Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero
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Sobre a questão <strong>de</strong> ir ou não ir ao <strong>de</strong>ntista no período da gestação,<br />
verificou-se que crenças e mitos relacionados a ela estão, em sua maioria, fortemente<br />
associados às representações <strong>de</strong> gênero presentes em nossa socieda<strong>de</strong>, e manifestas<br />
através das falas das entrevistadas. E mais do que isto, estas crenças, por toda a sua<br />
força, acabam gerando prejuízos para a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas mulheres, prejuízos que não são<br />
vistos como tal na medida em que se acredita que cada filho custa um <strong>de</strong>nte mesmo<br />
e que problemas <strong>de</strong>ntais durante a gestação são normais. Além disso, a crença <strong>de</strong> que<br />
ir ao <strong>de</strong>ntista não é permitido durante a gestação não é apenas <strong>de</strong>ssas mulheres mas<br />
também <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que vão perpetuando os prejuízos bucais como<br />
parte da condição feminina <strong>de</strong> ser mãe.<br />
3.2.6. MULHER GRÁVIDA TEM DE COMER POR DOIS ?<br />
Sabe-se que durante a gestação, a mulher passa por alterações fisiológicas<br />
que acabam por lhe causar exagerado aumento da fome. Tais alterações estão<br />
relacionadas à perda <strong>de</strong> nutrientes para o feto e também aos efeitos dos hormônios da<br />
gestação (Fonseca, 1987). Além disso existem também alterações psicológicas que<br />
po<strong>de</strong>m contribuir para que a gestante coma mais.<br />
No início da gestação as mulheres normalmente têm problemas com<br />
náuseas e vômitos, que as levam a realizar pequenas refeições em intervalos <strong>de</strong> tempo<br />
menores do que antes da gestação (Fonseca, 1987; Oliveira, 1990; Kahhale, 1994). No<br />
final da gestação, o útero grávido empurra o estômago, diminuindo sua capacida<strong>de</strong><br />
fisiológica.<br />
Tais episódios biológicos adicionam-se ao mito <strong>de</strong> que a gestante <strong>de</strong>ve<br />
comer por dois. Observações clínicas na área da psicologia têm <strong>de</strong>monstrado que a<br />
dificulda<strong>de</strong> em manter <strong>uma</strong> alimentação a<strong>de</strong>quada funciona como um mecanismo <strong>de</strong><br />
autoproteção, pois o feto é percebido como um parasita, que suga sem cessar todas<br />
as reservas da mãe, que para compensar essas perdas passa a comer em excesso