Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
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No que diz respeito à saú<strong>de</strong> bucal, o fato <strong>de</strong> maior importância no século XX<br />
correspon<strong>de</strong> à extraordinária redução na ocorrência da cárie <strong>de</strong>ntal, que vem<br />
acontecendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da década <strong>de</strong> 70 (Frazão, 1998; Nadanovsky, 2000b).<br />
Segundo Nadanovsky (2000b), a principal razão <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong>ve-se, <strong>de</strong> um modo<br />
geral no mundo todo, e inclusive no Brasil, ao largo uso <strong>de</strong> fluoretos, especialmente<br />
nos cremes <strong>de</strong>ntais; além das mudanças no critério <strong>de</strong> diagnóstico, no padrão <strong>de</strong><br />
consumo do açúcar; amplo uso <strong>de</strong> antibióticos; melhoria da higiene oral e <strong>uma</strong> variação<br />
cíclica natural da doença. Tais fatores, segundo o autor, sugerem ter exercido maior<br />
influência na redução da cárie <strong>de</strong>ntária do que os tratamentos odontológicos em si. Cury<br />
( 2000), por sua vez, lembra que tal <strong>de</strong>clínio, no entanto, po<strong>de</strong> ser motivo <strong>de</strong> euforia,<br />
mas não <strong>de</strong> acomodação ( Cury, 2000, p.8).<br />
Embora não se possa negar essa redução dos índices <strong>de</strong> cárie também aqui<br />
no Brasil, a cárie <strong>de</strong>ntária ainda é o principal problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal do país. No<br />
levantamento epi<strong>de</strong>miológico realizado em 1986 pelo Ministério da <strong>Saú<strong>de</strong></strong> ficou<br />
constatado que a situação da saú<strong>de</strong> bucal da população brasileira apresentava alta<br />
prevalência <strong>de</strong> cárie em todas as ida<strong>de</strong>s sendo o CPO-D média do número <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes<br />
permanentes cariados, perdidos e obturados em um grupo <strong>de</strong> indivíduos, conforme<br />
Klein e Palmer apud Chaves (1986) aos 12 anos <strong>de</strong> 6,65 <strong>de</strong>ntes envolvidos pela<br />
doença. No levantamento em 1996, o CPO-D aos 12 anos foi <strong>de</strong> 3,1. Segundo o<br />
levantamento epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> 1986, na faixa etária <strong>de</strong> 15 a 19 anos, apenas 33% dos<br />
brasileiros apresentavam todos os <strong>de</strong>ntes presentes( Martil<strong>de</strong>s, 1995; Ferreira, 1997a;<br />
Freire et al., 1997; Peres et al., 1997; Narvai, 2000b).<br />
Ainda falando dos resultados do levantamento <strong>de</strong> 1986, os dados apenas<br />
confirmaram que, aos 60 anos, três em cada quatro cidadãos brasileiros eram<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntados, isto é, não tinham mais nenhum <strong>de</strong>nte natural. Na faixa etária <strong>de</strong> 50 a 60<br />
anos o CPO-D apresentava, em média, 26,8 <strong>de</strong>ntes envolvidos pela cárie, e o mais<br />
grave é que <strong>de</strong>sses 26,8 ; 22,9 correspondiam a <strong>de</strong>ntes que já haviam sido extraídos.<br />
Na faixa etária <strong>de</strong> 35 a 44 anos (Narvai, 1994) cerca <strong>de</strong> um em cada dois brasileiros já<br />
está, já é <strong>de</strong>s<strong>de</strong>ntado! Sendo assim, percebe-se que<br />
a situação epi<strong>de</strong>miológica em<br />
termos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal da população idosa no Brasil po<strong>de</strong> ser classificada como<br />
bastante severa e grave (Pinto, 2000, p.121), o que <strong>de</strong>monstra a forma como este<br />
grupo é socialmente tratado e como, às margens da socieda<strong>de</strong> brasileira, procura