29.04.2013 Views

ECO, Umberto. Como se faz uma tese (livro - Sociologia e Política

ECO, Umberto. Como se faz uma tese (livro - Sociologia e Política

ECO, Umberto. Como se faz uma tese (livro - Sociologia e Política

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

num espaço em que haverá referências a Loucura no Universo, de<br />

Brown e A a Poria para o Verão, de Heinlein.<br />

Este procedimento, porém, pressupõe alg<strong>uma</strong>s coisas: (a) que <strong>se</strong><br />

tenha o <strong>livro</strong> em casa; (b) que <strong>se</strong> possa sublinhá-lo; (ç) que o plano<br />

de trabalho esteja já formulado de modo definitivo. Suponhamos<br />

que não <strong>se</strong> tem o <strong>livro</strong>, porque ú raro e só <strong>se</strong> encontra na biblioteca;<br />

que ele é emprestado mas que não <strong>se</strong> pode sublinhá-lo (poderia<br />

até <strong>se</strong>r vosso, mas tratar-<strong>se</strong> de um incunábulo de valor inestimável)<br />

ou que <strong>se</strong> tem de ir reestruturando o plano de trabalho, c eis que<br />

ficamos n<strong>uma</strong> situação difícil. O último caso é o mais normal.<br />

À medida que avançais com o trabalho, o plano enriquece-<strong>se</strong> e reestrutura-<strong>se</strong>,<br />

c não podereis andar constantemente a mudar as anotações<br />

à margem. Portanto, estas anotações têm de <strong>se</strong>r genéricas, do<br />

tipo: «mundos possíveis!». <strong>Como</strong> obviar a esta imprecisão? Fazendo,<br />

por exemplo, um ficheiro de idéias: ter-<strong>se</strong>-á <strong>uma</strong> série dc fichas com<br />

títulos como Dobras do tempo, Paraielismos entre mundos possíveis.<br />

Contradição. Variações de estrutura, etc. e assinalar-<strong>se</strong>-á a<br />

referência relativa a Sheckley na primeira ficha. Todas as referências<br />

às dobras do tempo poderão, assim, <strong>se</strong>r colocadas num dado<br />

ponto do plano definitivo, mas a ficha pode <strong>se</strong>r deslocada, fundida<br />

com outras, posta anles ou depois de outra.<br />

Eis, pois. que <strong>se</strong> de<strong>se</strong>nha a existência de um primeiro ficheiro. o<br />

das fichas temáticas, que é peifeitamente adequado, por exemplo, para<br />

<strong>uma</strong> te<strong>se</strong> de história das idéias. Se o trabalho sobre os mundos possíveis<br />

na ficção científica americana <strong>se</strong> de<strong>se</strong>nvolver enumerando qs<br />

vários modos como os diversos problemas lógico-cosmológicos foram<br />

encarados por diferentes autores, o ficheiro temático <strong>se</strong>rá o ideal.<br />

Mas suponhamos que <strong>se</strong> decidiu organizar a te<strong>se</strong> de modo diverso,<br />

ou <strong>se</strong>ja. por retratos: um capítulo introdutório sobre o tema e depois<br />

um capítulo sobre cada um dos autores principais (Sheckley, Heinlein.<br />

Asimov, Brown. etc.) ou mesmo <strong>uma</strong> série de capítulos dedicados<br />

cada um a um romance-modelo. Neste caso, mais do que um ficheiro<br />

temático, é necessário um ficheiro por autores. Na ficha Shecklev<br />

ter-<strong>se</strong>-ão todas as referências que nos permitam encontrar as passagens<br />

dos <strong>se</strong>us <strong>livro</strong>s em que <strong>se</strong> fala dos mundos possíveis. E. eventualmente,<br />

a ficha estará subdividida em Dobras do tempo.<br />

Paraielismos, Contradições, etc.<br />

Suponhamos agora que a te<strong>se</strong> encara o problema de um modo<br />

mais teórico, utilizando a ficção científica como ponto de referência<br />

mas discutindo de facto a lógica dos mundos possíveis. As refe-<br />

134<br />

rências à ficção científica <strong>se</strong>rão mais casuais e <strong>se</strong>rvir-nos-ão para<br />

introduzir citações textuais, es<strong>se</strong>ncialmente ilustrativas. Então precisaremos<br />

de um ficheiro de citações em que na ficha Dobras do<br />

tempo <strong>se</strong> registará <strong>uma</strong> fra<strong>se</strong> de Sheckley particularmente significativa<br />

e na ficha sobre Paraielismos <strong>se</strong> registará a descrição de Brown de<br />

dois universos absolutamente idênticos em que a única diferença<br />

são os atacadores dos sapatos do protagonista, e assim por diante.<br />

Mas podemos também supor que o <strong>livro</strong> de Sheckley não está<br />

em nosso poder e que o lemos em casa de um amigo noutra cidade,<br />

muito tempo antes de termos pensado num plano de trabalho que<br />

consideras<strong>se</strong> os temas das dobras do tempo e do paralelismo. Será.<br />

assim, necessário elaborar um ficheiro de leitura com <strong>uma</strong> ficha<br />

relativa a Mindswap, os dados bibliográficos deste <strong>livro</strong>, o resumo<br />

geral, <strong>uma</strong> série de apreciações sobre a sua importância e <strong>uma</strong> série<br />

de citações textuais que nos pareceram logo particularmente significativas.<br />

Acrescentemos as fichas de trabalho, que podem <strong>se</strong>r de vários<br />

tipos, fichas de ligação entre idéias e partes do plano, fichas problemáticas,<br />

(como abordar um dado problema), fichas de sugestões<br />

(que recolhem idéias fornecidas por outrem. sugestões de de<strong>se</strong>nvolvimentos<br />

possíveis), etc, ele. Estas fichas deveriam ter <strong>uma</strong> cor<br />

diferente para cada série e conter no topo da margem direita siglas<br />

que as relacionas<strong>se</strong>m com as fichas de outra cor e com o plano geral.<br />

Uma coisa em grande.<br />

Portanto: começámos, no parágrafo anterior, por supor a existência<br />

de um ficheiro bibliográfico (pequenas fichas com simples<br />

dados bibliográficos de todos os <strong>livro</strong>s úteis de que <strong>se</strong> tem notícia)<br />

e agora consideramos a existência de toda <strong>uma</strong> série de ficheiros<br />

complementares:<br />

a) fichas de leitura dc <strong>livro</strong>s ou artigos<br />

b) fichas temáticas<br />

c) fichas dc autor<br />

d) fichas de citações<br />

e) fichas de trabalho<br />

Mas teremos mesmo de <strong>faz</strong>er todas eslas fichas? Evidentemente,<br />

não. Pode ter-<strong>se</strong> um simples ficheiro de leitura e reunir todas as<br />

outras idéias em cadernos: podemos limitar-nos ãs fichas de citações<br />

<strong>se</strong> a te<strong>se</strong> (que, por exemplo, é sobre a Imagem da mulher na<br />

literatura feminina dos anos 40) partir já de um plano, muito pre-<br />

135

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!