Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
E ainda no que concerne a essa vulnerabilida<strong>de</strong> da saú<strong>de</strong> da mulher durante<br />
a gestação, há que se consi<strong>de</strong>rar novamente as fortes relações sejam elas míticas ou<br />
verda<strong>de</strong>iras entre a saú<strong>de</strong> bucal e este período da vida das mulheres. Embora se<br />
consi<strong>de</strong>re um mito que os <strong>de</strong>ntes fiquem fracos durante a gravi<strong>de</strong>z, existem sim<br />
alterações que modificam o meio bucal feminino, alterações estas que po<strong>de</strong>m trazer<br />
prejuízos à saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong>ssas mulheres. E como não consi<strong>de</strong>rar que tal situação só<br />
é vivida pelas mulheres em função do lugar ocupado socialmente por elas?<br />
Sabe-se que as mulheres são consi<strong>de</strong>radas, durante as fases <strong>de</strong><br />
planejamento em saú<strong>de</strong>, como um grupo que <strong>de</strong>ve ter priorida<strong>de</strong>s na assistência;<br />
entretanto, na prática, o serviço se organiza apenas para oferecer serviços a saú<strong>de</strong> da<br />
mulher gestante, não restando muitas opções para mulheres que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m não ter filhos,<br />
ou que não estão grávidas (Leocádio, 1994). E, ainda mais, diante da qualida<strong>de</strong> dos<br />
serviços oferecidos, parece que<br />
58<br />
o Serviço <strong>de</strong> <strong>Saú<strong>de</strong></strong> po<strong>de</strong> ser inteiramente<br />
responsável por(...) agravar ou corrigir os efeitos danosos que a falta <strong>de</strong> condições<br />
a<strong>de</strong>quadas impõem ao corpo <strong>de</strong> <strong>uma</strong> mulher grávida ( Ávila, 1994, p.6).<br />
Sabe-se que a saú<strong>de</strong> e a doença são dois momentos <strong>de</strong> um mesmo<br />
fenômeno, momentos estes que estão em constante troca, constituindo <strong>uma</strong> unida<strong>de</strong><br />
dialética , que precisa ser compreendida como um processo social e histórico<br />
(Leocádio, 1994). Dessa maneira, é fundamental que se leve em consi<strong>de</strong>ração a<br />
ligação existente entre a história <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>-doença das mulheres e a história <strong>de</strong> sua vida<br />
(Minayo & Souza, 1989), ou seja, seu trabalho, sua escolarida<strong>de</strong>, seus costumes, suas<br />
crenças. Se não se buscar tal compreensão, continuar-se-á agindo como se saú<strong>de</strong> da<br />
mulher fosse simplesmente a saú<strong>de</strong> reprodutiva, o que é prejudicial particularmente<br />
para elas. Daí ser fundamental que esta discussão aconteça no campo da <strong>Saú<strong>de</strong></strong><br />
Coletiva, um campo interdisciplinar, por isso aberto e formulador, que permite tal busca<br />
e <strong>uma</strong> nova compreensão da saú<strong>de</strong> da mulher, sem esquecer as implicações nela<br />
geradas pela posição que a mulher ocupa na socieda<strong>de</strong>, em virtu<strong>de</strong> das relações<br />
sociais <strong>de</strong> gênero.<br />
O papel <strong>de</strong> manter a saú<strong>de</strong> da família <strong>de</strong>riva exatamente <strong>de</strong>sses papéis <strong>de</strong><br />
mãe, esposa e dona-<strong>de</strong>-casa; fazendo parte, portanto das funções do lar , funções <strong>de</strong>