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Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero

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<strong>de</strong> primeira escolha para tais dores a extração <strong>de</strong>ntária. As mulheres <strong>de</strong>monstraram<br />

saber i<strong>de</strong>ntificar os problemas bucais que enfrentam, embora tenham também<br />

<strong>de</strong>monstrado em seu discurso <strong>uma</strong> certa aceitação <strong>de</strong> tais problemas como inerentes<br />

à gestação e que, portanto, <strong>de</strong>vem ser aceitos como parte da condição <strong>de</strong> ser mãe,<br />

sendo que muitas vezes não po<strong>de</strong>m ser sanados em virtu<strong>de</strong> do tratamento<br />

odontológico, em sua compreensão, oferecer riscos a saú<strong>de</strong> do bebê. Este <strong>de</strong>ve<br />

sempre estar em primeiro lugar, mesmo que isto signifique prejuízos irreversíveis à<br />

saú<strong>de</strong> bucal da mãe. E esses prejuízos, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar, são um preço um tanto<br />

alto a ser pago pelas gestantes em função <strong>de</strong> sua condição social <strong>de</strong> mulher, no<br />

cumprimento do seu papel <strong>de</strong> mãe <strong>de</strong>ntro da socieda<strong>de</strong>.<br />

Sobre a questão <strong>de</strong> ir ou não ir ao <strong>de</strong>ntista no período da gestação,<br />

verificou-se que crenças e mitos relacionados a ela estão, em sua maioria, fortemente<br />

associados às representações <strong>de</strong> gênero presentes na nossa socieda<strong>de</strong>, e manifestas<br />

através das falas das entrevistadas. Além disso, a crença <strong>de</strong> que ir ao <strong>de</strong>ntista não é<br />

permitido durante a gestação não é apenas <strong>de</strong>ssas mulheres mas também <strong>de</strong><br />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que vão perpetuando os prejuízos bucais sentidos por essas<br />

mulheres como parte da condição feminina <strong>de</strong> ser mãe.<br />

Ao investigar possíveis alterações na freqüência <strong>de</strong> alimentação das<br />

gestantes tornou-se expresso que a cobrança social que recai sobre a mulher pela<br />

responsabilida<strong>de</strong> sobre a saú<strong>de</strong> do feto reflete diretamente nos seus hábitos<br />

alimentares durante a gestação. Mesmo sabendo que ela po<strong>de</strong> engordar, ficar feia, isso<br />

não importa, pois seu papel <strong>de</strong> mãe que cuida bem do filho já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> esse período <strong>de</strong>ve<br />

ser cumprido a qualquer custo.<br />

Os dados sobre a higiene bucal das entrevistadas revelam que, <strong>de</strong> fato, não<br />

ocorrem alterações em tais hábitos durante a gestação, existindo ainda o agravante <strong>de</strong><br />

que para muitas gestantes problemas com enjôos do creme <strong>de</strong>ntal prejudicam a<br />

escovação. Embora ocorram alterações na freqüência <strong>de</strong> alimentação, estas não se<br />

refletem na escovação. Isto é preocupante porque a gestação gera alterações bucais,<br />

que po<strong>de</strong>m se agravar caso não sejam <strong>de</strong>vidamente consi<strong>de</strong>radas. A soma <strong>de</strong> tais<br />

alterações às crenças <strong>de</strong> que elas são comuns à gestação e não merecem atenção<br />

especial po<strong>de</strong> causar, assim, sérios prejuízos à saú<strong>de</strong> bucal da mulher.

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