Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero

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44 odontológico não é prioridade neste grupo, pois há um certo receio das grávidas e do próprio dentista; 4) a maioria das gestantes já recebeu informações sobre prevenção; no entanto, durante o período pré-natal elas não receberam nenhuma informação sobre saúde bucal. As gestantes entrevistadas demonstraram grande interesse em adquirir mais conhecimento sobre as questões, e os autores sugeriram, portanto, a formação de equipes de assistência pré-natal com a participação do cirurgião-dentista. Em 1998, em um estudo anterior por nós realizado (Silva, 1998) com 140 gestantes no Pré-Natal da Maternidade Cândido Mariano, na cidade de Campo Grande- MS, pôde-se chegar às seguintes conclusões: 1)embora a maioria das entrevistadas tivessem o conhecimento da doença cárie (89,3%), não existe muita clareza na definição da doença; 2) a grande maioria das gestantes (92,1%) não recebeu nenhuma informação ou orientação sobre saúde bucal durante os exames do pré-natal; 3) as gestantes entrevistadas, de fato, possuem pouco conhecimento sobre saúde bucal durante a gestação e saúde bucal de bebês, não sendo prioridade para elas a procura de informações sobre saúde bucal de bebês. Houve, no entanto, por parte das entrevistadas, demonstração de grande interesse em incorporar novos conhecimentos sobre as questões levantadas, o que reafirma a relevância do papel do cirurgião- dentista na atenção à saúde da gestante, inserido na equipe pré-natal. Zardetto et al. (1998) entrevistaram 302 gestantes e puérperas atendidas nos Hospitais e Maternidades São Luiz, Universitário (HU /USP), Albert Einstein e Beneficência Portuguesa; com o objetivo de verificar a influência de três fatores considerados como importantes na aquisição do conhecimento: o nível de escolaridade materna, o nível de renda familiar e o fato de já possuir outro(s) filho(s). A renda foi o fator que apresentou influência nos escores finais, sendo estes maiores para as entrevistadas com renda mais elevada. Isto provavelmente se deve ao fato destas últimas terem tido condições financeiras de procurar melhores serviços de saúde. Scavuzzi et al. (1998) entrevistaram 204 gestantes, residentes no Distrito Sanitário Barra- Rio Vermelho, na Bahia. As autoras detectaram que os relatos obtidos evidenciam a crença e o mito de que a gravidez possa gerar problemas dentais. Além disso, a procura por atenção odontológica não foi prioridade no grupo, mesmo quando problemas reais como a dor e o sangramento gengival estavam presentes, havendo,

45 assim, negligência por parte das gestantes com relação à própria saúde bucal. É possível perceber que, conforme as autoras, tal negligência deve-se à pouca valorização ou, até mesmo, um certo conformismo com a sua condição de saúde bucal. As gestantes estavam desinformadas com respeito à viabilidade do tratamento odontológico durante a gestação e das medidas de prevenção. Nessas mesmas 204 gestantes, entre 14 e 43 anos, de camada socioeconômica e nível de escolaridade baixos, Scavuzzi et al. (1999) realizaram um levantamento epidemiológico de cárie dentária (CPO-D). Os resultados revelaram a precariedade da assistência odontológica a este grupo, e, o mais triste, a alta freqüência do tratamento mutilador, isto é, a extração dentária (42,2%); além do alto percentual ( 50,3%) de unidades dentárias cariadas. Segundo as autoras, a realidade destas gestantes, no que diz respeito à atenção odontológica, parece ser o retrato da política nacional de saúde bucal em vigor, ineficaz e ineficiente para resolver os problemas da cárie dentária ( Scavuzzi et al. , 1999, p. 101). O perfil da saúde bucal encontrado evidencia a necessidade de um programa de atenção odontológica que priorize as gestantes. Oliveira & Oliveira (1999) obtiveram uma amostra de 100 mulheres gestantes, entre 13 e 40 anos, pertencentes à camada sócio-econômica de nível baixo, oriundas dos setores de pré-natal do Hospital Universitário Lauro Wanderley e da Maternidade Municipal Cândido Vargas , em João Pessoa-PB. Os resultados encontrados pelas autoras, após a análise dos dados colhidos através de questionário preenchido pessoalmente com cada gestante, permitem concluir que: existe uma íntima relação entre as condições de saúde bucal das gestantes e o grupo social a que pertencem; os serviços odontológicos educativo-preventivos de assistência a gestantes continua sendo uma carência dos serviços públicos de assistência pré-natal; as crendices, os mitos e os receios populares influenciam significativamente na relação dentista/gestante. Finalizam reforçando que, no que diz respeito a métodos preventivos, o processo de conscientização da população deve levar em conta a sua realidade social. Não se pode negar obviamente a importância da atenção à saúde bucal também neste período da vida da mulher, uma vez que existem de fato manifestações bucais associadas à gravidez que exigem cuidados odontológicos (Cheney & Cheney,

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assim, negligência por parte das gestantes com relação à própria saú<strong>de</strong> bucal. É<br />

possível perceber que, conforme as autoras, tal negligência <strong>de</strong>ve-se à pouca<br />

valorização ou, até mesmo, um certo conformismo com a sua condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal.<br />

As gestantes estavam <strong>de</strong>sinformadas com respeito à viabilida<strong>de</strong> do tratamento<br />

odontológico durante a gestação e das medidas <strong>de</strong> prevenção.<br />

Nessas mesmas 204 gestantes, entre 14 e 43 anos, <strong>de</strong> camada<br />

socioeconômica e nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> baixos, Scavuzzi et al. (1999) realizaram um<br />

levantamento epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária (CPO-D). Os resultados revelaram a<br />

precarieda<strong>de</strong> da assistência odontológica a este grupo, e, o mais triste, a alta freqüência<br />

do tratamento mutilador, isto é, a extração <strong>de</strong>ntária (42,2%); além do alto percentual (<br />

50,3%) <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntárias cariadas. Segundo as autoras, a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas<br />

gestantes, no que diz respeito à atenção odontológica, parece ser o retrato da política<br />

nacional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal em vigor, ineficaz e ineficiente para resolver os problemas da<br />

cárie <strong>de</strong>ntária ( Scavuzzi et al. , 1999, p. 101). O perfil da saú<strong>de</strong> bucal encontrado<br />

evi<strong>de</strong>ncia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> atenção odontológica que priorize as<br />

gestantes.<br />

Oliveira & Oliveira (1999) obtiveram <strong>uma</strong> amostra <strong>de</strong> 100 mulheres<br />

gestantes, entre 13 e 40 anos, pertencentes à camada sócio-econômica <strong>de</strong> nível baixo,<br />

oriundas dos setores <strong>de</strong> pré-natal do Hospital Universitário Lauro Wan<strong>de</strong>rley e da<br />

Maternida<strong>de</strong> Municipal Cândido Vargas , em João Pessoa-PB. Os resultados<br />

encontrados pelas autoras, após a análise dos dados colhidos através <strong>de</strong> questionário<br />

preenchido pessoalmente com cada gestante, permitem concluir que: existe <strong>uma</strong> íntima<br />

relação entre as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal das gestantes e o grupo social a que<br />

pertencem; os serviços odontológicos educativo-preventivos <strong>de</strong> assistência a gestantes<br />

continua sendo <strong>uma</strong> carência dos serviços públicos <strong>de</strong> assistência pré-natal; as<br />

crendices, os mitos e os receios populares influenciam significativamente na relação<br />

<strong>de</strong>ntista/gestante. Finalizam reforçando que, no que diz respeito a métodos preventivos,<br />

o processo <strong>de</strong> conscientização da população <strong>de</strong>ve levar em conta a sua realida<strong>de</strong><br />

social.<br />

Não se po<strong>de</strong> negar obviamente a importância da atenção à saú<strong>de</strong> bucal<br />

também neste período da vida da mulher, <strong>uma</strong> vez que existem <strong>de</strong> fato manifestações<br />

bucais associadas à gravi<strong>de</strong>z que exigem cuidados odontológicos (Cheney & Cheney,

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