localização geográfica.<br />

No Sudão, nos últimos anos, enquanto<br />

uma limpeza étnica de seus<br />

governantes muçulmanos contra a<br />

Quando o Retrato do Monsieur Trabuc, de Vincent Van Gogh, há muito<br />

desaparecido, aparece inesperadamente no Museu de Arte Metropolitano,<br />

uma pintura de 50 milhões de dólares enviada da Argentina em<br />

um pacote comum da UPS, o caso vai parar nas mãos do detetive Clay Ryder, da Polícia<br />

de Nova York, Esquadrão de Casos Prioritários.<br />

Ryder descobre que, em 1944, alguém denunciou que a pintura tinha sido roubada durante o<br />

Holocausto, em Paris. O ladrão, um notório oficial da SS nazista, tinha morrido em um acidente<br />

de automóvel, e assim o paradeiro do Van Gogh terminou virando mistério. Depois que Ryder<br />

consegue descobrir a verdadeira herdeira do quadro, Rachel Meredith, o Museu Metropolitano<br />

lhe entrega o quadro com grande estardalhaço, em cerimônia amplamente divulgada, e a polícia<br />

considera o caso encerrado.<br />

Mas não está. O Mossad, serviço secreto israelense, logo vai fazer uma visita clandestina a Ryder,<br />

na intenção de desentocar o tal oficial da SS, que, segundo acreditam, ainda está vivo. Enquanto<br />

isso, os leiloeiros, comerciantes de arte e museus competem pela posse do Van Gogh. Quando<br />

Rachel se recusa a vender sua herança, a situação começa a transformar-se de predatória em<br />

violenta. Ryder termina precisando correr contra o relógio para superar a mente maquiavélica que<br />

cometerá tantos assassinatos quantos forem necessários para pôr as mãos no Van Gogh.<br />

população negra do local, já deixou<br />

mais de 500 mil mortos e dois milhões<br />

de exilados, equipes israelenses<br />

tem se exposto ao perigo, se infiltrando<br />

no país para atender as vítimas<br />

do massacre.<br />

Na Turquia, em 1999, em uma única<br />

intervenção, os israelenses salvaram<br />

12 pessoas e resgataram 140<br />

corpos e mais de 22 mil pessoas receberam<br />

ajuda médica, incluindo cirurgias<br />

de emergência. Especialistas<br />

em socorro internacional são unânimes<br />

em afirmar que as equipes de resgate<br />

de Israel são preparadas, de<br />

modo especial, a atender situações<br />

extremas em áreas de destruição. Por<br />

força de sua experiência em atentados<br />

terroristas à bomba, Israel desenvolveu<br />

uma avançada tecnologia para<br />

a retirada cuidadosa das vítimas dos<br />

escombros, sem a utilização de máquinas<br />

pesadas e tratores que são<br />

usados normalmente. Ainda em 2001,<br />

um terremoto atingiu o oeste da Índia<br />

e outra vez Israel enviou uma missão<br />

de socorro com equipes médicas,<br />

material cirúrgico e grupos de enfermagem,<br />

totalizando 150 profissionais.<br />

Cinco aviões da Força Aérea de Israel<br />

partiram para o local transportando<br />

equipamentos e até um mini-hospital.<br />

Em dois dias, mais de 200 pessoas<br />

foram socorridas.<br />

No continente americano, Israel<br />

enviou equipes médicas e suprimentos<br />

para o México - quando do terremoto<br />

de 1985 - tendo o mesmo procedimento<br />

com Honduras, Nicarágua,<br />

Guatemala e El Salvador, em 1998,<br />

logo depois da passagem do furacão<br />

Mitch. Em 1999, a Colômbia foi sacudida<br />

por um forte terremoto e Israel<br />

imediatamente despachou uma grande<br />

quantidade de remédios, alimentos<br />

e leite especial para bebês. Em 2001,<br />

quando El Salvador foi novamente abalado<br />

pela tragédia de um terremoto, o<br />

Ministério do Exterior de Israel enviou<br />

estoques de remédios e equipe médica<br />

para socorrer às vítimas.<br />

No domingo, primeiro de agosto<br />

de 2004, uma imensa tragédia deixou<br />

a população do Paraguai de luto. Em<br />

sua capital, Assunção, houve um terrível<br />

incêndio em um supermercado,<br />

cuja consequência foi um saldo de<br />

aproximadamente 370 mortos. Israel<br />

ofereceu imediatamente o envio de<br />

médicos, remédios e equipamentos<br />

apropriados a Assunção, a fim de auxiliar<br />

os inúmeros feridos. Dois cirurgiões<br />

plásticos israelenses se deslocaram<br />

para o local, no intuito de disponibilizar<br />

ajuda médica aos que sofreram<br />

danos físicos. Trata-se dos<br />

doutores Ymri Tamir e Eran Ben Meir,<br />

ambos do Hospital Tel Hashomer.<br />

Outros exemplos de ajuda humanitária<br />

israelense: O terremoto na<br />

Grécia, em 1999; o ataque à embaixada<br />

norte-americana de Nairobi, no<br />

Quênia, em 1998; o incêndio na Turquia,<br />

em 1997; dando assistência a<br />

refugiados de Ruanda, em 1994; o<br />

ataque à AMIA na Argentina, em 1994;<br />

na Bósnia, em 1992; o terremoto na<br />

República da Geórgia, em 1991; a revolução<br />

na Romênia, em 1989; o terremoto<br />

na Armênia, em 1998; a erupção<br />

vulcânica em Camarões, em 1986;<br />

os terremotos no México, e, 1985; aos<br />

refugiados no campo do Camboja, em<br />

1979 – e em muitos outros momentos<br />

e lugares.<br />

Em relação ao Irã, logo após o terremoto<br />

que matou 30 mil pessoas, em<br />

2003, Israel também ofereceu ajuda<br />

oficial e o envio de pessoal, remédios<br />

e equipamentos. Mas, as autoridades<br />

iranianas rejeitaram o oferecimento<br />

por razões políticas e ideológicas.<br />

Mesmo assim, o então presidente de<br />

Israel, Moshe Katsav (nascido no Irã,<br />

em 1945), conclamou a população israelense<br />

a ajudar as vítimas iranianas<br />

com donativos individuais ou<br />

através de organismos internacionais.<br />

Fica a pergunta: Por que nada disso<br />

é divulgado pela mídia? Não é notícia?<br />

Tudo isso é ainda mais surpreendente<br />

dado que todas as maiores<br />

agências mundiais de notícias têm<br />

equipes inteiras de reportagem em<br />

Israel, as quais apresentam pelo menos<br />

um artigo sobre Israel a cada dia.<br />

A falta de interesse da mídia pelo<br />

esforço humanitário israelense significa<br />

que a benevolência de Israel para<br />

com os outros povos não é transmitida<br />

favoravelmente ao mundo ocidental.<br />

Se assim fosse, talvez os observadores<br />

viessem a entender uma outra<br />

coisa: que a resposta de Israel à<br />

violência palestina é também motivada<br />

pela mais alta preocupação ética<br />

em relação à vida humana, e que não<br />

é conduzida - como a mídia tão frequentemente<br />

retrata - por um sistema<br />

nacional opressivo e de caráter<br />

desprezível.<br />

E E não não custa custa perguntar perguntar perguntar... perguntar ...<br />

Como alertou em sua coluna,<br />

Claudio Humberto, intitulada “Nem<br />

Aí...”, onde estão nesta hora os países<br />

muçulmanos super-endinheirados<br />

pelo petróleo e sua consciência humanística<br />

que tanto costuma berrar<br />

pelos oprimidos e famintos? Vários<br />

países, pobres e ricos, mandaram socorro,<br />

equipes ou dinheiro para o Haiti.<br />

Mas Arábia Saudita, Emirados Árabes,<br />

etc... ainda não compareceram<br />

ao esforço internacional. Por quê?<br />

(Colaborou com esta matéria o jornalista<br />

Victor Grinbaum, do Rio de Janeiro).<br />

FONTES DE CONSULTA:<br />

Boletim do Honest Reporting de 28 de<br />

dez de 2004: “Ajuda humanitária<br />

israelense não divulgada”<br />

Aliza Moreno Goldschdmit: “Falar sobre o<br />

que a imprensa mundial cala: Ajuda<br />

humanitária de Israel”<br />

Sheila Sacks, publicado no Jornal Nosso<br />

Rio: “A Ideologia do bem”<br />

Site Israel 21c: “Israel envia ajuda para<br />

Birmânia”


m grupo de socorristas<br />

israelenses conseguiu<br />

dia 23/1 resgatar<br />

com vida Emmanuel<br />

Buso, de 22 anos<br />

que estava preso nos escombros<br />

de um prédio em<br />

Porto Príncipe, dez dias depois do terremoto<br />

que arrasou a cidade, informou<br />

um comunicado do Exército de Israel.<br />

O homem foi levado para um hospital<br />

de campanha montado pelas forças<br />

israelenses na capital haitiana, e<br />

seu estado de saúde é estável. O prédio<br />

onde ele estava fica perto do palácio<br />

presidencial, que também foi<br />

destruído pelo impacto do tremor.<br />

"Equipes americanas e francesas<br />

não haviam conseguido resgatá-lo,<br />

então chamaram as equipes de busca<br />

e resgate da delegação israelense,<br />

que o tiraram dos escombros em<br />

meia hora. Um túnel de 2,5 a 3 m foi<br />

cavado e por ele o homem foi retirado<br />

inteiro e saudável", disse o major<br />

Zohar Moshe, membro da equipe de<br />

socorristas de Israel.<br />

Os 236 membros do corpo médico e da<br />

equipe de resgate das Forças de Defesa de<br />

Israel (218 militares e 18 civis) que desembarcaram<br />

no Haiti três dias após o catastrófico<br />

terremoto que atingiu o Haiti, concluíram<br />

seus trabalhos dia 27/01. A bordo do avião que<br />

os levou de volta, estava uma criança haitiana<br />

de 5 anos que passará por uma cirurgia cardíaca<br />

em Israel.<br />

Durante sua permanência os israelenses<br />

trataram mais de 1.100 pacientes, realizaram<br />

319 cirurgias bem sucedidas, fizeram o parto<br />

de 16 bebês e salvaram dezenas de pessoas<br />

presas sob as ruínas.<br />

A delegação era constituída de equipes de<br />

resgate do Comando e pessoal médico dos<br />

Corpos Médicos das Forças de Defesa de Israel,<br />

bem como unidades de logística, pessoal<br />

de segurança, busca, identificação e outros.<br />

Trinta toneladas de equipamentos que incluem<br />

aparelhos cirúrgicos, duas incubadoras,<br />

material para curativos, lençóis e material de<br />

cozinha foram deixados no Haiti para ajudar<br />

na continuidade dos esforços de ajuda.<br />

Na cerimônia que marcou a desmontagem<br />

do hospital de campo, o comandante, coronel<br />

Itzik Kryce, disse ao seu pessoal:<br />

- "Vocês foram uma gota de esperança num<br />

mar de desespero e muitas vezes fizeram a<br />

diferença entre a vida e a morte. Foi um grande<br />

privilégio e vocês o fizeram como seres humanos,<br />

seguindo o espírito das Forças de Defesa<br />

de Israel e de acordo com os valores de<br />

seu Corpo Médico".<br />

Homem de 22 anos é resgatado<br />

no Haiti 10 dias após tremor<br />

Terremoto erremoto<br />

Um terremoto de magnitude 7 na<br />

escala Richter atingiu o Haiti dia 12/<br />

1, às 16h53 no horário local (19h53<br />

em Brasília). Com epicentro a 15 km<br />

da capital, Porto Príncipe, segundo o<br />

Serviço Geológico Norte-Americano, o<br />

terremoto é considerado pelo órgão<br />

o mais forte a atingir o país nos últimos<br />

200 anos.<br />

Dezenas de prédios da capital<br />

caíram e deixaram moradores sob<br />

escombros. Importantes edificações<br />

foram atingidas, como prédios das<br />

Nações Unidas e do governo do país.<br />

Estimativas recentes do governo haitiano<br />

falavam que seriam 217 mil mortos<br />

e 75 mil corpos já enterrados. O<br />

Haiti é o país mais pobre do continente<br />

americano.<br />

Morte Morte de de brasileiros<br />

brasileiros<br />

A fundadora e coordenadora internacional<br />

da Pastoral da Criança,<br />

Organismo de Ação Social da Conferência<br />

Nacional dos Bispos do Brasil<br />

(CNBB), Zilda Arns, de Curitiba, o diplomata<br />

Luiz Carlos da Costa, segunda<br />

maior autoridade civil da Organização<br />

das Nações Unidas (ONU) no<br />

Haiti, o tenente da Polícia Militar do<br />

Distrito Federal Cleiton Batista Neiva,<br />

e pelo menos 18 militares brasileiros<br />

da missão de paz da ONU morreram<br />

durante o terremoto. Também<br />

foi confirmada a morte de uma brasileira<br />

com dupla nacionalidade, cuja<br />

identidade não foi divulgada.<br />

O O Brasil Brasil no no Haiti<br />

Haiti<br />

O Brasil chefia a missão de paz<br />

da ONU no país (Missão das Nações<br />

Unidas para a Estabilização no Haiti,<br />

ou Minustah, na sigla em francês),<br />

que conta com cerca de 7 mil integrantes.<br />

Segundo o Ministério da Defesa,<br />

1.266 militares brasileiros servem<br />

na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros<br />

no Haiti.<br />

A missão de paz foi criada em<br />

2004, depois que o então presidente<br />

Jean-Bertrand Aristide foi deposto<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

durante uma rebelião. Além do prédio<br />

da ONU, o prédio da Embaixada<br />

Brasileira em Porto Príncipe também<br />

ficou danificado, mas segundo o governo,<br />

não há vítimas entre os funcionários<br />

brasileiros.<br />

9<br />

Equipes de socorro de Israel no Haiti, retiram homem dos escombros<br />

após 10 dias do terremoto<br />

Relatório Haiti Nota de pesar por Zilda Arns<br />

A comunidade israelita do Paraná<br />

recebeu com choque a confirmação da<br />

morte da fundadora e coordenadora da<br />

Pastoral da Criança Internacional, Zilda<br />

Arns Neumann, no terremoto ocorrido<br />

no Haiti dia 12/1. A vida da excepcional<br />

médica catarinense de nascimento,<br />

mas curitibana de coração,<br />

que escolheu como projeto de vida a<br />

saúde pública e salvar vidas de crianças<br />

é exemplar para o mundo todo.<br />

Na Pastoral da Criança - entidade<br />

que fundou há anos atrás, e que desempenhou<br />

papel importantíssimo no<br />

Brasil inteiro, e também no exterior,<br />

na consolidação das políticas públicas<br />

de alimentação e nutrição, amamentação<br />

materna e controle da mortalidade<br />

infantil, entre outras ações de<br />

prevenção que promoveram a saúde,<br />

Zilda contou, por diversas vezes, com<br />

o auxílio da comunidade israelita, por<br />

intermédio de suas instituições.<br />

A atuação desta mulher de espírito<br />

nobre foi essencial para elevar a<br />

criança a uma condição prioritária<br />

dentro dos objetivos éticos e humanitários.<br />

Morreu dedicando-se às<br />

crianças, como sempre fez ao longo<br />

de sua vida.<br />

Seu trabalho foi merecedor, nos<br />

últimos anos, de diversos prêmios e<br />

medalhas. A última delas foi a Me-<br />

dalha de Mérito Oswaldo Cruz, conferida<br />

em novembro passado pelo<br />

Ministro da Saúde. Ela recebeu também<br />

diversos prêmios internacionais.<br />

Zilda Arns Neumann era atualmente<br />

coordenadora da Pastoral da<br />

Criança Internacional e da Pastoral do<br />

Idoso. Estava no Haiti disseminando<br />

entre religiosos de comunidades carentes<br />

daquele país as práticas bem<br />

sucedidas da Pastoral.<br />

Em outubro de 2002, a Loja<br />

Chaim Weizman da B'nai B'rith do<br />

Paraná, quando era presidente Isac<br />

Baril, foi a primeira a propor à B'nai<br />

B'rith Internacional que o nome de<br />

Zilda Arns fosse indicado para o Prêmio<br />

Nobel da Paz.<br />

Baril, junto com Marcos Guelmann<br />

e sua esposa Clara (hoje ambos<br />

residem em Israel), e o jornalis-<br />

ta Szyja Lorber, do <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, fizeram<br />

a entrega a Zilda Arns, na<br />

sede da Pastoral da Criança em Curitiba<br />

de uma cópia da carta de sua<br />

indicação ao Nobel.<br />

Nascida em Forquilhinha (SC) em<br />

1934 e irmã do cardeal-arcebispo<br />

emérito de São Paulo, d. Paulo Evaristo<br />

Arns, Zilda Arns Neumann era<br />

médica formada em 1959 pela Universidade<br />

Federal do Paraná, tinha<br />

cinco filhos e dez netos. Atuou como<br />

pediatra no Hospital de Crianças Cezar<br />

Pernetta e como diretora técnica<br />

da Associação de Proteção Materno<br />

Infantil Saza Lattes, em Curitiba (PR),<br />

e, posteriormente, como diretora de<br />

Saúde Materno-Infantil, da Secretaria<br />

de Saúde Pública do Estado do Paraná<br />

e do Ministério da Saúde.<br />

Marcos e Clara Guelmann (esquerda) com Zilda Arns em 2002. À direita, Isac Baril


10<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

arta de um médico integrante<br />

da delegação<br />

israelense aos seus<br />

pais, contando como<br />

era o dia-a-dia do Corpo<br />

Médico das Forças de<br />

Defesa de Israel no Haiti.<br />

Na missão do Corpo Médico das<br />

Forças de Defesa de Israel (Tsahal)<br />

no Haiti, montada em barracas, vidas<br />

são salvas e se evita a invalidez<br />

e a mutilação. Oferece-se tratamento,<br />

calor humano e carinho aos enfermos.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal no Haiti, que se encontra no<br />

meio de um inferno de miséria, cada<br />

um dos casos complexos é estudado<br />

por um Conselho de Ética.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal no Haiti, são expostas as dúvidas<br />

sobre qual é o diagnóstico<br />

médico de uma criança com as pernas<br />

amputadas até a virilha, ou qual<br />

é o prognóstico de sobrevivência de<br />

um prematuro conectado a um respirador<br />

na “sala” de prematuros,<br />

localizada na barraca.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal não sobraram aparelhos ortopédicos<br />

especiais para a fixação<br />

de fraturas complexas. Cada um<br />

custa 5.000 euros. O dinheiro não<br />

é problema. Simplesmente, não<br />

existem aparelhos. Porém, os cirurgiões<br />

tiveram uma ideia: um suboficial<br />

levou-os a um torneiro e este<br />

fez dezenas de aparelhos ortopédicos.<br />

Continuamos salvando vidas.<br />

Na Missão do Corpo Médico,<br />

montada em barracas, existe um<br />

sistema de rede de computadores<br />

para a gestão e o acompanhamento<br />

dos doentes internados. Das radiografias<br />

feitas na “sala” de raios<br />

X, as imagens são vistas diretamente<br />

no sistema digital localizado na<br />

“sala” de ortopedia.<br />

Na Missão do Corpo Médico,<br />

que veio de Israel, no Oriente Médio,<br />

para o Haiti, prestam serviços<br />

médicos voluntários norte-americanos,<br />

porque eles não têm outras<br />

instalações para operar e nem eficientes<br />

para trabalhar. A eles se juntaram<br />

um médico e uma enfermeira<br />

vindos da Alemanha, que escutaram<br />

ser este o melhor hospital<br />

que existe no Haiti.<br />

Um grupo de cirurgiões, com<br />

um aparato cirúrgico completo e<br />

equipado, chegou da Colômbia, se<br />

instalou ao nosso lado e pediu para<br />

fazer parte de nosso hospital. Vinte<br />

enfermeiras e médicos ingleses<br />

pediram para trabalhar conosco.<br />

Todos eles, sem exceção, todos<br />

os dias, às sete da manhã, colocam-se<br />

em formação, no pátio da<br />

bandeira.<br />

Da bandeira de Israel.<br />

A bandeira do Estado que surgiu<br />

quando os Estados Unidos já eram<br />

a potencia líder no mundo. Quando<br />

Oito salvos durante o "Shabat no inferno"<br />

Em meio a um cenário surreal, um desenrolar emocionante<br />

Depois de trabalhar 38 horas seguidas,<br />

no dia 16/1, a unidade internacional de salvamento<br />

da Zaka, de Israel, que esteve no<br />

Haiti atuando junto com equipes militares e<br />

de voluntários judeus mexicanos, conseguiu<br />

resgatar oito estudantes presos sob os escombros<br />

dos oito andares desmoronaram do<br />

edifício da Universidade de Port-Au-Prince.<br />

A equipe de seis homens da Zaka havia<br />

chegado ao Haiti a bordo de um Hércules<br />

da Força Aérea mexicana, logo após concluir<br />

os trabalhos de recuperação e identificação<br />

de corpos e partes dos corpos no<br />

acidente de helicóptero na Cidade do México,<br />

no qual o empresário e filantropo judeu<br />

Moises Saba e três membros da sua<br />

família foram mortos.<br />

O chefe da unidade internacional de<br />

resgate da Zaka, Mati Goldstein enviou um<br />

e-mail para a sede da Zaka de Jerusalém,<br />

em que ele escreveu sobre o ” Shabat no<br />

Carta de um médico da equipe<br />

de socorro de Israel no Haiti<br />

inferno”. Em todo o lugar, o cheiro acre dos<br />

cadáveres paira no ar. É como as histórias<br />

que são contadas do Holocausto — milhares<br />

de corpos por toda parte. É preciso entender<br />

que a situação é verdadeiramente<br />

louca, e quanto mais o tempo passa, há<br />

mais e mais corpos, em números que não<br />

podem ser absorvidos. Está além da nossa<br />

compreensão”.<br />

Em meio ao mau cheiro e do caos, a<br />

delegação da Zaka ainda teve tempo para<br />

recitar as orações do Shabat. Numa visão<br />

surrealista, os judeus ortodoxos estavam<br />

envoltos em xales de oração (talitim) nos<br />

edifícios desabados. Muita gente do lugar<br />

sentou-se calmamente nos escombros,<br />

olhando para os homens e como eles rezavam<br />

voltados para Jerusalém. Quando terminaram<br />

as orações, os haitianos se reuniram<br />

em volta da equipe e passaram a beijar<br />

seus xales de oração.<br />

os ingleses deixavam a terra que<br />

estava sob seu mandato. Quando a<br />

Colômbia já era uma nação veterana.<br />

Quando os nazistas alemães exterminaram<br />

o povo judeu.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal no Haiti, montada em barracas,<br />

os homens da delegação da<br />

Rússia pedem ajuda de instrumentos<br />

e equipe médica a “potência israelense”.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal no Haiti, estão voluntários<br />

da Zaka, o corpo de voluntários judeus<br />

religiosos que cuida dos cadáveres<br />

e suas partes amputadas.<br />

Com a devida honra fúnebre e com<br />

as honras aos costumes do haitiano<br />

que fala crioulo e que é fiel ao<br />

culto vudu do Mar do Caribe, no<br />

extremo do Atlântico.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal solicita-se autorização aos<br />

enfermos para fotografar seus órgãos<br />

feridos, porém nem sempre se<br />

consegue explicar-lhes o significado<br />

da pergunta.<br />

Na Missão do Corpo Médico<br />

houve escassez de gesso. Um médico<br />

com iniciativa dirigiu-se às<br />

monjas do hospital haitiano e lhes<br />

pediu ajuda. Não tinham gesso.<br />

Mandaram o médico a um bairro<br />

longínquo, de ruas fétidas, onde se<br />

encontra a Embaixada do Marrocos<br />

no Haiti. Em um depósito da embaixada<br />

havia gesso, que foi levado<br />

A organização militante (e terrorista)<br />

libanesa Hezbolá aparentemente financia<br />

sua luta contra Israel com o tráfico<br />

de drogas na Europa, publicou o<br />

semanário alemão Der Spiegel, baseado<br />

em informações do serviço de inteligência<br />

alemão.<br />

Segundo a revista, agentes alemães<br />

obtiveram provas disso nas investigações<br />

que fizeram recentemente na capital<br />

libanesa, Beirute.<br />

As primeiras suspeitas surgiram<br />

quando foram apreendidos no aeroporto<br />

de Frankfurt, em maio de 2008, quatro<br />

libaneses com 8,7 milhões de euros<br />

(US$ 12,5 milhões) em dinheiro e mais<br />

de meio milhão de euros no apartamento<br />

de um suspeito na cidade alemã de<br />

Espira, no oeste.<br />

Nas notas foram encontrados vestígios<br />

de cocaína e impressões digitais de um<br />

ao hospital. Por uma casualidade,<br />

o médico israelense era de origem<br />

marroquina.<br />

Na Missão do Corpo Médico<br />

existe uma “sala” de maternidade.<br />

Ali se realizam partos. Trata-se as<br />

parturientes. Na “sala” adequada<br />

são internados os prematuros que<br />

necessitam de cuidados.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal são feitas intervenções cirúrgicas<br />

plásticas em doentes graves.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal no Haiti, cumpre-se a lei dos<br />

direitos do doente. São respeitados<br />

os direitos individuais, o segredo<br />

médico é respeitado. Por meio de<br />

intérpretes, explica-se ao doente<br />

seu estado, no idioma crioulo.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal no Haiti, montada em barracas,<br />

se respeita a igualdade de direitos<br />

para todos os homens. No<br />

Haiti, que foi um país escravagista<br />

e no qual, hoje, existem diferenças<br />

e distâncias sociais terríveis entre<br />

setores das elites endinheiradas e<br />

dos pobres, que estão entre os mais<br />

pobres do mundo.<br />

Na Missão do Corpo Médico do<br />

Tsahal no Haiti, montada em barracas,<br />

se incorpora a moral humana<br />

em seu apogeu. Ali tem lugar a<br />

fraternidade humana em toda sua<br />

grandeza. E toma um sentido concreto<br />

o versículo bíblico “Amarás ao<br />

teu próximo como a ti mesmo”.<br />

Der Spiegel: O Hezbolá<br />

vende cocaína na Europa<br />

holandês cujo apelidado é "Karlos" e que<br />

está ligado há anos com vários casos de<br />

drogas apreendidas na Alemanha.<br />

Agentes alemães prenderam em<br />

outubro de 2009 dois membros de um<br />

clã libanês em Espira. Acredita-se que<br />

os membros da família transportavam<br />

regularmente somas milionárias de<br />

montantes provenientes da venda de<br />

cocaína na Europa através do aeroporto<br />

de Frankfurt para Beirute.<br />

O beneficiário do dinheiro pertence a<br />

uma família que tem contatos com as<br />

camadas mais altas do Hezbolá e com o<br />

líder da facção, Hassan Nasrallah.<br />

Além disso, acrescenta o semanário,<br />

a polícia alemã tem provas de que<br />

os dois presos em Espira foram treinados<br />

em um acampamento do Hezbolá.<br />

Um parente próximo dos presos nega<br />

as acusações.


primeiro-ministro<br />

italiano Silvio Berlusconi,<br />

afirmou em<br />

Jerusalém, ao ser recebido<br />

por seu homólogo<br />

israelense, Benyamin<br />

Netanyahu, que um de seus<br />

“sonhos” é que Israel possa um dia<br />

ingressar na União Europeia (UE).<br />

“Temos orgulho de sermos nós,<br />

junto à cultura judaico-cristã, as bases<br />

da civilidade europeia”, continuou<br />

Berlusconi, destacando que<br />

sua viagem teve o objetivo de “testemunhar<br />

a amizade, proximidade<br />

e a vontade de colaboração” de<br />

dois “povos vizinhos”.<br />

O chefe de Governo italiano<br />

também falou sobre a existência de<br />

Israel, que ainda hoje é “posta em<br />

questionamento”. “Nós iremos nos<br />

opor, junto à comunidade internacional,<br />

para que isto nunca aconteça”,<br />

destacou o premiê, desejando<br />

ao Estado “um futuro de prosperidade<br />

e bem-estar e, principalmente,<br />

paz para o povo”.<br />

Berlusconi foi recepcionado no<br />

aeroporto de Tel Aviv, e depois recebido<br />

em uma cerimônia oficial em<br />

Jerusalém, dando início à sua visita<br />

a Israel de três dias.<br />

Após a cerimônia de boas-vindas,<br />

Berlusconi cumpriu uma agenda<br />

com visita ao Memorial do Holocausto<br />

Yad Vashem. No dia seguinte,<br />

houve uma reunião conjunta<br />

entre os gabinetes israelense e<br />

italiano. Além de Netanyahu, participaram<br />

do encontro o presidente<br />

de Israel, Shimon Peres, e o chanceler<br />

Avigdor Liberman, e outras<br />

autoridades.<br />

No terceiro dia de viagem (3/2),<br />

Berlusconi fez um discurso no<br />

Knesset (Parlamento local), e inaugurou<br />

uma mostra de obras do artista<br />

italiano Leonardo da Vinci<br />

(1452-1519).<br />

No mesmo dia, o premiê foi a<br />

Belém, na Cisjordânia, onde se reuniu<br />

com o presidente da Autoridade<br />

Palestina (AP), Mahmoud Abbas,<br />

e visitou a Basílica da Natividade.<br />

Depois disso, Berlusconi voltou<br />

a Roma.<br />

Defesa Defesa da da P PPalestina<br />

P Palestina<br />

alestina e e das das ações<br />

ações<br />

em em em Gaza Gaza<br />

Gaza<br />

Silvio Berlusconi discursou no<br />

Knesset, onde defendeu a existência<br />

de um Estado palestino, ao mesmo<br />

tempo em que afirmou que as ações<br />

militares israelenses na Faixa de Gaza<br />

no início de 2009 foram justas.<br />

O primeiro-ministro afirmou<br />

que a atuação de seu país no Oriente<br />

Médio “foi sempre endereçada à<br />

solução que prevê dois Estados, o<br />

judeu de Israel e o palestino, que vivam<br />

em paz e em segurança um ao<br />

lado do outro”. Admitiu, porém, que<br />

a medida não é unanimidade na comunidade<br />

internacional ou entre os<br />

dois povos implicados.<br />

Ele lembrou ainda dos conflitos<br />

ocorridos na Faixa de Gaza entre<br />

dezembro de 2008 e janeiro de<br />

2009, durante a maior ofensiva israelense<br />

no local desde 1967.<br />

Berlusconi recordou que a Itália<br />

se opôs ao relatório Goldstone<br />

— elaborado pelo juiz Richard Goldstone<br />

e aprovado na Assembleia<br />

Geral da Organização das Nações<br />

Unidas em novembro —, que acusa<br />

Israel de ter cometido crimes de<br />

guerra durante os conflitos.<br />

Segundo o premiê, o país judeu<br />

teve “uma justa reação” aos mísseis<br />

lançados pelo Hamas a partir<br />

da Faixa de Gaza. Além disso, lembrou<br />

que a nação esteve sempre<br />

sob o ataque da “onda terrorista da<br />

segunda intifada”.<br />

“Hoje, a segurança de Israel nos<br />

seus limites e seu direito de existir<br />

como Estado são para nós uma escolha<br />

ética e um imperativo moral<br />

contra qualquer retorno do antissemitismo<br />

e do negacionismo contra<br />

a perda de memória do Ocidente”,<br />

declarou, lembrando que a Itália<br />

também se “maculou com a infâmia<br />

das leis raciais” na década de 1930.<br />

O primeiro-ministro afirmou<br />

que seu país combaterá junto aos<br />

israelenses qualquer possível ressurgimento<br />

do ódio aos judeus na<br />

Europa e no mundo e se preocupará<br />

em “tornar inseparável” as batalhas<br />

pela existência e segurança<br />

do Estado de Israel e pela paz.<br />

Sobre os conflitos no Oriente<br />

Médio, o chefe de Governo italiano<br />

afirmou que espera um “avanço”<br />

nas conversas e fez um apelo<br />

ao presidente da Autoridade Nacional<br />

Palestina (ANP) Mahmoud Abbas<br />

para que “retorne à mesa de<br />

negociação e entregue à história<br />

um acordo pela paz e o desenvolvimento<br />

econômico de seu povo”.<br />

Berlusconi também comentou<br />

as ameaças terroristas vindas à<br />

tona com os ataques ao World Trade<br />

Center em 11 de setembro de<br />

2001 e afirmou que os italianos<br />

souberam desde o primeiro momento<br />

“que o desafio” se referia<br />

não somente a Estados Unidos e<br />

Israel, “mas contra todos os países<br />

democráticos do Ocidente e contra<br />

os próprios países árabes moderados”.<br />

Lembrando a presença italiana<br />

no Iraque, Afeganistão, Bósnia<br />

e Líbia, ele afirmou que sua nação<br />

“contribuiu para fazer o mundo<br />

mais seguro e justo”.<br />

Críticas Críticas ao ao ao programa programa nuclear nuclear do do Irã<br />

Irã<br />

Em referência ao Irã, ele declarou<br />

que é preciso tomar medidas<br />

concretas contra o programa<br />

nuclear patrocinado pelo presidente<br />

Mahmoud Ahmadinejad e voltou<br />

a falar em “sanções eficazes”.<br />

“Em uma situação que pode<br />

abrir a perspectiva de novas catástrofes,<br />

toda a comunidade internacional<br />

deve se decidir para estabelecer,<br />

com palavras claras, universais<br />

e unânimes, que não é aceitável<br />

o armamento atômico à disposição<br />

de um Estado cujos líderes<br />

proclamaram ‘abertamente’ a vontade<br />

de destruir Israel e negaram o<br />

Holocausto e a legitimidade do seu<br />

Estado”, completou.<br />

Ele qualificou o presidente iraniano,<br />

Mahmoud Ahmadinejad, de<br />

um “homem nefasto”, além de pedir<br />

“fortes sanções” contra o Irã.<br />

“O problema da segurança é<br />

fundamental para Israel. Agora ainda<br />

mais, porque há um Estado que<br />

prepara uma bomba atômica para<br />

usá-la contra alguém. Um Estado<br />

com um líder que nos recorda personagens<br />

nefastos do passado”, disse<br />

Berlusconi, após firmar em Jerusalém<br />

diversos acordos bilaterais.<br />

O primeiro-ministro disse que o<br />

país judeu é o maior modelo de democracia<br />

e liberdade no Oriente Médio,<br />

“senão o único”. “Um exemplo<br />

que tem raízes profundas na Bíblia<br />

e nos ideais sionistas”, acrescentou,<br />

reafirmando sua vontade de que a<br />

nação passe a fazer parte da UE por<br />

ser “em tudo semelhante às democracias<br />

europeias”.<br />

Ao ouvir as palavras de Berlusconi,<br />

o premiê Benyamin Netanyahu<br />

afirmou que a Itália tornou-se<br />

um país de ponta contra “o<br />

antissemitismo e o negacionismo”<br />

e classificou o italiano como um “líder<br />

corajoso”. “Israel tem um grande<br />

amigo na Europa”, acrescentou,<br />

dizendo que o primeiro-ministro<br />

“conquistou corações”. “Nossa aspiração<br />

nestes dias é renovar o processo<br />

de paz com o resto de nossos<br />

vizinhos e sei bem que ele e o<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Berlusconi defende Israel e diz que sonha<br />

vê-lo entrar na União Europeia<br />

Berlusconi é recebido em Jerusalém por Netanyahu<br />

povo italiano dividem este desejo”,<br />

explicou.<br />

Esta foi a primeira vez que um<br />

primeiro-ministro italiano discursou<br />

no Knesset. “Estou honrado,<br />

meu país está honrado de estar aqui<br />

e falar neste parlamento, que é o<br />

próprio símbolo da democracia.<br />

Comovido agradeço”, escreveu Berlusconi<br />

no livro de visitas da Casa.<br />

Em coletiva de imprensa, após<br />

reunião com o gabinete israelense,<br />

Berlusconi reiterou o pedido de seu<br />

país à comunidade internacional<br />

por “fortes sanções” contra o Irã.<br />

“É nosso dever sustentar e ajudar<br />

a oposição no Irã”, pontualizou.<br />

Antes, ainda em relação ao regime<br />

iraniano, o ministro das Relações<br />

Exteriores da Itália, Franco Frattini,<br />

que acompanhou Berlusconi na<br />

viagem, declarou que o governo<br />

italiano “fará a sua parte”. Uma das<br />

ações anunciada por Frattini foi a<br />

paralisação dos investimentos italianos<br />

no Irã. De acordo com o<br />

chanceler, os investimentos nesse<br />

país não serão mais financiados<br />

pela Sace [grupo de gestão de crédito<br />

italiano]. “E este é um forte desestimulante,<br />

pois quem irá querer<br />

se arriscar?”, questionou.<br />

Frattini reforçou ainda que a Itália<br />

“não tem segredos com nossos<br />

amigos israelenses, e daremos a<br />

eles todos os dados das trocas realizadas<br />

com o Irã”.<br />

Inimigo declarado de Israel, o<br />

governo iraniano mantém em andamento<br />

seu programa de desenvolvimento<br />

de urânio, com forte<br />

repúdio da comunidade<br />

internacional. Por diversas vezes,<br />

Ahmadinejad disse que o Estado<br />

judeu deveria “ser apagado do<br />

mapa” e considerou que o Holocausto<br />

– que assassinou 6 milhões<br />

de judeus - é um “mito”.<br />

11


12<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770


Yossef Dubrawsky *<br />

este mês destaca-se<br />

a festa alegre de Purim<br />

com a sua heroína,<br />

a Rainha Ester.<br />

Tanto o dia de jejum<br />

que antecede a festa<br />

(Taanit Ester) quanto a<br />

história escrita em pergaminho (Meguilat<br />

Ester) testemunham<br />

o papel vital<br />

que esta mulher extraordinária<br />

teve no<br />

desenrolar do milagre<br />

de Purim.<br />

O Talmud pergunta,<br />

onde encontramos<br />

menção da Rainha Ester<br />

na Torá? E responde<br />

que encontramos<br />

uma alusão a esta<br />

personalidade singular, na frase (Deuteronômio<br />

31:18) “VeAnochi hasteir<br />

astir panai bayom hahu”- (As palavras<br />

hasteir astir são da mesma raiz<br />

etimológica do nome Ester) ”- “E Eu<br />

esconderei minha face naquele dia”nos<br />

dias de Ester terá um ocultamento<br />

da face Divina.<br />

A história de Purim aconteceu<br />

após a destruição do primeiro Templo<br />

sagrado, quando a era da profecia<br />

estava se encerrando. Quando<br />

pessoas não mais viam milagres<br />

abertos. Era uma época de encobrimento<br />

da luz Divina. O nome de D-us<br />

nem sequer aparece uma vez na Meguilá<br />

e é possível a gente concluir que<br />

todo o drama e seu final feliz foram<br />

orquestrados por seres humanos e<br />

Máscara: Símbolo de Purim<br />

O banquete de Ester para Achashverosh e Haman, de Jan<br />

Victors, 1640, óleo sobre canvas, 1,70 x 2,30 cm, no<br />

Museu Staatliche, Kassel, Alemanha<br />

"Ester e Achashverosh", obra pintada por Bernardo<br />

Cavallino, entre 1645-50<br />

Mascarada<br />

suas escolhas, coincidências extraordinárias<br />

e a sorte de ter uma rainha<br />

judia no palácio.<br />

Nossos sábios, contudo, nos ensinam<br />

que até a queda de uma folha<br />

da árvore é coreografada, o sopro do<br />

vento controlado e o vôo de um mosquito<br />

traçado pelo Mestre do Universo.<br />

Absolutamente nada é acidental<br />

ou coincidência<br />

na vida.<br />

Todo e qualqueracontecimento<br />

é dirigido<br />

pela própria<br />

mão de D-us.<br />

Certamente<br />

isto é verdade<br />

e quanto mais<br />

ainda quando<br />

se trata de um<br />

poder mundial,<br />

(como era o Rei Achashverosh na época<br />

de Purim), aprovando um decreto<br />

sugerido pelo seu primeiro ministro<br />

Haman, que incitado por um ódio fervoroso<br />

contra Mordechai é determinado<br />

a exterminar todo povo judeu<br />

em um único dia!<br />

O desafio está em nós conseguirmos<br />

revelar a intenção e a mão Divina<br />

em cada momento da nossa vida<br />

mesmo quando não vemos mares se<br />

abrindo, arbustos queimando ou pragas<br />

atingindo os nossos inimigos.<br />

Meguilá – o nome do rolo de Purim<br />

vem da palavra gilui, que significa<br />

revelação, pois foi a nossa heroína<br />

Ester que conseguiu desvendar a mascara<br />

Divina. Ela compreendeu que Dus<br />

a colocara em posição de proeminência<br />

e influência social<br />

para poder servir ao seu<br />

povo. No momento mais<br />

crucial, Ester não vacilou.<br />

Ela arriscou a sua própria<br />

vida, pois a continuidade do<br />

seu povo era mais preciosa,<br />

acima de tudo para ela.<br />

VOCÊ VOCÊ SABIA?<br />

SABIA?<br />

… Que Haman foi enforcado no terceiro<br />

dia de Pêssach? (Purim é o aniversário<br />

da celebração da vitória dos judeus<br />

após sua guerra contra seus inimigos<br />

(11 meses depois).<br />

… Que o nome hebraico de Ester era<br />

Hadassá? ("Ester" é persa).<br />

… Que Mordechai foi o primeiro homem<br />

na história a ser chamado de "judeu"?<br />

(Antes disso, os judeus eram<br />

chamados de hebreus ou israelitas).<br />

… Que Achashverosh ficou quatro anos<br />

procurando uma rainha, e durante este<br />

tempo ele considerou mais de 1400<br />

concorrentes, antes de escolher Ester?<br />

… Que Vashti (a primeira rainha de<br />

A Rainha Ester compreendeu que<br />

o decreto de Haman não havia começado<br />

aqui no plano físico e sim que o<br />

Mestre do mundo em cujo controle<br />

está o coração de todos os governantes<br />

(lev melachim vessarim beyad<br />

Hashem) estava querendo impulsionar<br />

o povo judeu a um nível espiritualmente<br />

superior. Então, primeiramente,<br />

teriam de estreitar os laços<br />

com o Rei dos Reis, o Todo Poderoso.<br />

Ela concordou em enfrentar o rei, com<br />

a condição que o povo se unisse e<br />

voltasse a D-us em oração e jejum<br />

tornando se desta forma merecedoras<br />

da salvação Divina. Foi a Rainha<br />

Ester que conduziu o povo a<br />

uma notável elevação espiritual<br />

e a consequente redenção.<br />

“Hakore et hameguila lemafreia<br />

lo yotsei”. A Halachá diz que<br />

se alguém lê a Meguilá, em Purim,<br />

de trás para frente ele não<br />

cumpre o seu dever. Literalmente,<br />

isto quer dizer que temos que<br />

acompanhar a leitura dos dez<br />

capítulos da Meguilá, na sua sequência<br />

do começo ao fim. O<br />

Baal Shem Tov veio e nos trouxe<br />

uma interpretação mais profun-<br />

da para esta lei. O grande Mestre<br />

Chassídico ensinou que se ao<br />

lermos a Meguilá de Ester nós<br />

pensarmos que estas milagrosas<br />

coincidências só fazem parte do nosso<br />

passado e não dizem nada a respeito<br />

da nossa vida atual - não cumprimos<br />

com o nosso dever. A essência<br />

da Meguilá de Ester é aprender a<br />

olhar cada evento do nosso cotidiano<br />

com cuidadosa consideração e constantemente<br />

procurar a intenção Divina<br />

em todos os momentos.<br />

Os costumes no dia de Purim de<br />

vestir máscaras e fantasias disfarçando<br />

nossa verdadeira personalidade,<br />

comer Humentashen (Osnei Haman)<br />

onde o recheio da papoula ou<br />

ameixa não aparece entre as dobras<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Achashverosh) era bisneta de Nabucodonosor,<br />

o imperador da Babilônia que<br />

destruiu o Primeiro Templo?<br />

… Que foi Haman quem aconselhou<br />

Achashverosh a matar Vashti?<br />

… Que há uma opinião no Talmud dizendo<br />

que Ester não era bela, e tinha<br />

um tom de pele esverdeado?<br />

… Que Haman certa vez fora escravo<br />

de Mordechai?<br />

… Que Mordechai, que se recusou a<br />

inclinar-se perante Haman, era descendente<br />

de Binyamin, o único dos filhos<br />

de Yaacov que não se curvou perante<br />

o ancestral de Haman, Essav?<br />

… Que o decreto de Haman jamais foi<br />

triangulares do docinho e preparar<br />

kreplach (pastéis) que escondem totalmente<br />

a carne ou frango que está<br />

dentro deles, é para lembrar que na<br />

história de Purim D-us escondeu incríveis<br />

milagres através das vestimentas<br />

da natureza, sorte e<br />

coincidências. Purim é uma grande<br />

mascarada, de fato toda nossa trajetória<br />

terrestre é um grande jogo de<br />

esconde-esconde, onde D-us se esconde<br />

e nós devemos procurá-Lo. O<br />

grande desafio e a graça de tudo é<br />

conseguirmos enxergar além da superfície<br />

e revelar a essência Divina<br />

Haman teve que conduzir o cavalo<br />

com Mordechai, com honras de rei<br />

e a mão Divina dentro de tudo<br />

e em todos os momentos.<br />

Faço votos que da mesma<br />

forma que para os judeus<br />

da Pérsia houve luz,<br />

alegria, jubilo e gloria quando<br />

mereceram o “Venehepach<br />

hu” o reviramento do<br />

plano diabólico de Haman,<br />

que assim seja para nós e<br />

para toda humanidade, com<br />

a vinda de Mashiach e a verdadeira<br />

e completa redenção,<br />

muito em breve!<br />

Feliz Purim!<br />

A rainha Ester<br />

13<br />

* Yossef<br />

Dubrawsky é<br />

rabino e diretor<br />

do Beit Chabad<br />

de Curitiba.<br />

Achashverosh manda Vashti<br />

embora, Marc Chagall, 1960.<br />

Galerie Art Chrudim<br />

revogado? (Achashverosh simplesmente<br />

emitiu um segundo decreto, dando<br />

aos judeus o direito de se defenderem<br />

por si mesmos).<br />

… Mordechai era um homem bastante<br />

velho durante a história de Purim? (Ele<br />

já era membro do Sanhedrin, a mais alta<br />

corte da Lei da Torá em Jerusalém, 79<br />

anos antes do milagre de Purim!).<br />

… Que todo judeu no mundo vivia no<br />

reino de Achashverosh, de modo que<br />

foram todos incluídos nos decretos de<br />

Haman?<br />

… Que o nome de D-us não é mencionado<br />

nenhuma vez em todo o Livro de Ester?<br />

(www.chabad.org.br).


14<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

<strong>VJ</strong> INDICA<br />

O Menino do<br />

Pijama Listrado<br />

Título original:<br />

The Boy in the Striped Pyjamas<br />

FICHA TÉCNICA<br />

País de origem: Reino Unido / EUA<br />

Gênero: Drama<br />

Classificação etária: 12 anos<br />

Tempo de Duração: 93 minutos<br />

Ano de Lançamento: 2008<br />

Estréia no Brasil: 12/12/2008<br />

Site Oficial: http://<br />

www.boyinthestripedpajamas.com<br />

Shimon Peres pede em Berlim punição para<br />

criminosos nazistas ainda vivos<br />

Juventude não deve esquecer o que<br />

aconteceu no Holocausto, diz<br />

presidente de Israel em<br />

pronunciamento no Parlamento<br />

alemão pelos 65 anos da libertação<br />

do campo de concentração de<br />

Auschwitz<br />

O presidente de Israel, Shimon Peres, à esquerda, e o presidente da<br />

Alemanha, Horst Koehler colocam coroa de flores no campo de<br />

Buchenwald, dia 26/1<br />

O presidente de Israel, Shimon Peres, à direita, recebe apalusos dos<br />

deputados alemães, em pé, após seu discurso no Bundestag (o<br />

Parlamento alemão) sobre o Dia da Recordação Internacional do<br />

Holocausto, em Berlim, dia 27/1, data que marca a libertação de<br />

Auschwitz<br />

FILME<br />

um comovente pronunciamento<br />

diante<br />

do Parlamento alemão,<br />

o presidente de<br />

Israel, Shimon Peres,<br />

pediu a punição dos criminosos nazistas<br />

ainda vivos. "A Shoá [Holocausto]<br />

tem de ser um eterno sinal<br />

de alerta para a consciência humana",<br />

disse ele dia 27/1 na cerimônia<br />

pelos 65 anos da libertação do campo<br />

de concentração de Auschwitz,<br />

o maior do regime nazista.<br />

Israel não quer "vingança",<br />

mas a "educação" de uma juventude<br />

que não deve esquecer o que<br />

aconteceu durante o Holocausto,<br />

lembrou o Prêmio Nobel da Paz<br />

de 1994 no Bundestag, câmara<br />

baixa do Parlamento alemão,<br />

diante da chanceler federal Angela<br />

Merkel e do presidente da Alemanha,<br />

Horst Köhler.<br />

Para evitar um segundo Holocausto,<br />

a paz deve ser assegurada<br />

com todos os países, disse o político<br />

de 86 anos. As ameaças de destruição<br />

de Israel vêem de pessoas<br />

irresponsáveis, acrescentou, referindo-se<br />

à liderança iranianas.<br />

"Meu "Meu filho, filho, seja seja sempre sempre judeu!"<br />

judeu!"<br />

No emotivo discurso de 35 minutos,<br />

o presidente israelense se<br />

lembrou do avô e de outros membros<br />

da família mortos pelos nazistas.<br />

Quando viu o avô pela última<br />

vez, este lhe disse: "Meu filho, seja<br />

sempre um judeu!"<br />

Estúdio/Distribuição: Buena Vista<br />

Direção: Mark Herman<br />

ELENCO<br />

Asa Butterfield (Bruno), Zac Mattoon O'Brien (Leon),<br />

Domonkos Németh (Martin), Henry Kingsmill (Karl), Vera<br />

Farmiga (Mãe), Cara Horgan (Maria), Amber Beattie<br />

(Gretel), László Áron (Lars), David Thewlis (Father),<br />

Richard Johnson (avô), Sheila Hancock (avó), Iván<br />

Verebély (Meinberg), Béla Fesztbaum (Schultz), Attila<br />

Egyed (Heinz), Rupert Friend (tenente Kotler), David<br />

Hayman (Pavel - serviçal judeu), Jim Norton (Sr. Liszt),<br />

Jack Scanlon (Shmuel), László Nádasi (Isaak), Gábor<br />

Harsai (velho judeu).<br />

O olhar deve ser dirigido ao futuro,<br />

acrescentou: "Nunca mais<br />

uma teoria racial, nunca mais o sentimento<br />

de superioridade", apelou<br />

Peres, acrescentando que "nunca<br />

mais demagogos com intenções<br />

assassinas devem ameaçar um<br />

povo".<br />

Responsabilidade Responsabilidade especial especial da<br />

da<br />

Alemanha<br />

Alemanha<br />

A responsabilidade da Alemanha<br />

em relação ao Estado de Israel<br />

foi lembrada pelo presidente do<br />

Bundestag, Norbert Lammert.<br />

"Onde seu direito de existência e<br />

sua segurança estiverem ameaçados,<br />

não há neutralidade para nós,<br />

alemães", afirmou. "Algumas coisas<br />

são negociáveis, mas não o direito<br />

de existência de Israel".<br />

Referindo-se ao Irã, Lammert<br />

disse que um país com armas nucleares<br />

na vizinhança de Israel, "liderado<br />

por um regime abertamente<br />

antissemita", seria insuportável<br />

não apenas para Israel. "A comunidade<br />

internacional não deve tolerar<br />

tal ameaça", completou.<br />

Peres foi o primeiro presidente<br />

israelense a fazer um pronunciamento<br />

no Bundestag, no dia em<br />

que o Parlamento alemão lembra<br />

as vítimas do regime nacional-socialista.<br />

Também Eser Weizman (em<br />

1996) e Moshe Katzav (2005) já falaram<br />

diante do Parlamento quando<br />

presidentes de Israel, mas não<br />

nesta data.<br />

SINOPSE<br />

Durante a Segunda Guerra Mundial, uma família alemã se muda de Berlim para<br />

Auschwitz, quando o pai é ordenado a trabalhar em um campo de concentração.<br />

Assim, Bruno, um garoto de 8 anos e filho do oficial, começa uma bela amizade com um<br />

menino judeu da mesma idade. O filme mostra o modo como o preconceito, o ódio e a<br />

violência afetam pessoas inocentes, especialmente as crianças.<br />

Em 27 de janeiro de 1945, tropas<br />

soviéticas libertaram o campo<br />

de concentração de Auschwitz, hoje<br />

na Polônia. A data foi declarada Dia<br />

Internacional em Memória às Vítimas<br />

do Holocausto.<br />

Para Charlotte Knobloch, presidente<br />

do Conselho Central dos Judeus<br />

na Alemanha, o 27 de janeiro<br />

serve de advertência, para que se<br />

combata de forma decisiva "o esquecimento,<br />

os revisionistas da história<br />

e os negadores do Holocausto".<br />

"A falta de empatia, a indiferença<br />

em relação ao destino dos<br />

outros e a falta de disposição para<br />

defender os valores de uma sociedade<br />

democrática e tolerante foram<br />

os fatores que prepararam caminho<br />

ao criminoso regime de Hitler",<br />

acrescentou.<br />

Descaso Descaso com com o o antigo antigo campo campo de<br />

de<br />

Auschwitz Auschwitz<br />

Auschwitz<br />

O vice-presidente do Comitê Internacional<br />

Auschwitz, Christoph<br />

Teubner, alertou em matéria publicada<br />

no jornal Berliner Zeitung para<br />

o descaso com o antigo campo de<br />

concentração na Polônia, hoje Memorial<br />

Auschwitz-Birkenau.<br />

Segundo ele, muitos prédios estão<br />

em ruínas, não podendo mais<br />

ser visitados, enquanto outros<br />

apresentam profundas rachaduras<br />

em suas paredes. As obras de restauração<br />

estão orçadas em cerca de<br />

120 milhões de euros, dos quais o<br />

governo alemão pretende dispor 60<br />

milhões de euros.<br />

Piotr Cywinski, diretor do museu<br />

na área do antigo campo de concentração,<br />

reclama que, se as verbas<br />

não forem logo disponibilizadas,<br />

muitos prédios não poderão mais<br />

ser salvos. Segundo ele, é preciso<br />

investir também na segurança da<br />

área de quase 200 hectares. No ano<br />

passado, o local recebeu 1,3 milhão<br />

de visitantes, na maioria jovens.<br />

Em Em Auschwitz<br />

Auschwitz<br />

O primeiro ministro de Israel,<br />

Binyamin Netanyahu, durante cerimônia<br />

em Auschwitz, na Polônia,<br />

disse: "O Holocausto não foi apenas<br />

um crime contra os judeus, mas<br />

sim um crime contra a humanidade.<br />

Atualmente, há ódio pelos judeus<br />

em nosso meio. Há novas convocações<br />

para exterminar o estado<br />

judaico. A comunidade internacional<br />

está sendo testada hoje se tomará<br />

posição ao lado da verdade,<br />

da evidência do mal, contra os projetos<br />

de assassinato em massa".


Jane Bichmacher de Glasman *<br />

apiamento (ou papiamentu)<br />

é uma língua<br />

oficial e a mais falada<br />

nas ilhas caribenhas<br />

Aruba, Bonaire e<br />

Curaçao (as chamadas<br />

“ilhas ABC”). É uma língua crioula<br />

derivada do português ou espanhol<br />

com influências no vocabulário de línguas<br />

nativas aruaques 1 , africanas,<br />

holandês e inglês. O nome procede<br />

de papiá (=conversar), derivado de<br />

papear, em português.<br />

Exemplos:<br />

Sapatu – espanhol, zapato; português,<br />

sapato;<br />

Kushina - italiano, cucina; espanhol,<br />

cocina; português, cozinha;<br />

Apel = maçã - holandês, appel;<br />

Horkan = furacão - Taino, Hurakan;<br />

Caribe, yuracan, hyoracan;<br />

Por fabor - Português / Espanhol, por<br />

favor;<br />

Kon ta bai? Português, Como vai? ,<br />

Espanhol ¿Cómo te va? ¿Cómo te<br />

va la vida?<br />

Bo mama ta masha simpatiko: Português<br />

Tua / Sua mãe é muito simpática.<br />

Papiamento - já ouviu falar?<br />

Heitor De Paola *<br />

Há muito tempo diversos autores<br />

vimos insistindo em que a Nova Ordem<br />

Mundial visa a destruição da única civilização<br />

que merece tal nome: a Judaico-Greco-Cristã.<br />

Para tal é preciso cercar,<br />

ideológica e geopoliticamente os<br />

dois grandes focos civilizacionais da<br />

atualidade, os Estados Unidos e Israel.<br />

O cerco ideológico tem produzido efeitos<br />

devastadores de antiamericanismo<br />

e antissionismo. Este último nada mais<br />

é do que uma versão hipócrita do milenar<br />

antissemitismo.<br />

Mas a posição mundial começou a<br />

mudar quando Ahmadinejad ameaçou<br />

com um novo Holocausto. Embora a intensa<br />

propaganda faça com que o Estado<br />

de Israel ainda seja visto como um<br />

invasor da ‘Palestina’ e genocida de<br />

seu povo, as ameaças persas despertaram<br />

um pouco daquela simpatia superficial<br />

e nada duradoura pelos que<br />

são ameaçados de morte pelos poderosos.<br />

Superficial e efêmera porque<br />

baseada no princípio de que as ações<br />

devem partir dos demais países, sendo<br />

negado o direito de Israel defender<br />

História<br />

História<br />

E sua relação com os sefaradim do Brasil?<br />

A Espanha reivindicou soberania<br />

sobre as ilhas no século XV, mas devido<br />

ao clima árido e à falta de riqueza<br />

de terras, os espanhóis as nomearam<br />

“Ilhas Inúteis”. A partir de 1634,<br />

os holandeses se apoderaram delas<br />

e deportaram a maioria dos remanescentes<br />

da população aruak e espanhola<br />

para o continente.<br />

A população judaica das ilhas ABC<br />

aumentou substancialmente após<br />

1654, quando os portugueses recuperaram<br />

os territórios ocupados pelos<br />

holandeses no nordeste do Brasil -<br />

gerando a saída da maioria dos judeus<br />

falantes de português daquelas<br />

terras para fugir da perseguição religiosa.<br />

Eles tiveram grande influência<br />

em vários setores da vida local, inclusive<br />

na formação e desenvolvimento<br />

do idioma papiamento.<br />

Curaçao cresceu muito, constituindo-se<br />

na maior e mais próspera<br />

comunidade judaica do novo mundo<br />

até o século XIX e, tendo ajudado as<br />

novas congregações judaicas de Nova<br />

York, Filadélfia, etc., nos EUA e da<br />

América Central, granjeando o título<br />

de “Congregação Mãe das Américas”.<br />

Influência Influência dos dos judeus judeus sefaradim<br />

sefaradim<br />

Como judeus sefaradim - de Portugal,<br />

da Espanha ou do Brasil português<br />

– tornaram-se os principais mercadores<br />

da área, negócios e comércio<br />

diário eram realizados em papiamento,<br />

com influências do ladino.<br />

Enquanto várias nações se apropriavam<br />

das ilhas e mudavam a língua<br />

oficial, o papiamento se tornou a língua<br />

constante dos moradores.<br />

O mais antigo documento escrito<br />

neste idioma é uma carta de amor<br />

redigida por um judeu à sua amada<br />

no ano 1775, chamado “Una Karta de<br />

Amor?. Ela confirma que o papiamento<br />

era a língua dos sefaradim de Curaçao,<br />

por nele registrar seus mais<br />

íntimos sentimentos. Serve como<br />

base de teorias e provas sobre a formação<br />

do papiamento e o papel dos<br />

judeus nele. Muitas palavras do vocabulário<br />

provêm dos idiomas dos<br />

sefaradim, assim como palavras e<br />

expressões do hebraico. A título de<br />

ilustração, alguns exemplos (fora o<br />

vocabulário relativo ao calendário judaico<br />

e à vida na sinagoga):<br />

abraiko = hebraico, de origem judaica;<br />

zoná = prostituta;<br />

beshimantó = boa sorte!;<br />

amidá = oração em silêncio;<br />

Que falta faz uma Ester!<br />

a si mesmo, como afirmei no último<br />

artigo para este jornal.<br />

Os países europeus mobilizam-se.<br />

Até mesmo a Rússia “perdeu a paciência”<br />

com o Irã. Obama, provavelmente<br />

contra sua vontade, declarou que o enriquecimento<br />

de urânio a 20% recentemente<br />

divulgado com estardalhaço pelas<br />

autoridades persas indica claramente<br />

que suas intenções não são pacíficas,<br />

como se houvesse alguém que ainda<br />

acreditasse neste conto das mil e<br />

uma noites. Nem mesmo no abominável<br />

eixo Havana-Brasília-Caracas-Beijing,<br />

que se opõe às sanções e defende<br />

a continuidade das negociações de um<br />

novo acordo de Munique. Amorim, o<br />

moderno Chamberlain, boneco de ventríloquo<br />

de Marco Aurélio Garcia, continua<br />

dizendo que devemos negociar com<br />

Herr Ahmadinejad, cheio de intenções<br />

pacíficas.<br />

Mas não se fiem os israelenses nas<br />

boas intenções dos europeus e americanos:<br />

o que eles propõem são apenas<br />

sanções que certamente não darão resultado<br />

algum, pois o Irã pode resistir<br />

por si mesmo e com a ajuda chinesa e a<br />

magnânima oferta de Chávez – secun-<br />

dada por Lula – de usar as instalações<br />

venezuelanas para enriquecer urânio.<br />

A proximidade da festa de Purim torna<br />

inevitável estabelecer um paralelo<br />

entre o presente e o passado do povo<br />

judeu. Se novamente existe na Pérsia<br />

um Haman a planejar o extermínio dos<br />

judeus e influenciar Ahashverosh para<br />

decretar seu fim, falta uma Ester para<br />

influenciar um rei racional, capaz de<br />

perceber seu erro e tomar as medidas<br />

extremas necessárias para enfrentar o<br />

ódio e a inveja que alimentam o temível<br />

personagem. Ahashverosh, não podendo<br />

revogar seu próprio Édito, assinou<br />

um novo decreto, permitindo que<br />

os judeus se defendessem! Diz a tradição<br />

que no décimo terceiro dia de Adar,<br />

data sorteada por Haman, os judeus se<br />

defenderam dos ataques e venceram<br />

seus inimigos.<br />

É exatamente isto que nações ocidentais,<br />

no mínimo em seu próprio benefício<br />

futuro – pois serão Israel amanhã!<br />

– deveriam fazer, mas certamente<br />

não o farão: deixem que Israel se defenda!<br />

Não seria o primeiro desafio enfrentado<br />

e vencido por este povo. Haverá<br />

uma Ester para aconselhá-los?<br />

* Heitor De Paola é médico psiquiatra e psicanalista, membro da International Psycho-Analytical Association e do Board of Directors da Drug<br />

Watch International e Diretor Cultural da BRAHA, Brasileiros Humanitários em Ação, articulista e escritor, com diversos artigos publicados no<br />

Brasil e no exterior, e um livro. No passado, pertenceu a organização Ação Popular (AP) da esquerda revolucionária.<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

gadol = grande, chefe;<br />

mazal tov = parabéns;<br />

penisilin hudíu = canja de galinha (!)<br />

Os sefaradim eram multilíngues.<br />

Falavam entre si em português; com os<br />

habitantes da região, espanhol; rezavam<br />

em hebraico; conheciam os idiomas dos<br />

marinheiros: espanhol-corrupto, português-corrompido<br />

e pidjin 2 , além do idioma<br />

afro-português dos escravos que<br />

chegavam diretamente com os navios<br />

negreiros ou vindos do Brasil.<br />

Sabemos que para formar seus<br />

idiomas como ladino, haquitía, iídiche,<br />

etc., os judeus tomaram palavras<br />

e expressões das línguas dos países<br />

onde viviam. Menos sabido é que eles<br />

também contribuíram para outros<br />

idiomas. A comunidade judaica sefaradi<br />

teve um papel preponderante no<br />

desenvolvimento das Antilhas Holandesas<br />

assim como na formação do<br />

papiamento e sua transformação, de<br />

língua crioula até seu caráter atual.<br />

15<br />

* Jane<br />

Bichmacher de<br />

Glasman é<br />

escritora, doutora<br />

em Língua<br />

Hebraica,<br />

Literaturas e<br />

Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />

professora<br />

adjunta,<br />

fundadora e exdiretora<br />

do<br />

Programa de<br />

Estudos Judaicos<br />

– UERJ –<br />

Universidade<br />

estadual do Rio de<br />

Janeiro.<br />

Notas:<br />

1 - As línguas aruaques (também aruak ou arawak) formam uma<br />

família de línguas indígenas da América do Sul e do Caribe.<br />

2 - Pidgin ou pídgin, também chamado de língua de contato, é o<br />

nome dado a qualquer língua que é criada, normalmente de forma<br />

espontânea, de uma mistura de outras línguas, e serve de meio de<br />

comunicação entre os falantes de idiomas diferentes.<br />

Morre o capitão do<br />

"Exodus"<br />

Morreu, aos 86 anos, Ike Aronowicz,<br />

capitão do navio "Exodus". De acordo<br />

com o presidente israelense Shimon Peres,<br />

ele "deu uma contribuição única para<br />

o Estado, que jamais será esquecida". O<br />

"Exodus" zarpou do porto de Sete, na França,<br />

com mais de 4.500 passageiros a bordo,<br />

a maioria sobreviventes do Holocausto<br />

nazista que decidiram se estabelecer<br />

na Palestina. O navio foi cercado pela<br />

marinha britânica na costa da Palestina<br />

e impedido de atracar em Haifa. Depois<br />

de semanas isolados no mar, seus passageiros<br />

foram forçados a retornar à França.<br />

Por fim, tiveram que desembarcar na<br />

Alemanha e foram mandados para campos<br />

perto de Lubeck. O incidente revoltou<br />

a comunidade internacional, que ainda<br />

digeria com dificuldade o que havia<br />

acontecido aos judeus nos campos de<br />

concentração do Terceiro Reich durante<br />

a II Guerra Mundial. Pressionadas, as<br />

autoridades britânicas transferiram os refugiados<br />

judeus para campos no Chipre,<br />

onde permaneceram até a criação do Estado<br />

de Israel, em 1948. "O Exodus foi<br />

também criação de Aronowicz. Ele não foi<br />

apenas seu capitão, e sim um líder que<br />

deu à viagem caráter e determinação",<br />

declarou Peres.


16 ○<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

HIGH-TECH<br />

○<br />

Tecnologia previne epilepsia<br />

O cardiologista israelense Michael Shechter,<br />

do Instituto do Coração do Sheba<br />

Medical Center, desenvolveu uma técnica<br />

não-invasiva capaz de prever o que<br />

acontecerá ao coração dos pacientes nos<br />

próximos três ou quatro anos. Um aparelho<br />

semelhante ao medidor de pressão<br />

sanguínea ligado a um monitor permite<br />

elaborar um prognóstico detalhado da<br />

saúde cardíaca do paciente. Para se saber<br />

o que ocorre dentro das artérias que<br />

irrigam o coração, o teste mede a elasticidade<br />

do endotélio, o revestimento celular<br />

interno das veias do braço. “Se verificarmos<br />

50% de redução dessa função<br />

no braço, podemos prescrever um tratamento<br />

agressivo para evitar um infarto”,<br />

explica Shechter. Esse é o melhor método<br />

para todos os tipos de pacientes. Não<br />

se usa material radioativo, o exame exige<br />

pouco tempo e não há necessidade<br />

de exercício antes ou durante o teste. (PC<br />

Magazine).<br />

Epilepsia II<br />

Já o neurocirurgião israelense Alon Friedman,<br />

pesquisador da Universidade Ben<br />

Gurion, de Beer Sheva, identificou um<br />

bloqueador (TGF Beta) que poderá prevenir<br />

o surgimento da epilepsia decorrente<br />

de ferimentos no cérebro. Numa pesquisa<br />

em conjunto com a Universidade<br />

de Berkeley (EUA), ele usou o medicamento<br />

com sucesso em ratos de laboratório.<br />

Se o efeito for confirmado em seres<br />

humanos, esse bloqueador poderá prevenir<br />

o surgimento de casos de epilepsia em<br />

vítimas de meningite, tumores cerebrais<br />

ou traumatismo craniano. Atualmente,<br />

entre 25% e 50% das pessoas que sofrem<br />

graves ferimentos na cabeça desenvolvem<br />

epilepsia. (PC Magazine).<br />

Mentirosos são pegos pela escrita<br />

Pesquisadores descobriram que a mentira<br />

tem pernas mais curtas do que se imagina:<br />

ela agora pode ser detectada pelo<br />

modo de escrever de cada um. A descoberta<br />

de que existe relação entre a caligrafia<br />

das pessoas e a veracidade dos<br />

fatos escritos por elas foi feita na Universidade<br />

de Haifa, em Israel, em um estudo<br />

liderado por Gil Luria e Sara Rosenblum.<br />

Eles testaram 34 voluntários que escreveram<br />

duas histórias usando um sistema<br />

chamado ComPET (Computerized Penmanship<br />

Evaluation Tool). Nele, um pedaço<br />

de papel é posicionado em um tablet<br />

de computador e a pessoa utiliza uma<br />

caneta eletrônica sem fio com uma ponta<br />

sensível à pressão. Analisada a escrita,<br />

descobriu-se que nos parágrafos mentirosos<br />

as pessoas não só apertavam com<br />

mais força a caneta eletrônica, como fa-<br />

ziam traços mais longos e desenhavam<br />

letras mais altas que nos parágrafos verdadeiros.<br />

As diferenças não são perceptíveis<br />

aos olhos, mas foram detectadas<br />

pelo computador. Uma das hipóteses é a<br />

de que a escrita muda porque o cérebro<br />

é forçado a trabalhar mais quando precisa<br />

inventar informações – o que acaba<br />

interferindo com a caligrafia. (Applied<br />

Cognitive Psychology).<br />

Robô vigia fronteira e evita<br />

perigo a soldados<br />

Um novo robô que já começou a patrulhar<br />

a fronteira com a Faixa de Gaza é a<br />

grande inovação e uma solução para<br />

evitar perda de vidas humanas na vigilância<br />

dos limites e fronteiras de Israel.<br />

O robô, como se pode ver num vídeo em<br />

http://www.youtube.com/watch?v=Aen<br />

9s0hyLec&feature=player_embedded#,<br />

percorre as áreas onde há artefatos explosivos,<br />

franco-atiradores e outros.<br />

Conta com câmaras e sensores que<br />

transmitem imediatamente a informação<br />

a soldados e patrulhas situadas nas<br />

proximidades e avisam da localização de<br />

explosivos para ativar helicópteros e<br />

demais meios de defesa. (Es-israel/Israel<br />

News).<br />

Aprovado pílula dos três dias seguintes<br />

A Food and Drug Administration (FDA,<br />

organismo norte-americano de controle<br />

de medicamentos e alimentos) aprovou<br />

o uso no país de uma pílula anticoncepcional<br />

de emergência fabricada pela<br />

empresa israelense Teva e pela húngara<br />

Gedeon Richter Ltd. A novidade é que<br />

o efeito da pílula se prolonga por 72<br />

horas. O medicamento, denominado<br />

Plan B One-Step, não surte efeito se a<br />

mulher já tiver engravidado, ou seja, não<br />

é abortiva. (SSB - Agência IN).<br />

Corações de ratos reconstituídos<br />

Cientistas israelenses conseguiram reconstituir,<br />

mediante enxertos, corações<br />

enfermos de ratos, dando novas esperanças<br />

ao tratamento de humanos vítimas<br />

de cardiopatias. Os pesquisadores<br />

implantaram células-tronco de ratos recém-nascidos<br />

nas cobaias enfermas,<br />

transplantando com sucesso esses tecidos<br />

reconstituídos nas partes avariadas<br />

do coração. É a primeira vez que um<br />

teste desse tipo tem sucesso com animais<br />

de laboratório. O estudo, realizado<br />

por Tal Dvir, da Universidade de Beer<br />

Sheva e do americano MIT (Instituto Tecnológico<br />

de Massachussets), foi publicado<br />

na revista médica americana Proceedings<br />

of the National Academy of<br />

Sciences. (Jornal Alef).<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Arquitetura do crime<br />

Vittorio Corinaldi *<br />

O Museu Yad Vashem em Jerusalém é um dos logradouros que compõem o<br />

austero e impressionante conjunto erguido em memória do Holocausto – a<br />

criminosa e premeditada matança dos judeus da Europa pelo regime nazista.<br />

Além da exposição permanente, que por meio de fotos, objetos e documentos<br />

(dispostos segundo um roteiro histórico e cronológico) transmite ao visitante<br />

um conhecimento palpável da inexplicável tragédia, o museu também<br />

oferece exposições temporárias que focalizam aspectos específicos, testemunhos<br />

ou episódios inéditos.<br />

Nestes dias, inaugurou-se no museu uma exposição de projetos de arquitetura:<br />

plantas, cortes, fachadas, detalhes – tudo num caráter essencialmente<br />

técnico e profissional. Mas os projetos estão longe de ser uma inocente apresentação<br />

de empreendimentos de normal construção civil, que fugiria aos propósitos<br />

da instituição promotora.<br />

Trata-se das plantas de execução para as obras do campo de concentração<br />

de Auschwitz-Birkenau, cedidas ao Yad Vashem pela fundação alemã Axel Springer,<br />

em ocasião do 27 de Janeiro – data da libertação do campo e agora declarada<br />

“Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto”.<br />

Os desenhos denotam a precisão e a seriedade que não poderia deixar de<br />

figurar no trabalho de responsáveis profissionais alemães: engenheiros, arquitetos,<br />

técnicos e desenhistas. As cotas e números baseiam-se declaradamente<br />

nos padrões do “Neufert”, que já antes da 2ª Guerra Mundial era o manual<br />

muito difuso que orientava o dimensionamento das edificações. O nível gráfico<br />

expressa o “respeito” com que o trabalho de projeto era encarado, como<br />

cabe à apresentação de serviço para um “ente oficial”.<br />

A “SS”, polícia política nazista, recrutou para a obra o pessoal mais “recomendado”,<br />

dentre os quadros que já haviam se distinguido entre os formandos<br />

de conceituadas escolas e universidades alemãs (dentre elas, triste é salientálo,<br />

também a “Bauhaus”, cujos líderes foram, é verdade, expulsos pelo nazismo<br />

– mas cujos alunos nem sempre absorveram os ensinamentos da orientação<br />

democrática, aberta e liberal promulgada pela escola, que continuou a<br />

funcionar durante certo tempo durante o regime, até ser por este finalmente<br />

dissolvida).<br />

À parte o interesse lugubremente documentário despertado pela mostra,<br />

cabe dedicar um pensamento ao aspecto ético e moral contido nesses documentos:<br />

Ao mesmo tempo em que eles retratam uma atitude supostamente<br />

indiferente e exclusivamente técnica, eles espelham uma cínica posição de<br />

falsa ignorância dos autores quanto à verdadeira natureza dos objetos do trabalho:<br />

poderiam eles não saber – com todo o know-how infra-estrutural envolvido<br />

– que o que se denomina no projeto “duchas especiais” destinava-se na<br />

verdade a câmaras de gás? Poderiam eles não compreender o destino que se<br />

daria aos barracões de “moradia” isentos de janelas, dispostos em blocos de<br />

esmagadora uniformidade? A planta de situação (em escala 1:2000) assinala<br />

com descarado cinismo “jardins” decorativos na cabeceira de cada bloco; mas<br />

define abertamente como “appel platz” (praça da chamada) o espaço aberto<br />

onde se levava a cabo a cotidiana contagem dos prisioneiros. E que dizer das<br />

instalações de vigia e de segregação; do ramal ferroviário que penetrava no<br />

recinto para descarregar a carga humana sobre cuja proveniência e destino<br />

ninguém poderia deixar de indagar?<br />

A exposição é mais um testemunho da tremenda singularidade do genocídio<br />

dos judeus da Europa: pois não se tratou “somente” de chacina em massa,<br />

típica de operações bélicas ou situações de repressão sob o fundo de conflitos<br />

políticos. Tratou-se sim de um programa ideologicamente enunciado e planejado<br />

em seus aspectos logísticos, em nível de uma macabra estrutura técnica e<br />

burocrática organizada para movimentar uma indústria da morte que funcionasse<br />

com a máxima “eficiência”.<br />

Num momento em que arquitetos de todo o mundo competem entre si para<br />

chegar a extremos de arbitrariedade conceitual e formal em suas obras cada<br />

vez mais afastadas de um objetivo significado social, e em que o simbólico e o<br />

expressivo se sobrepõem a qualquer consideração de utilidade e funcionalidade,<br />

é tristemente significativo que uma exposição secamente profissional de<br />

arquitetura e construção nos leve a refletir sobre os limites da legitimidade do<br />

argumento funcional no atuar do arquiteto, e transporte o “funcional” para um<br />

grau de simbolismo celebrativo que é mais eloqüente do que qualquer gesto<br />

espacial e do que qualquer retórico vocabulário figurativo.<br />

* Vittorio Corinaldi é arquiteto e reside em Tel Aviv, Israel.


eis dias depois das cerimônias<br />

pelos 65 anos<br />

da libertação do campo<br />

de Auschwitz-Birkenau<br />

instalado em 1940<br />

pela Alemanha nazista<br />

no sul da Polônia ocupada,<br />

o letreiro roubado em 18 de dezembro<br />

de 2009 foi restituído ao museu.<br />

A polícia polonesa encontrou a<br />

placa com a inscrição “Arbeit macht<br />

frei”, roubada na entrada do campo<br />

nazista de extermínio em Auschwitz-<br />

Birkeneau, no sul da Polônia. Cinco<br />

homens de idades entre 20 e 39 anos<br />

foram presos. A inscrição foi encontrada,<br />

cortada em três pedaços, conforme<br />

a declaração da Polícia de Cracóvia.<br />

A placa com a frase em alemão<br />

quer dizer “o trabalho liberta” e simboliza<br />

o cinismo sem limites da Alemanha<br />

nazista.<br />

O roubo foi considerado uma verdadeira<br />

profanação. “Foi um ato abominável<br />

que remete à profanação e<br />

que constitui um novo testemunho do<br />

ódio e da violência contra os judeus”,<br />

disse Sylvan Shalom, ministro israelense<br />

do Desenvolvimento Regional.<br />

O Memorial do Holocausto em<br />

Jerusalém (Yad Veshem) também<br />

manifestara sua indignação.<br />

O roubo aconteceu na madrugada<br />

de 18 de dezembro de 2009, mas, poucos<br />

dias depois, a Polícia polonesa localizou<br />

o letreiro escondido em uma<br />

casa de campo e deteve os cinco autores<br />

materiais do furto. Os cinco ladrões,<br />

todos poloneses, são acusados<br />

de crime organizado, roubo e danos ao<br />

patrimônio universal da Organização<br />

das Nações Unidas para a Educação,<br />

a Ciência e a Cultura (Unesco), já que,<br />

após se apropriar da inscrição, a quebraram<br />

em três partes para facilitar o<br />

transporte e ocultação.<br />

A frase foi popularizada pelo pastor<br />

alemão Lorenz Diefenbach, que<br />

morreu em 1886, em seu livro “Arbeit<br />

Macht Frei”, para levantar a moral dos<br />

trabalhadores, mas foi reutilizada<br />

pelos nazistas em 1930, no início, com<br />

fins de propaganda na luta contra o<br />

elevado desemprego na Alemanha,<br />

mas, anos mais tarde, se converteu<br />

num slogan dos campos de trabalho<br />

e extermínio alemães. A ideia de usála<br />

nos campos é atribuída ao SS Theodor<br />

Eicke, um dos chefes da concepção<br />

e organização das redes de campos<br />

nazistas.<br />

“Arbeit macht frei” figurava na<br />

entrada dos campos de Dachau,<br />

Gross-Rosen, Sachsenhausen, Theresienstadt,<br />

Flossenburg e Auschwitz,<br />

o maior de todos os cam-<br />

pos de extermínio.<br />

Fabricada em julho de 1940 por<br />

um prisioneiro polonês, o ferreiro Jan<br />

Liwacz, a inscrição de Auschwitz é de<br />

aço, mede cinco metros e tem uma<br />

particularidade: a letra B da palavra<br />

Arbeit está invertida.<br />

Segundo uma interpretação perpetuada<br />

pelos sobreviventes, o B invertido<br />

simbolizava insubmissão e a<br />

resistência à opressão nazista.<br />

Quando, em 27 de janeiro de 1945,<br />

o exército soviético libertou Auschwitz,<br />

a inscrição foi desmontada e ia ser<br />

levada para o Leste de trem. No entanto,<br />

Eugeniusz Nosal, um prisioneiro<br />

polonês recém-libertado, subornou<br />

um guarda soviético com uma garrafa<br />

de vodca para recuperá-la.<br />

Escondida durante dois anos na<br />

prefeitura de Oswiecim (nome polonês<br />

do campo de Auschwitz), a inscrição<br />

voltou a seu lugar original em<br />

1947, quando o campo de extermínio<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Recuperada a inscrição roubada de Auschwitz<br />

Brasil impede sanções contra o programa atômico iraniano<br />

Segundo o jornal Le Monde, corre<br />

nos bastidores diplomáticos europeus<br />

que a postura brasileira tem dificultado<br />

a imposição de novas sanções ao<br />

Irã pelo Conselho de Segurança (CS)<br />

da ONU. A informação foi divulgada<br />

na edição do dia 8/2 do principal jornal<br />

francês. Os governos de Paris,<br />

Londres e Washington estariam fazendo<br />

gestões para que o Itamaraty reveja<br />

sua posição. Os frequentes contatos<br />

entre o chanceler Celso Amorim<br />

e os diplomatas iranianos é visto como<br />

um canal de diálogo entre o Ocidente<br />

e Teerã, mas, para os europeus, o diálogo<br />

tem um “limite”.<br />

Celso Amorim pajeia Ahmadinejad:<br />

Mesmo os fatos consumados não<br />

impedem o apoio do Itamaraty à marginalidade<br />

iraniana. Ainda segundo a<br />

matéria, somente a unanimidade co-<br />

A inscrição "Arbeit mach Frei" roubada e recuperada, foi restituída à entrada<br />

do campo de Auschwitz<br />

locaria pressão sobre a China, país<br />

que é membro permanente do CS e<br />

detentor do poder de veto. A China<br />

vem demonstrando que não está disposta<br />

a apoiar novas sanções contra<br />

o Irã. Segundo a França, é necessária<br />

uma atuação em bloco dos membros<br />

do CS para que uma resolução<br />

seja aprovada. EUA e França renovaram<br />

ontem a exigência de punição a<br />

Teerã, depois que os iranianos anunciaram<br />

planos para enriquecer seu<br />

próprio urânio.<br />

Para ser aprovada, uma resolução<br />

precisa de 9 dos 15 votos do Conselho,<br />

incluindo os cinco votos dos membros<br />

permanentes (a abstenção não é<br />

considerada veto). Além do Brasil, que<br />

assumiu uma cadeira em janeiro, a<br />

Turquia e a Nigéria, países de maioria<br />

muçulmana, também membros não-<br />

permanentes, tendem a apoiar a continuação<br />

das negociações. O Líbano,<br />

cujo governo é formado por uma coalizão<br />

com o grupo terrorista xiita Hezbolá<br />

(financiado pelo governo iraniano),<br />

é outro país que dificilmente votaria<br />

em favor de sanções.<br />

O governo brasileiro vem assumido<br />

uma posição de apaziguamento,<br />

com a pretensão de se tornar um interlocutor<br />

entre o Irã e o Ocidente. O<br />

Itamaraty defende um acordo para a<br />

troca de urânio enriquecido por combustível<br />

nuclear com o Irã, mas a revelação<br />

de que Teerã está enriquecendo<br />

urânio a 20% praticamente enterra<br />

esta possibilidade.<br />

Em Brasília, o Itamaraty reforçou<br />

sua posição em favor do diálogo entre<br />

o Irã e o Sexteto – EUA, França, Grã-<br />

Bretanha, China, Rússia e Alemanha –<br />

virou museu e memorial.<br />

Entre 1940 e 1945, o regime nazista<br />

alemão exterminou 1,5 milhão<br />

de pessoas em Auschwitz-Birkenau,<br />

dos quais 1,1 milhão eram judeus.<br />

Recuperar a inscrição é “uma questão<br />

de honra”, diz o comando de Polícia<br />

de Oswiecim. Enquanto a placa<br />

roubada não era recuperada, foi colocada<br />

uma réplica do original, à espera<br />

da recuperação da placa roubada.<br />

Alemanha Alemanha condena<br />

condena<br />

Foto: EFE/Jacek Bednarczyk<br />

O governo alemão condenou o<br />

roubo da placa com a inscrição “Arbeit<br />

macht frei” da entrada do antigo<br />

campo de extermínio nazista de Auschwitz,<br />

e chegou a oferecer seu apoio<br />

para recuperá-la.<br />

“A Alemanha, consciente de sua<br />

responsabilidade histórica, apoia a<br />

conservação de Auschwitz como museu<br />

e local de lembrança das vítimas<br />

do nazismo”, declarou um porta-voz.<br />

sobre o acordo de troca de urânio por<br />

combustível nuclear. Amorim disse que<br />

falou recentemente com o secretário<br />

de Estado da França para Assuntos<br />

Europeus, Pierre Lellouche. Segundo o<br />

chanceler brasileiro, apesar da posição<br />

dura da França sobre o Irã, em nenhum<br />

momento ouviu de seu interlocutor que<br />

não havia mais espaço para o diálogo.<br />

— Considero que não estão esgotadas<br />

as possibilidades de se alcançar<br />

uma posição comum entre o Irã e o Sexteto<br />

– afirmou Amorim, por meio de sua<br />

assessoria de imprensa. A posição indica<br />

que o Brasil não apoiará novas sanções<br />

no Conselho.<br />

O presidente iraniano, Mahmoud<br />

Ahmadinejad, visitou o Brasil em novembro.<br />

Já o presidente Luiz Inácio Lula<br />

da Silva pretende retribuir a visita indo<br />

a Teerã em maio. (ArtiSion).<br />

17<br />

Técnicas do laboratório de<br />

criminalística da polícia de<br />

Cracóvia, Polônia, Aldona<br />

Wojciechowicz-Bratko (e), e<br />

Magdalena Michlik, (d),<br />

inspecionam a placa que dava as<br />

boas-vindas ao campo de<br />

concentração de Auschwitz, ("O<br />

trabalho os fará livres"), em 4 de<br />

janeiro de 2010. A polícia<br />

polonesa recuperou em 21 de<br />

dezembro de 2009 o letreiro que<br />

presidia a entrada do antigo<br />

campo de extermínio nazista de<br />

Auschwitz, roubado três dias<br />

antes, numa operação em que<br />

contou com a colaboração de<br />

cidadãos, fundamental para a<br />

restituição ao seu lugar este<br />

símbolo do Holocausto


18<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

O escritor gaúcho Moacyr Scliar foi o ganhador da 51ª edição do<br />

Prêmio Jabuti, na categoria de melhor livro de ficção com "Manual<br />

da Paixão Solitária". Na categoria melhor livro de não ficção,<br />

o ganhador foi "Monteiro Lobato: Livro a Livro", organizado<br />

pela professora e crítica literária Marisa Lajolo e pelo professor<br />

João Luís Ceccantini.<br />

O escritor Moacyr Scliar, que publica crônicas semanalmente no<br />

Moacyr Scliar e Marisa Lajolo jornal Folha de S.Paulo, já havia vencido, com "Manual da Paixão<br />

Solitária", o Jabuti do ano passado na categoria romance.<br />

Considerado o mais importante prêmio literário do país, o Jabuti é concedido pela Câmara Brasileira<br />

do Livro, que distribui R$ 30 mil para os ganhadores das categorias de melhor ficção e não ficção.<br />

O coronel-médico Sérgio Idal Rosenberg<br />

transmitiu ao tenente-coronelmédico<br />

Walter Kischinhevsky o cargo<br />

de diretor do Hospital de Aeronáutica<br />

de Belém. A cerimônia militar para a<br />

troca da Direção da Unidade ocorreu<br />

em 12/1. O tenente-coronel Kischinhevsky<br />

é filho do brigadeiro - medico<br />

Waldemar Kischinevsky, z"l, primeiro<br />

Oficial-General judeu da FAB.<br />

O tenente-coronel-aviador Carlos Duek<br />

foi nomeado para o cargo de Comandante<br />

do Segundo Esquadrão do Quinto<br />

Grupo de Aviação 2º/5º GAV - da I Força<br />

Aérea, situado na Base Aérea de Natal,<br />

em Parnamirim - RN, II COMAR. Aos<br />

três distintos Oficiais da FAB votos de<br />

sucesso e mazal tov em suas carreiras.<br />

As informações são de Israel Blajberg.<br />

Marlene Sirotsky, esposa do presidente<br />

emérito do Grupo RBS, Jayme Sirotsky,<br />

que faleceu em Boca Raton, nos Estados<br />

Unidos, foi sepultada em Porto Alegre,<br />

em meio a forte comoção. Os atos<br />

fúnebres foram realizados no Cemitério<br />

da União Israelita Porto Alegrense.<br />

Dona Marlene tinha 72 anos e passava<br />

férias na Flórida, na companhia de Jayme.<br />

Ela faleceu em consequência de<br />

uma parada cardíaca.<br />

As famílias Lorber e Coelho comemoraram<br />

as formaturas de Gabriel Lorber, em<br />

medicina, e Marta Coelho em arquitetura.<br />

Aos formandos e seus pais nosso<br />

Mazal Tov!<br />

Realizou-se na Cidade do Panamá a 12ª<br />

Convenção da UJCL, União das Comunidades<br />

da América Latina e do Caribe,<br />

de 27 a 31 de janeiro de 2010. A convenção<br />

teve como tema este ano<br />

"Construindo a comunidade no século<br />

XXI: desafios e Oportunidades". O<br />

evento contou com a participação de<br />

mais de 180 líderes judaicos da América<br />

Latina. A delegação de Curitiba foi<br />

integrada pelo rabino Pablo Berman,<br />

por Sara Schulman, presidente do Instituto<br />

Cultural Judaico Brasileiro Bernardo<br />

Schulman, e pela presidente da<br />

Kehilá, Esther Proveler.<br />

A Federação Israelita do Paraná, ao dar continuidade em<br />

suas ações e projetos para o ano de 2010, consoante com<br />

sua plataforma responsiva e de difusão dos valores judaicos,<br />

comunica que passará a contar com a participação<br />

dos seguintes novos diretores, nomeados "ad hoc" pela<br />

Presidência e que se juntarão aos já atuantes diretores<br />

estatutários na condução da entidade: Ari Zugman e Artur<br />

Grynbaum (diretores institucionais), Fernando Muniz<br />

(diretor jurídico), Helcio Kronberg (Programa Shalom Paraná)<br />

e Joel Troib (diretor administrativo).<br />

Além destes novos diretores, a atual Diretoria da FEIP é<br />

composta também por: Manoel Knopfholz (presidente);<br />

Nathan Kulisch e Leo Kriger (vice-presidentes); Sidney<br />

Axelrud e Fernando Brafman (secretários); Davi Knopfholz,<br />

Isac Polikar, Isac Baril (conselheiros fiscais); Anna<br />

Troib Penteado (coordenadoria executiva). O Programa<br />

Shalom Paraná tem ainda como produtores Danielle Sommer,<br />

Diana Axelrud, Leo Kriger e Marina Feldman.<br />

De 23 a 27 de janeiro o Governo de Israel promoveu um<br />

Seminário de Segurança Pública para os Secretários de<br />

Segurança Pública Estaduais e os Comandantes Gerais<br />

das Polícias Militares do Brasil, além de outras autoridades<br />

brasileiras.<br />

Participaram do evento os Secretários de Segurança<br />

Pública, Comandantes das Polícias Militares e Autoridades<br />

de algumas das cidades sedes dos jogos da Copa<br />

do Mundo de 2014: Rio de Janeiro, Minas Gerais, São<br />

Paulo, Amazonas, Ceará, Bahia, Mato Grosso e Rio Grande<br />

do Sul.<br />

O Seminário teve como objetivo apresentar os assuntos<br />

e a experiência em Segurança Pública que Israel vem<br />

adquirindo nos últimos anos nas áreas de inteligência,<br />

operacional e tecnológica. Dentre os assuntos apresentados,<br />

destacam-se: segurança em áreas urbanas, em<br />

eventos esportivos, segurança dos transportes e assuntos<br />

de contraterrorismo.<br />

O Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar - Ciam, presidido<br />

por Anna Schvartzman, e a Acredite - Amigos<br />

da Criança com Reumatismo, que tem como vice-presidente<br />

Ana Feffer, promoveram no dia 23 de fevereiro,<br />

junto com a Takla Produções, a avant-premiére de<br />

'O Rei e Eu', um mega espetáculo para toda a família<br />

que conta com um elenco de mais de 60 atores, incluindo<br />

15 crianças, 500 figurinos orientais.<br />

Deu no Jornal Alef: "A revista da TV, de O Globo, publicou<br />

o perfil pessoal dos concorrentes do programa "Big<br />

Brother Brasil 10". Apenas o do judeu Michel Turtchin<br />

consta "ascendência judaica". O dos demais não tem<br />

nenhuma referência à religião..."<br />

Com a presença de rabinos e de algumas das principais lideranças da comunidade<br />

judaica, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab sancionou o<br />

Projeto de Lei 129/09 que institui o "Dia Municipal em Memória às Vítimas<br />

do Holocausto". Em seu discurso, o vereador Floriano Pesaro, autor da<br />

lei, lembrou a história de sua família, que também foi vítima dos horrores<br />

da guerra. Na época, outras famílias, como Camerine, Muscati e Bolafi,<br />

também vieram para o Brasil.<br />

O vereador paulistano Floriano Pessaro ressaltou que, naquela época, todos<br />

já sofriam com as leis raciais na Itália. "A perseguição aos judeus foi<br />

implacável. Não é possível esquecer". Com a sanção, o "Dia Municipal em<br />

Memória às Vitimas do Holocausto" passa a ser comemorado anualmente<br />

em 27 de janeiro, com homenagens e eventos de divulgação.<br />

Sobrevivente de Auschwitz, Ben Abraham, presidente da Sherit Hapleitá,<br />

disse que devemos sempre "aprender com o passado, para viver o presente<br />

e enfrentar o futuro com cabeça erguida. Cabe aos jovens este<br />

trágico legado para que nunca se permita que o Holocausto aconteça de<br />

novo". Também falaram Boris Ber, presidente da Federação Israelita de<br />

S. Paulo (Fisesp), Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita<br />

do Brasil/Conib e do Hospital Albert Einstein.<br />

Ao final da cerimônia na Prefeitura, os presentes acenderam a quarta<br />

vela da Festa das Luzes (Chanuká), enquanto o rabino Henrique Begun<br />

fez uma bênção em hebraico.<br />

Dia do Holocausto também foi lembrado no Paraná. A Loja Chaim<br />

Weizmann da B'nai B'rith do Paraná, a Kehilá e a Federação Israelita<br />

do Paraná realizaram uma cerimônia na Sinagoga do CIP, seguida<br />

de kidush, com a presença de 100 pessoas. Na ocasião, o<br />

sobrevivente Moyses Jakobson acendeu uma das velas . Entre os<br />

presentes, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, o<br />

deputado Nelson Justus. Ele foi homenageado com uma chanukiá<br />

e uma gravura do artista Aristides Brodeschi. Em 2009, a<br />

B'nai B'rith solicitou ao deputado Nelson Justus que a data de 27<br />

de janeiro fosse instituída formalmente no calendário do Paraná.<br />

A parte religiosa foi conduzida pelo rabino Michael Leipziger.<br />

Miguel Krigsner e Roland Hasson entregam<br />

uma gravura com tema judaico como presente<br />

ao deputado estadual Nelson Justus,<br />

presidente à cerimônia de recordação das<br />

víitimas do Holocausto<br />

O vice-presidente José Alencar, no dia 16/12, quando estava no<br />

exercício da Presidência sancionou a lei que institui o dia 18 de<br />

março como a data de celebração da imigração judaica no Brasil. O<br />

projeto de lei é de autoria do deputado federal Marcelo Itagiba<br />

(RJ). Estiveram presentes à solenidade diversas autoridades e lideranças<br />

da comunidade judaica.<br />

O dia 18 de março faz referência à data em que foi reinaugurada a<br />

sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel, em Recife, PE, a primeira do país. Na<br />

ocasião os rabinos Michel Schlesinger (SP) e Sergio Margulies (RJ) acenderam<br />

as velas de Chanucá, na Chanukiá (candelabro de nove braços)<br />

presenteada pela Congregação<br />

Israelita Paulista (CIP).<br />

O presidente Alencar acendeu<br />

a quinta vela, representando<br />

o quinto dia da festividade<br />

judaica, que comemora<br />

o milagre do pequeno<br />

cântaro de óleo durou oito<br />

dias, permitindo acender as<br />

velas no Templo de Jerusalém,<br />

que havia sido conquistado<br />

pelos gregos e retomado<br />

pelos judeus.<br />

O rabino Michael Leipziger assiste o<br />

sobrevivente do Holocausto Moisés Jakobson<br />

acender uma das seis velas em lembrança<br />

dos seis milhões de judeus assassinados<br />

pelos nazistas, durante s cerimônias de<br />

recordação realizada na Sinagoga do CIP<br />

O vice-presidente José Alencar assina a lei que institui o dia<br />

18 de março como a data de celebração da imigração judaica<br />

no Brasil. A direita com o deputado Marcelo Itagiba, Lea<br />

Lozinsky, presidente Federação Israelita do Estado do Rio de<br />

Janeiro (à esquerda) e à direita, em segundo plano, o<br />

jornalista Osias Wurman, cônsul honorário de Israel no Rio<br />

Colabore com notas para a coluna. Fone/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br


urante cerca de duas<br />

horas, o papa Bento 16<br />

realizou no domingo 17/<br />

1 sua primeira visita à<br />

sinagoga de Roma – gesto<br />

que o Vaticano espera<br />

ser visto como um marco nas relações<br />

entre as religiões católica e judaica.<br />

Essa foi a terceira visita do papa<br />

a um templo judaico desde que assumiu<br />

a Santa Sé em 2005. No entanto,<br />

as relações com os judeus atravessam<br />

uma crise. O pontífice insiste em<br />

levar adiante planos de canonizar o<br />

papa Pio 12, que dirigiu a igreja católica<br />

durante a Segunda Guerra Mundial,<br />

contra protestos judeus.<br />

Grupos judaicos se sentem<br />

agravados pela iniciativa, já que<br />

Pio 12 é acusado de não ter se esforçado<br />

o suficiente para criticar o<br />

Holocausto nazista.<br />

No entanto, Bento 16 foi recebido<br />

por líderes judeus de Roma e internacionais.<br />

O Vaticano, por sua vez, alega<br />

que registros históricos comprovariam<br />

que o papa ajudou muito judeus.<br />

A sinagoga de Roma, próxima ao<br />

Vaticano, é considerada lar espiritual<br />

da mais antiga comunidade judaica<br />

fora de Israel. A visita de Bento 16 é<br />

apenas a segunda de um papa ao local<br />

em toda a história.<br />

O papa Bento 16 prestou uma<br />

homenagem diante da placa que<br />

lembra a deportação de milhares de<br />

judeus da Itália aos campos de extermínio<br />

nazistas durante a Segunda<br />

Guerra Mundial. Uma coroa de flores<br />

foi depositada em nome do pon-<br />

tífice por um de seus assistentes<br />

diante da placa que recorda a deportação<br />

dos judeus do “gueto” de<br />

Roma em 16 de outubro de 1943 para<br />

os campos concentração.<br />

A presença dele aconteceu 24<br />

anos depois de uma visita de João<br />

Paulo II à Grande Sinagoga de Roma.<br />

Este foi um gesto simbólico, já que<br />

alguns historiadores, muitos deles<br />

judeus, acusam o pontífice da época,<br />

Pio 12, de ter ficado silêncio durante<br />

o Holocausto nazista e criticam o desejo<br />

do Papa alemão de beatificá-lo.<br />

Vários líderes religiosos judeus<br />

já pediram a interrupção do processo<br />

de beatificação de Pio 12 pelo<br />

menos por uma geração, por ferir os<br />

sobreviventes dos campos de concentração<br />

ainda vivos.<br />

O presidente das Comunidades<br />

<strong>Judaica</strong>s de Roma, Riccardo Pacifici,<br />

aproveitou a visita para pedir a Bento<br />

16 a abertura dos arquivos sobre o<br />

controverso papa Pio 12.<br />

“O silêncio de Pio 12 diante do<br />

Holocausto ainda nos machuca, é<br />

algo que ainda falta”, disse Pacifici,<br />

ao abordar um dos temas de maior<br />

divergência entre católicos e judeus.<br />

“Talvez (a palavra do Papa) não<br />

tivesse servido para interromper os<br />

trens da morte, mas teria sido um sinal,<br />

uma palavra de alívio, de solidariedade<br />

humana, para nossos irmãos<br />

que eram transportados para o campo<br />

de Auschwitz”, acrescentou diante<br />

do pontífice alemão.<br />

“Com a esperança de alcançar um<br />

ponto de vista compartilhado, desejamos<br />

com todo respeito que os historiadores<br />

tenham acesso aos arquivos<br />

do Vaticano sobre este período e<br />

sobre os eventos posteriores à queda<br />

da Alemanha nazista”.<br />

Discurso Discurso do do P PPapa<br />

P apa<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Papa faz visita histórica à sinagoga em Roma<br />

Templo é o mais antigo lar espiritual judeu fora de Israel<br />

Mas Bento 16 afirmou em seguida<br />

que o Vaticano “também socorreu,<br />

com frequência de maneira oculta e<br />

discreta”, os judeus durante o nazismo,<br />

em uma resposta às críticas ao<br />

silêncio de Pio 12.<br />

No discurso, o Papa recordou a<br />

deportação de milhares de judeus da<br />

capital e “a horrenda agonia dos que<br />

foram assassinados no campo de extermínio<br />

de Auschwitz”.<br />

“Como esquecer seus rostos,<br />

suas lágrimas, o desespero de homens,<br />

mulheres e crianças?”.<br />

“A Sede Apostólica também socorreu,<br />

com frequência de maneira oculta<br />

e discreta”, disse.<br />

“Infelizmente muitos foram indi-<br />

ferentes, mas muitos outros, entre<br />

eles numerosos católicos italianos,<br />

sustentados pela fé e os ensinamentos<br />

cristãos, com coragem abriram<br />

os braços para socorrer os judeus<br />

perseguidos e que fugiam,<br />

mesmo sob risco de perder a própria<br />

vida”, completou o Papa, que foi<br />

aplaudido várias vezes.<br />

“A memória destes eventos nos<br />

obriga a reforçar os laços que nos<br />

unem, para que cresça a compreensão,<br />

o respeito e a aceitação”, concluiu.<br />

No início da visita, Pacifici pediu<br />

o respeito a um minuto de silêncio<br />

em memória das vítimas do terremoto<br />

no Haiti.<br />

O líder judeu, que recebeu ao lado<br />

de outras personalidades religiosas<br />

judaicas, como o rabino Riccardo De<br />

Segni, papa Bento 16 em sua primeira<br />

visita à sinagoga da capital, fez um<br />

pedido de solidariedade a todos, judeus<br />

ou não.<br />

“É preciso ajudar a população do<br />

Haiti e as milhares de vítimas e pessoas<br />

que ficaram desabrigadas”, disse.<br />

Iraque quer eliminar identidade<br />

judaica de túmulo de profeta Tumbas de profetas judeus no Iraque<br />

Localizado ao sul de Bagdá, o<br />

santuário de Al-Kifl, onde fica o túmulo<br />

do profeta judeu Ezequiel, está ameaçado<br />

de perder sua identidade judaica.<br />

Durante séculos, o templo foi reverenciado<br />

por fiéis dos três grandes credos monoteístas<br />

(judaísmo, cristianismo e islamismo).<br />

Mesmo quando foi construído<br />

um minarete no local, no século XIV, as<br />

características judaicas - inscrições, ornamentos<br />

e um arco da Torá, o Pentateuco,<br />

foram preservadas. Quase toda a<br />

comunidade judaica deixou o Iraque há<br />

60 anos, mas os muçulmanos xiitas sempre<br />

cuidaram bem do templo. Agora, as<br />

autoridades iraquianas responsáveis<br />

pelo patrimônio histórico querem construir<br />

uma grande mesquita sobre o topo<br />

do túmulo do profeta, eliminando as inscrições<br />

e ornamentos judaicos.<br />

A informação, divulgada pela agência<br />

de notícias iraquiana Ur, e foi confirmada<br />

pelo professor Shmuel Moreh, da Universidade<br />

Hebraica de Jerusalém. “Um professor<br />

alemão me revelou que algumas<br />

inscrições hebraicas foram cobertas por<br />

uma camada de argamassa e que uma<br />

mesquita será construída no topo do túmulo”,<br />

disse Moreh, presidente da Associação<br />

de Acadêmicos Judeus do Iraque.<br />

A mídia do Iraque alega que o local<br />

será reformado por conta das condições<br />

precárias, mas Shelomo Alfassa, diretor<br />

da organização norte-americana Justiça<br />

para Judeus de Países Árabes, acredita<br />

que as autoridades iraquianas “estão<br />

sendo pressionadas por extremistas religiosos<br />

islâmicos para que sejam apagadas<br />

todas as evidências de conexão<br />

entre o judaísmo e o Iraque”. Mais informações<br />

através do link:<br />

http://www.jpost.com/servlet/Satellite?<br />

cid=1263147896786&pagename=JPost<br />

%2FJPArticle%2FShowFull<br />

O rabino De Segni dá as boas vindas a Bento 16<br />

O jornal israelense Yediot Acharonot publicou recentemente<br />

fotografias das tumbas de profetas judeus<br />

no Iraque como sendo de Daniel, Ezequiel e Ezra<br />

Hasofer. Estes lugares próximos de Basra e no norte<br />

do Iraque, são cuidados por muçulmanos xiitas que<br />

consideram os mesmos como santos.<br />

Eis aqui algumas das fotografias publicadas naquele<br />

jornal:<br />

Na tumba do profeta Daniel, o<br />

da cova dos leões, é proibido<br />

entrar de sapatos<br />

O Papa chega à Sinagoga de Roma<br />

A tumba do profeta Ezequiel, no<br />

Iraque, está ameaçada de perder<br />

suas características judaicas<br />

Xiitas pressionam para apagar as<br />

evidências judaicas no Iraque<br />

Os textos antiquíssimos em<br />

hebraico na tumba de Ezequiel<br />

correm risco de sumircom as<br />

construção de uma mesquita<br />

19


20<br />

* Avraham<br />

Tsvi<br />

Beuthner é<br />

rabino,<br />

escritor e<br />

frequentemente<br />

escreve<br />

artigos para<br />

jornais,<br />

revistas e<br />

blogs.<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

esde quando guerra<br />

é equação de matemática?<br />

Guerra é<br />

“causar o máximo de<br />

dano ao inimigo (se<br />

possível com um mínimo<br />

de casualidades em relação ao nosso<br />

lado), de modo que o inimigo<br />

seja derrotado e deixe de nos atacar”.<br />

A guerra dos Estados Unidos<br />

contra o Iraque foi “proporcional”?<br />

A invasão do Iraque ao Kwait foi? E<br />

a guerra da Rússia contra a Geórgia?<br />

Por outro lado, ser mais fraco<br />

não significa que você tem mais<br />

moral. Se você é fraco militarmente<br />

e por isso resolve ficar matando<br />

civis com ataques terroristas, homens-bomba<br />

ou com foguetes e<br />

mísseis, isto significa que você tem<br />

“razão” ou será que isto significa<br />

que você é, simplesmente, “um criminoso<br />

terrorista fraco e covarde”?<br />

Por que eles nunca atacam o exército,<br />

se estão “revoltados” com a<br />

“ocupação”, justamente agora que<br />

não existe ocupação nenhuma em<br />

Gaza? Ou será que foram os civis<br />

que ocuparam Gaza? Bom, os civis<br />

israelenses já foram retirados de lá,<br />

certo? Só dá para explicar os ataques<br />

de Gaza contra Israel de um<br />

jeito: “crime e covardia”.<br />

“Mas aqueles foguetinhos caseiros<br />

Kassam não matam ninguém...”<br />

Matam sim e já morreu muita<br />

gente. Mas mesmo se não matassem,<br />

imagine você vivendo na sua<br />

cidade em qualquer lugar do planeta,<br />

sabendo que a qualquer instante<br />

durante o dia ou a noite poderia<br />

ouvir uma sirene que te avisaria<br />

que daqui a quinze segundos<br />

um míssil pode cair na sua cabeça<br />

— diria o quê, que “Kassam não<br />

mata”? Que é legal viver constantemente<br />

em perigo só por que estes<br />

foguetes são “ostensivamente”<br />

fabricações “caseiras”? Se os ladrões<br />

na sua vizinhança usassem<br />

facas ao invés de revólveres, você<br />

ficaria mais tranquilo?...Desde o<br />

cessar-fogo de 2006 e de 2008 os<br />

terroristas de Gaza continuaram<br />

disparando milhares de foguetes<br />

Kassam contra centenas de milha-<br />

O ataque de Israel à Gaza foi<br />

“desproporcional"?<br />

Avraham Tsvi Beuthner *<br />

Clichês sobre Israel foram usados ad nauseum e ainda são utilizados<br />

res de civis em dezenas de cidades<br />

no sul de Israel — vejam bem: civis!<br />

Nem mesmo a coragem de atirar<br />

em alvos militares eles tiveram!<br />

São 5 a 10 foguetes na sua cabeça<br />

por dia — com cessar-fogo, e uns<br />

50-60 sem... Imagine como uns 50<br />

a 60 Kassams por dia já destruíram<br />

as vidas e a saúde de centenas de<br />

pessoas, se não de milhares. Pessoas<br />

que corajosamente insistem<br />

em continuar vivendo nas suas cidades<br />

apesar das ameaças terroristas<br />

por que esta é a sua terra, a terra<br />

bíblica de seus ancestrais.<br />

“Mas a causa de tudo é o cerco<br />

de Israel a Gaza. Israel deveria permitir<br />

a entrada de ajuda humanitária<br />

a Gaza”.<br />

Que cerco, se eles seguem recebendo<br />

ajuda humanitária inclusive<br />

durante a guerra? Que país em plena<br />

guerra abriria suas fronteiras<br />

para mandar ajuda humanitária ao<br />

seu inimigo? São mais de 100 caminhões<br />

de provisões por dia! Até<br />

mesmo árabes e terroristas feridos<br />

na Faixa de Gaza foram transferidos<br />

do hospital Shifa, em Gaza,<br />

para o Hospital Barzilai, em Ashkelon,<br />

Israel, para serem tratados,<br />

enquanto a própria cidade de<br />

Ashkelon está sendo bombardeada<br />

pelos mísseis Grad e por Katyushas<br />

disparados de Gaza!<br />

Se o governo terrorista do Hamas,<br />

em Gaza, rouba estes caminhões,<br />

se o Egito fecha a sua fronteira<br />

para a população de Gaza, a<br />

culpa é de Israel? Se os túneis subterrâneos<br />

que ligam Gaza ao Egito<br />

e por onde se contrabandeia artigos<br />

de “luxo” (como motocicletas,<br />

televisores, ipods, iphones, etc.),<br />

comida, remédios, drogas, mísseis,<br />

armamentos, veículos militares,<br />

etc., seguem funcionando normalmente<br />

(os que não foram bombardeados,<br />

pois são centenas de túneis)<br />

— dá para falar em “escassez”<br />

ou em “crise humanitária”? O pessoal<br />

de Gaza tem muito mais alimentos<br />

e remédios que muita gente<br />

no nordeste do Brasil ou em dezenas<br />

de países na África!<br />

“Por que Israel simplesmente<br />

não volta a fazer um “cessar-fogo”<br />

com Gaza?”<br />

Voltar a fazer um “cessar-fogo”?<br />

Que cessar-fogo, se durante o “pretenso”<br />

cessar-fogo dos seis meses<br />

anteriores à guerra, a cidade israelense<br />

de Sderot foi bombardeada<br />

com foguetes e Kassams todos os<br />

dias (só que ao invés de 20 foguetes<br />

por dia, foram só uns 5-10...)?<br />

O único problema é que cinco a dez<br />

foguetes por dia em Sderot não dá<br />

notícia em jornal nenhum do mundo...<br />

Ninguém liga para estas coisas.<br />

Agora, neste caso, por mais<br />

que Israel queira viver em paz,<br />

quem declarou o fim da paz (do<br />

cessar-fogo) em 19 de dezembro<br />

passado, foi o governo terrorista do<br />

Hamas em Gaza, não Israel. Até o<br />

Egito e outros países árabes declararam<br />

que a culpa de tudo, pelo<br />

menos desta vez, é do Hamas que<br />

intensificou seus ataques covardes<br />

contra civis em Israel.<br />

“Mas o governo do Hamas não<br />

é terrorista. Ele foi eleito democraticamente!”<br />

É verdade. Houve eleições e eles<br />

ganharam o governo junto com o<br />

Fatah, para governar um país que<br />

ainda não existe. Eles deveriam governar<br />

a “Autoridade Palestina”,<br />

que seria algo como uma “província”<br />

autônoma de Israel... Não só a<br />

comida, como até o dinheiro que<br />

eles usam lá, vem de Israel. Antes<br />

de expulsarem os judeus que viviam<br />

lá, a Faixa de Gaza exportava<br />

comida para a Europa e Estados<br />

Unidos. Todas as fazendas e<br />

estufas que os judeus lá construíram<br />

continuam lá, só que hoje não<br />

produzem mais nada (exceto morangos,<br />

se não me engano). Tudo<br />

virou campo de treinamento militar<br />

para grupos terroristas e lançamentos<br />

de foguetes contra Israel.<br />

Voltando agora ao governo eleito<br />

democraticamente:<br />

Após as eleições, o Hamas fez<br />

um “golpe de estado” e “roubou” a<br />

Faixa de Gaza do Fatah. Como assim?<br />

O Hamas tinha maioria no<br />

governo eleito e o Fatah era o segundo<br />

maior partido eleito, com<br />

vários cargos eleitos, parlamentares,<br />

força policial, funcionários públicos<br />

etc. O que fez o Hamas? Assassinou<br />

friamente membros do<br />

Fatah jogando-os de prédios de<br />

vários andares, fuzilando famílias<br />

de membros e simpatizantes do<br />

Fatah e perseguindo-os, até que<br />

tomou conta da Faixa de Gaza e,<br />

junto com outros grupos terroristas,<br />

seguem atingindo civis (árabes<br />

e judeus) inocentes em Israel. Agora<br />

me diga: isto é democracia?<br />

“Mas Israel atingiu propositadamente<br />

os civis em Gaza!”<br />

Vamos entender melhor esta<br />

questão: Você quer dizer que Israel<br />

fez um bombardeio maciço “no lugar<br />

mais densamente povoado de<br />

todo o planeta” há um ano, destruindo<br />

algumas centenas de alvos<br />

estritamente militares, jogando<br />

centenas de bombas em Gaza e, de<br />

acordo com a ONU e fontes de<br />

Gaza, só matou cerca de 50 civis?<br />

Que, de acordo com a ONU e fontes<br />

de Gaza, 97% dos mortos eram<br />

militares terroristas e não civis? Se<br />

você ainda acha que Israel tem<br />

como objetivo atingir os civis, neste<br />

caso você só pode tirar duas conclusões:<br />

1) Se 97% dos atingidos são militares,<br />

Israel não pretende atingir<br />

os civis.<br />

2) Se o objetivo eram os civis, os<br />

pilotos de Israel não sabem atirar<br />

direito...<br />

Acho que a opção 1 me parece<br />

mais lógica, não? Agora eu lhe pergunto:<br />

o site do exército de Israel<br />

divulgou todos os alvos atingidos,<br />

que incluíam campos de treinamento<br />

militar e locais de armazenamento<br />

de munições e explosivos.<br />

O que é que os civis estavam fazendo<br />

perto de locais tão perigosos?<br />

Ou melhor: por que será que o Hamas<br />

armazena seus explosivos em<br />

mesquitas e escolas públicas e treina<br />

seus militares no meio de áreas<br />

civis? Por que será que Israel, antes<br />

de bombardear estas áreas, tem<br />

que jogar avisos por escrito e pelos<br />

meios de comunicação para os<br />

eventuais civis evacuarem a área?<br />

E por fim: Por que os jornais<br />

mostraram fotos de crianças mortas<br />

em outras ocasiões e locais que<br />

não tem absolutamente nada a ver<br />

com aquela guerra (como as fotos<br />

das crianças do necrotério de Jabalia<br />

que apareceu n”O Globo”)? Para<br />

insinuar que Israel está matando<br />

civis de propósito?


VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Um dia em memória das vítimas do Holocausto<br />

Antonio Carlos Coelho *<br />

á poucos dias comemoramos<br />

o Dia Internacional<br />

de Memória<br />

do Holocausto, no<br />

dia 27 de janeiro, data<br />

em que, há 65 anos, os<br />

campos de Auschwitz –<br />

Birkenau foram libertados pelos russos.<br />

A Inglaterra foi o primeiro país a estabelecer<br />

esse dia como um Dia de Memória<br />

do Holocausto. Em 2005 a data<br />

foi internacionalizada pela ONU.<br />

O Conselho Muçulmano Britânico<br />

manifestou-se com contrariedade à<br />

institucionalização de um dia para lembrar<br />

o Holocausto. Alegaram que a Inglaterra<br />

não estava considerando outras<br />

vítimas, como palestinos, ruandeses,<br />

armênios e outros. Não é preciso<br />

ter muitas luzes para perceber que a<br />

intenção do Conselho Muçulmano era,<br />

mais uma vez, culpar Israel pelo sofrimento<br />

do povo palestino.<br />

As manifestações contra a criação<br />

e, principalmente após sua internacionalização,<br />

foram relativamente<br />

grandes, principalmente no Reino<br />

Unido. Em razão disso, desde 2007,<br />

corre na internet a notícia de que a<br />

Inglaterra teria excluído o ensino sobre<br />

o Holocausto das escolas públicas.<br />

Isto nunca ocorreu. É mais uma<br />

mentira que circula na rede. Houve<br />

sim, um debate interno, junto aos órgãos<br />

de educação, sobre o modo de<br />

"Faltam-me palavras para expressar<br />

a indescritível experiência no Yad<br />

Vashem. Aprendemos tantos e tantos<br />

assuntos oportunos e interessantes<br />

conexos à temática da Shoá!". Assim<br />

se expressou o professor Marcelo<br />

Walsh, curitibano professor da Universidade<br />

Católica de Goiás, em Goiânia,<br />

que integrou o Grupo de Educadores<br />

Brasileiros na qualidade de<br />

Amigo e Convidado da B'nai B'rith<br />

para um curso em Israel. Este foi o<br />

primeiro grupo de educadores brasileiros<br />

que participaram do curso no<br />

Yad Vashem. Porém, já houve anteriormente,<br />

participação de pesquisadores<br />

brasileiros integrados em turmas<br />

multinacionais.<br />

O objetivo do curso é fazer professores<br />

brasileiros pensarem na questão<br />

do Holocausto, dentro de formação<br />

acadêmica, atuação profissional,<br />

perspectiva e vivência particulares.<br />

"Os professores, tanto do Yad Vashem,<br />

como da Universidade Hebraica de<br />

Jerusalém foram fantásticos", declarou<br />

Walsh, observando que o curso de<br />

capacitação de professores no Ensino<br />

da Shoá, foi de altíssimo nível, dentro<br />

do mais elevado espírito acadêmi-<br />

tratar a questão em sala de aula. Os<br />

professores reclamavam da dificuldade<br />

que tinham de debater um tema,<br />

tão delicado, com os jovens.<br />

Além do tema ser delicado, há<br />

uma acirrada propaganda antijudaica<br />

que induz erroneamente aos jovens<br />

(não só jovens) equiparar a<br />

morte de palestinos ao sofrimento e<br />

morte das vítimas do Holocausto.<br />

Soma-se a isso, o antissemitismo<br />

histórico impregnado na cultura ocidental<br />

que acolhe propagandas dessa<br />

natureza, e ainda, a exigência de<br />

se ter uma postura chamada de politicamente<br />

correta, deixa o professor<br />

inseguro e temeroso em ferir sensibilidades<br />

- (aqui é preciso salientar<br />

o antijudaismo exclui os judeus<br />

das categorias sensíveis). Diante disso<br />

todo o professor deve estar muito<br />

bem preparado, tanto em conhecimento<br />

histórico como no trato com<br />

valores morais, para falar do Holocausto<br />

em sala de aula e administrar<br />

uma discussão que possa surgir.<br />

Chama a atenção o fato de que o<br />

Conselho Muçulmano Britânico, apesar<br />

de se opor ao Dia da Memória,<br />

não fez nenhuma negação e nem<br />

questionou a veracidade do Holocausto.<br />

“O que fez foi se manifestar politicamente<br />

a favor dos palestinos,<br />

acrescentando armênios, ruandeses<br />

na relação dos “esquecidos”. No entanto,<br />

haveria outros esquecidos que<br />

o Conselho não mencionou: as vítimas<br />

co. Particularmente, ele gostou muito<br />

dos testemunhos de Carlos Plaut e do<br />

Sr. Jacky, de um sobrevivente do Gueto<br />

de Budapeste e de uma mulher de<br />

Sarajevo, considerada Justa entre as<br />

Nações, dos quais, infelizmente, não<br />

recorda os nomes.<br />

Ele diz que apreciou ainda as aulas<br />

de Mário Synai (Yad Vashem) e de<br />

Avraham Milgram (conhecido por Tito<br />

e que é natural de Curitiba) e ainda da<br />

palestra do representante do Escritório<br />

do Simon Wiesenthal Center em<br />

Israel. Os integrantes do curso fizeram<br />

uma excursão interna através do complexo<br />

de prédios do Yad Vashem, quando<br />

aprenderam sobre as esculturas,<br />

fotos, pinturas, monumentos relacionados<br />

à Shoá e também puderam adquirir<br />

livros sobre Shoá.<br />

O programa incluiu uma viagem ao<br />

kibutz Lohamei Haguetaot fundado pelos<br />

combatentes do Gueto de Varsóvia,<br />

onde assistiram ao testemunho de uma<br />

ex-combatente, Chavka Folman-Raban,<br />

e uma palestra da dra. Nora Gaon, que<br />

incluiu ainda a visita ao Museu das<br />

Crianças. O grupo também visitou o histórico<br />

kibutz Ramat Rachel.<br />

de Dafur, do episódio do Setembro<br />

Negro, do massacre à cidade de<br />

Hama, na Síria. Coincidentemente,<br />

são vítimas dos próprios irmãos de fé.<br />

É também da Inglaterra o bispo<br />

ultraconservador, da linha lefebvriana,<br />

vinculado à Fraternidade Sacerdotal<br />

São Pio X que vem, seguidamente negando<br />

o Holocausto. O bispo Richard<br />

Williamson, que foi expulso da Argentina<br />

pelas suas declarações, tem seus<br />

simpatizantes, cerca de 600 mil.<br />

Para o bispo Williamson, com o<br />

Holocausto “uma ordem mundial<br />

completamente nova foi construída”<br />

com base neste “fato”, os judeus, ele<br />

acrescentou, “se transformaram em<br />

salvadores substitutos, graças aos<br />

campos de concentração”. Entendese<br />

que, para o bispo, a aceitação do<br />

Holocausto traz um incômodo à sua<br />

“teologia”. Isto é pior do que negar<br />

o fato por não acreditar, é pior que<br />

negar por razões políticas, como faz<br />

Ahmadinejad. Ele nega por motivações<br />

de uma suposta fé, nega em<br />

nome de sua crença. É um desvirtuado<br />

para si, para a Igreja e para a<br />

Humanidade. Seu discurso é aplaudido<br />

pelos nazistas – suas declarações<br />

ganharam espaço em sites do<br />

ramo. Há, nas suas palavras, não<br />

somente em relação aos judeus, mas<br />

também de ordem moral, características<br />

próprias do nazismo.<br />

Negar o Holocausto, tentar minimizá-lo<br />

ou tentar impor uma sombra<br />

Do grupo de professores brasileiros<br />

participaram também colegas de<br />

Marcelo Walsh no Laboratório de Estudos<br />

sobre Intolerância (LEI/USP)<br />

Samuel Feldberg e Daniela Levy.<br />

Como foi dito no dia do encerramento<br />

do seminário, com a entrega dos<br />

certificados, os participantes se tornaram<br />

Embaixadores do Yad Vashem<br />

no Brasil. O fato constitui uma grande<br />

responsabilidade de cultivar a<br />

memória histórica da Shoá, durante a<br />

qual pereceram seis milhões de judeus<br />

e mais de cinco milhões de nãojudeus<br />

- e da sua relação com a cultura<br />

da paz, coexistência, direitos<br />

humanos e diálogo.<br />

No entendimento do professor<br />

Marcelo Walsh, "Memória e Esperança",<br />

resumiriam tudo o que aprendeu<br />

em termos de conteúdo e, sobretudo,<br />

de reflexão. Ele acredita que<br />

com essa mensagem - particular e<br />

ao mesmo tempo universal - poderá<br />

contribuir decisivamente para a<br />

construção de um mundo melhor,<br />

mais fraterno, justo e solidário, onde<br />

o respeito à diversidade torne-se a<br />

regra universal. E Holocausto nunca<br />

mais! Para ele, "devemos sempre<br />

sobre seu significado somente vem<br />

confirmar a sua grandiosidade como<br />

ato de barbárie contra a Humanidade.<br />

No entanto, as maiores vítimas<br />

fazem parte do povo judeu. Portanto,<br />

não é preciso explicar o porquê da<br />

negação e da minimização do fato. O<br />

sentimento de culpa que paira na comunidade<br />

não judaica levou milhões<br />

de pessoas a se engajarem em trabalhos<br />

de sensibilização e educação<br />

sobre o Holocausto; mas, o mesmo<br />

sentimento de culpa pode, também,<br />

levar alguém, como o bispo britânico,<br />

a negar a existência do fato. Sua<br />

forma de pensar, tão próxima ao nazismo,<br />

senão igual, não o permite,<br />

como bispo e suposto cristão, ter que<br />

carregar essa culpa.<br />

Quando se recorda o maior crime<br />

cometido contra os judeus não se excluem<br />

outras tantas vítimas, cerca de<br />

três milhões, que sofreram e morreram<br />

da mesma forma que a comunidade<br />

judaica da Europa. Acontece que o Holocausto<br />

sintetiza, da forma mais cruel,<br />

dois mil anos de perseguição, preconceitos<br />

e mortes de judeus. Isto dá ao<br />

ato nazista uma dimensão astronômica.<br />

Seus efeitos se perpetuam em muitas<br />

famílias e, portanto, o Holocausto<br />

é algo vivo que ainda se manifesta no<br />

seio da comunidade judaica.<br />

Ao lembrar as vítimas da vontade<br />

nazista é um alerta, agora, graças a<br />

ONU, há uma data universal contra<br />

todas as formas de genocídio que<br />

possam vir a ocorrer.<br />

Yad Vashem promove curso de capacitação sobre<br />

a Shoá para professores brasileiros<br />

dizer não ao<br />

antissemitismo,<br />

à xenofobia,<br />

ao racismo,<br />

aos extremismos<br />

e a<br />

qualquer outro<br />

tipo de intolerância.<br />

A ideia da<br />

realização curso foi da família Politansky<br />

e o evento foi possível realizar<br />

graças aos esforços de Jayme Melsohn,<br />

representante do Yad Vashem no<br />

Brasil, de Jacques Griffel, coordenador<br />

da Marcha da Vida pelo Brasil, de Perla<br />

Hazan, diretora do Yad Vashem para<br />

América Latina e Península Ibérica, de.<br />

Mario Synai e Raquel Orensztajn, do<br />

Yad Vashem), do professor Celso Zilbovicius,<br />

coordenador do Grupo e as<br />

seguintes entidades: B'nai B'rith, Centro<br />

de Cultura <strong>Judaica</strong>, Unibes, Instituto<br />

Unibanco, Universidade de São<br />

Paulo (LEI e LEER), Nova Escola <strong>Judaica</strong>,<br />

Escolas Municipais, Yad Vashem,<br />

Universidade Hebraica de Jerusalém,<br />

Claims Conference, Fundação Família<br />

Adelson, Centro Simon Wiesenthal, Revista<br />

Shalom, El Al e Estado de Israel.<br />

21<br />

* Antônio Carlos<br />

Coelho é<br />

professor<br />

universitário,<br />

escritor, diretor<br />

do Instituto<br />

Ciência e Fé, e<br />

colaborador do<br />

jornal <strong>Visão</strong><br />

<strong>Judaica</strong>.<br />

Marcelo Walsh entre dois colegas do Laboratório<br />

de Estudos sobre Intolerância (LEI) da USP:<br />

Daniela Tonello Levy e Samuel Feldberg


22<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

VISÃO<br />

Comercial do Itaú no Oriente Médio<br />

O novo comercial<br />

de<br />

TV do Banco<br />

Itaú, produzido<br />

pela<br />

agencia<br />

África, mostra<br />

uma<br />

cena típica<br />

panorâmica<br />

Cena do novo comercial do banco Itaú<br />

mostra convivência entre judeus e árabes<br />

em Jerusalém<br />

de Jerusalém Oriental, onde árabes e judeus<br />

guardam suas tradições. A mensagem<br />

do banco visa mostrar que o futebol<br />

é paixão na região e serve para unir os<br />

diferentes. O filme chama-se "Feira" e<br />

tem versões de 60 e de 30 segundos. A<br />

criação e direção é de Nizan Guanaes,<br />

Sergio Gordilho, Cassio Zanatta, Zico<br />

Farina, Paulo Coelho, Eduardo Martins e<br />

Carlos Fonseca. A produção da agência<br />

ficou a cargo de Daniela Andrade e Cecília<br />

Berroja. Da equipe ainda fazem parte:<br />

Marcio Santoro, Renata Brasil e Alba<br />

Pismel (Atendimento), Luiz Fernando<br />

Vieira, Fabio Freitas e Rodrigo Gandini<br />

(Mídia), Pedro Cruz e Carolina Mello (Planejamento),<br />

Breno Silveira (direção do filme),<br />

Adriano Goldman (fotografia), Tim<br />

Maia (produção do filme), Vicente Kubrusly<br />

(montagem e edição), Luciano Kurban<br />

(produção de som). As empresas<br />

Conspiração Digital e Voicez foram responsáveis,<br />

respectivamente pela finalização<br />

e pós-produção, e pelo som. O filme<br />

pode ser assistido em http://<br />

www.youtube.com/watch?v=<br />

2ZuPk4vwNck (Divulgação).<br />

Morre último líder do gueto de Varsóvia<br />

O último comandante da rebelião do gueto<br />

de Varsóvia contra os nazistas, em<br />

1943, Marek Edelman, morreu aos 90<br />

anos, informou o site do jornal polonês<br />

Gazeta Wyborcza. "Ele foi um dos chefes<br />

da insurreição do gueto de Varsóvia,<br />

combatente da rebelião, cardiologista e<br />

militante da oposição democrática na<br />

época da Polônia comunista", disse o jornal.<br />

"Chegou à idade avançada [...] e viveu<br />

sempre consciente da tragédia que<br />

enfrentou. Não posso dizer que era insubstituível,<br />

ninguém o é, mas poucas<br />

pessoas foram como Marek Edelman",<br />

declarou o ex-chefe da diplomacia polonesa<br />

Wladyslaw Bartoszewski. "Quero<br />

apresentar minhas condolências à família<br />

de Marek Edelman, à nação polonesa<br />

e à nação judaica. Ele era nosso herói<br />

comum", declarou à TV estatal Shewah<br />

Weiss, ex-presidente do Parlamento israelense.<br />

(Folha Online).<br />

Por causa de Israel, dirigente<br />

esportivo do Irã renuncia<br />

A imprensa iraniana informou que Mo-<br />

(com informações das agências AP, Reuters, AFP,<br />

EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem Post,<br />

Haaretz, Notícias da Rua Judaíca e IG)<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

• Yossi Groisseoign •<br />

hammad Mansour Azimzadeh Ardebili,<br />

um dos dirigentes esportivos do país<br />

renunciou depois que um e-mail de Ano<br />

Novo enviado por ele aos membros da<br />

Fifa, órgão que rege o futebol no mundo,<br />

foi enviado por engano também para<br />

a Federação de Futebol de Israel. Segundo<br />

os relatos o e-mail supostamente<br />

deveria ser encaminhado a todos os<br />

membros da Fifa, exceto Israel. Ardebili<br />

era diretor do gabinete de Relações<br />

Exteriores da Federação de Futebol do<br />

Irã. O presidente da federação, Ali Kaffashian,<br />

pediu desculpas ao povo iraniano<br />

pelo e-mail, segundo o jornal Tehran<br />

Times. "Foi um grande erro enviar um email<br />

para a federação de futebol de Israel,<br />

porém tenho a certeza de que o<br />

diretor do escritório de relações internacionais<br />

não fez isso de propósito",<br />

disse Kaffashian. No entanto, o governo<br />

acredita que foi intencional. Desde<br />

a revolução de 1979, o Irã não reconhece<br />

Israel, e atletas iranianos evitam<br />

competir contra israelense em competições<br />

internacionais, incluindo as Olimpíadas.<br />

(Artision).<br />

Carter pede desculpas<br />

Depois de passar os últimos anos estigmatizando<br />

Israel, comparando o regime<br />

israelense ao do apartheid sul-africano,<br />

o ex-presidente americano Jimmy<br />

Carter pediu desculpas aos judeus dos<br />

EUA. "Temos de reconhecer as conquistas<br />

de Israel sob circunstâncias difíceis,<br />

ainda que lutemos para que o país melhore<br />

suas relações com as populações<br />

árabes, mas não devemos permitir que<br />

as críticas estigmatizem Israel", escreveu<br />

Carter em sua mensagem. Ele pediu<br />

perdão pelas coisas que disse no<br />

passado e que possam ter contribuído<br />

para que isso acontecesse. Nos EUA dizem<br />

que ele pediu desculpas porque o<br />

filho dele é candidato a deputado. Carter<br />

é claro, nega. (<strong>VJ</strong>).<br />

Ataque antissemita na Argentina<br />

Um grave ataque<br />

ocorreu no dia 21<br />

de dezembro de<br />

2009 a um cemitério<br />

judaico localizado<br />

em San<br />

Luis. Mais uma<br />

vez a Daia, a en-<br />

Ataque ao cemitério judaico de<br />

San Luis, na Argentina foi um dos<br />

mais graves dos últimos anos<br />

tidade máxima representativa da comunidade<br />

judaica argentina expressou sua<br />

enérgica condenação diante do novo<br />

ataque antissemita de extrema gravidade.<br />

Foi uma profanação sem precedentes<br />

na Província de San Luis. Pintaram<br />

palavras antissemitas no muro perime-<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

tral e em 27 sepulturas, com apologia<br />

do nazismo e profusos agravos, incluindo<br />

suásticas e ameaças de morte aos<br />

integrantes da comunidade judaica local.<br />

A Daia observou que é cada vez mais<br />

frequente a reiteração destes gravíssimos<br />

atentados, que sempre permanecem<br />

impunes, e devem merecer o categórico<br />

repúdio de toda a sociedade, assim<br />

como a decidida ação das autoridades<br />

policiais e judiciais para identificar<br />

e punir com todo o rigor da lei os responsáveis.<br />

Um nota exigindo providências<br />

foi assinada por Aldo Donzis, presidente<br />

e Fabián Galante, secretário da<br />

instituição (Daia).<br />

Israel homenageia oficial alemão de "O<br />

Pianista"<br />

O memorial israelense do Holocausto<br />

anunciou homenagem ao oficial alemão<br />

Wilm Hosenfeld, que resgatou o pianista<br />

polonês Wladyslaw Szpilman - fato<br />

documentado no filme "O Pianista", de<br />

Roman Polanski. Já falecido, Hosenfeld<br />

é um dos poucos militares da II Guerra<br />

Mundial a receber o título de "Justo entre<br />

as Nações", entre cerca de 22 mil<br />

pessoas homenageadas por ajudar judeus<br />

a escapar da morte no Holocausto.<br />

O Museu Yad Vashem explicou que, depois<br />

de verificar que ele não participou<br />

de crimes de guerra, apesar de ter exercido<br />

papel militar na ocupação de Varsóvia,<br />

Hosenfeld atuou principalmente<br />

como oficial ligado à área esportiva e<br />

cultural, embora tenha tido algum envolvimento<br />

em interrogatórios. (Jornal Alef).<br />

"O Pianista" - 2<br />

O oficial alemão ajudou a abrigar e alimentar<br />

o pianista Wladyslaw Szpilman,<br />

que anotou a bondade do oficial nazista<br />

em seu diário depois de escapar do<br />

gueto de Varsóvia, onde fora encarcerado<br />

por ser judeu. De acordo com o diário<br />

de outro sobrevivente do Holocausto,<br />

Hosenfeld lhe deu trabalho depois<br />

de ele ter fugido de um trem a caminho<br />

do campo de extermínio de Treblinka,<br />

para onde foram enviados quase todos<br />

os moradores do gueto. Perto do final<br />

da guerra, Hosenfeld foi capturado pelo<br />

Exército Vermelho. Ele morreu numa prisão<br />

soviética em 1952. Diários e cartas<br />

mostram que ele expressou seu "horror<br />

diante do extermínio do povo judaico"<br />

pelo país ao qual serviu. Seus descendentes<br />

na Alemanha receberam um certificado<br />

e uma medalha para documentar<br />

a homenagem. (Jornal Alef).<br />

Liga Árabe reconhece descumprimento<br />

de promessa<br />

A Liga Árabe reconheceu que a maioria<br />

de seus membros descumpriu suas promessas<br />

de ajudar os palestinos durante<br />

o último ano, indicou a organização, em<br />

comunicado. Segundo a nota, apenas<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Jordânia, Egito e Arábia Saudita cumpriram<br />

o que tinha prometido à Autoridade<br />

Palestina (AP), enquanto os outros membros<br />

não fizeram o mesmo. Na conferência<br />

de Doha em março de 2009, os países<br />

árabes se comprometeram a doar<br />

US$ 330 milhões à ANP, dos quais os<br />

palestinos só receberam US$ 18 milhões.<br />

No entanto, a Liga Árabe atribui<br />

este descumprimento à profunda divisão<br />

entre Cisjordânia, controlada pela<br />

AP, e a Faixa de Gaza, controlada pelo<br />

movimento fundamentalista Hamas. Alguns<br />

Estados árabes preferiram apoiar<br />

o Hamas, enquanto outros apoiaram a<br />

AP, considerando que são os legítimos<br />

representantes do povo palestino. A próxima<br />

cúpula da Liga Árabe será nos dias<br />

27 e 28 de março, em Trípoli, capital da<br />

Líbia. (Uol.com.br).<br />

Ministro Nelson Jobim em Israel<br />

O ministro da Defesa do Brasil, Nelson<br />

Jobim, esteve em visita oficial a Israel<br />

do dia 24 até o dia 27 de janeiro de 2010,<br />

e foi em resposta a convite do ministro<br />

da Defesa de Israel, Ehud Barak. No país,<br />

o Ministro teve encontros oficiais com o<br />

presidente de Israel, Shimon Peres, com<br />

o Ministro da Defesa de Israel, com ministro<br />

das Relações Exteriores, Avigdor<br />

Liberman e com a Presidência do Supremo<br />

Tribunal de Israel, além de outras audiências<br />

oficiais e visitas a empresas israelenses<br />

de alta tecnologia, com destaque<br />

para a indústria de aeronaves não<br />

tripuladas. Na ocasião, o Nelson Jobim<br />

marcou presença no Seminário de Segurança<br />

Pública, oferecido pelo Governo de<br />

Israel aos secretários de Segurança Pública<br />

estaduais e aos comandantes gerais<br />

das Polícias Militares do Brasil, além<br />

de outras autoridades brasileiras. (Notícias<br />

da Rua <strong>Judaica</strong>).<br />

Netanyahu critica Amorim<br />

Em recado ao ministro das Relações<br />

Exteriores do Brasil, Celso Amorim, o<br />

primeiro-ministro israelense Binyamin<br />

"Bibi" Netanyahu criticou a intenção do<br />

governo brasileiro de dialogar com o<br />

grupo radical palestino Hamas. Em encontro<br />

anual com correspondentes estrangeiros,<br />

ele disse que conversar com<br />

o movimento islâmico não é "uma boa<br />

ideia" para o avanço das negociações<br />

de paz. Há duas semanas, na Suíça,<br />

Amorim sugeriu que o Brasil estaria disposto<br />

a dialogar com o Hamas para ajudar<br />

a resolver o impasse no Oriente<br />

Médio. Netanyahu disse saber das boas<br />

intenções do Brasil, mas pediu ao País<br />

que "olhe mais de perto" o que acontece<br />

na região. Ele também criticou a visita<br />

ao país do presidente iraniano Mahmoud<br />

Ahmadinejad. "É verdade que a<br />

paz se faz com inimigos. Mas um inimigo<br />

que só quer lhe cortar em pedaços<br />

não é um parceiro para a paz. O Hamas<br />

e seu padrinho, o regime iraniano, dizem<br />

abertamente que têm como objetivo<br />

nos destruir". (O Estado de S. Paulo).


erroristas do Hamas<br />

continuam atacando<br />

a cidade de<br />

Sderot. Às vezes, esses<br />

ataques ocorrem<br />

domingo à noite, como<br />

o foguete Kassam que atingiu a varanda<br />

e o quintal de uma casa. A<br />

mídia informou que “não houve nenhum<br />

ferimento” nas pessoas dentro<br />

da casa, mas oito anos de ataques<br />

contínuos puseram 20 por<br />

cento da população da cidade sob<br />

cuidados mentais.<br />

Cinco outros foguetes também<br />

explodiram na cidade e nas regiões<br />

de Sdot Negev e de Eshkol. Nenhum<br />

dano foi reportado.<br />

“Quatro mil pessoas em Sderot<br />

estão atualmente sob alguma forma<br />

de cuidados psiquiátricos”, de<br />

acordo com David Bedein, um jornalista<br />

pesquisador que também<br />

possui grau de mestrado em assistência<br />

social e trabalhos de campo.<br />

Cerca de 100 foguetes e mortei-<br />

No dia 5 de setembro passado,<br />

70 jornais dos Estados Unidos, entre<br />

os quais se encontrava o prestigioso<br />

The New York Times, circulou<br />

junto com suas edições, um<br />

controvertido e corajoso DVD denominado<br />

"Obsession" Radical<br />

Islam's War Against The West.<br />

Por iniciativa e apoio da Fundação<br />

Clarion, que se declara uma organização<br />

independente e que não<br />

aceita fundos do governo dos Estados<br />

Unidos, instituições políticas<br />

nem de organizações estrangeiras, 28<br />

milhões de cópias foram distribuídas<br />

no território norte-americano.<br />

O filme documentário estreado<br />

em 2005, que foi dirigido pelo sulafricano<br />

Wayne Kopping e concebido<br />

por Peter Mier com a produção<br />

do israelense-canadense Raphael<br />

Shore e Brett Halperin, explicita<br />

cruamente a ameaça do radicalismo<br />

islâmico para a civilização ocidental.<br />

A particularidade do filme,<br />

é que a totalidade de seu conteúdo<br />

foi extraído da mesmíssima mídia<br />

árabe. Pode-se observar fragmentos<br />

da televisão muçulmana,<br />

com incitações à Jihad global decla-<br />

Kassams e cuidados psiquiátricos<br />

ros explodiram em Sderot e na área<br />

adjacente de Sha’ar HaNegev, desde<br />

o fim da Operação Chumbo Derretido,<br />

que a administração Olmert<br />

declarou que traria paz e devolveria<br />

a calma á região Sul de Israel.<br />

Mais de trinta outros mísseis explodiram<br />

em outras áreas, incluindo<br />

a cidade de Ashkelon.<br />

“As pessoas estão sofrendo de<br />

ansiedade” com os ataques, disse<br />

Bedein. Notando que a mídia subestima<br />

os ataques de foguete que<br />

não “causam nenhum dano ou destruição”,<br />

Bedein explicou: “é difícil<br />

informar milagres”.<br />

Ele notou que ao cobrir a Guerra<br />

do Golfo, em 1991, para rádio<br />

CNN, seus superiores rejeitaram<br />

uma reportagem de manchete sobre<br />

um foguete Scud que destruiu<br />

uma rua e atingiu diversas casas.<br />

“A CNN perguntou quantas pessoas<br />

tinham sido mortas, e eles não<br />

mostraram interesse quando eu<br />

disse que não houve nenhuma fa-<br />

rando sem rubor, o objetivo da dominação<br />

do mundo pelo islã, sermões<br />

em mesquitas e arengas às<br />

multidões a partir dos minaretes,<br />

vociferando morte à América e Israel<br />

e o ensino e incentivo ao ódio<br />

nas madrassas, escolas religiosas<br />

corânicas, de onde saem milhares<br />

de terroristas, ávidos pela tanatomania<br />

em nome de Alá.<br />

"Obsession" também traça um<br />

paralelismo entre o nazismo e os movimentos<br />

fundamentalistas islâmicos,<br />

comparando suas respectivas propagandas<br />

e acusações anti-judaicas.<br />

Provavelmente o medo apavorante<br />

de terroristas radicais islâmicos,<br />

foi a razão pela qual durante<br />

um longo período desde sua realização,<br />

o documentário ganhador<br />

do Best Feature Film 2005, do Liberty<br />

Film Festival, que obteve laudatórias<br />

críticas e outros prêmios<br />

posteriores, não seja conhecido em<br />

muitos países e não teve a repercussão<br />

massa que obteve agora.<br />

Um dos poucos jornais americanos<br />

que se negou a distribuir o<br />

DVD, o St. Louis Post, alegou que<br />

durante 2 anos, o filme perturbou<br />

os muçulmanos. O eufemismo de<br />

temor é cuidado para não ferir a<br />

talidade”, contou<br />

Bedein para o Israel<br />

National<br />

News (INN).<br />

Os estudantes<br />

em Ashkelon<br />

consideram ataque<br />

antes da operação<br />

em Gaza,<br />

numa manhã do<br />

Shabat (sábado)<br />

em sua escola<br />

como um milagre<br />

e recitaram<br />

os salmos na<br />

manhã de domingo por isso.<br />

“Eu não quero nem pensar no<br />

que teria acontecido se o foguete<br />

atingisse a escola no meio da semana,<br />

quando os alunos estavam em<br />

aula”, disse Yitzchak Abrijel, principal<br />

educador da Escola Amit. “Foi<br />

um milagre que aconteceu no Shabat,<br />

quando a escola está fechada”.<br />

Os estudantes chegaram domingo<br />

de manhã à escola pesada-<br />

suscetibilidade dos islamitas, é<br />

amplamente utilizado, e se complementa<br />

com outra desculpa, a de<br />

não ofender os muçulmanos.<br />

Desde logo, não se pode envolver<br />

nem associar toda a freguesia<br />

islâmica com o terror.<br />

Não existe unanimidade quanto<br />

a cifra exata de muçulmanos que<br />

há na atualidade As estimativas<br />

variam entre a moderada de oitocentos<br />

milhões e a excessiva que os<br />

situa perto de um bilhão e meio.<br />

Possivelmente, o número real deva<br />

estimar-se em torno de um bilhão.<br />

Uma nada exígua porcentagem entre<br />

vinte e trinta por cento, aderiria<br />

às posições radicalizadas.<br />

Um grupo americano de apoio<br />

aos muçulmanos, solicitou à Federal<br />

Election Comission que investigue<br />

se a Fundação Clarion que distribuiu<br />

o alarmante DVD sobre o<br />

islã, não é veladamente, uma fachada<br />

de um grupo israelense que tinha<br />

como objetivo ajudar a promover<br />

a candidatura do então candidato<br />

John McCain.<br />

Centenas de blogs e publicações<br />

islâmicas, como Notícias corânicas<br />

do Irã, somaram-se aos protestos<br />

pela difusão de "Obsession" e ten-<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

mente danificada, após uma viagem<br />

ao campo, recitaram Salmos<br />

e completaram seu dia na aldeia<br />

jovem da Amit em Petach Tikva.<br />

O foguete que caiu na escola<br />

da cidade no Shabat era de um<br />

modelo mais poderoso que os<br />

prévios e atravessou a estrutura<br />

reforçada que foi projetada para<br />

proteger os estudantes e professores<br />

dos danos.<br />

A guerra do islã radical contra o Ocidente<br />

Ruben Kaplan *<br />

Menino de Ashkelon em estado<br />

de choque depois que um foguete<br />

caiu nas imediações de sua casa<br />

taram desqualificar os produtores,<br />

atribuindo-lhes, serem agentes sionistas<br />

que junto ao grupo religioso<br />

judeu Aish Hatorá se uniram para<br />

desacreditar o Islã.<br />

Em nenhum caso, esboçaram<br />

um desmentido do irrefutável material<br />

do filme, baseado em sua totalidade,<br />

na imprensa árabe.<br />

Os promotores de "Obsession":<br />

Radical Islam's War Against the<br />

West, negaram tratar-se de promover<br />

alguma campanha presidencial<br />

e acrescentaram que era incorreto<br />

vincular a campanha do DVD com<br />

o grupo educacional de Jerusalém,<br />

Aish Hatorá Internacional, se bem<br />

que alguns de seus ex e atuais funcionários,<br />

participaram do projeto.<br />

Sem acovardar-se pelas denúncias<br />

contra si, a Fundação Clarion,<br />

promete redobrar sua aposta, denunciando<br />

o erguimento da espada<br />

de Dâmocles por parte do islã<br />

radicalizado sobre a cabeça do ocidente,<br />

com a iminente estréia de<br />

outro filme que ajudou a produzir:<br />

The Third Jihad, (A terceira Jihad)<br />

outro estremecedor documentário,<br />

que pretende conscientizar o mundo,<br />

que supõe equivocado, que só<br />

Israel é o ameaçado.<br />

23<br />

Residência da cidade de Ashkelom atingida e destruída<br />

por um míssil dos terroristas de Gaza: ações como essa<br />

acabaram levando à guerra de Israel contra o Hamas<br />

* Ruben Kaplan<br />

escreve em<br />

diversos<br />

websites. E é<br />

colaborador do<br />

Por Israel, que<br />

distribuiu este<br />

texto<br />

(www.porisrael.org).


AFP PHOTO/JONATHAN NACKSTRAND<br />

24<br />

VISÃO JUDAICA fevereiro de 2010 Adar 5770<br />

Primeiro modelo elétrico do projeto Better Place<br />

produzido pelas empresas Renault e Nissan<br />

Projeto prevê a instalação de cerca de 500 mil postos de<br />

abastecimento em Israel<br />

Renault e Nissan mostram carros<br />

elétricos para mercado israelense<br />

Renault e Nissan apresentou<br />

no domingo 7/<br />

2, em Ramat Hasharon,<br />

próximo a Tel Aviv,<br />

o primeiro modelo elétrico<br />

do projeto Better Place<br />

que visa a introdução de veículos<br />

movidos a eletricidade em Israel até<br />

2011. A meta das duas empresas é<br />

reduzir a emissão de poluentes no<br />

país, onde cada motorista roda, em<br />

média, 70 quilômetros por dia.<br />

O Projeto Better Place visa a introdução<br />

de carros elétricos em Israel<br />

até 2011. A estimativa é que 45<br />

mil veículos elétricos estejam em circulação<br />

em 2016. O projeto prevê<br />

ainda a instalação de infra-estrutura<br />

de uma rede de abastecimento em<br />

todo o país, com cerca de 500 mil<br />

postos de carregamento de baterias.<br />

De acordo com as duas empre-<br />

sas, o desempenho dos veículos é<br />

semelhante ao de um carro 1.6<br />

movido a gasolina - ou seja, em<br />

média, 100 cavalos de potência. Os<br />

envolvidos na produção do modelo<br />

estimam que daqui cinco anos<br />

45 mil veículos elétricos estejam<br />

em circulação no país.<br />

A A energia energia solar<br />

solar<br />

Um carro 100% movido a energia<br />

solar também foi apresentado<br />

em Israel dia 18/2, e o veículo é um<br />

verdadeiro sonho do consumidor,<br />

cujo pesadelo são as constantes<br />

altas do preço do petróleo e as ameaças<br />

de ficar sem gasolina. Trata-se<br />

do carro movido a energia do sol<br />

exibido durante a feira Eilat-Eloit International<br />

Renewable Energy Conference<br />

& Exhibition, em Israel.<br />

A IC Green Energy, unidade da<br />

empresa israelense Israel Corp,<br />

apresentou seu carro construído<br />

pela Nissan, mas desenvolvido também<br />

pela holding Better Place LLC,<br />

do milionário Shay Agassi, da qual<br />

a Israel Corp faz parte.<br />

"Há uma grande sinergia entre<br />

as empresas envolvidas no projeto<br />

e isso prova que não estamos longe<br />

de vir a utilizar o carro solar nas<br />

atividades cotidianas", diz Yom Tov<br />

Samia, CEO da IC Green Energy.<br />

Protetora de Anne Frank morre aos 100 anos<br />

Miep Gies com o livro "O Diário de Anne Frank"<br />

A principal protetora da menina Anne<br />

Frank e sua família, Miep Gies, morreu<br />

dia 7/1, aos 100 anos, na Holanda.<br />

Miep Gies era a única sobrevivente<br />

do pequeno grupo de pessoas que conheciam<br />

o esconderijo onde os Frank,<br />

família judia que viveu por dois anos,<br />

em Amsterdã, na Holanda, durante a Segunda<br />

Guerra Mundial.<br />

Gies era secretária do pai de Anne<br />

Frank, Otto, e ajudou sua família e outras<br />

quatro pessoas a se manterem escondidas<br />

dos nazistas, levando comida, jornais<br />

e outros mantimentos, de 1942 a 1944.<br />

Depois que uma denúncia anônima<br />

levou os alemães à descoberta do esconderijo<br />

e à prisão dos Frank e seus<br />

companheiros, Gies encontrou no local<br />

o diário e outras anotações de Anne,<br />

cujo conteúdo virou um dos livros mais<br />

lidos do mundo.<br />

Em uma entrevista em fevereiro de<br />

2009, Miep Gies disse que não merecia<br />

toda a atenção dada a ela e lembrou que<br />

outras pessoas fizeram muito mais para<br />

proteger os judeus holandeses durante<br />

a Segunda Guerra.<br />

Gies virou uma espécie de "portavoz"<br />

dos Frank, viajando pelo mundo<br />

para falar de Anne e para fazer campanha<br />

contra a negação do Holocausto e<br />

Protótipo do veículo movido a energia solar, da Nissan<br />

contra boatos de que o diário teria sido<br />

inventado.<br />

Nunca se descobriu quem fez a denúncia<br />

anônima sobre o esconderijo, mas<br />

acredita-se que tenha sido um ladrão que<br />

arrombara o escritório e ficou desconfiado<br />

de que ali se escondiam pessoas.<br />

Anne Frank morreu de tifo no campo<br />

de concentração de Bergen-Belsen poucos<br />

meses antes do fim da guerra. Seu<br />

pai foi o único da família a sobreviver.<br />

Junto com Gies, ele compilou as anotações<br />

da filha em um livro que foi publicado<br />

em 1947. A obra foi traduzida<br />

para vários idiomas e vendeu dezenas<br />

de milhares de cópias até hoje

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