Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
28 a II Conferência Nacional de Saúde Bucal, 1993, tal transferência acrítica se dá em virtude dos orgãos formadores do país- ou seja, das faculdades de odontologia, que continuam desagregadas da realidade brasileira, não havendo compromisso com as necessidades da população e, tampouco, com a solução real de tais necessidades. Zanetti (2000a) corrobora tal transferência, e ainda é categórico e esclarecedor, ao afirmar que: Hordas de Cirurgões Dentistas, passaram a ser lançados em um mercado socialmente desorganizado e a uma vida profissional por si só alienante. Tudo isso, após serem (de)formados em cursos de graduação exclusivamente voltados para uma clínica particular liberal, ou seja, para o consumo de massa de serviços curativos. (p.8). Como pode ser visto, apesar de existir uma prática pública de saúde bucal, a maior parte da categoria odontológica continua exercendo tal prática baseada na sua (de)formação profissional, ou seja uma formação que aliena da realidade. E esta prática age de forma pouco resolutiva, o que exige uma mudança nos modelos de atenção e de programação, com o objetivo de reforçar estratégias comprometidas com as necessidades da população brasileira, que gerem impactos epidemiológicos reais e positivos. Deste modo, para que possa haver mudanças positivas na prática de saúde bucal no Brasil é essencial que ocorram transformações no setor de desenvolvimento de recursos humanos, além da produção de conhecimentos e de serviços. A universidade brasileira não pode continuar quase que totalmente alienada da realidade sócio-epidemiológica da população brasileira, inclusive com a conivência dos dirigentes e docentes da área ( CNSB, 1993, p. 12). No Brasil, ainda lamentavelmente conhecido como o país dos banguelas ou mesmo o campeão em cárie dentária , dados da pesquisa epidemiológica, realizada em 1996 pelo Ministério da Saúde (MS), com a colaboração de entidades em vinte e sete capitais estaduais, demonstraram que houve um declínio na prevalência de cárie em todo o país. O valor do CPO-D caiu de 6,65 aos doze anos em 1986, para 3,06 na mesma idade, em 1996. Diante destes resultados obtidos nos últimos anos frente aos índices de cárie, parece haver três grandes fenômenos relacionados a tal declínio : (1) a expressiva ampliação da disponibilidade de água tratada e fluorada no país como um todo; (2) a adição de compostos fluorados aos dentifrícios, especialmente aos
29 populares, e a crescente expansão do mercado brasileiro nas últimas duas décadas e (3) a promoção da saúde bucal, presente nos sistemas locais de saúde( Narvai, 1996; Narvai, 1997; Ferreira, 1997a; Silva, 1997; Ferreira, 1998; Medeiros, 2000). Outra razões possíveis para este declínio relacionam-se às mudanças nos critérios de diagnóstico, aos padrões de consumo do açúcar, ao amplo uso de antibióticos, à melhoria na higiene oral e a uma variação cíclica natural da doença ( Nadanovsky, 2000a). No que tange a fluoretação das águas, um dos seus aspectos mais positivos reside exatamente no fato de que não exige esforço pessoal dos beneficiários em sua aplicação, contornando, assim, um problema-chave das práticas preventivas: a cooperação do indivíduo, uma vez que todos precisamos beber água. Além desta vantagem, o custo per capita/ano, segundo estimativas, consiste na melhor relação custo-beneficio de todas as atividades próprias da prática odontológica, correspondendo ao valor de R$1,00 ( Narvai, 2000a). É importante ainda lembrar que dados comprovam que padrões melhores de saúde bucal são encontrados em locais onde a água é fluoretada. Além disso, a redução da cárie dentária através deste meio coletivo é de aproximadamente 60% na prevalência dessa doença após 10 anos de utilização desse método. Segundo a Coordenadoria de Saúde Bucal, do Ministério da Saúde, a fluoração das águas de abastecimento público está atendendo a 42% da população, em 33,28% dos municípios do Brasil. Os dados demonstraram que 61,30% dos nossos habitantes recebem água tratada em suas casas e 42,09% destes são servidos com água fluoretada. No entanto, numa pesquisa realizada pela Fundação Nacional de Saúde, comprovou-se que apenas 32% da água tratada no Brasil é fluoretada (Ferreira, 1996; Vasconcellos, 1996; Ferreira, 1997a; Frazão, 1998; Brasil, 1999). Assim, levando-se em consideração as vantagens da fluoretação das águas, embora haja diferenças entre as pesquisas aqui citadas, considerando a relação custo-benefício de tal medida, os dados permitem inferir que ainda é baixa a cobertura de tal medida coletiva. Tal achado marca a necessidade de formas de controle locais da fluoretação da água pois, além da ainda baixa cobertura, de nada adianta fluoretar a água sem um controle rígido da qualidade dos produtos adicionados a ela e da sua qualidade final quando vai ser consumida pela população ( Ferreira, 1996, p.14). Ademais, além de
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No que tange a fluoretação das águas, um dos seus aspectos mais positivos<br />
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É importante ainda lembrar que dados comprovam que padrões melhores <strong>de</strong><br />
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32% da água tratada no Brasil é fluoretada (Ferreira, 1996; Vasconcellos, 1996;<br />
Ferreira, 1997a; Frazão, 1998; Brasil, 1999). Assim, levando-se em consi<strong>de</strong>ração as<br />
vantagens da fluoretação das águas, embora haja diferenças entre as pesquisas aqui<br />
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inferir que ainda é baixa a cobertura <strong>de</strong> tal medida coletiva.<br />
Tal achado marca a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> controle locais da fluoretação<br />
da água pois, além da ainda baixa cobertura, <strong>de</strong> nada adianta fluoretar a água sem<br />
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quando vai ser consumida pela população ( Ferreira, 1996, p.14). A<strong>de</strong>mais, além <strong>de</strong>