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Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero

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Além da igreja e da educação, a medicina também teve seu papel fortemente<br />

exercido no que diz respeito ao <strong>de</strong>stino biológico da mulher brasileira. Assim, a redução<br />

à condição <strong>de</strong> reprodutoras imposta às mulheres também aparece como <strong>uma</strong> forma<br />

<strong>de</strong> controle social. Já a partir do século XIX, a medicina no Brasil se volta para tal<br />

controle, e, nesse tempo, constrói um discurso sobre a condição feminina, consi<strong>de</strong>rando<br />

a mulher voltada para a maternida<strong>de</strong>; dando cientificida<strong>de</strong> a <strong>uma</strong> perspectiva que reduz<br />

o papel da mulher ao <strong>de</strong> esposa e mãe (Nunes, 1991). Dessa maneira, a medicina<br />

contribui com a idéia da inferiorida<strong>de</strong> feminina ao classificar a mulher em situação<br />

<strong>de</strong>svalorizada <strong>de</strong>ntro da socieda<strong>de</strong>. Mais do que isto, caso a mulher não dê respostas<br />

a<strong>de</strong>quadas, esperadas a seus papéis tradicionais se falta com o zelo com os filhos<br />

e a família, ou quando não amamenta os filhos, por exemplo isto se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong><br />

a sua organização física e mental ser inferior. Ainda segundo a mesma autora (Nunes<br />

,1991), po<strong>de</strong>-se mesmo afirmar que a medicina tenta contribuir para <strong>uma</strong> estratégia <strong>de</strong><br />

garantia da permanência das mulheres nos papéis sociais que lhe são <strong>de</strong>finidos, ou<br />

seja, contribui para a submissão feminina na medida em que trata como patológico todo<br />

comportamento feminino que se extravie do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> esposa e mãe.<br />

No final do século XIX, já era estabelecida a ligação natural da mulher à<br />

instituição familiar, ou seja, consi<strong>de</strong>rava-se que mulher e família não eram inseparáveis<br />

visto existir <strong>uma</strong> ligação natural entre ambas, restringindo a mulher a um espaço<br />

privado, a um <strong>de</strong>stino exclusivamente associado a fatores biológicos. Em nome da<br />

or<strong>de</strong>m social, instituiu-se para a educação feminina o mo<strong>de</strong>lo positivista, apoiado pela<br />

igreja católica, segundo o qual à mulher cabia obe<strong>de</strong>cer e cumprir seus <strong>de</strong>veres no<br />

interior da família e da socieda<strong>de</strong>, sendo seu processo <strong>de</strong> formação educacional voltado<br />

principalmente para a instrução <strong>de</strong> seus filhos. Sendo assim, a escolarização <strong>de</strong>la no<br />

Brasil<br />

obe<strong>de</strong>cia aos preceitos tradicionais <strong>de</strong> conservação da honra e da virtu<strong>de</strong> da<br />

mulher e reiterava o objetivo <strong>de</strong> <strong>uma</strong> formação voltada para a família (Na<strong>de</strong>r, 1997,<br />

p.90). Faz parte da cultura brasileira ,assim, esta prescrição rígida entre os papéis<br />

sexuais, ficando bastante explícitas as diferenças entre ser homem e ser mulher: cabe<br />

à mulher <strong>uma</strong> postura receptiva, submissa, reações emotivas e a sua realização na<br />

esfera privada , ao passo que ao homem cabe sua realização na vida pública,<br />

assumindo <strong>uma</strong> postura corajosa e calculista diante da vida (Na<strong>de</strong>r, 1997, p.92). E tais<br />

(pre)conceitos, <strong>de</strong> modo geral, constituem-se em partes essenciais da formação <strong>de</strong>

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