Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
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âmbito privado, invisíveis , papel feminino socialmente construído. Pela perspectiva do<br />
gênero, a situação da família como unida<strong>de</strong> social e também funcional básica em saú<strong>de</strong><br />
condiciona a mulher como responsável pela formação e transformação <strong>de</strong><br />
comportamentos e hábitos que gerem saú<strong>de</strong> (ou doença) para a família como um todo.<br />
Chega-se mesmo a levar em consi<strong>de</strong>ração que as mães têm papel-chave<br />
<strong>de</strong>ntro da família no que concerne à saú<strong>de</strong>, pois influenciam diretamente<br />
comportamentos que serão adotados ao longo da vida pelos filhos (Costa et al., 1998).<br />
Segundo Dias (1991), a mulher não apenas <strong>de</strong>tém e repassa informações do saber e<br />
da experiência em saú<strong>de</strong> acumulado por ela, como também é ela que ten<strong>de</strong> a buscar<br />
se educar e se informar mais nesse assunto. O que nem sempre é possível <strong>uma</strong> vez<br />
que muitas vezes os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> fazem este repasse <strong>de</strong> maneira superficial e<br />
n<strong>uma</strong> linguagem pouco acessível, não contribuindo em nada para a socialização do<br />
saber (Leocádio, 1994, p.17).<br />
Assim, é a partir <strong>de</strong>ssa condição das relações <strong>de</strong> gênero que se torna<br />
possível compreen<strong>de</strong>r que não dá para estudar a saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong> mulheres, sejam elas<br />
gestantes ou não, sem contemplar a influência <strong>de</strong> tais relações.<br />
Alguns pontos importantes po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados na literatura no que diz<br />
respeito à questão da saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong> mulheres. Tais pontos caminham junto das<br />
relações <strong>de</strong> gênero, mas não têm sido até o momento <strong>de</strong>vidamente consi<strong>de</strong>rados e<br />
estudados. Por exemplo, a maior prevalência <strong>de</strong> cárie nas mulheres, a maior freqüência<br />
ao <strong>de</strong>ntista, maiores cuidados com a higiene, a responsabilida<strong>de</strong> pelo cuidado da saú<strong>de</strong><br />
bucal <strong>de</strong> seus filhos e a transmissibilida<strong>de</strong>, as relações entre os níveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal<br />
da mãe e da criança, a receptivida<strong>de</strong> a novas informações em saú<strong>de</strong> bucal que os<br />
serviços esperam que ela tenha, as crenças e mitos que giram em torno da dicotomia<br />
saú<strong>de</strong> bucal /gestação.<br />
Poletto (1993) realizou levantamento epi<strong>de</strong>miológico do estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
bucal da população urbana da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bauru-SP, tendo examinado, então, 6598<br />
indivíduos, com ida<strong>de</strong>s variando entre 3 e 92 anos. O percentual <strong>de</strong> mulheres (49,8%)<br />
que respon<strong>de</strong>ram ter recebido atendimento foi ligeiramente maior que o dos homens<br />
(46,3%). Com relação ao tipo <strong>de</strong> atendimento odontológico, se privado ou público, mais<br />
<strong>de</strong> 60% da amostra recebeu atendimento em clínicas particulares, e em ambos os