Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
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apud Castro & Bronfman (1993) consi<strong>de</strong>ra que Género es una construcción social<br />
sistemática <strong>de</strong> lo masculino y lo feminino que está poco (o nada) <strong>de</strong>terminada por la<br />
biología ( por el sexo), presente en todas las socieda<strong>de</strong>s, y que permea todas las<br />
dimensiones <strong>de</strong> la vida social y privada (p.378). Diante disso, é importante consi<strong>de</strong>rar<br />
que (...) gênero não preten<strong>de</strong> significar o mesmo que sexo, ou seja, enquanto sexo se<br />
refere à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> biológica <strong>de</strong> <strong>uma</strong> pessoa, gênero está ligado à sua construção social<br />
como sujeito masculino ou feminino ( Louro, 1996, p. 9). Assim, partindo da<br />
compreensão do conceito <strong>de</strong> gênero como <strong>uma</strong> construção social, logo histórica e<br />
cultural, <strong>de</strong>ve-se observar a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tal conceito. Mas, justamente por esta<br />
pluralida<strong>de</strong>, o conceito <strong>de</strong> gênero não é <strong>uma</strong> formulação imutável, e já se admite que,<br />
embora fundamentalmente a construção <strong>de</strong> gênero se trate <strong>de</strong> um processo social e<br />
histórico, existe <strong>uma</strong> ligação estreita entre este social e o biológico, pois tal processo<br />
envolve os corpos dos sujeitos tanto femininos quanto masculinos. Dessa maneira,<br />
segundo a mesma autora, o gênero (assim como a classe ou a raça) é mais do que<br />
<strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> aprendida (é mais do que <strong>uma</strong> aprendizagem <strong>de</strong> papéis), sendo<br />
constituído e instituído pelas múltiplas instâncias e relações sociais, pelas instituições,<br />
símbolos, formas <strong>de</strong> organização social, discursos e doutrinas (Louro, 1996, p. 12).<br />
Deve-se consi<strong>de</strong>rar, assim, que ao longo da história da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, a<br />
socieda<strong>de</strong> molda a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> feminina e masculina, caracterizando tais i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />
como naturais. E, apesar da saída da mulher do espaço doméstico para integrar o<br />
mercado <strong>de</strong> trabalho, a partir do século XIX, tal mudança não gerou modificações reais<br />
no que diz respeito à imagem feminina socialmente construída ( Teixeira, 1996). Isto<br />
significa, que mesmo a mulher tendo assumido novos papéis sociais, além do espaço<br />
doméstico, aqueles papéis ligados a ele continuaram sendo femininos.<br />
Além <strong>de</strong>ste aumento na carga <strong>de</strong> trabalho feminino, merece atenção a<br />
questão do <strong>de</strong>sconhecimento acerca dos efeitos <strong>de</strong>sse trabalho sobre a saú<strong>de</strong> da<br />
mulher. Segundo Aquino et al. (1995), tal <strong>de</strong>sconhecimento acontece em virtu<strong>de</strong> da<br />
invisibilida<strong>de</strong> do trabalho feminino e pelo fato <strong>de</strong> a mulher continuar sendo tratada pela<br />
medicina mo<strong>de</strong>rna como mãe, conce<strong>de</strong>ndo especial atenção aos aspectos que dizem<br />
respeito à saú<strong>de</strong> do feto.<br />
Corroborando tais achados, Andra<strong>de</strong> (1999), ao estudar a relação entre o<br />
trabalho doméstico e a saú<strong>de</strong> das mulheres, concluiu que o trabalho doméstico, por ser