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ECO, Umberto. Como se faz uma tese (livro - Sociologia e Política

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progresso da ciência, dos <strong>se</strong>us excessos saíram alg<strong>uma</strong>s desvantagens<br />

que <strong>se</strong> circunscrevem no empobrecimento da teorização geral<br />

e especial. Não há metodologia dc investigação como fim em si.<br />

divorciada da metodologia especial e geral.<br />

E com isto passamos naturalmente ao terceiro movimento da<br />

metodologia da investigação, que visa equilibrar os elementos subjectivos<br />

e objeciivos no processo da criação e da investigação cientificas.<br />

Autores como Asti Vera, Armando Zubizarreia e Ângelo<br />

Domingos Salvador* visam nas suas propostas teóricas reavaliar a<br />

estrutura e o processo da criação científica insialando-a no coração<br />

da criação cultural, a fim de, harmonizando a teoria com a prática,<br />

o estudo com a investigação, criarem os pressupostos do trabalho<br />

científico n<strong>uma</strong> concepção nova da formação universitária<br />

que deve processar-<strong>se</strong> como um todo contínuo e progressivo, pois<br />

"a estudar, a escrever ou a investigar só <strong>se</strong> aprende no exercício<br />

dessas tarefas» 6.<br />

Entre as séries de Textos em que <strong>se</strong> revelaram os três movimentos<br />

da metodologia da investigação, tomadas globalmente, há não só<br />

evolução, como mudança de terreno e preocupações novas. Twuxenws<br />

para primeiro plano os aspectos de mudança que constituem as linhas<br />

de força das actuais tendências. Todavia, agora, importa determo-<br />

-tios mais atentamente no último des<strong>se</strong>s movimentos, para lhe determinarmos<br />

a estrutura comum e as correntes particulares.<br />

Pode afirmar-<strong>se</strong> que a estrutura comum da actual metodologia<br />

da investigação as<strong>se</strong>nta em dois princípios gerais: o da unidade<br />

indissociável da metodologia da investigação com a metodologia<br />

geral e o da globalidade do processo de formação cientifica. Ambos<br />

os princípios as<strong>se</strong>ntam na revisão dos fundamentos da criação cientifica<br />

<strong>se</strong>gundo tuna óptica totalizante.<br />

O princípio da unidade da metodologia da investigação com a<br />

metodologia geral afirma a dependência tanto no ponto de partida<br />

como no ponto de chegada da investigação em relação à ciência,<br />

enquanto instância teórica, núcleo es<strong>se</strong>ncial que determina a conveniência<br />

dos actos daquela (descrição, classificação, etc.) às leis<br />

* Asti Vera. Metodologia de Io investigacióii, Madrid. cd. CinccL 1972: Armando<br />

F. Zuhi/arrcta G.. l-a aventura dei trabaio intelectual tcomo esrudiar y como invéstigarj,<br />

Bogotá, Fondo Educativo Imcramcricano. 1969 c Ângelo Domingos Salvador.<br />

Métodos e técnicas ãe. pesquisa bibliográfica. Elsboração e relatório de estudos<br />

científicos, 2.' ed.. Parlo Alegre, Liv. Sulina Ed., 1971.<br />

''Armando F. Zulii/arreta G.. op. cit., p. V7I.<br />

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do pensamento. Exprime a constante preocupação de definir a validade<br />

dos métodos de investigação, em relação aos pressupostos<br />

científicos especiais e gerais.<br />

O princípio da globalidade do processo da formação científica<br />

confirma a continuidade entre o método de ensino e o método da<br />

investigação, postulando <strong>uma</strong> formação acadêmica fa<strong>se</strong>ada lógico-<br />

-cronologlcamente, de forma a promover no estudante as indispensáveis<br />

competências investigativas.<br />

Sobre este <strong>se</strong>gundo princípio, assumido na sua forma concreta<br />

de relação da formação geral com a especialização, no <strong>se</strong>io da<br />

totalidade do ensino superior, <strong>se</strong> dividem as opiniões, podendo distinguir-<strong>se</strong><br />

duas posições particulares que <strong>se</strong> opõem, Para Armando<br />

Zubizarreta, deve <strong>se</strong>r privilegiada a formação geral, que abrange<br />

as formas tradicionais de estudo (exame, apontamentos), bem<br />

como as formas actuais mais diversificadas (resumo de <strong>livro</strong>s, re<strong>se</strong>nha<br />

crítica, comunicado científico, resumo de assuntos, ensaio) que<br />

implicam um trabalho pessoal, mas sob a óptica recapitulativa,<br />

deixando para <strong>se</strong>gundo plano a especialização, Este tipo de prioridade<br />

as<strong>se</strong>nta na concepção de formação universitária progressiva,<br />

em que <strong>se</strong>ndo a meta final o trabalho monográfico, não deixa<br />

de o mediatizar por metas mediaias. estando ele pre<strong>se</strong>nte em formas<br />

menos complexas desde o início até ao fim da formação. Ângelo<br />

Domingos Salvador, pelo contrário, privilegia a especialização<br />

reduzindo todas as formas mediatizadas do trabalho científico, atrás<br />

enunciadas, à dúpfice categoria de estudos recapitulativos e estudos<br />

originais, acumulando-as no final da formação geral e no decurso<br />

da especialização.<br />

Em resumo, ã evolução da metodologia da investigação impôs<br />

a unidade da formação geral com a especialização, a sínte<strong>se</strong> do<br />

saber estudar com o saber investigar, admitindo fórmulas de do<strong>se</strong>amento<br />

vário. Forjou, assim, um melo — o ensino universitário —<br />

apto a <strong>faz</strong>er progredir a ciência <strong>se</strong>m atraiçoar a con<strong>se</strong>rvação e a<br />

transmissão do saber.<br />

Criada esta ba<strong>se</strong> indispensável para o regular de<strong>se</strong>nvolvimento<br />

da ciência, vejamos então como <strong>se</strong> organiza a actual metodologia da<br />

investigação.<br />

A metodologia da investigação estrutura-<strong>se</strong> em dois momentos<br />

diferenciados e interdependentes. O primeiro é o da descoberta da<br />

verdade, que agrupa todos os actos intelectuais indispensáveis à<br />

formulação e resolução do problema estudado, enquanto o <strong>se</strong>gundo<br />

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