Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
18<br />
1.1.3. SAÚDE BUCAL, ODONTOLOGIA E SAÚDE BUCAL COLETIVA<br />
Além da busca da construção do conceito para a saú<strong>de</strong> coletiva, este<br />
trabalho requer a construção também do conceito para a saú<strong>de</strong> bucal. Falar em<br />
<strong>Saú<strong>de</strong></strong> <strong>Bucal</strong>, a princípio, parece ferir a noção <strong>de</strong> integralida<strong>de</strong> biológica das pessoas.<br />
Mas, segundo Chaves (1986), a <strong>Saú<strong>de</strong></strong> <strong>Bucal</strong> <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada como estado <strong>de</strong><br />
harmonia ou higi<strong>de</strong>z da boca (...) acompanhada em grau razoável, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> geral do<br />
indivíduo<br />
(p.6). Assim, a Odontologia tem em mãos apenas <strong>uma</strong> parte dos meios e do<br />
po<strong>de</strong>r necessários para controlar as questões que estão sob a sua área <strong>de</strong> influência.<br />
Uma gama enorme <strong>de</strong> variáveis extra-odontológicas como o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
econômico, o nível educacional da população, os padrões culturais e as tradições que<br />
regulam os hábitos alimentares e a higiene pessoal e coletiva, entre outras, que estão<br />
extremamente ligadas ao processo saú<strong>de</strong>/doença, entrelaçam-se na resolução dos<br />
problemas <strong>de</strong> <strong>Saú<strong>de</strong></strong> <strong>Bucal</strong> (Iyda, 1998; Narvai, 1994; Pinto, 2000).<br />
A I Conferência Nacional <strong>de</strong> <strong>Saú<strong>de</strong></strong> <strong>Bucal</strong> (CNSB), que aconteceu em<br />
Brasília, em 1986, tendo contado com mais <strong>de</strong> 1000 participantes, entre eles<br />
representantes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s odontológicas (Conselhos Regionais, Associações e<br />
Sindicatos), secretarias Estaduais e Municipais <strong>de</strong> <strong>Saú<strong>de</strong></strong>, Associações <strong>de</strong> Moradores<br />
e Estudantes, entre outros, <strong>de</strong>finiu a saú<strong>de</strong> bucal como parte integrante e inseparável<br />
da saú<strong>de</strong> geral do indivíduo,<br />
e que está diretamente relacionada às condições <strong>de</strong><br />
alimentação, moradia, trabalho, renda, meio ambiente, transporte, lazer, liberda<strong>de</strong>,<br />
acesso e posse da terra, acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e à informação ( CNSB, 1986,<br />
p.2). Assim, a luta pela saú<strong>de</strong> bucal não po<strong>de</strong> estar <strong>de</strong>svinculada da melhoria <strong>de</strong> fatores<br />
condicionantes sociais, políticos e econômicos.<br />
Em 1993, aconteceu a II Conferência Nacional <strong>de</strong> <strong>Saú<strong>de</strong></strong> <strong>Bucal</strong>, que pô<strong>de</strong><br />
caracterizar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal vigente no Brasil como um mo<strong>de</strong>lo com<br />
limitadíssima capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta às necessida<strong>de</strong>s da população brasileira (CNSB,<br />
1993, p.4). Além <strong>de</strong>ssa limitada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal ficou<br />
caracterizado também como: ineficaz, na medida em que não consegue intervir na<br />
prevalência das doenças bucais da população; ineficiente, <strong>uma</strong> vez que se caracteriza<br />
por ser <strong>de</strong> alto custo e baixo rendimento; <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nado; difuso; individualista;