Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
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colocar a criança como sua priorida<strong>de</strong><br />
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(Botazzo, 1994, p.57), o que não tem<br />
conseguido causar impactos reais e positivos na produção social das doenças bucais.<br />
Falar em <strong>Saú<strong>de</strong></strong> <strong>Bucal</strong>, entretanto, muitas vezes se confun<strong>de</strong> com falar em<br />
Odontologia. Po<strong>de</strong>-se mesmo dizer, conforme Botazzo (1994), que a saú<strong>de</strong> bucal se<br />
reduz à odontologia e, esta, à cariologia, pois<br />
(...) embora classificando patologias bucais e tendo a boca como seu<br />
universo, o exercício da odontologia é hegemonicamente praticado<br />
tendo o <strong>de</strong>nte como referencial e a cárie, nele colocada, como patologia<br />
geradora da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> profissional e a chave <strong>de</strong> um saber particular.<br />
São fortes estas representações e nelas funciona sua economia. (p.<br />
37).<br />
<strong>Saú<strong>de</strong></strong> bucal e odontologia, como po<strong>de</strong> ser observado, tratam, portanto,<br />
infelizmente, <strong>de</strong> objetos diferentes,. Embora Iyda (1998) afirme que o homem <strong>de</strong>ve ser<br />
o objeto da odontologia ao dizer que Não é a boca, ou mais estritamente, a arcada<br />
<strong>de</strong>ntária que constitui o objeto da Odontologia senão o homem, seu produto e produtor<br />
(p. 132) , o que se tem visto, segundo a mesma autora, é a exclusão do que há <strong>de</strong><br />
essencial na odontologia, ou seja, sua h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> e historicida<strong>de</strong>. Botazzo (2000a)<br />
afirma que a odontologia tem tratado como seu objeto inequivocamente este: os<br />
<strong>de</strong>ntes dos homens, a <strong>de</strong>ntadura h<strong>uma</strong>na (p. 58).<br />
Assim, a odontologia fixa sua atenção em torno do <strong>de</strong>nte (mesmo com todo<br />
o avanço científico que experimenta), esquecendo-se, na maioria das vezes, que em<br />
torno <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>nte existe <strong>uma</strong> boca que pertence a um ser social que tem toda <strong>uma</strong><br />
história que não po<strong>de</strong> ser apartada <strong>de</strong>le, pois A Odontologia, ao fazer da boca <strong>uma</strong><br />
abstração, a <strong>de</strong>svincula do ser social que passa a ser tomado enquanto expressão do<br />
seu objeto e compreendido apenas a partir <strong>de</strong>le. (Botazzo, 1994, p. 43). O mesmo<br />
autor lembra ainda que, contraditoriamente, a odontologia acaba por se <strong>de</strong>svincular<br />
das <strong>de</strong>mais práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>slocar o paciente do seu contexto social, sendo<br />
que a análise <strong>de</strong> tal <strong>de</strong>svinculação só é possível no próprio campo das práticas <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>. A odontologia segue, portanto, sem consi<strong>de</strong>rar nem enten<strong>de</strong>r que seu objeto<br />
tem <strong>uma</strong> constituição social, que não po<strong>de</strong> ser ignorada.