Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
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os autores, evi<strong>de</strong>ncia fortemente a transmissibilida<strong>de</strong> materna.<br />
Long et al. (1993), fazendo <strong>uma</strong> revisão da literatura sobre a questão da<br />
transmissibilida<strong>de</strong> da cárie, ressaltam que o grau <strong>de</strong> infecção das mães parece refletir<br />
a experiência <strong>de</strong> cárie nos filhos, sendo que altos níveis <strong>de</strong> Streptococcus do grupo<br />
mutans na mãe estão relacionados com a maior contaminação dos filhos, e, quanto<br />
mais precoce é esta contaminação, maior é o risco <strong>de</strong> cárie. Além disso, afirmam que<br />
a mãe exerce maior influência sobre a infecção em relação aos outros membros da<br />
família pois é quem passa mais tempo cuidando do bebê, sendo consi<strong>de</strong>rada fonte <strong>de</strong><br />
infecção primária .<br />
Também Torres et al. (1999), pesquisando os níveis <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong><br />
Streptococcus do grupo mutans em gestantes, corroboram Berkowitz et al.(1981) e<br />
Long et al. (1993) ao reafirmar que a transmissão para a criança <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
principalmente do nível <strong>de</strong> infecção das mães. No entanto, Azevedo (1988) apud Torres<br />
et al.(1999) <strong>de</strong>tectou através <strong>de</strong> bacteriotipagem, que além da mãe existe a similarida<strong>de</strong><br />
com outros membros da família, o que comprova a ocorrência <strong>de</strong> transmissão<br />
intrafamiliar dos estreptococos bucais e não exclusivamente maternas. Os resultados<br />
obtidos por Torres et al.(1999), através da análise da taxa <strong>de</strong> secreção salivar,<br />
indicaram que 34% das gestantes pesquisadas po<strong>de</strong>riam ser consi<strong>de</strong>radas como <strong>de</strong><br />
risco ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária e que, pela análise do nível <strong>de</strong> infecção<br />
salivar pelo grupo mutans, 60% das gestantes foram classificadas como <strong>de</strong> risco para<br />
a cárie <strong>de</strong>ntária.<br />
Oliveira Jr. et al.(2000), com o objetivo <strong>de</strong> contribuir para a eficácia <strong>de</strong><br />
programa <strong>de</strong> prevenção baseado na <strong>de</strong>sinfecção das mães, estudou o grau <strong>de</strong><br />
conhecimento específico sobre saú<strong>de</strong> bucal e buscou i<strong>de</strong>ntificar possíveis mitos que<br />
dificultariam a implantação do referido programa em gestantes <strong>de</strong> classe média/alta <strong>de</strong><br />
Araraquara-SP. Os autores atribuem à mãe a maior responsabilida<strong>de</strong> pela<br />
contaminação e infecção dos filhos pela cárie.<br />
De fato, olhando apenas pelo prisma da biologia a mãe po<strong>de</strong> mesmo ser a<br />
maior responsável pela contaminação dos filhos pela cárie. Contudo, esta forma <strong>de</strong><br />
tratamento que tem sido dada aos achados reforçam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
perspectiva mais esclarecedora, menos parcial, que consi<strong>de</strong>re a produção social <strong>de</strong> tais<br />
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