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Saúde Bucal de Gestantes: uma Abordagem de Gênero

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oferecer em seu imaginário riscos à saú<strong>de</strong> do bebê, mesmo que este não pensar em<br />

si signifique prejuízos irreparáveis à sua saú<strong>de</strong>. Outro ponto abordado pelas gestantes<br />

é que não sentiram dor, portanto, disseram: achei que não precisava , não senti<br />

nenh<strong>uma</strong> dor, nada , não vi necessida<strong>de</strong> . Esta é <strong>uma</strong> justificativa já citada para não<br />

se buscar o atendimento odontológico quando se tratou da importância do<br />

tratamento dos <strong>de</strong>ntes, reforçando mais <strong>uma</strong> vez o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal construído<br />

pelas pessoas <strong>de</strong> que a ausência <strong>de</strong> dores é sinônimo <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> doença.<br />

No discurso das gestantes, conforme vem se evi<strong>de</strong>nciando ao longo dos<br />

dados, também aparece a preocupação das mesmas em relação ao bebê. O que,<br />

diga-se <strong>de</strong> passagem, é socialmente natural, afinal, qualquer problema que ocorra com<br />

a gestação, a culpa po<strong>de</strong>rá ser totalmente atribuída à mãe, e, mais do que isso, ela<br />

própria se culpará. Muitas ainda revelaram falta <strong>de</strong> tempo, o que, a princípio, parece ser<br />

apenas <strong>uma</strong> <strong>de</strong>sculpa. Mas se isso for analisado, chega-se à conclusão que, <strong>de</strong> fato,<br />

a vida <strong>de</strong> <strong>uma</strong> mulher do lar é mesmo rica em trabalhos domésticos infindáveis (<br />

Sarti, 1996), conforme explicita a justificativa <strong>de</strong> <strong>uma</strong> das entrevistadas por não ter ido<br />

ao <strong>de</strong>ntista: falta <strong>de</strong> tempo, só eu para cuidar <strong>de</strong> filho (3), e casa, tudo sozinha, aí ...<br />

Esta fala, representativa <strong>de</strong> outras falas das entrevistadas, <strong>de</strong>monstra a solidão que<br />

é imposta à mulher no ambiente privado, além da sobrecarga <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, que a<br />

impe<strong>de</strong>m <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r cuidar <strong>de</strong> si mesma, da sua própria saú<strong>de</strong>. Vale aqui lembrar do<br />

provérbio que diz que cada filho custa um <strong>de</strong>nte , e os dados nos levam a acreditar<br />

que essas mulheres acabam por aceitar e assumir como verda<strong>de</strong> , pelas pressões<br />

exercidas socialmente, que sofrer dores, inclusive as <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte, faz parte do preço a ser<br />

pago pela maternida<strong>de</strong>. Afinal, por tocar em provérbios, ser mãe é pa<strong>de</strong>cer no<br />

paraíso , e esse pa<strong>de</strong>cer acaba por começar já na gestação!<br />

Com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar essas mulheres falarem um pouco mais sobre suas<br />

crenças, medos e ansieda<strong>de</strong>s em relação à visita ao <strong>de</strong>ntista, perguntou-se também a<br />

elas se acreditavam que a gestante po<strong>de</strong> ir sem problemas ao <strong>de</strong>ntista e se acreditam<br />

em problemas <strong>de</strong>correntes da visita e quais são esses problemas. A tabela 21<br />

apresenta os dados referentes a essas crenças com relação à visita ao <strong>de</strong>ntista durante<br />

a gestação.

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