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Hora de continuar expansão - Fiec

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ExportaçõEs<br />

Publicação do Sistema Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do Estado do Ceará<br />

Ano IV n N o 44 n JANEIRO/2011<br />

<strong>Hora</strong> <strong>de</strong> <strong>continuar</strong><br />

<strong>expansão</strong><br />

Mesmo ainda enfrentando consequências da crise e prejudicadas pela<br />

<strong>de</strong>svalorização do dólar, exportações cearenses retomam a trajetória do<br />

crescimento em 2010 e avistam horizonte promissor<br />

Impresso<br />

Especial<br />

1000013828-D R/CE<br />

FIEC<br />

CORREIOS<br />

3


Publicação do Sistema Fe<strong>de</strong>ração das<br />

Indústrias do Estado do Ceará<br />

JANEIRO 2011 | N o 44<br />

........................................................................................<br />

Sustentabilida<strong>de</strong><br />

08<br />

ExpERIêNcIAs DE sUcEssO<br />

As ações <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong><br />

urbana realizadas na Suécia<br />

nas últimas décadas foram<br />

mostradas em encontro com<br />

empresários na FIEC<br />

Infraestrutura<br />

12<br />

Iniciação tecnológica<br />

17<br />

IEL INIcIA 2ª EDIçãO DE pROJEtO<br />

Em parceria com o BNB,<br />

a i<strong>de</strong>ia é estimular a<br />

interação entre unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> ensino e as micro e<br />

pequenas empresas<br />

Sistema FIEC<br />

29<br />

DEsAfIO DIgItAL<br />

Governo do estado, prefeitura<br />

<strong>de</strong> Fortaleza e empresas <strong>de</strong><br />

base tecnológica investem<br />

em tecnologia da informação<br />

e comunicação<br />

MApA EstRAtégIcO<br />

O Conselho <strong>de</strong><br />

Representantes aprovou as<br />

diretrizes do Mapa Estratégico<br />

que vai preparar o sistema<br />

para os <strong>de</strong>safios do futuro<br />

Capa<br />

A hora é <strong>de</strong> <strong>continuar</strong> a <strong>expansão</strong><br />

20<br />

Cajucultura<br />

25<br />

Ouro negro<br />

32<br />

Após retomar a trajetória <strong>de</strong> crescimento<br />

e alcançar novo recor<strong>de</strong> em suas<br />

exportações em 2010, o estado do Ceará<br />

se prepara para dar continuida<strong>de</strong> à<br />

evolução do comércio internacional<br />

INcENtIvO E tEcNOLOgIA<br />

A boa performance<br />

das exportações <strong>de</strong><br />

amêndoas é crucial<br />

para garantir que o setor<br />

primário sobreviva<br />

O cAfé NO cEARá<br />

As primeiras mudas <strong>de</strong> café, que chegou a<br />

li<strong>de</strong>rar as exportações no estado, chegaram ao<br />

Ceará no século 18<br />

Seções<br />

MensagemdaPresidência........5<br />

Notas&Fatos..............................6<br />

Inovações&Descobertas..........38<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 3<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |<br />

Foto: GiovaNNi saNtos


fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do Estado do ceará — fIEc<br />

DIRETORIA Presi<strong>de</strong>nte Roberto Proença <strong>de</strong> Macêdo 1 o Vice-Presi<strong>de</strong>nte Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presi<strong>de</strong>ntes Carlos Prado, Jorge<br />

Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo<br />

Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Brai<strong>de</strong> Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Ga<strong>de</strong>lha<br />

Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Fre<strong>de</strong>rico Ricardo Costa<br />

Fernan<strong>de</strong>s, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra <strong>de</strong> Menezes, José<br />

Agostinho Carneiro <strong>de</strong> Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias <strong>de</strong> Vasconcelos Filho, Lauro Martins <strong>de</strong> Oliveira Filho, Marcos<br />

Augusto Nogueira <strong>de</strong> Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros.<br />

CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto <strong>de</strong> Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando<br />

Antonio <strong>de</strong> Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando<br />

Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença <strong>de</strong> Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.<br />

Superinten<strong>de</strong>nte geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho<br />

serviço social da Indústria — sEsI<br />

CONSELHO REGIONAL Presi<strong>de</strong>nte Roberto Proença <strong>de</strong> Macêdo Delegados das Ativida<strong>de</strong>s Industriais Efetivos Carlos Roberto Carvalho Fujita,<br />

Marcos Silva Montenegro, Ricardo Pereira Sales e Luiz Francisco Juaçaba Esteves Suplentes José Moreira Sobrinho Representantes do Ministério<br />

do Trabalho e Emprego Efetivo Célia Romeiro <strong>de</strong> Sousa Suplente Francisco Assis Papito <strong>de</strong> Oliveira Representantes do Governo do Estado do<br />

Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga <strong>de</strong> Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado<br />

do Ceará Efetivo Paulo <strong>de</strong> Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no<br />

Estado do Ceará Suplente Raimundo Lopes Júnior Superinten<strong>de</strong>nte Regional Francisco das Chagas Magalhães<br />

serviço Nacional <strong>de</strong> Aprendizagem Industrial — sENAI<br />

CONSELHO REGIONAL Presi<strong>de</strong>nte Roberto Proença <strong>de</strong> Macêdo Delegados das Ativida<strong>de</strong>s Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Ricard<br />

Pereira Silveira, Francisco Túlio Filgueiras Colares e Pedro Jacson Gonçalves <strong>de</strong> Figueiredo Suplentes Álvaro <strong>de</strong> Castro Correia Neto, Paula Andréa<br />

Cavalcante da Frota, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Geraldo Bastos Osterno Júnior Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio<br />

Ricardo Gomes <strong>de</strong> Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa<br />

Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco Assis Papito<br />

<strong>de</strong> Oliveira Suplente Célia Romeiro <strong>de</strong> Sousa Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio<br />

Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves <strong>de</strong> Lima Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães<br />

Instituto Euvaldo Lodi — IEL<br />

Diretor-presi<strong>de</strong>nte Roberto Proença <strong>de</strong> Macêdo Superinten<strong>de</strong>nte Vera Ilka Meireles Sales<br />

Coor<strong>de</strong>nação e edição Luiz Carlos Cabral <strong>de</strong> Morais (lcarlos@sfiec.org.br) Redação Ângela Cavalcante (adbastos@sfiec.org.br),<br />

David Negreiros Cavalcante (dncavalcante@sfiec.org.br), G evan Oliveira (gdoliveira@sfiec.org.br) e Luiz Henrique Campos (lhcampos@sfiec.org.br) Fotografia José Sobrinho e<br />

Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coor<strong>de</strong>nação gráfica Marcograf En<strong>de</strong>reço e Redação Avenida Barão <strong>de</strong> Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901.<br />

Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria <strong>de</strong> Imprensa e Relações com a Mídia<br />

(AIRM) do Sistema FIEC Coor<strong>de</strong>nador da AIRM Luiz Carlos Cabral <strong>de</strong> Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf<br />

Publicida<strong>de</strong> (85) 3421-5434 e 9187-5063 — publicida<strong>de</strong>sfiec@sfiec.org.br e airm@sfiec.org.br<br />

En<strong>de</strong>reço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec<br />

Revista da FIEC. – Ano 4, n 44 (jan. 2011) -<br />

– Fortaleza : Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -<br />

v. ; 20,5 cm.<br />

Mensal.<br />

ISSN 1983-344X<br />

1. Indústria. 2. Periódico. I. Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do<br />

Estado do Ceará. Assessoria <strong>de</strong> Imprensa e Relações com a Mídia.<br />

CDU: 67(051)<br />

A economia do Nor<strong>de</strong>ste tem tido índices <strong>de</strong> crescimento<br />

próximos aos percentuais chineses. Essa dinâmica<br />

regional, puxada pelo aumento <strong>de</strong> renda da população, vem<br />

funcionando como força <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> investimentos nacionais<br />

e estrangeiros, que estão chegando em escala crescente<br />

aos estados nor<strong>de</strong>stinos para se colocarem mais perto dos<br />

consumidores emergentes.<br />

Crescendo mais do que a média nacional e li<strong>de</strong>rada<br />

pelos estados do Ceará, Pernambuco e Bahia, nossa região<br />

vem experimentando o início <strong>de</strong> um novo ciclo econômico<br />

<strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>. Em convergência<br />

com esse processo <strong>de</strong> crescimento,<br />

aumentamos nosso capital político<br />

por conta da expressiva votação que<br />

a candidata Dilma Rousseff teve no<br />

Nor<strong>de</strong>ste, tornando a região credora<br />

da atual Presi<strong>de</strong>nte da República<br />

e da bancada fe<strong>de</strong>ral nor<strong>de</strong>stina que<br />

lhe dá sustentação.<br />

O diferencial <strong>de</strong> votos conquistados<br />

por Dilma Rousseff nos estados<br />

li<strong>de</strong>rados por Cid Gomes,<br />

Eduardo Campos e Jaques Wagner<br />

os cre<strong>de</strong>nciou politicamente a receber da Presidência a<br />

<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> articular com os <strong>de</strong>mais governadores do<br />

Nor<strong>de</strong>ste um projeto integrado para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da infraestrutura da região. Para isso, contaremos com R$<br />

20 bilhões, a serem financiados pelo Banco Nacional <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do<br />

Nor<strong>de</strong>ste (BNB), Banco Mundial, Banco Interamericano<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento (BID) e União, com contrapartida <strong>de</strong><br />

cada um dos estados nor<strong>de</strong>stinos.<br />

A visão <strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ralismo cooperativo, com a construção <strong>de</strong><br />

uma agenda institucional que integrará o governo fe<strong>de</strong>ral e<br />

MensagemdaPresidência<br />

Roberto proença <strong>de</strong> Macêdo<br />

Nor<strong>de</strong>ste unido<br />

“O <strong>de</strong>safio colocado<br />

por esse cenário para<br />

nós empresários é <strong>de</strong> nos<br />

tornarmos mais competitivos a<br />

partir do melhor aproveitamento<br />

das nossas potencialida<strong>de</strong>s e<br />

vantagens comparativas.<br />

os estados nor<strong>de</strong>stinos, po<strong>de</strong>rá ser enriquecida com a contribuição<br />

dos empresários da indústria e <strong>de</strong> outros setores<br />

econômicos. A a<strong>de</strong>são do empresariado a essa iniciativa<br />

governamental será sem dúvida facilitada pelo fato <strong>de</strong> que<br />

os recursos necessários já estão estipulados, as fontes <strong>de</strong> financiamento<br />

<strong>de</strong>finidas e o projeto tem foco <strong>de</strong>terminado.<br />

O <strong>de</strong>safio colocado por esse cenário para nós empresários<br />

é <strong>de</strong> nos tornarmos mais competitivos a partir do<br />

melhor aproveitamento das nossas potencialida<strong>de</strong>s e vantagens<br />

comparativas. Tenho certeza <strong>de</strong> que é do interesse<br />

dos governantes contarem com<br />

a participação efetiva dos setores<br />

produtivos na construção <strong>de</strong>sse futuro.<br />

Estou certo igualmente <strong>de</strong> que,<br />

assim como a Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias<br />

do Estado do Ceará, as <strong>de</strong>mais<br />

fe<strong>de</strong>rações nor<strong>de</strong>stinas oferecerão o<br />

melhor <strong>de</strong> sua colaboração na i<strong>de</strong>ntificação<br />

dos polos <strong>de</strong> produção,<br />

das matrizes <strong>de</strong> origem e <strong>de</strong>stino,<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda e oferta <strong>de</strong> produtos e<br />

mão <strong>de</strong> obra capacitada, com vistas<br />

a fornecer subsídios para a montagem<br />

do sistema integrado <strong>de</strong> infraestrutura.<br />

A construção da infraestrutura é um passo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância para a criação <strong>de</strong> um sistema autossustentável<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, mas só teremos um Nor<strong>de</strong>ste realmente<br />

competitivo se, além disso, nossas empresas se empenharem<br />

no aumento da produtivida<strong>de</strong>, da inovação e no atendimento<br />

completo das <strong>de</strong>mandas dos nossos consumidores.<br />

Este é o momento é <strong>de</strong> aproveitarmos plenamente a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> união dos estados nor<strong>de</strong>stinos, governantes,<br />

parlamentares e empresários, formando um bloco coeso em<br />

<strong>de</strong>fesa dos interesses do <strong>de</strong>senvolvimento regional.<br />

4 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 5<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |<br />


Notas&Fatos<br />

O q U E A c O N t E c E N O s I s t E M A f I E c , N A p O L í t I c A E N A E c O N O M I A<br />

INDústRIA DO cE<br />

vendas<br />

CResCem mais<br />

<strong>de</strong> 10%<br />

EM noVEMbRo <strong>de</strong><br />

2010 a indústria <strong>de</strong><br />

transformação cearense<br />

continuou com resultados<br />

positivos se comparado<br />

com igual mês <strong>de</strong> 2009.<br />

Na comparação com<br />

outubro, praticamente<br />

todas as variáveis<br />

pesquisadas apresentaram<br />

variação negativa.<br />

O resultado reflete<br />

acomodação após um<br />

ciclo que registrou taxas<br />

elevadas <strong>de</strong> crescimento<br />

no primeiro semestre e<br />

teve diminuição gradativa<br />

do ritmo <strong>de</strong> crescimento<br />

no segundo semestre<br />

<strong>de</strong> 2010. O panorama<br />

geral é favorável, uma<br />

vez que as vendas totais<br />

exibem crescimento<br />

superior a 10% quando se<br />

comparam os resultados<br />

acumulados nos 11<br />

meses do ano passado<br />

frente aos números <strong>de</strong><br />

2009. As conclusões são<br />

da pesquisa Indicadores<br />

Industriais, realizada em<br />

novembro pelo INDI em<br />

parceria com a CNI.<br />

>> Cartas à redação contendo<br />

comentários ou sugestões <strong>de</strong><br />

reportagens po<strong>de</strong>m ser enviadas<br />

para a Assessoria <strong>de</strong> Imprensa<br />

e Relações com a Mídia (AIRM)<br />

Avenida Barão <strong>de</strong> Studart, 1980,<br />

térreo, telefone: (85) 3421-5434.<br />

E-mail: airm@sfiec.org.br<br />

Foto: HELDER FERRER<br />

INtERIOR DO EstADO vIRAvIDA<br />

Cine sesi Cultura em<br />

14 cida<strong>de</strong>s do Ce<br />

PRojeto amPlia<br />

PeRsPeCtivas <strong>de</strong><br />

mais 20 jovens<br />

AEDIção 2011 do projeto Cine SESI Cultural já está na<br />

estrada. Neste ano, a programação iniciou em janeiro<br />

e vai passar por 14 municípios cearenses. Com uma<br />

verda<strong>de</strong>ira maratona <strong>de</strong> filmes apresentada gratuitamente<br />

em praça pública, o projeto leva cinema a lugares que<br />

não possuem salas <strong>de</strong> projeção em funcionamento. O<br />

roteiro inclui Viçosa, Frecheirinha, Ibiapina, Forquilha,<br />

Acaraú, Paraipaba, Acarape, Baturité, Senador Pompeu,<br />

Acopiara, Novo Oriente, Santana do Cariri, Várzea Gran<strong>de</strong><br />

e Milagres. Em cada município as projeções são realizadas<br />

durante três dias seguidos.<br />

o PRojETo ViraVida,<br />

iniciativa do Conselho<br />

Nacional do SESI<br />

em favor <strong>de</strong> jovens<br />

e adolescentes em<br />

situação <strong>de</strong> risco<br />

ou explorados<br />

sexualmente, vai<br />

beneficiar mais 20<br />

jovens cearenses. Eles<br />

participarão do curso<br />

<strong>de</strong> Auxiliar <strong>de</strong> Pessoal e<br />

Recepcionista, realizado<br />

em parceria com o<br />

Senac. A previsão é<br />

que as aulas iniciem<br />

até o fim <strong>de</strong> fevereiro.<br />

Primeiro a implantar<br />

o ViraVida no Brasil,<br />

em junho <strong>de</strong> 2008, o<br />

SESI/CE já mudou a<br />

vida <strong>de</strong> 158 jovens que<br />

participaram do projeto.<br />

UNIgRáfIcA<br />

NOvO pREsIDENtE qUER UNIfIcAR sINDIcAtOs DO sEtOR<br />

O empresário Fernando Esteves assumiu<br />

em 17 <strong>de</strong> janeiro a presidência do Unigráfica<br />

com o objetivo <strong>de</strong> unificar os dois sindicatos<br />

representativos do setor no estado.<br />

Atualmente, além do Unigráfica, o Sigrace é<br />

legalmente constituído como representante<br />

do segmento. Fernando Esteves, que ficará<br />

à frente do Unigráfica por dois anos, planeja<br />

ainda dar ênfase à formação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra<br />

para o setor. Para tanto, vai estreitar as<br />

relações com o SENAI/CE.<br />

Foto: JosÉ soBRiNHo<br />

EM fORtALEzA<br />

ConfeRênCia ReCebe<br />

insCRições <strong>de</strong><br />

Casos inovadoRes<br />

ESTão AbERTAS as<br />

inscrições para o envio<br />

<strong>de</strong> casos concretos<br />

e experiências reais<br />

<strong>de</strong> inovação para<br />

serem apresentados<br />

na XI Conferência<br />

Anpei <strong>de</strong> Inovação<br />

Tecnológica, que<br />

ocorrerá <strong>de</strong> 20 a 22<br />

<strong>de</strong> junho em Fortaleza<br />

e vai abordar o tema<br />

Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Inovação e<br />

Ca<strong>de</strong>ias Produtivas.<br />

O evento é uma<br />

iniciativa da Associação<br />

Nacional <strong>de</strong> Pesquisa<br />

e Desenvolvimento<br />

das Empresas<br />

Inovadoras (Anpei),<br />

em conjunto com<br />

parceiros locais como<br />

a FIEC, a Fundação<br />

Edson Queiroz, o<br />

Banco do Nor<strong>de</strong>ste, o<br />

Sebrae e a Secitece.<br />

Os interessados em<br />

submeter casos <strong>de</strong>vem<br />

enviar um resumo<br />

estendido <strong>de</strong>les até 7<br />

<strong>de</strong> março para os e-mails<br />

anpei@anpei.org.br e<br />

cintia@anpei.org.br.<br />

AGENDA<br />

..............................................<br />

n A SolEnIDADE <strong>de</strong><br />

entrega do Prêmio SESI<br />

Qualida<strong>de</strong> no Trabalho<br />

(PSQT) ocorrerá em 24<br />

<strong>de</strong> março às 18 horas.<br />

Informações:<br />

(85) 3421-5852.<br />

Notas&Fatos<br />

sINDtRIgO<br />

nova diretoria quer<br />

aumentar consumo <strong>de</strong> trigo<br />

AuMEnTAR o<br />

consumo <strong>de</strong> trigo<br />

e <strong>de</strong>rivados é um<br />

dos principais <strong>de</strong>safios<br />

da nova diretoria do<br />

Sindtrigo, que ficará<br />

à frente do sindicato<br />

até 2013. Segundo<br />

o presi<strong>de</strong>nte Luiz<br />

Eugênio Pontes,<br />

a entida<strong>de</strong> planeja<br />

realizar campanhas<br />

<strong>de</strong> conscientização<br />

para aumentar o<br />

consumo do trigo.<br />

“Todas as camadas sociais<br />

têm acesso ao nosso<br />

produto, que po<strong>de</strong> ser<br />

um po<strong>de</strong>roso vetor <strong>de</strong><br />

soluções nutricionais<br />

para a população”, afirma<br />

OgoVERno prorrogou<br />

até 2015 a isenção do<br />

Adicional do Frete para<br />

a Renovação da Marinha<br />

Mercante (AFRMM) para<br />

produtos importados,<br />

que têm como <strong>de</strong>stino<br />

portos do Nor<strong>de</strong>ste e da<br />

Amazônia. “O governo<br />

tomou a <strong>de</strong>cisão acertada<br />

eliminando o acréscimo<br />

imediato <strong>de</strong> 25% que<br />

inci<strong>de</strong> sobre o custo<br />

do frete marítimo <strong>de</strong><br />

cargas <strong>de</strong>sembarcadas<br />

naquelas regiões”, afirma<br />

o presi<strong>de</strong>nte do Conselho<br />

Luiz Eugênio. Entre<br />

os obstáculos que têm<br />

prejudicado o consumo<br />

do alimento no Brasil,<br />

o empresário aponta<br />

a falta <strong>de</strong> subsídios na<br />

importação <strong>de</strong> trigo.<br />

N/NE<br />

Governo prorroga isenção<br />

<strong>de</strong> imposto até 2015<br />

Foto: JosÉ soBRiNHo<br />

Temático <strong>de</strong> Infraestrutura<br />

da CNI, José <strong>de</strong> Freitas<br />

Mascarenhas. Segundo ele,<br />

a dispensa do pagamento<br />

do adicional <strong>de</strong> frete<br />

por mais cinco anos é<br />

fundamental para a redução<br />

dos custos das indústrias<br />

que usam insumos<br />

importados. A medida evita<br />

o impacto que o término<br />

<strong>de</strong> isenção causaria na<br />

competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversos<br />

segmentos industriais das<br />

duas regiões, especialmente<br />

aos que importam produtos<br />

<strong>de</strong> baixo valor agregado.<br />

MEtALURgIA<br />

senai elaboRa<br />

Planejamento<br />

PaRa CuRso<br />

o SEnAI/CE, por meio<br />

do Centro <strong>de</strong> Educação<br />

e Tecnologia Alexandre<br />

Figueira Rodrigues,<br />

localizado em Maracanaú,<br />

está elaborando curso<br />

técnico em Metalurgia pela<br />

metodologia <strong>de</strong> Formação<br />

por Competências. As<br />

primeiras turmas serão<br />

iniciadas ainda em 2011,<br />

possivelmente no começo<br />

do segundo semestre. No<br />

momento, está sendo<br />

feita a análise do perfil<br />

profissional do técnico<br />

em metalurgia pelos<br />

analistas educacionais<br />

do SENAI. Após essa<br />

etapa, será elaborado<br />

o plano <strong>de</strong> curso para<br />

aprovação no Conselho<br />

Estadual <strong>de</strong> Educação.<br />

CURTAS<br />

---------------------<br />

n “MAIS uM SInDICATo<br />

está se filiando à FIEC”.<br />

O anúncio foi feito pelo<br />

presi<strong>de</strong>nte Roberto Proença<br />

<strong>de</strong> Macêdo durante a<br />

segunda reunião ordinária da<br />

diretoria plena da Fe<strong>de</strong>ração,<br />

no dia 17 <strong>de</strong> janeiro do<br />

corrente ano. O Sindicato<br />

das Indústrias <strong>de</strong> Energias<br />

Renováveis do Estado do<br />

Ceará (Sindirenováveis), que<br />

já entrou com o pedido <strong>de</strong><br />

registro no Ministério do<br />

Trabalho e Emprego (MTE),<br />

será comandado pelo<br />

empresário Luiz Eduardo<br />

Barbosa, presi<strong>de</strong>nte da<br />

Bons Ventos.<br />

6 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 7<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


Suécia<br />

Aliada da<br />

sustentabilida<strong>de</strong><br />

urbana<br />

No início dos anos 60, a Suécia reconheceu que a perda rápida dos recursos<br />

naturais tinha <strong>de</strong> ser combatida. Com o Brasil, tem construído proveitosas<br />

parcerias por meio <strong>de</strong> acordos bilaterais envolvendo a questão ambiental<br />

POR LuIz HENRIquE CAMPOS<br />

Aurbanização das cida<strong>de</strong>s está cada vez mais ligada à questão<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento econômico e cultural. A maioria<br />

dos seis bilhões <strong>de</strong> pessoas do mundo vive nas cida<strong>de</strong>s<br />

ou próximo <strong>de</strong>las. O resultado <strong>de</strong>sse crescimento urbano requer<br />

a necessida<strong>de</strong> urgente <strong>de</strong> planejamentos mais amplos e<br />

ações <strong>de</strong> governança nos espaços geográficos. Com base nessa<br />

concepção, o governo sueco e o Swedish Tra<strong>de</strong> Council tomaram<br />

para si o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> apresentar em 2002, durante a Reunião<br />

Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável <strong>de</strong> Johannesburgo,<br />

um conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável das cida<strong>de</strong>s.<br />

Tal esforço resultou na marca SymbioCity, que reflete<br />

todo o conhecimento e experiência com relação à abordagem<br />

sueca para a questão da sustentabilida<strong>de</strong>. O processo<br />

consiste na reunião <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> consultores, empresas<br />

contratadas e fornecedores <strong>de</strong> sistemas suecos organizados<br />

em diversas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>dicadas a difundir a visão <strong>de</strong> urbanismo<br />

sustentável e tornar a distância até a implementação a<br />

mais curta possível. Em <strong>de</strong>zembro passado, como parte <strong>de</strong>ssa<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções em re<strong>de</strong> para lidar com a temática<br />

da sustentabilida<strong>de</strong>, uma <strong>de</strong>legação do governo sueco<br />

esteve na Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do Estado do<br />

Ceará (FIEC) para apresentar um roadshow a empresários<br />

e gestores públicos <strong>de</strong> Fortaleza.<br />

Segundo a embaixadora da Suécia no Brasil,<br />

Annika Markovic, o seu país e o Brasil têm construído<br />

ótimas parcerias por meio <strong>de</strong> acordos bilaterais<br />

na questão do meio ambiente. Ela ressaltou<br />

que o conceito <strong>de</strong> SymbioCity é marca registrada<br />

sueca na qual é mostrada a preocupação do<br />

governo com a temática, tendo produzido boas<br />

experiências mediante empresas sustentáveis.<br />

“Essa nossa experiência revela que os melhores<br />

resultados são alcançados quando há o envolvimento<br />

<strong>de</strong> todos os parceiros. Por isso queremos<br />

compartilhar nossas experiências <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse<br />

conceito no âmbito do <strong>de</strong>senvolvimento urbano<br />

sustentável”, <strong>de</strong>staca a embaixadora.<br />

De acordo com o arquiteto chefe da Sweco,<br />

entida<strong>de</strong> que compõe a re<strong>de</strong> da SymbioCity, Ulf<br />

Ranhagen, pensar <strong>de</strong> forma holística <strong>de</strong>ntro do<br />

conceito <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> é procurar integrar<br />

tecnologias urbanas obtendo mais com menos recursos.<br />

A i<strong>de</strong>ia, ressalta, é encontrar vínculos urbanos<br />

escondidos em áreas bem conhecidas e que<br />

tenham se tornado <strong>de</strong>safiadoras nessa perspectiva,<br />

como abastecimento <strong>de</strong> água, fornecimento <strong>de</strong><br />

comida, sistemas <strong>de</strong> transporte, coleta e tratamento<br />

<strong>de</strong> lixo e ameaças à fauna e a flora, entre outras.<br />

Isso, <strong>de</strong>staca Ulf, sem citar o problema da mudança<br />

climática e suas causas a partir da emissão <strong>de</strong><br />

dióxido <strong>de</strong> carbono resultante <strong>de</strong> quase todas as<br />

ativida<strong>de</strong>s econômicas.<br />

Para o arquiteto, como os problemas ambientais<br />

geralmente são enfrentados <strong>de</strong> forma isolada<br />

no contexto urbano, é preciso que haja reforço<br />

para encontrar os vínculos escondidos. Como<br />

exemplos, cita que o lixo doméstico é coletado e<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>positado em aterros; a água do esgoto é<br />

tratada em estações <strong>de</strong> tratamento residual; o congestionamento<br />

do tráfego é gerenciado com planejamento<br />

<strong>de</strong> tráfego e a poluição do ar é atacada<br />

com tecnologia <strong>de</strong> limpeza <strong>de</strong> tubulação. “Isso<br />

prova que cada situação relatada é vista isoladamente,<br />

quando po<strong>de</strong>ria ser abordada <strong>de</strong> forma<br />

conjunta. Sem a sinergia, o resultado são soluções<br />

caras e pouco eficientes”, avalia Ulf Ranhagen.<br />

Com base no conceito <strong>de</strong> SymbioCity, a consequência<br />

<strong>de</strong> ações isoladas no tratamento dos problemas<br />

urbanos é jogar fora dinheiro e energia. No<br />

caso dos aterros, por exemplo, muita energia vem<br />

sendo <strong>de</strong>sperdiçada quando po<strong>de</strong>ria estar sendo<br />

aproveitada como recurso para a produção energética.<br />

Tudo isso po<strong>de</strong>ria ser incentivado por meio da<br />

criação <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> reciclagem, on<strong>de</strong> se gerariam<br />

mais benefícios e se reduziriam custos substanciais.<br />

Com relação à água, já há tecnologia mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong><br />

limpeza permitindo extraí-la <strong>de</strong> forma potável <strong>de</strong><br />

um quadro residual doméstico. Da mesma forma<br />

que o lixo orgânico doméstico, a água po<strong>de</strong>ria ser<br />

também tratada e virar material para a produção<br />

<strong>de</strong> biogás a ser utilizado como fertilizante.<br />

Apesar da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> SymbioCity ter surgido<br />

na década <strong>de</strong> 2000, a Suécia é pioneira no tratamento<br />

da questão sustentável. No início dos<br />

anos 1960, o país reconheceu que a perda rápida<br />

dos recursos naturais tinha <strong>de</strong> ser combatida.<br />

Teve também papel prepon<strong>de</strong>rante na organização<br />

da primeira conferência das Nações Unidas<br />

sobre o meio ambiente, realizada em Estocolmo,<br />

em 1972. Durante a crise do petróleo dos anos<br />

1970 e 1980, foi feito um esforço para encontrar<br />

novas fontes <strong>de</strong> energia, criar novas maneiras<br />

para isolar construções e <strong>de</strong>senvolver sistemas<br />

automáticos <strong>de</strong> economia <strong>de</strong> energia. Como<br />

consequência, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 1970, a <strong>de</strong>pendência<br />

<strong>de</strong> petróleo para aquecimento e produção <strong>de</strong><br />

eletricida<strong>de</strong> na Suécia foi reduzida em 90%.<br />

Outro dado digno <strong>de</strong> registro relacionado à<br />

Suécia é que no período <strong>de</strong> 1990 a 2006, as emissões<br />

<strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono foram reduzidas em<br />

9% e o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou<br />

44%. Também nos anos 1950 e 1960 ninguém <strong>de</strong><br />

bom senso ousaria mergulhar ou até mesmo colocar<br />

a mão nas águas <strong>de</strong> rios do centro <strong>de</strong> Estocolmo,<br />

sendo até proibido por lei nadar ou pescar nesses<br />

mananciais hídricos. Hoje, passados alguns anos e<br />

graças a ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>spoluição levadas a efeito nessas<br />

áreas, os banhistas po<strong>de</strong>m ser encontrados em toda<br />

parte e a pesca no centro <strong>de</strong> Estocolmo tornou-se<br />

uma das mais procuradas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer.<br />

Foto: GiovaNNi saNtos<br />

“ “<br />

Nossa<br />

experiência<br />

revela que os<br />

melhores resultados<br />

são alcançados<br />

quando há o<br />

envolvimento <strong>de</strong><br />

todos os parceiros.<br />

annika Markovic,<br />

embaixadora da Suécia no Brasil<br />

8 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 9<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


Transporte público<br />

Com as discussões em torno do<br />

meio ambiente virando o centro<br />

das atenções na esfera urbana, o<br />

transporte público passou a ser visto como<br />

gran<strong>de</strong> aliado nessa luta. Durante o evento<br />

na FIEC, a Scania e a Volvo apresentaram<br />

projetos que em breve estarão ganhando<br />

as ruas das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s brasileiras<br />

para gerar menos poluição nesses centros<br />

urbanos. Em relação à Scania, a empresa vai<br />

começar a produzir ônibus a biocombustível<br />

no Brasil a partir <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011 utilizando<br />

o etanol. No ano passado, em Curitiba, capital<br />

do Paraná, uma experiência piloto iniciada em<br />

2008 nos coletivos da capital paranaense movidos<br />

totalmente a biodiesel mostrou a redução <strong>de</strong> 30%<br />

no índice médio <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono e queda<br />

<strong>de</strong> 25% <strong>de</strong> fumaça expelida no ar.<br />

A Scania assinou também com a prefeitura<br />

<strong>de</strong> São Paulo acordo para formar a primeira frota<br />

<strong>de</strong> ônibus com combustível renovável do país. A<br />

administração paulistana preten<strong>de</strong> adquirir 50<br />

veículos movidos a etanol renovável, que <strong>de</strong>vem<br />

começar a transportar passageiros a partir <strong>de</strong> maio<br />

próximo. O protocolo <strong>de</strong> intenções faz parte <strong>de</strong><br />

um conjunto <strong>de</strong> ações da prefeitura para diminuir<br />

o nível <strong>de</strong> poluição do ar no município. Pela Lei<br />

14.933/09 da cida<strong>de</strong> paulista, a administração<br />

pública <strong>de</strong>ve reduzir em 10% ao ano a utilização<br />

<strong>de</strong> combustíveis fósseis (como gasolina e diesel,<br />

<strong>de</strong>rivados do petróleo), estabelecendo como meta<br />

até 2018 que todos os ônibus <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong>vem<br />

rodar com outras fontes <strong>de</strong> energia.<br />

A Volvo está <strong>de</strong>senvolvendo o Projeto Brasil.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um ônibus híbrido, aliando tecnologia,<br />

economia e meio ambiente, com a perspectiva<br />

<strong>de</strong> reduzir em até 35% a emissão <strong>de</strong> CO². A i<strong>de</strong>ia<br />

é que em 2012 já esteja circulando o primeiro<br />

ônibus híbrido brasileiro. Os testes foram iniciados<br />

ano passado, sendo o primeiro ônibus híbrido<br />

<strong>de</strong>senvolvido pela marca para a América Latina. O<br />

mo<strong>de</strong>lo combina um motor elétrico a um diesel,<br />

que funcionam paralelamente. O maior diferencial<br />

da nova tecnologia é que os dois motores são<br />

utilizados para empurrar o ônibus, enquanto os<br />

projetos anteriores utilizavam o motor a diesel<br />

apenas como gerador <strong>de</strong> energia.<br />

A empresa projeta a redução do consumo <strong>de</strong><br />

combustível para cerca <strong>de</strong> 35% e a emissão <strong>de</strong><br />

poluentes po<strong>de</strong>ndo atingir 90%, já que em boa<br />

parte <strong>de</strong> sua utilização o ônibus trafega em baixa<br />

velocida<strong>de</strong> ou está parado, pois somente o motor<br />

elétrico alimenta os sistemas, não emitindo gases<br />

nocivos ou qualquer ruído. O mo<strong>de</strong>lo será testado<br />

inicialmente em Curitiba, durante três semanas<br />

numa rota <strong>de</strong> 42 quilômetros pela cida<strong>de</strong>. Testes<br />

em outras cida<strong>de</strong>s também estão nos planos da<br />

fabricante. Em <strong>de</strong>zembro a prefeitura do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro assinou acordo com a Volvo para uso futuro<br />

do veículo <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> massa politicamente<br />

correto. Além da capital fluminense, cida<strong>de</strong>s como<br />

São Paulo e Bogotá (capital da Colômbia) fazem<br />

parte do programa piloto.<br />

A Scania assinou com a<br />

prefeitura <strong>de</strong> São Paulo acordo<br />

para formar a primeira frota<br />

<strong>de</strong> ônibus com combustível<br />

renovável do país<br />

A Volvo <strong>de</strong>senvolve um ônibus<br />

híbrido, aliando tecnologia,<br />

economia e meio ambiente, com<br />

a perspectiva <strong>de</strong> reduzir em até<br />

35% a emissão <strong>de</strong> CO²<br />

Foto: aDRi FELDEN/aRGosFoto<br />

Cases <strong>de</strong> experiências sustentáveis na Suécia<br />

por meio do SymbioCity<br />

Distrito mo<strong>de</strong>lo<br />

- Nos anos 1990 o governo sueco criou o distrito mo<strong>de</strong>lo<br />

Hammarby Sjöstad numa antiga área em que já existiram<br />

outros projetos <strong>de</strong> cais e docas. As primeiras fases da<br />

construção foram finalizadas em 2000 com 11 000<br />

apartamentos, 25 000 habitantes e 35 000 locais <strong>de</strong><br />

trabalho. O distrito é hoje famoso por sua abordagem<br />

<strong>de</strong> planejamento integrado em que cada aspecto foi<br />

<strong>de</strong>senvolvido tendo em mente o todo. Os principais exemplos<br />

são: sistemas automáticos subterrâneos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> lixo;<br />

o aquecimento e o resfriamento distritais são abastecidos<br />

parcialmente pela coleta <strong>de</strong> lixo local e por trocadores <strong>de</strong><br />

calor em tratamento <strong>de</strong> água; água aquecida e eletricida<strong>de</strong><br />

geradas por energia solar; biogás oriundo da água <strong>de</strong> esgoto<br />

doméstico e residual e construções eficientes com janelas <strong>de</strong><br />

vidro duplo, telhados ecológicos etc.<br />

Água não é problema<br />

- O tempo em que água era problema em Estocolmo é<br />

coisa do passado. Somente com o lago Mälaren e outros<br />

ao redor da cida<strong>de</strong>, foram gastos mais <strong>de</strong> três décadas<br />

para a limpeza dos mananciais das águas residuais<br />

domésticas, da poluição industrial e do rolamento<br />

dos sistemas <strong>de</strong> tráfego. As técnicas <strong>de</strong> tratamento<br />

se mostraram tão sofisticadas que até mesmo a água<br />

residual doméstica po<strong>de</strong> servir como recurso para a<br />

produção <strong>de</strong> água potável.<br />

Economia <strong>de</strong> energia<br />

- No distrito <strong>de</strong> Malmö, perto <strong>de</strong> Gothenburg, uma área<br />

suburbana com 255 apartamentos dos anos 1970 está<br />

sendo restaurada <strong>de</strong> modo que os custos com energia<br />

sejam reduzidos pela meta<strong>de</strong>. As construções novas utilizam<br />

técnicas <strong>de</strong> isolamento levando em conta as chamadas obras<br />

<strong>de</strong> energia passiva, nas quais as únicas fontes <strong>de</strong> energia<br />

<strong>de</strong> calor são os aparelhos domésticos e o próprio calor dos<br />

moradores. Nas construções, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> janelas com vidros triplos<br />

a até a economia no aquecimento da água são otimizadas a<br />

partir do cálculo do ciclo <strong>de</strong> vida dos custos <strong>de</strong> manutenção.<br />

Lixo como riqueza<br />

- Atualmente menos <strong>de</strong> 20% do lixo doméstico na Suécia é<br />

<strong>de</strong>positado em aterros. Em Estocolmo, 75% <strong>de</strong> todo o lixo é<br />

coletado para reciclagem ou é usado como combustível. No<br />

lixo doméstico esse percentual sobe para 95%.<br />

aquecimento como energia<br />

- Na fábrica Iggesund Paperboard, <strong>de</strong> papelão, conseguiu-se<br />

reduzir em 75% a utilização do consumo <strong>de</strong> combustível fóssil<br />

substituindo pelo aquecimento do lixo. Nos próximos anos<br />

a intenção é substituir em 100% o consumo fóssil. O lixo é<br />

oriundo dos processos industriais da própria empresa em<br />

todas as suas instalações, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a produção aos escritórios.<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 11<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


Ceará<br />

Desafio digital No Ceará<br />

Para dotar o estado <strong>de</strong> infraestrutura capaz <strong>de</strong> enfrentar os novos <strong>de</strong>safios<br />

digitais, governo, prefeitura <strong>de</strong> Fortaleza e empresas <strong>de</strong> base tecnológica<br />

investem em tecnologia da informação e comunicação<br />

No mundo globalizado atual, no qual velocida<strong>de</strong>, processamento<br />

e transmissão <strong>de</strong> dados são fatores competitivos,<br />

praticamente todos os negócios têm <strong>de</strong> contar<br />

necessariamente com algum nível <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> informatização<br />

e comunicação (TIC) se quiser prosperar. É o que<br />

<strong>de</strong>termina o boletim Radar do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Econômica<br />

Aplicada (Ipea) ao afirmar que para <strong>continuar</strong> crescendo<br />

o Brasil precisa ampliar os investimentos em TICs, que<br />

incluem setores como equipamentos e serviços tecnologicamente<br />

avançados <strong>de</strong> informática e <strong>de</strong> comunicação.<br />

Essas tecnologias contribuem <strong>de</strong> forma significativa para<br />

os ganhos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> em todos os setores da economia<br />

e têm importância estratégica para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> um país. De acordo com o documento, elas são responsáveis<br />

por parcelas importantes dos esforços privados em<br />

pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento (P&D). O estudo do Ipea cita<br />

os Estados Unidos como referencial, on<strong>de</strong> as empresas <strong>de</strong><br />

TICs respon<strong>de</strong>m por cerca <strong>de</strong> 35% do total <strong>de</strong> P&D realizada<br />

pelas unida<strong>de</strong>s privadas do país.<br />

Em termos <strong>de</strong> América Latina (AL), nos últimos anos,<br />

esse diagnóstico vem se solidificando <strong>de</strong> forma sustentável e<br />

já apresenta números <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque mundial. Estudo da consultoria<br />

Gartner Research aponta que a AL foi o segundo<br />

principal <strong>de</strong>stino para investimentos em TIC em 2010, com<br />

gastos superiores a US$ 260 bilhões, 4,4% a mais do que<br />

há dois anos. Para a empresa, o ritmo <strong>de</strong>verá <strong>continuar</strong> em<br />

ascensão até 2014, quando o volume alcançará<br />

US$ 326 bilhões em investimentos.<br />

Segundo a consultoria, <strong>de</strong>sse total, a previsão<br />

é que o Brasil tenha fechado 2010 com<br />

cerca <strong>de</strong> US$ 100 bilhões <strong>de</strong> aportes em TIC, o<br />

que representa 9,6% do Produto Interno Bruto<br />

(PIB). Até 2014, o país <strong>de</strong>verá chegar a US$<br />

128 bilhões em gastos na área, 10,3% do PIB.<br />

Para 2011, pesquisa do Estudo <strong>de</strong> Tendências<br />

<strong>de</strong> Investimentos, do Instituto Sem Fronteiras<br />

(ISF), prevê que os investimentos em TIC <strong>de</strong>vem<br />

crescer a taxas maiores que 10%. Os cálculos<br />

vislumbram um aumento <strong>de</strong> 10,3% nos<br />

investimentos. Das mais <strong>de</strong> 700 empresas que<br />

respon<strong>de</strong>ram à consulta, 65% preten<strong>de</strong>m elevar<br />

o montante <strong>de</strong> investimento em tecnologia<br />

nas suas organizações.<br />

Essa previsão <strong>de</strong> crescimento é resultado <strong>de</strong><br />

um ano <strong>de</strong> recuperação, já que o investimento<br />

em TIC cresceu 10,5% em 2010 em relação<br />

a 2009, quando a crise econômica fez a taxa<br />

chegar a 2,4%. Ainda segundo o levantamento,<br />

o mercado corporativo, sozinho, fará investimentos<br />

que <strong>de</strong>vem chegar a R$ 61,9 bilhões<br />

em 2011, e os projetos <strong>de</strong> Business Intelligence<br />

(ferramentas para coletar, analisar e extrair<br />

informações) <strong>de</strong>verão receber a maior parcela<br />

dos investimentos neste ano que começa.<br />

Por aqui, a carta na manga do governo<br />

estadual para entrar com força na era da<br />

tecnologia é o projeto Cinturão Digital.<br />

Iniciado em 2008, o programa, que busca<br />

promover a inclusão digital <strong>de</strong> todo o estado,<br />

está funcionando em regime experimental. O<br />

empreendimento tem um aporte financeiro <strong>de</strong><br />

R$ 65 milhões e <strong>de</strong>verá contemplar as se<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

todos os 184 municípios cearenses.<br />

O empreendimento é uma gigantesca<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> banda larga <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>, com<br />

extensão <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3 000 quilômetros <strong>de</strong><br />

fibra ótica, a maior e mais veloz re<strong>de</strong> pública<br />

do Brasil, cobrindo 90% da população urbana<br />

cearense a uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conexão <strong>de</strong><br />

10 Gbps (10 000 vezes um Mps – megabite<br />

por segundo). Antes do cinturão, as conexões<br />

compartilhadas iam até 16 Mps. O projeto<br />

permitirá a interligação <strong>de</strong> escolas, hospitais,<br />

postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>legacias e <strong>de</strong>mais órgãos<br />

públicos. A transmissão inclui sinal sem fio e<br />

tecnologia WiMax, além <strong>de</strong> transmissão via re<strong>de</strong><br />

elétrica, tecnologia conhecida como Power Line<br />

Communication (PLC), caracterizada como uma<br />

tecnologia <strong>de</strong> radiofrequência.<br />

Testes realizados em 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

passado mostraram que nos municípios <strong>de</strong><br />

Sobral e Morada Nova foi possível baixar um<br />

filme <strong>de</strong> duas horas <strong>de</strong> projeção em apenas 30<br />

segundos no ponto central da re<strong>de</strong>. Nas duas<br />

cida<strong>de</strong>s, os órgãos do governo do estado estão<br />

conectados por meio <strong>de</strong> rádio Wimax. Em breve,<br />

será realizado leilão <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> parte<br />

da infraestrutura para empresas privadas que<br />

explorarão serviços digitais. Em contrapartida, as<br />

empresas cobrirão o custeio <strong>de</strong> manutenção e a<br />

atualização tecnológica da re<strong>de</strong>.<br />

Em artigo publicado no jornal O Povo, o<br />

governador Cid Gomes diz que o Cinturão<br />

Digital se justifica, ainda, pela economia que<br />

vai representar aos cofres públicos. Segundo<br />

ele, o Ceará tem uma <strong>de</strong>spesa anual <strong>de</strong> R$ 30<br />

milhões com telefonia e internet. “Se levarmos<br />

em consi<strong>de</strong>ração apenas os custos financeiros,<br />

somente com a redução das <strong>de</strong>spesas com<br />

telecomunicações o investimento do Cinturão<br />

Digital estará pago em apenas dois anos”, sustenta.<br />

Cid Gomes afirma também que o governo<br />

do estado não tem intenção <strong>de</strong> explorar o<br />

empreendimento comercialmente. “Nosso objetivo<br />

é licenciar empresas operadoras e provedoras <strong>de</strong><br />

internet para que elas ofereçam à população, a<br />

preços acessíveis, serviços <strong>de</strong> acesso à internet<br />

<strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>.” Ele prevê que a ação vai<br />

estimular o surgimento e o fortalecimento <strong>de</strong><br />

pequenos provedores privados, abrindo novas<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio e <strong>de</strong> alternativa<br />

econômica para o interior do estado.<br />

“<br />

Nosso objetivo<br />

é licenciar<br />

empresas operadoras e<br />

provedoras <strong>de</strong> internet<br />

para que elas ofereçam à<br />

população mais serviços “<br />

<strong>de</strong> acesso à internet <strong>de</strong><br />

alta velocida<strong>de</strong>.<br />

Cid Gomes,<br />

governador do Ceará<br />

12 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 13<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


Com o Cinturão Digital<br />

haverá a oferta <strong>de</strong><br />

novos serviços<br />

Na prática, segundo o presi<strong>de</strong>nte da Empresa<br />

<strong>de</strong> Tecnologia da Informação do Ceará (Etice),<br />

Fernando Carvalho, gestor da iniciativa, entre os<br />

benefícios do Cinturão Digital à população está<br />

a oferta <strong>de</strong> novos serviços e uma significativa<br />

redução nos valores <strong>de</strong> acesso à internet, além<br />

da economia, como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o governador,<br />

com gastos <strong>de</strong> telecomunicações na conta do<br />

governo. “As cida<strong>de</strong>s não receberão apenas sinal<br />

<strong>de</strong> internet, mas estarão prontas para usar mais<br />

recursos <strong>de</strong> telefonia celular, vi<strong>de</strong>oconferência,<br />

acesso 3G e TV por assinatura digital, entre outras<br />

tecnologias”, explica Carvalho.<br />

Em termos <strong>de</strong> gestão pública, as áreas mais<br />

impactadas serão segurança, saú<strong>de</strong> e educação.<br />

Em Fortaleza, <strong>de</strong>vem ser ampliados, por exemplo,<br />

os serviços <strong>de</strong> câmeras <strong>de</strong> vigilância. Nos<br />

hospitais, preten<strong>de</strong>-se investir em projetos <strong>de</strong><br />

telemedicina, com novos recursos como prontuário<br />

eletrônico e transmissão <strong>de</strong> exames e imagens<br />

médicas. Dessa forma, haverá a possibilida<strong>de</strong>, por<br />

exemplo, <strong>de</strong> ouvir a opinião <strong>de</strong> médicos em outras<br />

cida<strong>de</strong>s, evitando o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> pacientes.<br />

Na educação, a obra será usada no ensino a<br />

distância, principalmente em cida<strong>de</strong>s em que o<br />

estado tem poucos professores especializados,<br />

como química, física e biologia. O Cinturão<br />

Digital vai funcionar a partir <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

negócios sugerido pelo governo e a manutenção<br />

será feita com a ajuda <strong>de</strong> empresas privadas,<br />

selecionadas por meio <strong>de</strong> licitação, que po<strong>de</strong>rão<br />

obter o direito <strong>de</strong> uso das fibras e oferecer<br />

serviços para cobrir o custeio da infraestrutura.<br />

O governo estadual será responsável por levar a<br />

internet a órgãos públicos, escolas, hospitais e<br />

postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Segundo Carvalho, empresas<br />

como Oi, Embratel, Claro, Vivo e GVT, entre<br />

outras, estão interessadas em explorar o serviço.<br />

Mão <strong>de</strong> obra<br />

Inaugurada em julho <strong>de</strong> 2010, uma iniciativa do<br />

governo do estado <strong>de</strong>nominada Universida<strong>de</strong><br />

do Trabalho Digital (UTD) faz parte do leque<br />

<strong>de</strong> ações complementares ao Cinturão Digital<br />

que visam dotar o Ceará não apenas <strong>de</strong> recursos<br />

técnicos, mas também <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra qualificada<br />

para atuar na <strong>expansão</strong> dos serviços <strong>de</strong> TICs.<br />

O projeto é uma parceria entre a Secretaria da<br />

Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece)<br />

e o Instituto Centec. Funciona nas <strong>de</strong>pendências do<br />

prédio do Cine São Luiz, no Centro <strong>de</strong> Fortaleza.<br />

A UTD foi criada para realizar qualificação<br />

profissional na área <strong>de</strong> tecnologia da informação,<br />

promover inserção no mercado <strong>de</strong> trabalho e<br />

apoiar empreendimentos e i<strong>de</strong>ias criativas para<br />

gerar negócios e dinamizar a economia. Em seis<br />

meses, a UTD capacitou centenas <strong>de</strong> jovens em<br />

cursos <strong>de</strong> formação especializada em tecnologia<br />

da informação. Todos os cursos são gratuitos e<br />

oferecem conteúdos avançados com 360 horas<br />

<strong>de</strong> aula em PHP avançado, Linux avançado, Java<br />

avançado, <strong>de</strong>sign gráfico, suporte e banco <strong>de</strong><br />

dados, conectivida<strong>de</strong> e segurança da informação<br />

e <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> jogos.<br />

Os cursos são voltados a jovens entre 16 a 29<br />

anos, alunos da escola pública ou egressos que<br />

tenham feito algum curso anterior <strong>de</strong> informática,<br />

sendo 20% das vagas <strong>de</strong>stinadas a estudantes do<br />

4º semestre da área <strong>de</strong> tecnologia da informação<br />

<strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s ou cursos tecnológicos. A UTD<br />

também oferecerá cursos gratuitos para formação<br />

básica nas ferramentas do BR Office (software<br />

livre), além <strong>de</strong> apoio ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

projetos que visem ao empreen<strong>de</strong>dorismo em<br />

tecnologia da informação.<br />

Nessa modalida<strong>de</strong>, serão apoiados <strong>de</strong>z<br />

projetos durante cinco meses. Serão selecionados<br />

30 alunos, sendo três por cada projeto inscrito<br />

por um professor com equipe com três alunos.<br />

Cada aluno terá direito a uma bolsa e cursos<br />

<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong> 60 horas. Ao final<br />

dos cinco meses, caso o projeto avance, será<br />

incubado em uma empresa parceira do projeto.<br />

Prefeitura<br />

Em Fortaleza, a prefeitura e a Câmara<br />

Municipal dispõem do Projeto <strong>de</strong> Lei 9585,<br />

aprovado em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009, que cria<br />

o Polo Tecnológico <strong>de</strong> Fortaleza (PTFOR) e o Polo<br />

Criativo <strong>de</strong> Fortaleza (PCFOR). A iniciativa, que<br />

preten<strong>de</strong> lançar o segundo centro tecnológico<br />

<strong>de</strong>stinado à área <strong>de</strong> TIC do Nor<strong>de</strong>ste (o primeiro<br />

fica em Recife), visa atrair para certas áreas da<br />

cida<strong>de</strong> empresas que <strong>de</strong>senvolvam ativida<strong>de</strong>s<br />

econômicas <strong>de</strong> base tecnológica e cultural.<br />

De acordo com o autor da lei, vereador<br />

Guilherme Sampaio, as empresas investidoras<br />

serão beneficiadas por meio da concessão <strong>de</strong><br />

incentivos fiscais, mediante a prestação <strong>de</strong><br />

contrapartidas socioeconômicas por parte dos<br />

beneficiários. “Nossa intenção é atrair empresas<br />

via redução do Imposto Predial e Territorial Urbano<br />

(IPTU), do Imposto Sobre Serviços <strong>de</strong> Qualquer<br />

Natureza (ISS) e do Imposto sobre Transmissão <strong>de</strong><br />

Bens Imóveis (ITBI)”, explica Sampaio.<br />

Na prática, a lei <strong>de</strong>termina redução <strong>de</strong> 50% a<br />

100% do IPTU. Caso haja a aquisição do imóvel,<br />

a redução do ITBI po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 80% a 100%.<br />

Os serviços produzidos ou oferecidos serão<br />

contemplados com a redução <strong>de</strong> 60% do ISS. A<br />

novida<strong>de</strong> aqui é que o empreen<strong>de</strong>dor <strong>de</strong>positará<br />

30% da redução do ISS no Fundo Municipal <strong>de</strong><br />

Juventu<strong>de</strong> para financiar políticas sociais voltadas<br />

à capacitação <strong>de</strong> jovens.<br />

Em contrapartida, a prefeitura, que conta com o<br />

apoio do governo do estado, promoverá uma série<br />

<strong>de</strong> ações que incluem a capacitação tecnológica<br />

e profissional <strong>de</strong> jovens e adultos, a valorização<br />

e qualificação urbana <strong>de</strong> imóveis <strong>de</strong> interesse<br />

público e o redirecionamento produtivo <strong>de</strong> áreas<br />

territoriais do município. As zonas escolhidas para<br />

a implantação dos polos foi o Centro <strong>de</strong> Fortaleza<br />

e os entornos do Centro Dragão Mar e da Avenida<br />

Francisco Sá. Os empreendimentos que <strong>de</strong>sejarem<br />

participar do Polo Tecnológico ou do Polo Criativo<br />

<strong>de</strong>vem submeter seus projetos a uma comissão<br />

da prefeitura, que avaliará se eles realmente se<br />

enquadram nos parâmetros exigidos.<br />

Prometidos para sair do papel neste ano, os<br />

polos <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> Fortaleza <strong>de</strong>vem significar<br />

uma participação maior da capital cearense no<br />

cenário nacional <strong>de</strong> TIC. Pelo menos é isso que<br />

espera o empresário Ricardo Liebmann, da Secrel.<br />

“Cremos que o Polo Tecnológico e o Polo da<br />

Indústria Criativa <strong>de</strong> Fortaleza representarão um<br />

estímulo ao crescimento do setor. O apoio dos<br />

governos locais à área <strong>de</strong> TIC, traduzido no efetivo<br />

funcionamento <strong>de</strong>sses polos, é fundamental para<br />

reduzirmos as vantagens <strong>de</strong> nossos concorrentes<br />

<strong>de</strong> outras localida<strong>de</strong>s, com seus polos em pleno<br />

funcionamento e por estarem em mercados<br />

maiores”, <strong>de</strong>staca Ricardo.<br />

A Prefeitura <strong>de</strong> Fortaleza garante que nos<br />

últimos seis anos vem trabalhando na inclusão<br />

social e digital, com ações voltadas para a<br />

juventu<strong>de</strong>. Uma <strong>de</strong>las é o Proinfor, cujo objetivo<br />

é qualificar e inserir os jovens no mercado <strong>de</strong><br />

trabalho na área <strong>de</strong> informática. O programa<br />

é <strong>de</strong>stinado a jovens e adultos oriundos <strong>de</strong><br />

escolas públicas, a partir da 9ª série do ensino<br />

fundamental. O Proinfor tem a duração <strong>de</strong><br />

um ano e é composto por cursos na área do<br />

Linux, BR Office, internet, Web Designer, Re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Computadores, Hardware e Programador.<br />

Outro <strong>de</strong>staque é a Cooperativa Pirambu Digital.<br />

Realizada em parceria com o Cefet, a iniciativa<br />

beneficia jovens carentes da comunida<strong>de</strong><br />

e é reconhecida internacionalmente, tendo<br />

representado o Brasil em um intercâmbio <strong>de</strong><br />

experiências <strong>de</strong> inclusão digital com a África<br />

do Sul e a Índia.<br />

A UTD funciona nas<br />

<strong>de</strong>pendências do Cine São<br />

Luiz, no Centro <strong>de</strong> Fortaleza<br />

14 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 15<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


Sucesso<br />

OCeará está entre os quatros<br />

estados brasileiros nos quais<br />

o governo mais investe na<br />

mo<strong>de</strong>rnização da máquina pública por<br />

meio da tecnologia da informação.<br />

Dados mostram que os investimentos<br />

em TIC no Ceará vêm crescendo a uma<br />

taxa anual <strong>de</strong> 13%. Só em 2009, o<br />

estado contou com um orçamento <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> R$ 150 milhões.<br />

Em 2010, segundo o diretor<br />

<strong>de</strong> Tecnologia e Eventos do Grupo<br />

<strong>de</strong> Gestores em Tecnologia da<br />

Informação e Comunicação do<br />

Ceará (GGTIC/CE), Manoel Ribeiro,<br />

os investimentos das empresas<br />

cearenses em projetos <strong>de</strong> Tecnologia<br />

da Informação e Comunicação alcançaram valores próximos<br />

a R$ 300 milhões. Para Ribeiro, esse montante prova que<br />

“os empresários cearenses já <strong>de</strong>scobriram que soluções<br />

personalizadas em tecnologia reduzem custos e tornam<br />

eficiente a ca<strong>de</strong>ia produtiva”.<br />

Números como esses, acompanhados <strong>de</strong> outros dados<br />

sobre o crescimento da economia cearense, são justificativas<br />

para que empresas <strong>de</strong> outros estados e até <strong>de</strong> fora do país<br />

invistam no Ceará. Uma <strong>de</strong>las é a BRQ IT Services, que<br />

chegou a fechar em 2008, com o Banco do Nor<strong>de</strong>ste, o<br />

maior contrato <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços em TIC no Ceará,<br />

no valor <strong>de</strong> R$ 26,5 milhões. A empresa abriu recentemente<br />

uma fábrica <strong>de</strong> software na capital cearense, ampliando<br />

seus pontos <strong>de</strong> presença que incluem Nova York e Madri.<br />

Outra companhia, a iFactory, também montou sua fábrica<br />

<strong>de</strong> software em Fortaleza e atualmente trabalha no projeto<br />

<strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> em Quixadá com a intenção <strong>de</strong> transformar<br />

a cida<strong>de</strong> do sertão central cearense em um polo <strong>de</strong><br />

profissionais <strong>de</strong> tecnologia.<br />

Oportunida<strong>de</strong>s como essas têm criado vagas <strong>de</strong> empregos<br />

além do que o mercado local estava preparado para suprir.<br />

Em 2009, em plena recuperação da crise econômica<br />

mundial, o segmento <strong>de</strong> TIC no Ceará contabilizava pelo<br />

menos 1 200 vagas não preenchidas para profissionais<br />

qualificados, segundo estimativa do Instituto Titan – que<br />

congrega as principais empresas cearenses <strong>de</strong> tecnologia. O<br />

quadro ainda não mudou.<br />

Entre as empresas locais que contribuem para colocar<br />

o estado no quadro dos mais competitivos do país está<br />

o Instituto Atlântico. Trata-se <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> pesquisa e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico localizado no bairro Cida<strong>de</strong><br />

dos Funcionários com <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> operação e taxa média<br />

<strong>de</strong> crescimento anual <strong>de</strong> 24%. Segundo José Eduardo<br />

Martins, superinten<strong>de</strong>nte do Instituto Atlântico, a empresa é<br />

responsável pela geração <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 200 postos <strong>de</strong> trabalho<br />

com mão <strong>de</strong> obra “altamente” qualificada.<br />

Instituto Titan congrega as principais empresas cearenses <strong>de</strong> tecnologia<br />

Ele afirma que essa taxa média está “bem” acima da anual<br />

do setor <strong>de</strong> tecnologia da informação no Brasil na produção<br />

<strong>de</strong> hardware, software e serviços, situada em torno <strong>de</strong> 10%,<br />

segundo indicadores do Instituto Gartner. O Atlântico possui,<br />

ainda, o selo CMMI5 do Software Engineering Institute (SEI)<br />

e está entre as melhores empresas para trabalhar no Brasil,<br />

segundo a revista Você S.A./Exame.<br />

Em Fortaleza, são nove laboratórios que <strong>de</strong>senvolvem<br />

programas para diversos setores, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sistemas operacionais<br />

até tecnologia <strong>de</strong> celulares e programas que rodam em<br />

sistemas nos Estados Unidos, Ásia e Europa. Além da capital,<br />

o Instituto possui filiais em Sobral e na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Genuinamente cearense, seus profissionais – engenheiros,<br />

analistas <strong>de</strong> sistemas e programadores – fornecem soluções<br />

tecnológicas para empresas <strong>de</strong> porte global como a norteamericana<br />

HP, a sueca Sony Ericsson e os grupos financeiros<br />

Santan<strong>de</strong>r, da Espanha, e HSBC, da Inglaterra.<br />

Outra empresa cearense que exporta tecnologia <strong>de</strong> TIC<br />

para diversos estados é a Secrel, do empresário Ricardo<br />

Liebmann. Com 20 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, em 2009, a<br />

instituição se associou à Formacenter, criando a Botployee<br />

Consultoria em Automação e Software S/A, entida<strong>de</strong><br />

com tecnologia <strong>de</strong> padrão mundial para a automação<br />

<strong>de</strong> processos organizacionais, <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong><br />

inteligência artificial voltados para ampliar e melhorar<br />

serviços e reduzir custos <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> todos os portes.<br />

Atualmente, o sistema integrado ERP, batizado <strong>de</strong> Nexgen,<br />

e o HospLivre, software <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> hospitais, são as<br />

atrações da empresa no mercado <strong>de</strong> TIC. O primeiro levou<br />

três anos <strong>de</strong> estudos em tecnologia em web para ficar<br />

pronto e tem foco exclusivo em empresas comerciais. O<br />

HospLivre, que contou com apoio financeiro da Financiadora<br />

<strong>de</strong> Estudos e Projetos (Finep), resultou na criação da<br />

empresa Avicena Sistemas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Ltda., voltada para<br />

soluções <strong>de</strong> inteligência para o setor.<br />

Foto: JosÉ soBRiNHo<br />

Conhecimento tecnológico<br />

IEL inicia 2ª edição<br />

<strong>de</strong> projeto com BNB<br />

A i<strong>de</strong>ia é estimular a interação entre as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino e as micro<br />

e pequenas empresas, incentivando a transferência <strong>de</strong> conhecimento<br />

e sua aplicação em suas ativida<strong>de</strong>s<br />

OInstituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), instituição componente<br />

do Sistema Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do Estado<br />

do Ceará (Sistema FIEC), iniciou este ano a segunda<br />

edição do projeto <strong>de</strong>senvolvido em parceria com o Banco<br />

do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil (BNB) voltado a incentivar a iniciação<br />

tecnológica nas micro e pequenas empresas. O projeto<br />

oferece bolsas <strong>de</strong> estudo a egressos dos centros <strong>de</strong> ensino no<br />

estado para apoiar a disseminação do conhecimento tecnológico.<br />

A i<strong>de</strong>ia, explica Aurineli Freitas, gerente da Área <strong>de</strong><br />

Estágio e Novos Talentos do IEL/CE, é estimular a interação<br />

entre as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino e as micro e pequenas empresas,<br />

incentivando a transferência <strong>de</strong> conhecimento e sua aplicação<br />

nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssas unida<strong>de</strong>s fabris.<br />

Iniciado em 2009, o projeto procura sensibilizar as empresas<br />

a a<strong>de</strong>rir à metodologia <strong>de</strong>senvolvida no trabalho. De<br />

acordo com Leila Cristiane <strong>de</strong> Alcântara Ferreira, analista da<br />

Área <strong>de</strong> Estágio e Novos Talentos do IEL, o processo <strong>de</strong> sensibilização<br />

se baseia nas <strong>de</strong>mandas da própria empresa em<br />

relação aos seus gargalos e às possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> superá-los.<br />

Com tal informação a seu dispor, o IEL passa a articular com<br />

os centros <strong>de</strong> ensino a busca por professores e estudantes que<br />

se a<strong>de</strong>quem à necessida<strong>de</strong> do empreendimento.<br />

A cada edição, a entida<strong>de</strong> seleciona 30 projetos para serem<br />

<strong>de</strong>senvolvidos. Cada um correspon<strong>de</strong> a uma empresa,<br />

tendo um professor-orientador e um aluno a ser acompanhado.<br />

Como as <strong>de</strong>mandas das empresas são específicas,<br />

16 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 17<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |<br />

Foto: GiovaNNi saNtos


Foto: GiovaNNi saNtos<br />

Rogério Frota: “Estágio<br />

une a realida<strong>de</strong> do<br />

mercado com a teoria da<br />

universida<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong><br />

casos práticos”<br />

18<br />

| RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Aurineli explica que a escolha do aluno a ser<br />

orientado é do próprio professor. Segundo<br />

ela, ninguém melhor do que ele para indicar<br />

o estudante com capacida<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r algo<br />

tão específico. A ação dura seis meses e inclui a<br />

realização <strong>de</strong> estudos, pesquisas e diagnósticos<br />

feitos pelos alunos, sempre com acompanhamento<br />

do professor-orientador.<br />

A bolsa mensal para cada um dos 30 estudantes<br />

participantes do projeto é <strong>de</strong> R$ 400,<br />

paga pelo BNB ao longo <strong>de</strong> sua execução. Para<br />

fazer parte, eles <strong>de</strong>vem estar regularmente matriculados<br />

em cursos <strong>de</strong> graduação ou superior<br />

tecnológico e apresentar bom <strong>de</strong>sempenho acadêmico.<br />

Já os professores-orientadores, além <strong>de</strong><br />

selecionar os bolsistas, <strong>de</strong>vem elaborar, em conjunto<br />

com os empresários, o plano <strong>de</strong> trabalho e<br />

supervisionar a atuação dos jovens estudantes.<br />

As empresas contempladas terão <strong>de</strong> dar contrapartida<br />

simbólica <strong>de</strong> R$ 65,00 por mês.<br />

Em 2009, o projeto <strong>de</strong> iniciação tecnológica<br />

IEL/BNB começou o trabalho com 30 empresas<br />

e, ao final dos seis meses previstos, concluiu o<br />

atendimento a 28 <strong>de</strong>las. As maiores <strong>de</strong>mandas,<br />

diz Leila Cristiane, foram para a área administrativa<br />

e ciências contábeis, com seis projetos<br />

cada. Outros setores atendidos pelo projeto<br />

foram publicida<strong>de</strong> e propaganda, marketing,<br />

engenharia da produção, informática, <strong>de</strong>sign,<br />

química, gestão ambiental, inovação tecnológica,<br />

engenharia mecânica, comércio exterior,<br />

eletromecânica e tecnologia <strong>de</strong> alimentos.<br />

Para 2011, as 30 empresas participantes contemplam<br />

<strong>de</strong>mandas nas áreas <strong>de</strong> ciências contábeis,<br />

engenharia <strong>de</strong> pesca, engenharia <strong>de</strong> produção,<br />

marketing, informática, engenharia elétrica,<br />

administração, publicida<strong>de</strong> e propaganda e engenharia<br />

<strong>de</strong> teleinformática. Nesta edição, o cur-<br />

Antônio Mailton<br />

Mendonça Nunes<br />

participou do projeto<br />

na empresa Panebox<br />

so <strong>de</strong> engenharia <strong>de</strong> produção foi o mais <strong>de</strong>mandado,<br />

com oito empresas interessadas. Por outro<br />

lado, as áreas administrativa (um projeto) e <strong>de</strong><br />

ciências contábeis (dois projetos) não repetiram<br />

a <strong>de</strong>manda do ano <strong>de</strong> 2009, quando apareceram<br />

no topo com seis projetos.<br />

Aluno do 7º semestre da Faculda<strong>de</strong> Marista<br />

do curso <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong> e Propaganda, Antônio<br />

Mailton Mendonça Nunes participou do projeto<br />

na empresa Panebox – Panificadora e Confeitaria<br />

Ltda. Antes refratário à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> estágios, ele<br />

<strong>de</strong>staca que o período <strong>de</strong> seis meses no projeto<br />

foi uma das melhores experiências que vivenciou.<br />

O resultado po<strong>de</strong> ser confirmado pela continuida<strong>de</strong><br />

do trabalho na Panebox por mais seis<br />

meses a pedido dos proprietários. Mailton diz<br />

que a metodologia adotada permitiu não só ampliar<br />

conhecimentos, mas também enfrentar situações<br />

que ocorrem todos os dias na profissão.<br />

Já o professor-orientador Rogério Frota Leitão,<br />

da Faculda<strong>de</strong> Christus, ressalta que o estágio<br />

une a realida<strong>de</strong> do mercado com a teoria da<br />

universida<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> casos práticos <strong>de</strong>mandados<br />

pelas próprias empresas. Além disso, lembra,<br />

permite que o estudante se familiarize com<br />

problemas que ele tem <strong>de</strong> resolver a partir <strong>de</strong> outros<br />

conhecimentos acumulados. Rogério, que é<br />

professor na área <strong>de</strong> custos, encaminhou a aluna<br />

Cleane Ramos Paulinho para uma empresa <strong>de</strong><br />

beneficiamento têxtil. Ali, <strong>de</strong>staca, os próprios<br />

donos e os funcionários se mostraram céticos<br />

quanto a resultados positivos por causa <strong>de</strong> experiências<br />

anteriores. Agora, queriam a elaboração<br />

<strong>de</strong> um programa que mensurasse os custos<br />

dos processos <strong>de</strong> produção em <strong>de</strong>terminadas<br />

etapas. Ao final, sublinha Rogério, a empresa se<br />

mostrou satisfeita, tendo adotado as soluções <strong>de</strong><br />

mudança <strong>de</strong> rotina propostas no trabalho da estagiária.<br />

Hoje, Cleane trabalha em uma empresa<br />

que também atua na área <strong>de</strong> custos.<br />

Foto: GiovaNNi saNtos<br />

SENAI e Correios formarão<br />

4 355 jovens aprendizes<br />

OServiço Nacional <strong>de</strong> Aprendizagem Industrial<br />

(SENAI/CE), entida<strong>de</strong> do Sistema FIEC, vai iniciar<br />

em março um trabalho <strong>de</strong>ntro do programa Jovem<br />

Aprendiz em parceria com a Empresa Brasileira <strong>de</strong> Correios<br />

e Telégrafos (ECT). A iniciativa será <strong>de</strong>senvolvida com três<br />

turmas em Fortaleza e Juazeiro do Norte (região do Cariri).<br />

Segundo Iêda Evaristo, pedagoga da SENAI envolvida com o<br />

projeto, os cursos são <strong>de</strong> assistente administrativo e <strong>de</strong>verão<br />

durar dois anos. O público-alvo são jovens com ida<strong>de</strong> entre<br />

14 e 24 anos. A seleção para participação é feita pelos Correios,<br />

cabendo ao SENAI aplicar a metodologia <strong>de</strong> ensino.<br />

A parceria do SENAI com os Correios faz parte <strong>de</strong> uma<br />

ação nacional que visa preparar 4 355 jovens para o mercado<br />

<strong>de</strong> trabalho. O acordo foi assinado em janeiro <strong>de</strong> 2011 e, além<br />

do SENAI, inclui na iniciativa o Sistema Indústria, por meio<br />

da Confe<strong>de</strong>ração Nacional da Indústria (CNI), do Serviço<br />

Social da Indústria (SESI) e do IEL. Durante o curso, os jovens<br />

terão aulas <strong>de</strong> comunicação e informação, gestão organizacional,<br />

matemática, organização <strong>de</strong> documentos e arquivamento,<br />

entre outras disciplinas. A carga horária é <strong>de</strong> 20 horas semanais,<br />

sendo oito <strong>de</strong> aulas no SENAI e 12 <strong>de</strong>sempenhando a<br />

ativida<strong>de</strong> profissional nos Correios.<br />

Nas cinco primeiras semanas, os jovens receberão uma<br />

preparação básica integral no SENAI, quando terão orientações<br />

sobre a vida profissional, ética e cidadania. Ao final<br />

do treinamento, eles estarão preparados para atuar em<br />

empresas públicas e privadas, com a execução <strong>de</strong> rotinas<br />

administrativas, organização <strong>de</strong> documentos e apoio logístico.<br />

Os jovens a serem atendidos no Brasil estão distribuídos<br />

por 116 localida<strong>de</strong>s. O programa Jovem Aprendiz<br />

faz parte da política para a juventu<strong>de</strong> do governo fe<strong>de</strong>ral,<br />

tendo sido criado pela Lei 10 097/2000.


Foto: GiovaNNi saNtos<br />

Comércio exterior<br />

Oestado do Ceará esteve muito próximo <strong>de</strong> superar<br />

em 2010 o seu recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> exportações. Mesmo tendo<br />

<strong>de</strong> enfrentar obstáculos como a oscilação constante<br />

do câmbio, a comercialização dos produtos cearenses<br />

no mercado internacional totalizou US$ 1,269 bilhão. A<br />

maior marca em termos <strong>de</strong> valores exportados ainda pertence<br />

ao ano <strong>de</strong> 2008, quando as vendas alcançaram US$<br />

1,276 bilhão. Na comparação com 2009, o aumento nas<br />

exportações foi <strong>de</strong> 17,5%. Em um ano caracterizado pela<br />

Ceará na rota certa<br />

Após retomar a trajetória <strong>de</strong> crescimento em 2010, nosso estado se prepara para dar continuida<strong>de</strong> à evolução do seu<br />

<strong>de</strong>sempenho no comércio internacional. A FIEC, por meio do CIN, está pronta para apoiar as empresas<br />

retomada do crescimento, o <strong>de</strong>sempenho das exportações<br />

cearenses só não foi melhor por causa da <strong>de</strong>svalorização<br />

do dólar, que afetou a competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversos setores.<br />

Outro problema foi a redução <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, registrada em<br />

alguns mercados consumidores.<br />

Para este ano, o superinten<strong>de</strong>nte do Centro Internacional<br />

<strong>de</strong> Negócios (CIN) da Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias<br />

do Estado do Ceará (FIEC), Eduardo <strong>de</strong> Castro Bezerra<br />

Neto, afirma que não é possível fazer estimativas sem<br />

POR DAvID NEGREIROS<br />

conhecer o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)<br />

dos países que integram a União Europeia. “A variação no<br />

PIB <strong>de</strong>sses países é que irá <strong>de</strong>terminar o nível <strong>de</strong> aumento<br />

ou queda da <strong>de</strong>manda”, diz. Por outro lado, ele prevê que<br />

a li<strong>de</strong>rança das exportações do Ceará <strong>de</strong>verá <strong>continuar</strong><br />

com os setores <strong>de</strong> calçados, castanha <strong>de</strong> caju e couros.<br />

Ao longo <strong>de</strong> 2011, o superinten<strong>de</strong>nte do CIN garante que<br />

a FIEC <strong>continuar</strong>á a apoiar tanto os exportadores que planejam<br />

ampliar sua participação no comércio internacional,<br />

quanto os empresários que ainda não exportam, mas preten<strong>de</strong>m<br />

prospectar a inserção <strong>de</strong> seus produtos no exterior.<br />

“Há mais <strong>de</strong> 11 anos o CIN contribui para a mudança <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong> do empresariado nas suas relações com o mercado<br />

externo, trabalhando para a criação <strong>de</strong> uma mentalida<strong>de</strong><br />

voltada ao comércio exterior”, sublinha Eduardo Bezerra.<br />

Segundo ele, o CIN se reestruturou e, a partir <strong>de</strong><br />

2011, passa a incluir novos produtos e serviços no seu<br />

portfólio. “A globalização da economia é feita em múltiplas<br />

direções e o CIN está evoluindo para essa multidimensão<br />

das relações internacionais, que não po<strong>de</strong>m<br />

restringir-se às exportações, mas incluem importações,<br />

compras <strong>de</strong> equipamentos, transferência <strong>de</strong> tecnologia<br />

e consórcios <strong>de</strong> negócios”, ressalta o superinten<strong>de</strong>nte.<br />

Entre as novida<strong>de</strong>s do órgão, <strong>de</strong>staca o apoio à internacionalização<br />

<strong>de</strong> investimentos das empresas cearenses,<br />

além <strong>de</strong> <strong>continuar</strong> a organizar missões empresariais<br />

com foco na aquisição <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital no exterior.<br />

Nesse último exemplo, o objetivo é mo<strong>de</strong>rnizar o processo<br />

produtivo das indústrias para torná-las mais competitivas<br />

nos mercados interno e externo.<br />

Exportações do Ceará<br />

Ano Valores exportados Var.(%)<br />

2000 US$ 495.338.674 33,4<br />

2001 US$ 527.668.107 6,5<br />

2002 US$ 545.023.335 3,3<br />

2003 US$ 762.602.719 39,9<br />

2004 US$ 861.567.940 13,0<br />

2005 US$ 933.589.116 8,4<br />

2006 US$ 961.874.415 3,0<br />

2007 US$ 1.148.357.273 19,4<br />

2008 US$ 1.276.970.342 11,0<br />

2009 US$ 1.080.166.034 -15,3<br />

2010 US$ 1.269.498.551 17,5<br />

20 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 21<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |<br />

Fonte: MDiC


Novos mercados<br />

Eduardo Bezerra revela que<br />

o estado do Ceará está<br />

abrindo três novas frentes<br />

<strong>de</strong> mercado na Europa em 2011:<br />

Polônia, Suécia e Bélgica. Haverá<br />

prospecções nesses países a fim <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio<br />

para as empresas cearenses. “No<br />

caso específico da Polônia, o país<br />

passa por uma situação melhor do<br />

que as <strong>de</strong>mais nações europeias.<br />

Apesar da crise internacional, a<br />

economia polonesa cresceu 4%<br />

nos três primeiros trimestres do ano<br />

passado”, afirma.<br />

Ainda com foco em mercados<br />

internacionais, o CIN <strong>de</strong>finiu seu<br />

calendário preliminar <strong>de</strong> missões<br />

empresariais para 2011 focado na prospecção<br />

<strong>de</strong> negócios e participação em feiras. Até o<br />

fechamento <strong>de</strong>sta edição da Revista da FIEC, foi<br />

confirmada a organização <strong>de</strong> comitivas à Bélgica,<br />

à região da Galícia (Espanha) e a Dunkerque<br />

(França), além das missões que serão realizadas<br />

em parceria com a Re<strong>de</strong> CIN da Confe<strong>de</strong>ração<br />

Nacional da Indústria (CNI). Outras missões <strong>de</strong>vem<br />

ocorrer a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas dos sindicatos<br />

ligados à Fe<strong>de</strong>ração.<br />

Explica Eduardo Bezerra que a participação<br />

nessas viagens proporciona ao empresariado<br />

a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer pessoalmente as<br />

melhores práticas internacionais e discutir face a<br />

face oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócio. Em 2010, a FIEC<br />

articulou seis missões empresariais, além <strong>de</strong> ter<br />

auxiliado entida<strong>de</strong>s parceiras na organização <strong>de</strong><br />

outras quatro comitivas. No total, 72 empresários<br />

cearenses foram ao exterior prospectar negócios.<br />

Entre as missões articuladas, <strong>de</strong>staque para as<br />

que tiveram como <strong>de</strong>stino as feiras Alimentária<br />

(Barcelona), Filda (evento multissetorial em Angola)<br />

e Canton Fair (China), para on<strong>de</strong> foram dois grupos.<br />

Em abril, 21 empresários ligados ao Sindicato<br />

das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da<br />

Destilação e Refinação <strong>de</strong> Petróleo do Estado do<br />

Ceará (Sindquímica), além <strong>de</strong> seis participantes<br />

<strong>de</strong> outros setores, participaram da 107ª edição<br />

da Canton Fair. Os industriais foram prospectar a<br />

aquisição <strong>de</strong> máquinas, equipamentos e matériasprimas.<br />

Cerca <strong>de</strong> 33% dos participantes fecharam<br />

negócios durante a missão e 91% fizeram contatos<br />

com fornecedores para fechamento <strong>de</strong> negócio em<br />

médio/longo prazo. As importações serão feitas<br />

em regime <strong>de</strong> cooperação, representando ganhos<br />

logísticos e maior margem <strong>de</strong> negociação com os<br />

fornecedores chineses. Em outubro, foi a vez <strong>de</strong><br />

um grupo ligado ao Sindicato das Industrias <strong>de</strong><br />

Calçados e Vestuário <strong>de</strong> Juazeiro do Norte e Região<br />

(Sindindustria) ir à China e a Taiwan. Dezesseis<br />

empresários do setor calçadista, a maioria da<br />

região do Cariri, participaram <strong>de</strong> três feiras – entre<br />

elas a Canton Fair – para conferir novida<strong>de</strong>s em<br />

máquinas e insumos.<br />

Segundo a coor<strong>de</strong>nadora do CIN/FIEC,<br />

Beatriz Bezerra, além <strong>de</strong> prospectar a aquisição<br />

<strong>de</strong> maquinário a preços competitivos, os<br />

cearenses tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer os<br />

concorrentes asiáticos. “Eles pu<strong>de</strong>ram constatar<br />

in loco o <strong>de</strong>safio que é competir com os produtos<br />

da China e <strong>de</strong> Taiwan, dois gran<strong>de</strong>s exportadores<br />

<strong>de</strong> calçados”, afirma Beatriz.<br />

Outro serviço oferecido pelo CIN com<br />

boa aceitação em 2010 foram os cursos <strong>de</strong><br />

capacitação em comércio exterior: mais <strong>de</strong><br />

cem pessoas participaram <strong>de</strong> seis diferentes<br />

treinamentos. A i<strong>de</strong>ia é propiciar às empresas um<br />

ambiente <strong>de</strong> aprendizagem intensiva em temas<br />

relacionados ao mercado externo e agregar valor<br />

a seus processos <strong>de</strong> inserção internacional. Para<br />

2011, a previsão é realizar sete cursos <strong>de</strong> curta<br />

duração, cujos temas serão <strong>de</strong>finidos a partir das<br />

<strong>de</strong>mandas do empresariado.<br />

Informações: (85) 3421-5420.<br />

Canton Fair, na China<br />

EUA querem fortalecer relações<br />

<strong>de</strong> negócios com o CE<br />

Apesar <strong>de</strong> ter sido o epicentro da crise que abalou o mundo<br />

em 2008, os Estados Unidos da América (EUA) continuam<br />

como principal parceiro do Ceará no comércio<br />

internacional. O mercado norte-americano é o principal <strong>de</strong>stino<br />

dos produtos cearenses no exterior e ocupa o segundo<br />

lugar na lista <strong>de</strong> países <strong>de</strong> origem das nossas importações. No<br />

ano passado, as exportações do Ceará para os EUA totalizaram<br />

US$ 344,8 milhões até o mês <strong>de</strong> novembro. Esse valor representou<br />

30,3% das vendas internacionais do estado até aquele<br />

momento. No mesmo período, as importações <strong>de</strong> produtos da<br />

terra do Tio Sam ficaram em US$ 197,7 milhões.<br />

As relações entre os dois mercados, entretanto, não se<br />

restringem à compra e venda <strong>de</strong> mercadorias. Há empresas<br />

instaladas em território cearense que são ligadas a corporações<br />

norte-americanas, a exemplo da Rigesa, subsidiária da<br />

MeadWestvaco Corporation. Mais recentemente, o empresariado<br />

do Ceará passou a ser um player proativo internacionalmente<br />

e já existe indústria <strong>de</strong> DNA cearense – no caso a Santana<br />

Textiles – investindo na construção <strong>de</strong> fábrica nos EUA.<br />

Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse relacionamento consolidado e com vistas<br />

a fortalecê-lo, os EUA <strong>de</strong>mostraram interesse em instalar<br />

uma Câmara Americana <strong>de</strong> Comércio no Ceará. A informação<br />

foi repassada no final <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro do ano passado ao<br />

presi<strong>de</strong>nte da FIEC, Roberto Proença <strong>de</strong> Macêdo, pelo cônsul<br />

dos EUA em Recife, Christopher Del Corso. Uma vez concretizada<br />

sua instalação no estado, a câmara dará impulso extra<br />

aos negócios entre as duas partes. A expectativa é que haja<br />

uma intensificação das trocas comerciais e um maior número<br />

<strong>de</strong> associação entre empresários do Ceará e dos EUA.<br />

As exportações brasileiras fecharam 2010 no maior<br />

nível da história. As vendas externas atingiram US$<br />

201,9 bilhões no ano passado, superando o recor<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

US$ 197 bilhões registrado em 2008. As importações também<br />

foram recor<strong>de</strong> com US$ 181,6 bilhões. O maior resultado<br />

das compras externas havia sido igualmente em 2008,<br />

com US$ 172,9 bilhões.<br />

Em 2011, as exportações brasileiras <strong>de</strong>verão crescer em<br />

ritmo próximo ao do ano passado, <strong>de</strong> acordo com estudo da<br />

CNI. A entida<strong>de</strong> ainda estima um menor crescimento das importações:<br />

o ritmo <strong>de</strong> <strong>expansão</strong> da importação cairá <strong>de</strong> 35,6%<br />

em 2010 para 23,3% em 2011. Por causa disso, a contribuição<br />

do setor externo na variação do PIB cairá <strong>de</strong> 2,7 pontos percentuais<br />

em 2010 para dois pontos percentuais em 2011.<br />

Segundo o presi<strong>de</strong>nte da CNI, Robson Braga <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, o<br />

Brasil acertou ao buscar novos parceiros comerciais no mercado<br />

internacional, como a China e o Irã, mas per<strong>de</strong>u espaço em<br />

mercados on<strong>de</strong> já atuava por causa da falta <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>.<br />

“ “<br />

A experiência nos<br />

Estados Unidos foi<br />

rica e certamente muda a<br />

perspectiva com que passamos<br />

a olhar para o país.<br />

Karina Frota, analista do CIN<br />

Outra prova <strong>de</strong> que as relações entre norte-americanos<br />

e cearenses estão consolidadas foi o convite da Embaixada<br />

dos EUA à analista do CIN, Ana Karina Frota, para ir ao país<br />

em viagem <strong>de</strong> trabalho no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro último. Durante<br />

21 dias, ela participou <strong>de</strong> reuniões com representantes <strong>de</strong><br />

instituições públicas e privadas, como o Departamento <strong>de</strong><br />

Comércio, a USTDA (agência que visa promover o crescimento<br />

econômico e os interesses comerciais dos EUA nos<br />

países em <strong>de</strong>senvolvimento), Banco Interamericano <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

e o Departamento <strong>de</strong> Estado (assessora o<br />

presi<strong>de</strong>nte na formulação e execução da política externa).<br />

O objetivo foi conhecer o funcionamento <strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s e<br />

abrir as portas para parcerias abrangentes ou pontuais, contatos<br />

para negócios etc.<br />

“A experiência foi rica e certamente muda a perspectiva<br />

com que passamos a olhar para os Estados Unidos, nos permitindo<br />

criar um novo direcionamento nas nossas ações diárias e<br />

estratégicas”, afirma Karina Frota. A expectativa é que o aprendizado<br />

trazido pela representante da FIEC contribua para a<br />

instalação da Câmara <strong>de</strong> Comércio Americana no Ceará.<br />

Brasil: exportações <strong>de</strong>vem manter ritmo<br />

Exportações brasileiras<br />

2008 US$ 197 bilhões<br />

2009 US$ 153 bilhões<br />

2010 US$ 201,9 bilhões<br />

Fonte: MDiC<br />

“Abrir novos mercados, como na África e no Irã, faz parte da<br />

política internacional e da busca <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong> mercado. O<br />

que não po<strong>de</strong>mos é per<strong>de</strong>r mercados on<strong>de</strong> já estávamos porque,<br />

no comércio internacional, existe uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><br />

para recuperá-los”, avalia Robson Andra<strong>de</strong>.<br />

Ele consi<strong>de</strong>ra ainda que o crescimento da participação <strong>de</strong><br />

parceiros comerciais como a Argentina e a China é importante,<br />

ainda que os chineses comprem muitos produtos primários.<br />

“Qualquer exportação é importante, tanto a <strong>de</strong> commodities<br />

quanto a <strong>de</strong> manufaturados <strong>de</strong> valor agregado”, arremata<br />

o presi<strong>de</strong>nte da CNI.<br />

22 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 23<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |<br />

Foto: JosÉ soBRiNHo


Foto: JosÉ soBRiNHo<br />

Cajucultura<br />

Setor clama por<br />

incentivo e tecnologia<br />

A boa performance das exportações <strong>de</strong> castanha <strong>de</strong> caju é<br />

fundamental para assegurar a sobrevivência do setor primário que<br />

não se sustentaria sem a indústria<br />

POR ÂNGELA CAvALCANTE<br />

NÚMEROS DA<br />

CAJUCULTURA<br />

NO CEARÁ<br />

Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

produtores – 57 000<br />

Municípios<br />

concentradores <strong>de</strong><br />

plantio <strong>de</strong> cajueiro – 42<br />

Produção safra<br />

2009/2010<br />

– 135 000 toneladas<br />

Produção safra<br />

2010/2011<br />

– 50 000 toneladas<br />

Fontes: CiN/CE e sindicaju<br />

Com mais <strong>de</strong> 400 000 dos cerca <strong>de</strong> 700 000<br />

hectares plantados <strong>de</strong> caju no Brasil,<br />

uma participação estimada em 85% da<br />

capacida<strong>de</strong> instalada <strong>de</strong> 450 000 toneladas<br />

na indústria <strong>de</strong> castanha nacional e tendo<br />

a amêndoa como o principal item da pauta<br />

<strong>de</strong> exportação do estado, o Ceará enfrenta<br />

o risco iminente <strong>de</strong> estagnação da cajucultura.<br />

Ano após ano, há perda sistemática <strong>de</strong><br />

produtivida<strong>de</strong>, que culminou com a quebra<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 60% da safra em 2010, fenômeno<br />

impulsionado sobretudo por fatores climáticos.<br />

Sem matéria-prima suficiente para<br />

alimentar as empresas <strong>de</strong> beneficiamento da<br />

castanha in natura, a perspectiva é <strong>de</strong> paralisação<br />

em massa do parque industrial já em<br />

maio, com a suspensão temporária dos contratos<br />

<strong>de</strong> 10 000 trabalhadores.<br />

Quem alerta é o presi<strong>de</strong>nte do Sindicato<br />

das Indústrias <strong>de</strong> Beneficiamento <strong>de</strong> Castanha<br />

<strong>de</strong> Caju e Amêndoas Vegetais do Estado<br />

do Ceará (Sindicaju), Lúcio Carneiro. Segundo<br />

ele, os maiores entraves enfrentados<br />

no momento pela cajucultura no estado,<br />

consi<strong>de</strong>rando o cenário macroeconômico,<br />

são o câmbio, o sistema <strong>de</strong> tributação e a<br />

política salarial vigente. “Esses componentes<br />

apontam para a situação triste na qual<br />

se encontram as indústrias beneficiadoras.<br />

Temos um custo alto na área do processamento<br />

da matéria-prima e uma conjuntura<br />

contrária ao segmento. Necessitamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>soneração<br />

fiscal e das reformas previ<strong>de</strong>nciária<br />

e trabalhista, que não saem”, ressalta<br />

Lúcio Carneiro.<br />

No contexto da economia local, o empresário<br />

diz que o setor enfrenta outros graves problemas,<br />

como carência <strong>de</strong> investimento em<br />

inovação tecnológica, falta <strong>de</strong> verba e realização<br />

<strong>de</strong> diagnósticos paliativos. “A área on<strong>de</strong> é<br />

viável a substituição <strong>de</strong> copas dos cajueiros<br />

não ultrapassa 30% do total <strong>de</strong> hectares plantados.<br />

Isso não resolve o problema dos nossos<br />

pomares. Mas, mesmo assim, a promessa<br />

<strong>de</strong> verba para esse projeto é tão tímida que<br />

levaríamos cem anos para substituir todas as<br />

copas”, ressalta Lúcio Carneiro, que enxerga<br />

a re<strong>de</strong>nção da cajucultura a partir da implantação<br />

<strong>de</strong> novas tecnologias, a exemplo do<br />

plantio <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> cajueiro anão precoce.<br />

“Mas será que haverá verba para isso? Existem<br />

efetivamente interessados em investir<br />

na cultura do caju, diante <strong>de</strong> tantos pontos<br />

contrários?”, questiona.<br />

O presi<strong>de</strong>nte do Sindicaju afirma que para<br />

o setor industrial, a curto prazo, só existem<br />

duas alternativas: ou o governo fe<strong>de</strong>ral permite<br />

a importação <strong>de</strong> matéria-prima em<br />

pequeno espaço <strong>de</strong> tempo, gerando uma<br />

oferta permanente e em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />

para suprir a capacida<strong>de</strong> do parque, ou efetiva<br />

a Zona <strong>de</strong> Processamento <strong>de</strong> Exportação<br />

(ZPE), reservando nela uma área para plantas<br />

<strong>de</strong> empresas beneficiadoras <strong>de</strong> castanha<br />

<strong>de</strong> caju que quiserem se transferir para o local.<br />

Tais iniciativas <strong>de</strong>vem estar associadas ao<br />

apoio aos produtores para implementar novas<br />

tecnologias. A médio prazo, Lúcio Carneiro<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o reforço do plantio nacional,<br />

com ajuda aos microprodutores.<br />

24 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 25<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


“<br />

Não existe<br />

nada mais<br />

cearense do que<br />

o caju.<br />

“<br />

Lúcio Carneiro,<br />

presi<strong>de</strong>nte do Sindicaju<br />

Solução emergencial<br />

Visando evitar o <strong>de</strong>semprego <strong>de</strong><br />

aproximadamente 10 000 trabalhadores que<br />

atuam no processamento da castanha no<br />

Ceará e a manutenção da ca<strong>de</strong>ia produtiva do caju,<br />

que engloba no estado mais <strong>de</strong> 150 000 pessoas,<br />

o segmento busca uma solução emergencial<br />

oriunda dos governos, como a criação <strong>de</strong> um<br />

crédito prêmio <strong>de</strong> exportação ou um mecanismo<br />

Produtores <strong>de</strong>sestimulados<br />

Sem o incentivo dos governos, os produtores<br />

se sentem <strong>de</strong>sestimulados e o cultivo do<br />

caju ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>saparecer, apesar <strong>de</strong> sua<br />

incontestável importância à economia cearense e<br />

nor<strong>de</strong>stina. “O caju atualmente é a única cultura da<br />

entressafra no nosso estado e está se acabando.<br />

Será mais uma cultura a <strong>de</strong>saparecer...”, lamenta<br />

o presi<strong>de</strong>nte do Sindicato dos Produtores <strong>de</strong><br />

Caju (Sincaju), Paulo <strong>de</strong> Tarso Meyer Ferreira. Ele<br />

reconhece que fatores climáticos como a escassez<br />

<strong>de</strong> chuvas, altas temperaturas e ventos fortes<br />

agravaram o problema da cajucultura no ano<br />

passado, mas lembra que muitas outras ações<br />

simples po<strong>de</strong>m ser empreendidas para tornar a<br />

cultura do caju mais produtiva. “Nunca vi qualquer<br />

cultura ser produtiva sem nutrientes no solo. É<br />

preciso no mínimo limpar, podar, adubar, cortar<br />

os galhos para combater os fungos. Mas com o<br />

dólar baixo, o custo alto da energia e o peso dos<br />

tributos, o produtor acaba se <strong>de</strong>sestimulando”,<br />

diz Paulo <strong>de</strong> Tarso.<br />

Segundo ele, a cajucultura no Brasil sempre<br />

esteve à margem do uso <strong>de</strong> tecnologias, sendo<br />

esse o principal motivo da redução em sua<br />

Foto: JosÉ soBRiNHo<br />

semelhante, como o crédito presumido fe<strong>de</strong>ral ou<br />

estadual. Lúcio Carneiro sugere que o crédito<br />

ou o prêmio utilize recursos provenientes <strong>de</strong><br />

renúncia fiscal ou <strong>de</strong> um fundo soberano. “Só<br />

vejo esses dois caminhos para vitaminarmos as<br />

nossas exportações”, frisa.<br />

Ele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> também a adoção <strong>de</strong> política <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>soneração para o setor com o aproveitamento<br />

<strong>de</strong> créditos que há tempos não são <strong>de</strong>volvidos.<br />

“Po<strong>de</strong>ríamos pagar a Previdência Social com<br />

créditos do Programa <strong>de</strong> Integração Social<br />

(PIS) e da Contribuição para o Financiamento<br />

da Segurida<strong>de</strong> Social (Cofins). Essa seria outra<br />

forma emergencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>sonerar as empresas e<br />

dar competitivida<strong>de</strong>”, propõe o empresário, para<br />

quem a boa performance das exportações <strong>de</strong><br />

amêndoas é fundamental a fim <strong>de</strong> assegurar a<br />

sobrevivência do setor primário, o qual não se<br />

sustentaria sem a indústria. O industrial afirma<br />

que não imagina a economia do Ceará sem a<br />

cajucultura. “Não existe nada mais cearense do<br />

que o caju”, sublinha Lúcio Carneiro.<br />

produtivida<strong>de</strong>. “No estado do Ceará, chegamos a<br />

sair <strong>de</strong> 700 quilos/hectare, no início da década<br />

<strong>de</strong> 1970, para em torno <strong>de</strong> 250 quilos/hectare<br />

atualmente”, pon<strong>de</strong>ra. O titular do Sincaju <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />

que a solução para a cajucultura é o governo<br />

incentivar a substituição da copa dos cajueiros<br />

improdutivos pelo anão precoce – uma varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cajueiro <strong>de</strong> menor porte, com maior resistência<br />

e produtivida<strong>de</strong>. “Existem 330 000 hectares<br />

<strong>de</strong> cajueiro em total extrativismo. É necessário<br />

ampliar o programa <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> copas. E<br />

o governo precisa ajudar o pequeno e o médio<br />

produtor também”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Paulo <strong>de</strong> Tarso.<br />

João Baptista Ponte, presi<strong>de</strong>nte da Câmara<br />

Setorial da Ca<strong>de</strong>ia Produtiva da Cajucultura e<br />

da Associação dos Cajucultores do Estado do<br />

Ceará (Ascaju), reforça a urgência <strong>de</strong> apoio<br />

institucional para ampliar a rentabilida<strong>de</strong> do<br />

cultivo <strong>de</strong> caju por hectare no país. “De acordo<br />

com os registros da Empresa <strong>de</strong> Assistência<br />

Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce),<br />

a média <strong>de</strong> produção das plantações <strong>de</strong> caju<br />

no Brasil é <strong>de</strong> 347 quilos/hectare. Na Índia, a<br />

média estimada é <strong>de</strong> 691. No Vietnã, 1 978<br />

e, na Nigéria, 2 706. “Se<br />

tivéssemos o mesmo nível <strong>de</strong><br />

produtivida<strong>de</strong>, com 300 000<br />

hectares <strong>de</strong> cajueiros, teríamos<br />

uma produção <strong>de</strong> aproximada<br />

<strong>de</strong> 800 000 toneladas”,<br />

calcula João Baptista.<br />

Em 2010, porém, as<br />

chuvas escassas e irregulares,<br />

além dos fortes ventos,<br />

ocasionaram o retardamento<br />

na fase <strong>de</strong> floração, reduzindo<br />

significativamente o processo<br />

<strong>de</strong> floração/frutificação, que<br />

resultou na quebra histórica<br />

da safra, culminando numa<br />

safra 2010/2011 em torno<br />

<strong>de</strong> 50 000 toneladas, com<br />

perda <strong>de</strong> aproximadamente<br />

62% em relação à safra 2009/2010 (135 000<br />

toneladas). De acordo com João Baptista, o<br />

Garantia Safra – uma ferramenta colocada à<br />

disposição pelo governo para compensar as<br />

perdas dos produtores – tem valor insignificante.<br />

“Para o pequeno produtor, R$ 600 po<strong>de</strong> ajudar,<br />

mas para o médio produtor não representa<br />

nada”, reclama, lembrando que essa não é a<br />

única limitação das ações governamentais: “Elas<br />

não estimulam o crescimento da cajucultura no<br />

país. Projetos <strong>de</strong> plantação <strong>de</strong> novos pomares<br />

e <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> copa têm como padrão a<br />

agricultura familiar”.<br />

No âmbito estadual, João Baptista<br />

reconhece que o governo tem incentivado a<br />

substituição das copas, trocando as plantas <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> porte pelos cajueiros anões precoces,<br />

mas observa que o alcance do programa ainda<br />

é limitado. Pelo incentivo oficial, pequenos<br />

produtores po<strong>de</strong>m adquirir as mudas do anão<br />

precoce e pagar com a produção após quatro<br />

anos. “Mas é para a agricultura familiar. O<br />

médio e o gran<strong>de</strong> não têm esse incentivo”,<br />

<strong>de</strong>nuncia. É por isso, afirma, que as florestas<br />

<strong>de</strong> cajueiro anão precoce só representam 10%<br />

da cobertura total no estado”, justifica o titular<br />

da câmara setorial do caju e da Ascaju, que<br />

propõe a criação <strong>de</strong> uma secretaria estadual<br />

do agronegócio para cuidar exclusivamente da<br />

área. “Essa secretaria seria um instrumento para<br />

aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> todos. Não só dos<br />

pequenos produtores, mas também dos médios<br />

e gran<strong>de</strong>s”, completa. Conforme João Baptista,<br />

no Ceará existem 57 700 produtores rurais,<br />

ocupando uma área <strong>de</strong> 334 617 hectares.<br />

FIEC aponta soluções<br />

Oconsultor Francisco Mavignier Cavalcante<br />

França, que está <strong>de</strong>senvolvendo um<br />

estudo sobre a cajucultura para o Instituto<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento Industrial (INDI), órgão da<br />

Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do Estado do Ceará<br />

(FIEC), aponta <strong>de</strong>z ban<strong>de</strong>iras para impulsionar<br />

a competitivida<strong>de</strong> da cajucultura cearense, que<br />

englobam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o investimento em pesquisa<br />

e inovação até a <strong>expansão</strong> da participação do<br />

estado nos mercados interno e externo.<br />

as DEz banDEIras Da CajuCuLtura<br />

Fatores climáticos como a<br />

escassez <strong>de</strong> chuvas, altas<br />

temperaturas e ventos fortes<br />

agravaram o problema da<br />

cajucultura em 2010<br />

1. Fomentar ações <strong>de</strong> pesquisa, <strong>de</strong>senvolvimento e inovação (PD&I).<br />

2. Utilização <strong>de</strong> tecnologias inovadoras viáveis.<br />

3. Apoiar negócios inovadores.<br />

4. Fortalecer os APLs <strong>de</strong> caju.<br />

5. Priorizar os produtos e coprodutos consolidados e emergentes.<br />

6. Fomentar a capacitação dos agentes produtivos.<br />

7. Apoiar o empreen<strong>de</strong>dorismo emergente.<br />

8. Adotar novas estratégias empresariais.<br />

9. Maximizar a utilização das políticas governamentais.<br />

10. Expandir a participação no mercado interno e externo.<br />

26 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 27<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |<br />

Foto: JosÉ soBRiNHo


Falta o<br />

produtor<br />

se motivar e<br />

investir na<br />

cultura <strong>de</strong> forma<br />

profissional.<br />

Francisco Mavignier,<br />

consultor<br />

““<br />

Atualmente o Brasil<br />

ocupa o terceiro<br />

lugar na produção<br />

mundial <strong>de</strong> castanha<br />

<strong>de</strong> caju in natura<br />

Francisco Mavignier explica que o primeiro<br />

passo é fomentar ações <strong>de</strong> pesquisa,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e inovação (PD&I). Em segundo<br />

lugar, sugere a utilização <strong>de</strong> tecnologias inovadoras<br />

viáveis. As ban<strong>de</strong>iras seguintes são apoiar negócios<br />

inovadores, fortalecer os Arranjos Produtivos<br />

Locais (APLs) <strong>de</strong> caju, priorizar os produtos e<br />

coprodutos consolidados e emergentes, fomentar<br />

a capacitação dos agentes produtivos, apoiar<br />

o empreen<strong>de</strong>dorismo emergente, adotar novas<br />

estratégias empresariais, maximizar a utilização<br />

das políticas governamentais e expandir a<br />

participação no mercado interno e externo.<br />

O consultor sugere como ações imediatas, para<br />

aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas mais urgentes dos agentes<br />

Perfil do setor<br />

Oagronegócio do caju tem a sua fonte<br />

geradora no cajueiro, árvore típica do<br />

Nor<strong>de</strong>ste, cultivada em cerca <strong>de</strong> 700 000<br />

hectares distribuídos nos estados do Ceará,<br />

Piauí, Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, Maranhão e Bahia,<br />

proporcionando uma safra anual <strong>de</strong> castanha<br />

em torno <strong>de</strong> 320 000 toneladas.<br />

A castanha <strong>de</strong> caju in natura é a matériaprima<br />

utilizada pela indústria <strong>de</strong> processamento,<br />

que <strong>de</strong>la obtém a amêndoa <strong>de</strong> castanha <strong>de</strong> caju<br />

(ACC), e extrai o líquido da casca da castanha<br />

(LCC), produtos <strong>de</strong>stinados à exportação.<br />

Atualmente o Brasil ocupa o terceiro lugar na<br />

produção mundial <strong>de</strong> castanha <strong>de</strong> caju in natura,<br />

e também na oferta <strong>de</strong> amêndoas <strong>de</strong> castanha<br />

<strong>de</strong> caju, sendo amplamente reconhecido pela boa<br />

produtivos da cajucultura cearense, a elaboração<br />

e execução <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> promoção e<br />

marketing do caju por meio <strong>de</strong> feiras, material <strong>de</strong><br />

divulgação, tra<strong>de</strong> shows, propaganda institucional,<br />

turismo, seminários etc. Outra iniciativa emergente<br />

sugerida é a criação <strong>de</strong> um portal do caju na<br />

internet, um jornal <strong>de</strong> periodicida<strong>de</strong> mensal.<br />

Francisco Mavignier lembra que o cultivo do caju<br />

é uma das raras ativida<strong>de</strong>s agrícolas do Ceará, ainda<br />

competitiva e <strong>de</strong> importância econômica e social.<br />

Segundo ele, falta o produtor se motivar e investir<br />

na cultura <strong>de</strong> forma profissional. Ele arremata: o<br />

mercado é crescente e há potencial para se produzir<br />

800 quilos <strong>de</strong> castanha por hectare, aproveitando o<br />

pedúnculo em sucos, doces e cajuína.<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas amêndoas e, principalmente,<br />

pela confiabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus fornecedores.<br />

Na região Nor<strong>de</strong>ste a ca<strong>de</strong>ia produtiva<br />

do caju é responsável por mais <strong>de</strong> 300 000<br />

empregos, distribuídos na ativida<strong>de</strong> agrícola,<br />

industrial e serviços. O parque industrial é<br />

composto por 12 unida<strong>de</strong>s processadoras,<br />

com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processar até 420 000<br />

toneladas <strong>de</strong> ACC e 45 000 toneladas <strong>de</strong> LCC.<br />

Dados do Centro Internacional <strong>de</strong> Negócios<br />

(CIN) da FIEC revelam que no ano passado<br />

as vendas externas cearenses <strong>de</strong> castanha <strong>de</strong><br />

caju somaram US$ 182,01 milhões. Apesar<br />

da retração <strong>de</strong> 2,7% em relação às divisas<br />

obtidas em 2009 (US$ 187,02 milhões) e da<br />

queda no volume exportado no mesmo período<br />

(<strong>de</strong> 38,49 milhões <strong>de</strong> quilos, em<br />

2009, para 33,41 milhões <strong>de</strong> quilos,<br />

em 2010), o produto figurou na<br />

li<strong>de</strong>rança da pauta <strong>de</strong> exportação do<br />

estado, com participação <strong>de</strong> 14,3%<br />

no total das vendas externas, que<br />

somaram US$ 1,26 bilhão.<br />

No contexto dos setores<br />

exportadores, as vendas <strong>de</strong> amêndoa<br />

e do líquido da castanha <strong>de</strong> caju<br />

totalizaram US$ 191,07 milhões em<br />

2010, colocando o segmento na viceli<strong>de</strong>rança<br />

das exportações cearenses,<br />

atrás apenas do setor <strong>de</strong> calçados,<br />

englobando produtos <strong>de</strong> couro, plástico<br />

e borracha. A comercialização externa<br />

<strong>de</strong> todos os esses tipos <strong>de</strong> calçados<br />

ren<strong>de</strong>ram ao estado no ano passado a<br />

soma <strong>de</strong> US$ 403,46 milhões.<br />

Sistema FIEC<br />

Conselho aprova<br />

diretrizes do Mapa<br />

Estratégico<br />

A intenção é <strong>de</strong>ixar para o futuro um sistema profissionalizado para que o<br />

<strong>de</strong>stino do Sistema FIEC se torne in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> quem esteja à sua frente<br />

OConselho <strong>de</strong> Representantes da Fe<strong>de</strong>ração<br />

das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC),<br />

composto por membros da diretoria da<br />

entida<strong>de</strong> e dos sindicatos filiados, aprovou no<br />

final do mês <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2010 as diretrizes<br />

que nortearão o Mapeamento Estratégico e<br />

o Planejamento Operacional do Sistema FIEC<br />

para os próximos anos. As discussões em torno<br />

da construção do Mapa Estratégico da FIEC vêm<br />

se <strong>de</strong>senvolvendo há dois anos visando estabelecer<br />

um alinhamento com as diretrizes criadas<br />

pelo Mapa Estratégico da Confe<strong>de</strong>ração Nacional<br />

da Indústria (CNI). O planejamento nacional<br />

aponta as priorida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>vem ser adotadas<br />

pela indústria brasileira para que ela se torne<br />

mais forte e dinâmica e possa assegurar, até<br />

o ano <strong>de</strong> 2015, uma inserção expressiva<br />

no comércio internacional.<br />

Nesse sentido, o Planejamento<br />

Estratégico do Sistema Indústria<br />

implica objetivos comuns a todas<br />

as fe<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> indústria e entida<strong>de</strong>s<br />

estaduais do Serviço Social<br />

da Indústria (SESI), Serviço Nacional<br />

<strong>de</strong> Aprendizagem Industrial<br />

(SENAI) e Instituto Euvaldo Lodi<br />

(IEL). A partir daí, a FIEC começou a<br />

estabelecer seus encaminhamentos, que,<br />

ao final <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong> intensa participação<br />

e discussões entre suas Casas, sugeriram como<br />

28 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 29<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


Foto: JosÉ soBRiNHo<br />

Reunião do Conselho<br />

<strong>de</strong> Representantes<br />

principal novida<strong>de</strong> a elaboração dos indicadores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho corporativo, procurando, assim,<br />

dar subsídios valiosos às tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão na<br />

entida<strong>de</strong>. A aprovação das diretrizes do Mapa<br />

da FIEC (2010-2014) pelo Conselho <strong>de</strong> Representantes<br />

faz parte da primeira etapa do mapeamento<br />

estratégico. A segunda fase consistirá no<br />

alinhamento <strong>de</strong> indicadores relativos aos objetivos<br />

e diretrizes estratégicos constantes dos mapas<br />

das Casas que constituem o Sistema FIEC<br />

(SESI, SENAI, IEL, Instituto FIEC <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong><br />

Social – FIRESO e Instituto <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Industrial – INDI).<br />

A missão do Sistema FIEC, proposta no<br />

Mapa, é “promover a competitivida<strong>de</strong> da indústria,<br />

intensificando o associativismo e a<br />

consolidação <strong>de</strong> um ambiente empresarial com<br />

excelência na gestão, contribuindo para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável do Ceará”. Já a visão<br />

<strong>de</strong> futuro do Sistema FIEC, que é como a entida<strong>de</strong><br />

quer ser reconhecida numa visão <strong>de</strong> longo<br />

prazo (cinco anos, no caso), é “ser referência<br />

na representação da indústria e na oferta <strong>de</strong><br />

produtos e serviços <strong>de</strong> elevado valor agregado<br />

que promovam competitivida<strong>de</strong>, li<strong>de</strong>rando a<br />

criação <strong>de</strong> um ambiente favorável ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável do Ceará”. De uma forma<br />

bastante didática, po<strong>de</strong>mos dizer que a missão<br />

nos diz on<strong>de</strong> estamos e a visão <strong>de</strong> futuro nos<br />

aponta aon<strong>de</strong> queremos chegar.<br />

A estratégia com vistas à execução da missão<br />

a que se propõe o Sistema FIEC, nos próximos<br />

anos, <strong>de</strong>fine quatro perspectivas a serem trabalhadas:<br />

clientes, financeira, processos internos<br />

e pessoas & tecnologia.<br />

30<br />

| RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Para o presi<strong>de</strong>nte da FIEC,<br />

Roberto Proença <strong>de</strong> Macêdo, a finalida<strong>de</strong><br />

do Mapa Estratégico é<br />

construir o “nosso <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> forma<br />

estruturada e com a certeza <strong>de</strong><br />

que possamos seguir adiante, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

do que possa ocorrer”,<br />

fazendo referência às ameaças que,<br />

<strong>de</strong> tempos em tempos, surgem no<br />

Sistema S. Ele lembra que a discussão<br />

sobre o Mapa teve início em<br />

sua primeira gestão e que os trabalhos<br />

vêm ocorrendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008,<br />

com intensa participação. “Queremos<br />

com isso <strong>de</strong>ixar para o futuro<br />

uma entida<strong>de</strong> profissionalizada<br />

para que seu <strong>de</strong>stino se cumpra,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> quem esteja à sua<br />

frente”, sublinha Roberto Macêdo.<br />

Segundo o presi<strong>de</strong>nte da FIEC, a CNI <strong>de</strong>u o<br />

primeiro passo ao estruturar seu Mapa Estratégico,<br />

provocando a responsabilida<strong>de</strong> das fe<strong>de</strong>rações.<br />

“A iniciativa da representação nacional da<br />

indústria <strong>de</strong>ve ser vista como fundamental por<br />

todas as fe<strong>de</strong>rações por abrir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

promover o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável do país<br />

nas áreas <strong>de</strong> educação, capacitação técnico-profissional,<br />

inovação tecnológica, saú<strong>de</strong>, cultura,<br />

lazer e esporte”, ressalta Roberto Macêdo, acrescentando<br />

que, durante o processo <strong>de</strong> discussão da<br />

construção do Mapa, levou-se em consi<strong>de</strong>ração<br />

o conjunto <strong>de</strong> todas as Casas visando contribuir<br />

para a consolidação do Sistema Indústria.<br />

O processo <strong>de</strong> discussão do planejamento<br />

estratégico do Sistema FIEC é coor<strong>de</strong>nado pela<br />

Personal Consultoria, com o apoio <strong>de</strong> técnicos da<br />

instituição por meio <strong>de</strong> um comitê representado<br />

por todas as Casas. Des<strong>de</strong> o início, a metodologia<br />

se dá <strong>de</strong> forma participativa e com enfoque<br />

sistêmico, contemplando sindicatos, fe<strong>de</strong>ração e<br />

suas entida<strong>de</strong>s, em consonância com as orientações<br />

estratégicas da CNI. A partir das discussões<br />

em grupo foram <strong>de</strong>talhados os mapas estratégicos<br />

do Sistema FIEC e da própria FIEC individualmente,<br />

sendo pormenorizadas as diretrizes<br />

<strong>de</strong> orientação para a construção dos resultados<br />

a serem alcançados. Em 26 <strong>de</strong> novembro do ano<br />

passado, três dias antes da reunião do Conselho<br />

<strong>de</strong> Representantes, foi realizado um workshop<br />

<strong>de</strong> compartilhamento dos mapas estratégicos do<br />

Sistema FIEC e da FIEC para os últimos ajustes<br />

antes da aprovação final, com a participação <strong>de</strong><br />

membros da diretoria plena, presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> sindicatos<br />

e gestores das entida<strong>de</strong>s e unida<strong>de</strong>s.<br />

Sustentabilida<strong>de</strong><br />

- Ampliar e diversificar receitas e fontes <strong>de</strong> recursos financeiros.<br />

Representativida<strong>de</strong><br />

- Fortalecer a representativida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> interesses e o sindicalismo patronal.<br />

Negócio<br />

- Promover a elevação da competitivida<strong>de</strong> das indústrias, com sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

Impacto social<br />

- Contribuir para a inserção profissional e o bem-estar do público-alvo do<br />

Sistema FIEC.<br />

Focos <strong>de</strong> atuação<br />

- Ampliar a atuação na saú<strong>de</strong> e segurança com foco na indústria, trabalhadores<br />

e seus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />

- Sensibilizar o industrial para a prática da gestão socialmente responsável.<br />

- Promover a adoção <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> vida saudável pelo trabalhador<br />

da indústria.<br />

- Ampliar a oferta <strong>de</strong> educação básica, empresarial, profissional e tecnológica.<br />

- Intensificar ações voltadas ao empreen<strong>de</strong>dorismo, soluções<br />

tecnológicas e a inovação.<br />

- Desenvolver estudos e pesquisas socioeconômicas e <strong>de</strong> mercado.<br />

MAPA ESTRATégICo Do SISTEMA FIEC<br />

- Apoiar as empresas no acesso ao crédito, articulação <strong>de</strong> investimentos,<br />

negócios e fomento às ca<strong>de</strong>ias produtivas.<br />

Transparência<br />

- Assegurar transparência nas ações e nos relacionamentos com<br />

os sindicatos.<br />

Foco no cliente<br />

- Assegurar a interiorização do Sistema FIEC.<br />

- Atuar <strong>de</strong> acordo com as <strong>de</strong>mandas da indústria e relacionar-se próativamente<br />

com os sindicatos.<br />

Excelência na gestão<br />

- Alto <strong>de</strong>sempenho.<br />

- Captar e reter competências no Sistema FIEC.<br />

Cultura sistêmica<br />

- Fortalecer a cultura sistêmica.<br />

Tecnologia e infraestrutura<br />

- Assegurar a integração das informações, da comunicação e a utilização <strong>de</strong><br />

tecnologias a<strong>de</strong>quadas e atualizadas.<br />

- Promover o contínuo aperfeiçoamento da infraestrutura física e tecnologia.


História<br />

Ouro negro<br />

Trazido para o Ceará no ano <strong>de</strong> 1745, o café<br />

se adaptou bem às regiões serranas e em<br />

pouco mais <strong>de</strong> cem anos chegou a ser o<br />

primeiro produto da pauta <strong>de</strong> exportação<br />

Por Gevan Oliveira<br />

Diz a lenda que as cabras <strong>de</strong> um certo<br />

pastor <strong>de</strong> nome Kaldi, morador da<br />

antiga Abissínia, hoje Etiópia, ficavam<br />

alegres e saltitantes sempre que se alimentavam<br />

<strong>de</strong> uma frutinha <strong>de</strong> coloração amarelo-<br />

-avermelhada. Curioso e esperto, Kaldi passou<br />

a perceber – isso por volta do ano 850 d.C<br />

– que o consumo da tal frutinha era fonte <strong>de</strong><br />

motivação e ajudava seu rebanho a percorrer<br />

longas distâncias com mais vigor. Passou, a<br />

partir daí, a estimular seu uso contínuo.<br />

Ainda segundo a tradição, o pastor teria<br />

comentado sobre o comportamento dos<br />

animais a um monge da região, que <strong>de</strong>cidiu<br />

experimentar o fruto em seu monastério. Ele<br />

começou a utilizá-lo na forma <strong>de</strong> infusão.<br />

Percebeu que a bebida o ajudava a resistir ao<br />

sono enquanto praticava os longos rituais <strong>de</strong><br />

leitura e orações. Essa <strong>de</strong>scoberta reverberou<br />

rapidamente entre os monastérios, criando<br />

uma <strong>de</strong>manda pela bebida. Para muitos,<br />

trata-se <strong>de</strong> uma história verídica porque há<br />

evidências mostrando que o café foi cultivado<br />

pela primeira vez em monastérios no Yêmen<br />

(região da Etiópia).<br />

Documentado está que a planta foi levada<br />

da província <strong>de</strong> Kaffa (daí a origem do nome<br />

café), na Etiópia, para a Arábia. Na cida<strong>de</strong> santa<br />

dos muçulmanos, Meca, no início do século<br />

16, o café já era bastante consumido, mas logo<br />

foi con<strong>de</strong>nado (e proibido) pelas seitas mais<br />

ortodoxas do islamismo, sob a alegação <strong>de</strong><br />

contrariar o Alcorão. Em 1526, a proibição foi<br />

abolida e tanto a agricultura como o comércio<br />

do café se <strong>de</strong>senvolveram em toda a península<br />

arábica, até chegar à Turquia.<br />

Nesse período, o café já era chamado <strong>de</strong><br />

“ouro preto” e, em busca <strong>de</strong> manter o monopólio,<br />

foi criado, na Turquia, um costume que<br />

impedia a venda dos grãos para outros países e<br />

continentes. O fato retardou a entrada da planta<br />

na Europa por várias décadas. No velho continente,<br />

quem primeiro divulgou as proprieda<strong>de</strong>s<br />

do café foi o alemão Leonard Rauwolf, que<br />

teria conhecido a planta em suas viagens pelo<br />

Oriente em 1592. Existem registros mostrando<br />

que em Veneza, no fim do século 16, consumia-<br />

-se café. Já para o continente americano, a planta<br />

parece ter sido levada em 1607 pelo capitão<br />

John Smith, fundador da Virgínia.<br />

No caminho para chegar ao Novo Mundo,<br />

inclusive no Brasil, o café teria contado com a<br />

ajuda do capitão francês Gabriel-Mathieu <strong>de</strong><br />

Clieu, responsável pela introdução da planta<br />

na Martinica (região francesa no Caribe), entre<br />

1720 e 1723. Da Holanda, mudas foram enviadas,<br />

em 1718, para o Suriname (país localizado<br />

no nor<strong>de</strong>ste da América do Sul), <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

as sementes foram levadas, em 1722, para a<br />

Guiana (<strong>de</strong>partamento ultramarino francês,<br />

também localizado na América do Sul); daí,<br />

por meio <strong>de</strong> Francisco Melo Palheta, chegaram<br />

as primeiras sementes e mudas ao Brasil,<br />

em 1727, na região do Pará.<br />

Brasil<br />

Ocafé se <strong>de</strong>u muito bem no Pará e,<br />

em 1731, já era plantado em vários<br />

locais próximos <strong>de</strong> Belém. A primeira<br />

exportação veio logo em seguida, em 1732 –<br />

sete libras <strong>de</strong> café –, pelo barco Santa Maria<br />

e, em 1734, a exportação já alcançava<br />

3 000 arrobas. Em 1735, a Câmara<br />

Municipal <strong>de</strong> Belém solicitou ao Reino <strong>de</strong><br />

Portugal uma medida bem conhecida nos<br />

tempos atuais: leis protecionistas. Isso porque<br />

o preço pago em Portugal era insuficiente para<br />

manter o plantio, provocando o abandono <strong>de</strong><br />

muitos plantadores.<br />

O café chega ao Ceará por volta do ano<br />

1745. O contexto histórico era <strong>de</strong> seca no<br />

sertão, inviabilizando as culturas tradicionais,<br />

como o algodão, até então o principal<br />

produto exportado. O capitão-mor <strong>de</strong> Sobral,<br />

José <strong>de</strong> Xerez Furna Uchoa, é consi<strong>de</strong>rado<br />

o primeiro a trazer mudas para o estado,<br />

obtidas diretamente do Jardim das Plantas<br />

<strong>de</strong> Paris. Dessas, apenas uma vingou e <strong>de</strong>u<br />

origem aos cafezais alencarinos. Segundo o<br />

empresário e escritor Cândido Couto Filho, no<br />

livro Ciclos Econômico do Ceará, “a indústria<br />

cafeeira surge nas regiões menos afetadas<br />

pelas secas – as úmidas serranas – como um<br />

projeto viável, assim como as indústrias <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scaroçamento <strong>de</strong> algodão, beneficiamento<br />

<strong>de</strong> couro, óleos e velas”.<br />

Regiões <strong>de</strong> plantação<br />

<strong>de</strong> café no mundo.<br />

A indústria<br />

cafeeira surge<br />

nas regiões menos<br />

afetada pelas secas –<br />

as úmidas serranas.<br />

Cândido Couto Filho,<br />

empresário e escritor<br />

““<br />

32 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 33<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


“ “<br />

Em 1845,<br />

e em anos<br />

subsequentes, o café<br />

cearense levado à<br />

Antuérpia (Bélgica)<br />

foi classificado entre<br />

as melhores espécies <strong>de</strong><br />

café Bourbon, Java e<br />

Ceilão do mundo.<br />

nicolau Moreira,<br />

na publicação Breves, <strong>de</strong> 1873<br />

Praga popularmente conhecida como<br />

broca do café, que comprometeu as<br />

safras <strong>de</strong> 1954 e 1955<br />

A muda (que vingou) trazida por Uchoa foi<br />

plantada no sítio Santa Úrsula, na serra <strong>de</strong><br />

Meruoca, em 1747. De lá, sementes foram levadas<br />

para a Serra Gran<strong>de</strong>. A outra região serrana<br />

a receber o ouro preto foi a do Araripe, cujas<br />

primeiras mudas vieram <strong>de</strong> Pernambuco, em 1822.<br />

Cândido Couto conta que o processo introdutório<br />

do café no Ceará suce<strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> forma artesanal<br />

e <strong>de</strong>spretensiosa, muitas vezes apenas como uma<br />

troca <strong>de</strong> presentes entre amigos.<br />

“Algumas sementes oriundas do Araripe foram<br />

doadas ao capitão Antônio Pereira <strong>de</strong> Queirós,<br />

que as semeou no sítio Mungaípe, em Baturité.<br />

Desses cafeeiros, Domingos da Costa e Silva colheu<br />

sementes e as levou para a serra da Aratanha, no<br />

sítio Serrinha, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> seu irmão João da Costa<br />

e Silva, em 1826, mudou alguns pés para a sua<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nome Imboaçu”, <strong>de</strong>screve Cândido<br />

Couto, mostrando o modo inusitado <strong>de</strong> como o café<br />

se espalhou no estado.<br />

Para o escritor, é à família Albano, em especial a<br />

José Antônio da Costa e Silva, pai do poeta Juvenal<br />

Galeno, que o <strong>de</strong>senvolvimento do cultivo do café<br />

no Araripe <strong>de</strong>ve reconhecimento. Da mesma forma,<br />

Filipe Castelo Branco, que em 1824 trouxe mudas<br />

e sementes do Pará, e as plantou no sítio “Bagaço”,<br />

é o responsável pela <strong>expansão</strong> da planta em<br />

Guaramiranga, que anos mais tar<strong>de</strong> se tornaria um<br />

dos principais produtores do fruto no Ceará.<br />

Somente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cem anos <strong>de</strong> sua chegada,<br />

a partir <strong>de</strong> 1846, é que o café entra na lista das<br />

exportações da província. Registros do historiador<br />

Barão <strong>de</strong> Studart dão conta que das safras <strong>de</strong><br />

1846 e 1857 foram exportados pelo porto <strong>de</strong><br />

Fortaleza 9 795 quilos. Nos dois anos seguintes,<br />

as exportações subiram para 113 635 quilos. É<br />

fato que a qualida<strong>de</strong> do café cearense era boa,<br />

consi<strong>de</strong>rada melhor que a do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

diferencial responsável pelo incremento da<br />

produção e comércio local.<br />

Na publicação Breves consi<strong>de</strong>rações sobre<br />

a história e cultura do cafeeiro, publicada no<br />

ano <strong>de</strong> 1873, Nicolau Moreira afirma que em<br />

1845, e em anos subsequentes, o café cearense<br />

levado à Antuérpia (Bélgica) foi classificado<br />

entre as melhores espécies <strong>de</strong> café Bourbon,<br />

Java e Ceilão do mundo, fato que se repetia em<br />

diversos países europeus.<br />

Nos tempos áureos, as exportações <strong>de</strong> café<br />

superaram em valor as do algodão exatamente nos<br />

anos <strong>de</strong> 1860, 1861, 1864, 1865, 1877 e 1878.<br />

A partir <strong>de</strong> 1890, os dois gêneros mantiveram<br />

mais ou menos o mesmo volume <strong>de</strong> exportações.<br />

Somente após 1898, o algodão recuperou seu<br />

status <strong>de</strong> principal produto <strong>de</strong> exportação. No<br />

Ceará, essa cultura continuou rentável até o ano <strong>de</strong><br />

1922, quando uma série <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong>sfavoráveis<br />

eclodiu <strong>de</strong>ntro e fora do país. Entre os gargalos,<br />

a superprodução no estado <strong>de</strong> São Paulo e uma<br />

crise econômica nos Estados Unidos da América<br />

(EUA), então maior mercado importador <strong>de</strong> café.<br />

A consequência foi um <strong>de</strong>créscimo acentuado<br />

na procura do produto e no preço, com graves<br />

prejuízos para a economia brasileira, refletindo<br />

negativamente na cafeicultura cearense.<br />

Antes do final da década <strong>de</strong> 1920, no entanto,<br />

houve recuperação dos preços e consequente<br />

estabilização do mercado cafeeiro. Com isso, o<br />

governo brasileiro incentivou a ampliação dos<br />

plantios por meio <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> subsídios.<br />

Com as medidas, o problema passou a ser outro:<br />

o da superprodução, especialmente no período<br />

<strong>de</strong> 1929 a 1934. Aliado a este novo percalço, o<br />

aumento da concorrência internacional contribuiu<br />

para baixar o preço do produto. O governo interveio<br />

novamente, <strong>de</strong>struindo 34 milhões <strong>de</strong> sacas<br />

<strong>de</strong> café, reduzindo o estoque nacional para 20<br />

milhões. Essa política <strong>de</strong> incentivo e <strong>de</strong>struição <strong>de</strong><br />

estoque perdurou até o início da década <strong>de</strong> 1950.<br />

No Ceará, a cafeicultura no final <strong>de</strong> 1950 e<br />

início dos anos 1960 teve <strong>de</strong> enfrentar dois graves<br />

problemas: a praga popularmente conhecida<br />

como broca do café (Hypothenemu Hampei<br />

Ferrari), que comprometeu as safras <strong>de</strong> 1954 e<br />

1955; e o efeito das políticas governamentais,<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m institucional e financeira, que <strong>de</strong>veriam<br />

beneficiar os cafezais <strong>de</strong> todo o país, mas que só<br />

foram úteis em nosso estado em 1966, quando<br />

o Instituto Brasileiro do Café (IBC), órgão criado<br />

para fixar o preço e ajudar os produtores, passou<br />

a adquirir os grãos das fazendas locais, como<br />

forma <strong>de</strong> incentivo à produção.<br />

A partir <strong>de</strong> 1970, as geadas e a praga<br />

da “ferrugem” nos cafezais do Sul/Su<strong>de</strong>ste<br />

ocasionaram a redução do parque cafeeiro<br />

nacional, ameaçando não somente o<br />

cumprimento dos compromissos internacionais<br />

como também o abastecimento interno.<br />

Esses fatos provocaram uma mudança na<br />

política cafeeira do governo fe<strong>de</strong>ral, com o IBC<br />

incentivando a <strong>expansão</strong> da cultura em outros<br />

estados não tradicionais, especialmente no<br />

Nor<strong>de</strong>ste, na Bahia, Pernambuco e Ceará.<br />

Segundo Cândido Couto, o incremento<br />

no Ceará ganhou ainda mais impulso com a<br />

introdução <strong>de</strong> máquinas importadas, movidas a<br />

vapor, roda <strong>de</strong> água ou a eletricida<strong>de</strong>. “Vestindo<br />

as faldas da serra <strong>de</strong> Baturité – especialmente<br />

os municípios <strong>de</strong> Guaramiranga, Pacoti e Baturité<br />

–, multiplicaram-se os cafezais, transformando a<br />

região no maior centro <strong>de</strong> produção no Ceará.”<br />

Também na década <strong>de</strong> 1970 cresceram os<br />

cafezais na Serra da Ibiapaba, nos municípios <strong>de</strong><br />

Ibiapina, São Benedito, Tianguá, Ubajara, Viçosa e<br />

Ipu. No Cariri, tiveram <strong>de</strong>staque os produtores <strong>de</strong><br />

Missão Velha, Brejo Santo, Crato e Caririaçu. Serra<br />

<strong>de</strong> Maranguape, Meruoca e Uruburetama também<br />

viveram seus tempos áureos.<br />

Tempos áureos<br />

No início do século 19, Baturité, a cerca<br />

<strong>de</strong> cem quilômetros <strong>de</strong> Fortaleza,<br />

teve na cultura do café sua principal<br />

ativida<strong>de</strong> econômica. Na época, o município<br />

se tornou um importante produtor nacional,<br />

chegando a <strong>de</strong>ter 2% <strong>de</strong> toda a produção<br />

brasileira e figurou entre aqueles mais<br />

prósperos do estado. Há registros <strong>de</strong> que o<br />

café baturiteense era um dos mais apreciados<br />

nas cafeterias francesas.<br />

A importância <strong>de</strong>ssa economia era tanta<br />

que, para escoar a safra, foi construída a<br />

primeira ferrovia no estado – a Companhia<br />

Cearense da Via Férrea <strong>de</strong> Baturité –,<br />

interligando Baturité à capital. Entre os muitos<br />

fatos emblemáticos que mostram a opulência<br />

do período está a criação <strong>de</strong> uma moeda<br />

própria para organizar o comércio. De bronze e<br />

cunhada em Portugal, em 1895, por or<strong>de</strong>m do<br />

proprietário do Sítio Bom Sucesso, fazen<strong>de</strong>iro<br />

Luiz Manoel José d’Oliveira Figueiredo, a<br />

moeda tinha lastro no café e funcionava como<br />

promissória. Seus valores correspondiam a um<br />

alqueire (128 litros), uma quarta (32 litros)<br />

O processo <strong>de</strong> moagem<br />

evoluiu bastante<br />

34 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 35<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


“ “<br />

Quem<br />

procurava o<br />

Manoel para pilar<br />

café entrava na fila<br />

da pilagem, <strong>de</strong>ixava o<br />

café no Bom Sucesso e<br />

levava as moedas.<br />

“<br />

Francisco Luiz,<br />

no livro As Moedas da Fazenda<br />

Bom Sucesso<br />

O café produzido no Maciço <strong>de</strong><br />

Baturité reergue-se graças ao<br />

esforço <strong>de</strong> alguns produtores<br />

e uma terça (oito litros). “Quem procurava<br />

o Manoel para pilar café entrava na fila da<br />

pilagem, <strong>de</strong>ixava o café no Bom Sucesso e<br />

levava as moedas”, <strong>de</strong>screve Francisco Luiz,<br />

neto do velho Manoel Figueiredo, no livro As<br />

Moedas da Fazenda Bom Sucesso.<br />

A moeda circulou por todo o maciço e chegou<br />

a várias regiões do sertão, como Quixadá. Era<br />

popularmente conhecida como “borós” e também<br />

servia para pagamento <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra nas<br />

gran<strong>de</strong>s fazendas. A i<strong>de</strong>ia era avançada, mas<br />

as crises da época fizeram com que Manoel<br />

abandonasse a inovação em poucos anos.<br />

Fracassado e tendo que honrar suas dívidas em<br />

dinheiro, suicidou-se em sua fazenda logo que<br />

conseguiu pagar a todos os seus credores.<br />

Mas a morte <strong>de</strong> seu Manoel não está<br />

associada à crise do café, segundo Francisco<br />

Luiz. O fracasso do seu avô teve origem numa<br />

economia quase <strong>de</strong>sconhecida da população<br />

local: a borracha da maniçoba, árvore nativa que<br />

produz látex idêntico às seringueiras da Amazônia.<br />

Por estar no auge do consumo internacional, a<br />

espécie trouxe riqueza rápida para os fazen<strong>de</strong>iros<br />

que usavam o dinheiro do café para multiplicar os<br />

lucros da borracha. “Nos roçados abandonados,<br />

on<strong>de</strong> morria o café, a maniçoba nascia em<br />

abundância, e assim a serra conheceu um ‘ciclo<br />

da borracha’ <strong>de</strong>sconhecido <strong>de</strong> muitos nos dias <strong>de</strong><br />

hoje”, relata Francisco Luiz.<br />

Tal ativida<strong>de</strong>, no entanto, teve vida curta.<br />

A crise internacional da borracha ensejou<br />

dificulda<strong>de</strong>s financeiras nas pessoas envolvidas<br />

com sua extração. Muitas <strong>de</strong>las, então, passaram<br />

a procurar Manoel Figueiredo. “Corriam boatos <strong>de</strong><br />

sua fraqueza financeira e iam a ele para trocar<br />

as moedas por café. Infelizmente, já não havia<br />

café suficiente nos armazéns da Fazenda Bom<br />

Sucesso para lastrear as moedas”. Antes <strong>de</strong><br />

morrer, porém, explica Luiz, “ele toma uma grave<br />

<strong>de</strong>cisão: ven<strong>de</strong>r terras para se capitalizar, saldar<br />

suas dívidas e honrar e reaver as moedas que<br />

tinham seu nome”. Essa é verda<strong>de</strong>ira história do<br />

homem que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado o precursor do<br />

dinheiro social no país.<br />

De forma geral, em todo o estado, a crise <strong>de</strong><br />

1929, os <strong>de</strong>smandos político-administrativos<br />

do governo fe<strong>de</strong>ral e a inevitável <strong>de</strong>gradação<br />

dos solos são apontados como causa da quase<br />

extinção <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> no Ceará.<br />

À sombra dos ingás<br />

Atualmente, o café produzido no Maciço<br />

<strong>de</strong> Baturité está se reerguendo graças à<br />

persistência <strong>de</strong> alguns agricultores que<br />

<strong>de</strong>scumpriram as or<strong>de</strong>ns do IBC, <strong>de</strong>terminando,<br />

na década <strong>de</strong> 1970, a <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras<br />

nobres para o plantio do fruto (período em que<br />

os cafezais do Sul e Su<strong>de</strong>ste foram atingidos<br />

por geadas e pragas) e mantiveram o plantio<br />

sombreado – técnica que protege o café da<br />

exposição direta ao sol (modo convencional) e<br />

não usa agrotóxico.<br />

Entre essa “gente teimosa” estão os irmãos<br />

Gerardo Queiroz Farias e Alfredo Farias Filho (com<br />

85 e 102 anos, mas em plena forma e ativida<strong>de</strong>),<br />

cuja família há mais <strong>de</strong> um século mantem no<br />

município <strong>de</strong> Mulungu a tradição <strong>de</strong> cultivar café<br />

sob a sombra <strong>de</strong> ingazeiras – árvore típica <strong>de</strong><br />

Mata Atlântica. Remanescente da época <strong>de</strong> ouro,<br />

Gerardo Farias pô<strong>de</strong> sentir novamente, há 13<br />

anos, o doce sabor <strong>de</strong> ter seu produto apreciado<br />

por especialistas europeus. É que parte da sua<br />

produção artesanal foi parar nas xícaras <strong>de</strong><br />

famílias suecas, apreciadoras do café ecológico.<br />

“Na época, ganhamos até um selo ver<strong>de</strong> da<br />

empresa sueca Arvid Nordquist”, relembra<br />

Gerardo Farias, que atualmente cultiva mais <strong>de</strong> 30<br />

hectares <strong>de</strong> café sob a floresta.<br />

O cultivo sombreado, que há mais <strong>de</strong> 150<br />

anos faz parte da cultura <strong>de</strong> parte dos agricultores<br />

do Maciço <strong>de</strong> Baturité, ganhou força em 2009<br />

com a implantação <strong>de</strong> uma mini-indústria <strong>de</strong><br />

torrefação <strong>de</strong> café ecológico. A instalação da<br />

fábrica, que funciona em regime <strong>de</strong> cooperativa,<br />

faz parte <strong>de</strong> um projeto implantado há 15 anos<br />

e visa recuperar a lavoura cafeeira na região. A<br />

iniciativa é gerida pela Associação dos Produtores<br />

Ecológicos do Maciço <strong>de</strong> Baturité (Apemb), em<br />

parceria com o Centro <strong>de</strong> Educação Popular<br />

em Defesa do Meio Ambiente (Cepema). Hoje,<br />

beneficia mais <strong>de</strong> cem agricultores <strong>de</strong> sete<br />

municípios do maciço, entre eles Re<strong>de</strong>nção,<br />

Guaramiranga e Mulungu (se<strong>de</strong> da mini-indústria)<br />

O empreendimento tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

torrar cerca <strong>de</strong> 20 toneladas <strong>de</strong> café por mês,<br />

quantida<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong> à <strong>de</strong>manda da população<br />

No Ceará, a cultura do<br />

café foi rentável até o<br />

ano <strong>de</strong> 1922<br />

local. Segundo o presi<strong>de</strong>nte do Conselho Diretor<br />

do Cepema, Danilo Galvão Peixoto Filho, o projeto<br />

preten<strong>de</strong> ampliar as vendas para o mercado<br />

nacional e até internacional. A i<strong>de</strong>ia é que a<br />

pequena empresa volte a escoar os produtos<br />

para o exterior, como ocorreu nos anos <strong>de</strong> 1996<br />

e 1997, quando a cooperativa exportou parte<br />

<strong>de</strong> seus produtos para a Suécia (oportunida<strong>de</strong><br />

aproveitada pelos irmãos Farias). “Dessa vez,<br />

o café ecológico não será mais enviado em<br />

grão natural, mas sairá torrado, empacotado e<br />

carregando o selo internacional <strong>de</strong> “Fair Tra<strong>de</strong>”,<br />

que, além <strong>de</strong> garantir a qualida<strong>de</strong> do produto,<br />

comprova sua inserção na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comércio<br />

justo”, explica Danilo Galvão. Dá até vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tomar um (bom) cafezinho!<br />

Segundo do Nor<strong>de</strong>ste<br />

O café<br />

ecológico<br />

sairá com o selo<br />

internacional <strong>de</strong> “Fair<br />

Tra<strong>de</strong>”, que, além <strong>de</strong><br />

garantir a qualida<strong>de</strong><br />

do produto, comprova<br />

sua inserção na re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> comércio justo.<br />

“<br />

Danilo Galvão<br />

Apesar <strong>de</strong> praticamente importar quase todo o café que consome, o beneficiamento<br />

do produto movimenta no Ceará em torno <strong>de</strong> R$ 15 milhões por mês, gerando 1 500<br />

empregos diretos e cerca <strong>de</strong> 6 000 indiretos. Segundo presi<strong>de</strong>nte do Sindicato das<br />

Indústrias <strong>de</strong> Torrefação e Moagem <strong>de</strong> Café do Estado do Ceará (Sindcafé), Jocely Dantas<br />

<strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Filho, a produção mensal da indústria local gira em torno <strong>de</strong> 50 000 sacas,<br />

que correspon<strong>de</strong> a 3 000 toneladas. Os números colocam o estado na posição <strong>de</strong> segundo<br />

torrefador do Nor<strong>de</strong>ste e quinto do país.<br />

A matéria-prima beneficiada pelas torrefações cearenses é originária dos estados <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais, Bahia e Espírito Santo. Meta<strong>de</strong> da produção cearense <strong>de</strong> café torrado e moído abastece<br />

80% do mercado interno. Os outros 50% são exportados para estados do Norte e Nor<strong>de</strong>ste. A<br />

indústria <strong>de</strong> café do Ceará <strong>de</strong>tém 5% do mercado nacional.<br />

O CAFÉ NO CEARÁ<br />

O beneficiamento do<br />

café movimenta no<br />

Ceará em torno <strong>de</strong><br />

R$ 15 milhões por mês,<br />

gerando<br />

1 500 empregos diretos<br />

e cerca <strong>de</strong><br />

6 000 indiretos.<br />

Os números colocam o<br />

estado na posição <strong>de</strong><br />

segundo torrefador do<br />

Nor<strong>de</strong>ste e quinto do país.<br />

36 | RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011<br />

Janeiro <strong>de</strong> 2011 37<br />

| RevistadaFIEC 60 anos |


Inovaçoes<br />

XARoPE DE ChoColATE<br />

Em <strong>de</strong>zembro passado,<br />

cientistas britânicos <strong>de</strong>ram<br />

ao mundo uma notícia que<br />

vai agradar aos doentes... por<br />

chocolate. Eles anunciaram que<br />

em dois anos <strong>de</strong>verá chegar<br />

ao mercado um remédio para<br />

tosse persistente à base do<br />

alimento dos <strong>de</strong>uses. O remédio,<br />

que contém teobromina – um<br />

ingrediente encontrado no cacau<br />

e no chocolate –, está em fase<br />

final <strong>de</strong> testes. Os cientistas<br />

acreditam que a substância<br />

seja um terço mais eficiente<br />

nessa tarefa do que a co<strong>de</strong>ína,<br />

a droga mais usada hoje para<br />

combater a tosse. Além disso,<br />

a teobromina causaria menos<br />

efeitos colaterais do que os<br />

tratamentos convencionais. A<br />

pesquisa foi publicada na revista<br />

da Fe<strong>de</strong>ração das Socieda<strong>de</strong>s<br />

Americanas para Biologia<br />

Experimental. Dez voluntários<br />

em bom estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

participaram, tomando doses<br />

<strong>de</strong> teobromina, <strong>de</strong> um placebo<br />

ou <strong>de</strong> co<strong>de</strong>ína, alternadamente.<br />

Em seguida, foram expostos<br />

a doses <strong>de</strong> capsaicina, uma<br />

substância que provoca tosse.<br />

As pessoas que tomaram a<br />

teobromina tiveram <strong>de</strong> receber<br />

uma dose cerca <strong>de</strong> 33% maior<br />

<strong>de</strong> capsaicina do que as que<br />

tomaram o placebo para terem<br />

ataques <strong>de</strong> tosse. As que<br />

tomaram co<strong>de</strong>ína tiveram <strong>de</strong><br />

tomar doses maiores do que as<br />

que haviam ingerido o placebo. A<br />

tosse é consi<strong>de</strong>rada persistente<br />

quando dura mais do que duas<br />

semanas. O difícil vai ser parar<br />

<strong>de</strong> tomar o remédio <strong>de</strong>pois que<br />

a tosse for embora.<br />

&Descobertas<br />

Pesquisas realizadas no Departamento <strong>de</strong><br />

Arquitetura e Urbanismo da Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong><br />

São Carlos (EESC), da USP, estão testando a eficácia<br />

do papelão na construção civil. A intenção é mostrar<br />

que ele po<strong>de</strong> ser usado em construções <strong>de</strong> apoio<br />

nos canteiros <strong>de</strong> obras, pequenos <strong>de</strong>pósitos e outros<br />

“puxadinhos”. Para tanto, os pesquisadores construíram<br />

uma célula-teste, em formato <strong>de</strong> um cubo medindo<br />

cerca <strong>de</strong> 3x3x3 metros, equivalente a um volume <strong>de</strong><br />

27 metros cúbicos. De acordo com a pesquisadora<br />

Gerusa Salado, os estudos com o papelão já vêm<br />

sendo <strong>de</strong>senvolvidos no Japão, mas no Brasil é inédito.<br />

A estrutura, segundo ela, resiste até cinco toneladas.<br />

Utilizando uma resina impermeabilizante, a mesma<br />

estrutura suportou até seis toneladas. Essa mesma<br />

resina também torna o material resistente às chuvas<br />

e à umida<strong>de</strong>. “Nossa construção experimental tem<br />

resistido a todas as fortes chuvas <strong>de</strong>sses últimos<br />

Toda mulher adulta já ouviu a recomendação<br />

médica <strong>de</strong> que calcinhas <strong>de</strong> algodão são as mais<br />

indicadas a fim <strong>de</strong> evitar o surgimento <strong>de</strong> fungos.<br />

Para averiguar cientificamente tal afirmativa, uma<br />

aluna do curso <strong>de</strong> Engenharia Têxtil do Centro<br />

Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana)<br />

realizou um estudo que comparou a umida<strong>de</strong> em<br />

lingeries <strong>de</strong> poliamida e algodão. Os resultados<br />

contradizem os médicos. No estudo, Maria Carolina<br />

Garcia Peixoto, 23 anos, mostrou que as atuais<br />

malhas sintéticas <strong>de</strong> calcinhas não contribuem para<br />

o aumento da umida<strong>de</strong> e da temperatura local, ou<br />

seja, o ambiente não fica propício ao crescimento<br />

<strong>de</strong> fungos. Os ensaios foram realizados com cinco<br />

tipos <strong>de</strong> malha <strong>de</strong> lingerie, sendo duas usadas nos<br />

anos 1980 (poliamida com elastano em malha <strong>de</strong><br />

Esta é para agradar os que sonham com um<br />

mundo ecologicamente correto. A empresa chinesa<br />

Chinavision lançou no mercado um teclado e<br />

mouse que são feitos inteiramente <strong>de</strong> bambu. Os<br />

símbolos do teclado foram marcados a laser e,<br />

segundo a fabricante, usar os produtos aumenta a<br />

produtivida<strong>de</strong> – só não explicou como. Eles afirmam<br />

também que os equipamentos absorvem o suor do<br />

usuário. Ambos, teclado e mouse, conectam-se ao<br />

PC via porta USB e são compatíveis com Windows,<br />

Linux e Mac. A novida<strong>de</strong> custa cerca <strong>de</strong> US$ 33.<br />

CASA DE PAPElão<br />

CAlCInhAS DE lIngERIE<br />

TEClADo E MouSE DE bAMbu<br />

tempos”, diz a pesquisadora. Quanto ao fogo, o<br />

material ainda precisa ser avaliado em relação ao<br />

tempo que o papelão po<strong>de</strong> levar para ser incinerado<br />

e se o fogo po<strong>de</strong> se extinguir sozinho. O intuito das<br />

pesquisas é que a estrutura possa ser utilizada para<br />

habitações ou não, além <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong> construção,<br />

a exemplo <strong>de</strong> edifícios, como uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

substituição <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> alvenaria.<br />

urdume e 100% algodão) e três atuais (poliamida<br />

microfibra texturizada com elastano em malha<br />

circular, malha <strong>de</strong> algodão com elastano e malha<br />

<strong>de</strong> ordume com poliamida microfibra). Ao final<br />

dos testes <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>, que<br />

incluem permeabilida<strong>de</strong> ao vapor <strong>de</strong> água, Carolina<br />

concluiu que a afirmação médica <strong>de</strong> que novos<br />

tipos <strong>de</strong> malhas são favoráveis para o aumento<br />

<strong>de</strong> fungos não é<br />

válida, já que as<br />

malhas atuais<br />

tiveram o mesmo<br />

<strong>de</strong>sempenho<br />

das malhas <strong>de</strong><br />

algodão usadas na<br />

década <strong>de</strong> 1980.


40<br />

| RevistadaFIEC 60 anos | Janeiro <strong>de</strong> 2011

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