Não escrevam: O escritor irlandês renunciou à família, à pátria e a igreja e manteve-<strong>se</strong> fiel ao <strong>se</strong>u desígnio. Daí não <strong>se</strong> pode concluir que fos<strong>se</strong> ura escritor empenhado, embora haja quem tenha falado a <strong>se</strong>u respeito de tendências labianas e «socialistas». Quando deflagra a Segunda Guerra Mundial, cie tende a ignorar deltberadamente o drama que cortvulsiona a Hurojia e preocupa-<strong>se</strong> unicamente com a redaccão
Engels o Manifesto de 1848, utilizou um estilo jornalístico dc períodos curtos, muitíssimo eficaz e provocalório. Mas não é o estilo dc 0 Capital que <strong>se</strong> dirige aos economistas e políticos. Não venham dizer que a violência poética vos «brola de dentro» e que não podem submeter-<strong>se</strong> às exigências da simples e banal metalinguagem da crítica. Se são poetas, é preferível não <strong>se</strong> licenciarem. Montale não é licenciado e nào deixa por isso de <strong>se</strong>r um grande poeta. Gadda (licenciado em engenharia) escrevia como escrevia, tudo regionalismos e rupturas estilísticas, mas, quando teve de elaborar um decáloffo para quem escrevia notícias para a rádio, redigiu um saboroso, perspicaz e claro preceituário com <strong>uma</strong> prosa simples e compreensível para toda a gente. E quando Montale escreve um artigo crítico, fá-Io de modo que todos o entendam, mesmo aqueles que não enlendcm as suas poesias. Façam parágrafo com freqüência. Quando for necessário, quando a pausa do texto o exigir, mas quanto mais vezes melhor. Escrevam tudo o que vos passar pela cabeça, mas só no rascunho. Depois descobrir-<strong>se</strong>-á que a ênfa<strong>se</strong> nos dorninou e desviou do cerne do tema. Então elimina-<strong>se</strong> as partes parentéticas e as divagações. pondo-as em nota ou em apêndice (ver). À te<strong>se</strong> <strong>se</strong>rve para demonstrar <strong>uma</strong> hipóte<strong>se</strong> que <strong>se</strong> elaborou inicialmenle. c não para mostrar que <strong>se</strong> sabe tudo. Utilizem o orientador como cobaia. Façam p possível por que o orientador leia os primeiros capítulos (depois, progressivamente, tudo o resto) muito antes da entrega do trabalho. As suas reaceões podem <strong>se</strong>r de grande utilidade. Sc o orientador for <strong>uma</strong> pessoa muilo ocupada (ou preguiçosa), recorram a um amigo. Verifiquem <strong>se</strong> qualquer pessoa compreende o que escrevem. Nada de brincar ao gênio solitário. Não <strong>se</strong> obstinem em começar iu> primeiro capitulo. Provavelmente estarão mais preparados e documentados sobre o quarto capítulo. Devem começar por aí, com a de<strong>se</strong>nvoltura de quem já pôs em ordem os capítulos anteriores. Ganharão confiança. Evidentemente, devem ter um ponto a que <strong>se</strong> agarrar, e este é-lhes dado pelo índice como hipóte<strong>se</strong> que os guia desde o início (ver IV. 1.). Não u<strong>se</strong>m reticências ou pontos de exclamação, não expliquem as ironias. Pode falar-<strong>se</strong> <strong>uma</strong> linguagem absolutamente referencial ou <strong>uma</strong> linguagem figurada. Por linguagem referencial entendo <strong>uma</strong> linguagem em que todas as coisas são chamadas pelos <strong>se</strong>us nomes mais comuns, reconhecidos por toda a gente e que não <strong>se</strong> preslain 166 a equívocos. «O comboio Veneza-Milão» indica de modo referencial o que «A flecha da laguna» indica de modo figurado. Mas este exemplo mostra-nos que mesmo na comunicação «quotidiana» sc pode utilizar <strong>uma</strong> linguagem parcialmente figurada, üm ensaio crítico ou um lexto científico deveriam <strong>se</strong>r escritos em linguagem referencial (com todos os termos bem definidos e unívocos). mas também pode <strong>se</strong>r útil utilizar <strong>uma</strong> metáfora, <strong>uma</strong> ironia ou <strong>uma</strong> litotes. Eis um texto referencial <strong>se</strong>guido da sua transcrição cm lermos razoavelmenle figurados: Versão referencial — Krasnapolsky não é um intérprete muito perspicaz da obra de líanieli. A sua interpretação extrai do texto do autor coisas que este provavelmente não pretendia dÍ7.er. A propósito do verso «C ao crepúsculo fitar as nuvens», Rilz entende-o como <strong>uma</strong> anotação paisagística normal, enquanto Krasnapolsky vê aí <strong>uma</strong> expressão simbólica que alude à actividade poética. Não devemos confiar na agudeza crítica de Kit?, mas de igual modo devemos desconfiar de Krasnapolsky. Ililton ob<strong>se</strong>rva que «sc Ritz parece uni prospecto turístico, Krasnapolsky parece um <strong>se</strong>rmão da Quaresma». E acrescenta: «Verdadeiramente, dois críticos perfeitos.» Versão figurada — Não estamos convencidos de que Krasnapolsky <strong>se</strong>ja o mais perspicaz dos intérpretes de Danieli. Ao ler o <strong>se</strong>u aulor. dá a impressão de lhe forçar a mão. A propósito do verso «c ao crepúsculo fitar as nuvens»; Ritz entende-o como unia anotação paisagística normal, enquanto Krasnapolsky carrega na lecla do simbólico e vê aí <strong>uma</strong> alusão à actividade poética. Não c que Ritz <strong>se</strong>ja um prodígio de penetração crítica, mas Krasnapolsky também não é brilhante. <strong>Como</strong> ob<strong>se</strong>rva Hilton. <strong>se</strong> líii? parece um prospeclo turístico. Krasnapolsky parece um <strong>se</strong>rmão da Quaresma: dois modelos de perfeição crítica. Vimos que a versão figurada utiliza vários artifícios retóricos. Em primeiro lugar, a litotes: dizer que não <strong>se</strong> está convencido de que fulano <strong>se</strong>ja um intérprete perspicaz, quer dizer que <strong>se</strong> está convencido de que ele não é um intérprete perspicaz. Depois, há as metáforas; forçar a mão, carregar na tecla do simbólico. Ou ainda, dizer que Ritz. não c um prodígio de penetração significa que é um modesto intcrpreic ilhotes). A referência ao prospecto turístico e ao <strong>se</strong>rmão da quaresma são duas comparações, enquanto a ob<strong>se</strong>rvação de que os dois autores são críticos perfeitos é um exemplo de ironia: diz-<strong>se</strong> <strong>uma</strong> coisa para significar o <strong>se</strong>u contrário. Ora. as figuras de retórica ou <strong>se</strong> usam ou nào sc usam. Se <strong>se</strong> usam. é porque <strong>se</strong> presume que o nosso leitor está em condições de 167
- Page 1 and 2:
universidade hoje Na presente ob'á
- Page 3 and 4:
COMO SE FAZ UMA TESE EM CIÊNCIAS H
- Page 5 and 6:
KIÇHA TfiCNICA Título ortglml: Cn
- Page 7 and 8:
QUADRO 20 Corrta iransiiterar alfab
- Page 9 and 10:
progresso da ciência, dos seus exc
- Page 11 and 12:
Para realizar os objeciivos alrãs
- Page 13 and 14:
INTRODUÇÃO L Houve tempo cm que a
- Page 15 and 16:
uma situação semelhante á descri
- Page 17 and 18:
para se dedicar a longas investiga
- Page 19 and 20:
casos de leses drama li ca m cri le
- Page 21 and 22:
escolha seria discutível di-lo-emo
- Page 23 and 24:
ou mesmo dc outro anão. Depois lem
- Page 25 and 26:
3) os documentos dc iodos os tipos
- Page 27 and 28:
(ou lem bloqueios psicológicos: h
- Page 29 and 30:
sc (observados os requisitos expres
- Page 31 and 32:
e não o relato das suas experiênc
- Page 33 and 34: enquanto só uma única com caracte
- Page 35 and 36: — Analisar o modo como certas tra
- Page 37 and 38: espeita à literatura crítica, as
- Page 39 and 40: III. 1.2. Fontes de primeira e de s
- Page 41 and 42: Romano» na letra Q (a menos que se
- Page 43 and 44: Quando se encontrar um capítulo so
- Page 45 and 46: clopédia (onde existem critérios
- Page 47 and 48: O que me diz uma indicação deste
- Page 49 and 50: eme (para mais fácil acesso) pôr
- Page 51 and 52: geográfico nci testi medievali rus
- Page 53 and 54: 102 10. (Tradução: sc o título e
- Page 55 and 56: Milano. Mursia. 1972. Era praticame
- Page 57 and 58: eferência a outras análises do pe
- Page 59 and 60: preender quais são as dimensões d
- Page 61 and 62: Neste caso. porém, a única coisa
- Page 63 and 64: ÍTI.2.5. E os livros devem ler-se?
- Page 65 and 66: O mesmo se passa em relação à te
- Page 67 and 68: atura crítica a que nos lemos refe
- Page 69 and 70: num espaço em que haverá referên
- Page 71 and 72: CXT Vida como arte H Whistlcr "Habi
- Page 73 and 74: que se traia de um trecho muilo imp
- Page 75 and 76: Cluns, ll.lt. Pie Literarasthetifc
- Page 77 and 78: 150 > 4 5 - a — e t S 60 QUADRO 1
- Page 79 and 80: QUADRO 13 FICHA DE LEITURA T" , i ,
- Page 81 and 82: que não fui tão preciso quanto es
- Page 83: Assim, numa tese de filosofia, dece
- Page 87 and 88: necer todos os dados. Sc não no te
- Page 89 and 90: colher uma informação, dados esta
- Page 91 and 92: mula. O resultado de uma investiga
- Page 93 and 94: As pessoas estavam sempre alerta e
- Page 95 and 96: edição, com a página do volume c
- Page 97 and 98: dados de um livro (c dc muitos livr
- Page 99 and 100: citado logo no início do capítulo
- Page 101 and 102: Mas sc quiserem fazê-la mesmo com
- Page 103 and 104: VI. A REDACÇÃO DEFXKXTIVA VI.1. C
- Page 105 and 106: IV. 1.1. Parãp.rafos - Repete-se a
- Page 107 and 108: diferente do originei. A transliter
- Page 109 and 110: VI.1.6. Pontuação, acentos, abrev
- Page 111 and 112: vI,i.7. Alguns conselhos dispersos
- Page 113 and 114: 3ib1 iof.t.if Ia: os nomes eStao po
- Page 115 and 116: Ir
- Page 117 and 118: MODELOS DE ISDICE: SEGUNDO EXEMPLO
- Page 119 and 120: Devem viver a lese como um desafio.
- Page 121: Expressão GARCIA. Oihun Moaçyr. C