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Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero

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estar relacionado ao fato <strong>de</strong> que as meninas têm maior facilida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>monstrar suas<br />

emoções. Parece ainda que o medo está associado a experiências odontológicas<br />

prévias, experiências estas, na maioria das vezes, invasivas e dolorosas.<br />

Cano & Botazzo (1985?) pesquisaram aspectos psicológicos do tratamento<br />

odontológico, em pacientes que buscaram o Serviço <strong>de</strong> Estomatologia do Centro <strong>de</strong><br />

<strong>Saú<strong>de</strong></strong> do Alto-Maé, em Maputo (República popular <strong>de</strong> Moçambique). Fizeram parte da<br />

pesquisa doentes que apresentassem manifestações <strong>de</strong> medo, tais como treme<strong>de</strong>iras,<br />

rigi<strong>de</strong>z corporal, choros, verbalização <strong>de</strong> temores, etc, tendo sido incluídos na pesquisa<br />

somente pessoas com mais <strong>de</strong> 10 anos. Os doentes apontaram como causa <strong>de</strong> seu<br />

comportamento: medo da anestesia, <strong>de</strong> extração, <strong>de</strong> passar o motor , medo do<br />

instrumental, <strong>de</strong> complicações, <strong>de</strong> suturar, entre outros. Além disso, alguns<br />

entrevistados relataram experiência traumáticas anteriores, das quais 32%<br />

correspondiam a experiências com estomatologia. Ao afirmarem que só vão à consulta<br />

quando já não suportam as dores, alguns entrevistados permitiram que os autores<br />

inferissem que somente temores muito fortes ou <strong>de</strong>sconfianças em relação ao<br />

tratamento ao qual se submeteriam po<strong>de</strong>riam explicar tal comportamento.<br />

Parece, assim, que o medo da prática odontológica no caso <strong>de</strong> adultos está<br />

fortemente associado a experiências odontológicas anteriores nada agradáveis. Quando<br />

estamos falando <strong>de</strong> Brasil, isto se torna ainda mais forte, <strong>uma</strong> vez que o costume <strong>de</strong> ir<br />

ao <strong>de</strong>ntista apenas quando já não se suporta a dor (hábito altamente difundido) acaba<br />

se concluindo n<strong>uma</strong> prática mutiladora, ou seja, <strong>uma</strong> prática <strong>de</strong> extrair <strong>de</strong>ntes, que gera<br />

um ciclo vicioso: extração -medo- dor- extração- medo-dor...<br />

No que diz respeito às gestantes em relação ao tratamento odontológico,<br />

soma-se aos medos comuns, aqueles que se relacionam à integrida<strong>de</strong> do bebê. No<br />

entanto, no que diz respeito à saú<strong>de</strong> bucal da mulher na gestação, é fundamental que<br />

se esclareça o que é mito e o que está cientificamente comprovado, a fim <strong>de</strong> que não<br />

mais se reproduzam enganos que prejudiquem a saú<strong>de</strong> bucal da mulher ao longo <strong>de</strong><br />

sua vida e não apenas durante a gestação. Fatores culturais profundamente enraizados<br />

em boa parte da população sugerem que a mulher, no período da gravi<strong>de</strong>z, não po<strong>de</strong><br />

se submeter a atendimento odontológico e que problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal são normais<br />

neste período. Tais afirmações não proce<strong>de</strong>m, não têm respaldo científico (Me<strong>de</strong>iros,

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