ECO, Umberto. Como se faz uma tese (livro - Sociologia e Política
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VII. CONCLUSÕES<br />
Queria concluir com duas ob<strong>se</strong>rvações: <strong>faz</strong>er <strong>uma</strong> te<strong>se</strong> significa<br />
recrear-<strong>se</strong> e a te<strong>se</strong> é como o parco: não deita nada fora.<br />
Quem quer que. <strong>se</strong>m prática de investigação, atemorizado pela<br />
le<strong>se</strong> que não sabia como <strong>faz</strong>er, lenha lido esle <strong>livro</strong>, pode ficar aterrorizado.<br />
Quantas regras c quantas instruções. Impossível sair são e<br />
salvo...<br />
E. todavia, isso não á verdade. Para <strong>se</strong>r exaustivo, tive de imaginar<br />
um leitor totalmente desprovido de tudo. mas qualquer de vocês,<br />
ao ler um <strong>livro</strong> qualquer, teria já adoptado muitas das técnicas de<br />
que <strong>se</strong> falou. O meu <strong>livro</strong> <strong>se</strong>rviu, quando muito, para as recordar<br />
todas, para trazer para o plano da consciência aquilo que muitos já<br />
tinham absorvido <strong>se</strong>m <strong>se</strong> darem conta. Tombem um automobilista,<br />
quando é levado a reflcctir sobre os <strong>se</strong>us gestos, verifica que é <strong>uma</strong><br />
máquina prodigiosa que em ríacçòes dc <strong>se</strong>gundo toma decisões de<br />
importância vital <strong>se</strong>m <strong>se</strong> poder permitir um erro. R. no entanto, qua<strong>se</strong><br />
toda a gente conduz e o número razoável de pessoas que morrem em<br />
acidentes na estrada diz-nos que a grande maioria escapa com vida.<br />
O importante c <strong>faz</strong>er as coisas com gosto. B <strong>se</strong> tiverem escolhido<br />
um tema que vos interessa, <strong>se</strong> tiverem decidido dedicar verdadeiramente<br />
a te<strong>se</strong> o período, mesmo curto, que previamente estabeleceram<br />
(tínhamos fixado um limite mínimo de <strong>se</strong>is me<strong>se</strong>s), verificarão<br />
então que a te<strong>se</strong> pode <strong>se</strong>r vivida como um jogo. como <strong>uma</strong> aposta,<br />
como <strong>uma</strong> caça ao tesouro.<br />
Há <strong>uma</strong> satisfação de desportista cm andar à caça de um texto<br />
que não <strong>se</strong> encontra, há <strong>uma</strong> satisfação de charadista em encontrar,<br />
depois de <strong>se</strong> ter rellceiido muito, a solução de um problema que<br />
parecia insolúvel.<br />
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