Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
33<br />
das pessoas (Sheiham, 2000, p.229). Pensando na realida<strong>de</strong> social do Brasil, tal<br />
conceito encontra-se ainda muito distante da situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal da maior parte<br />
da população, na medida em que <strong>uma</strong> <strong>de</strong>ntição confortável e funcional ainda se<br />
distancia da realida<strong>de</strong> palpável da maioria da população brasileira. Faz-se necessário<br />
relembrar a dimensão dos dados <strong>de</strong> Pinto (1992) apud Frazão (1998), que são claros<br />
ao <strong>de</strong>monstrar que a maior parte da população, cerca <strong>de</strong> 2/3 <strong>de</strong>la, encontra-se excluída<br />
do acesso ao atendimento odontológico. Além disso, muito ainda há que se trabalhar<br />
junto à população no sentido <strong>de</strong> buscar a valorização da saú<strong>de</strong> bucal como parte da<br />
saú<strong>de</strong> geral; é preciso começar a mudar a representação que a maior parte da<br />
população tem com relação a seus <strong>de</strong>ntes. Na verda<strong>de</strong>, faz parte da cultura do<br />
brasileiro lembrar-se que tem <strong>de</strong>nte quando este dói; e quando isso ocorre, na maioria<br />
das vezes também, não restam opções <strong>de</strong> tratamento financeiramente acessíveis, a<br />
não ser a extração, prática mutiladora ainda tão comum em nosso país (Iyda, 1998).<br />
No entanto, há que se pon<strong>de</strong>rar que não é simplesmente a falta <strong>de</strong> acesso<br />
aos serviços odontológicos que produz a má condição <strong>de</strong>ntária. As incoerências entre<br />
o progresso técnico-científico da odontologia e os níveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal dos cidadãos<br />
brasileiros estão relacionadas com a formação e capacitação <strong>de</strong> recursos h<strong>uma</strong>nos<br />
que é ina<strong>de</strong>quada, a ineficiência dos serviços e programas públicos e a gravida<strong>de</strong> dos<br />
problemas sanitários, que fazem com que a saú<strong>de</strong> bucal tenha priorida<strong>de</strong> secundária<br />
( CNSB, 1993, p. 5). Adicionam-se a tais incoerências a baixa cobertura assistencial e<br />
a falta <strong>de</strong> horário <strong>de</strong> atendimento disponível para os trabalhadores. Além disso, não se<br />
po<strong>de</strong> ignorar a queda do po<strong>de</strong>r aquisitivo da população, as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais que<br />
aumentam cada vez mais em virtu<strong>de</strong> do <strong>de</strong>semprego e <strong>de</strong> baixos salários, que<br />
terminam por aumentar ainda mais o <strong>de</strong>sequilíbrio entre a oferta e a procura dos<br />
serviços públicos. Falta também: integrar ações educativas e preventivas às curativas,<br />
para que se consiga diminuir a supremacia das ações emergenciais e mutiladoras; e<br />
repassar conhecimentos e informações em saú<strong>de</strong> bucal para a população (CNSB,<br />
1993).<br />
Outra consi<strong>de</strong>ração a ser feita é que a saú<strong>de</strong> bucal, como a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
modo geral , é um patrimônio que cada um <strong>de</strong>sfruta e cuida, segundo seus<br />
próprios critérios e cultura<br />
(Belardinelli & Rangel, 1999, p.92). Aqui vale reforçar a<br />
importância do estilo <strong>de</strong> vida dos indivíduos, conforme o mapa do território da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>