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Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero

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problemas bucais em bebês, aí sim, a mulher é abordada, não com o objetivo <strong>de</strong><br />

beneficiar sua saú<strong>de</strong> bucal, porém, mais especificamente, a <strong>de</strong> seu bebê. Mas mesmo<br />

quando se fala da atenção à saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong> mulheres gestantes, esses serviços ainda<br />

são esparsos e <strong>de</strong> baixa cobertura.<br />

Tais serviços esbarram em mitos, crenças e medos que subjugam o<br />

conhecimento construído <strong>de</strong>ssas mulheres no que diz respeito à atenção odontológica<br />

durante a gestação. O senso comum permite afirmar que ir ao <strong>de</strong>ntista durante a<br />

gestação po<strong>de</strong> prejudicar o bebê, o que faz com que muitas gestantes enfrentem<br />

problemas bucais, que po<strong>de</strong>m se agravar durante esse período <strong>de</strong> suas vidas, <strong>de</strong> forma<br />

solitária e dolorosa, sem ajuda profissional <strong>de</strong>vida.<br />

Sabe-se que existem especificida<strong>de</strong>s na saú<strong>de</strong> da mulher que fazem com<br />

que a atenção a ela também <strong>de</strong>va ser específica. No que se refere à saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong><br />

mulheres muito ainda há a ser estudado, mas também muitas especificida<strong>de</strong>s, embora<br />

ainda não sejam <strong>de</strong>vidamente consi<strong>de</strong>radas, já se mostraram presentes. A erupção<br />

<strong>de</strong>ntária é <strong>uma</strong> <strong>de</strong>las: os <strong>de</strong>ntes nascem mais cedo nas meninas que nos meninos<br />

(McDonald, 1977; Gue<strong>de</strong>s-Pinto, 1993). Este fato implica n<strong>uma</strong> exposição também mais<br />

precoce aos riscos <strong>de</strong> adoecer, <strong>de</strong> a cárie se apresentar mais precocemente nas<br />

meninas. Isto se reflete diretamente nos indicadores do processo saú<strong>de</strong>/doença bucal,<br />

o que provavelmente explica (mas não totalmente) o fato <strong>de</strong> a maior prevalência <strong>de</strong><br />

cárie ser nas mulheres.<br />

Além disso, estudos como o <strong>de</strong> Abegg (1997) trazem à tona evidências <strong>de</strong><br />

que as relações sociais <strong>de</strong> gênero também permeiam a saú<strong>de</strong> bucal. Ao estudar hábitos<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal em adultos, encontrou hábitos mais saudáveis em mulheres, tendo<br />

associado tal fato, ainda que superficialmente, ao seu papel <strong>de</strong>ntro da socieda<strong>de</strong>, isto<br />

é, à maior preocupação exigida socialmente das mulheres com relação à sua<br />

aparência, inclusive ao seu sorriso.<br />

Não se po<strong>de</strong> ignorar que tais atitu<strong>de</strong>s das mulheres com relação a hábitos<br />

<strong>de</strong> higiene estão intimamente associados à maneira como são socializadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

infância. E esta socialização para a limpeza continua presente durante toda a vida da<br />

mulher, <strong>de</strong>monstrando também porque a ela é atribuída a tarefa <strong>de</strong> cuidar da higiene<br />

dos filhos, inclusive da saú<strong>de</strong> bucal, e também dos problemas surgidos em <strong>de</strong>corrência

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