INÍCIO DO PROCESSO DE MASTIGAÇÃO - CEFAC
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<strong>CEFAC</strong><br />
CENTRO <strong>DE</strong> ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA<br />
MOTRICIDA<strong>DE</strong> ORAL<br />
<strong>INÍCIO</strong> <strong>DO</strong> <strong>PROCESSO</strong> <strong>DE</strong> <strong>MASTIGAÇÃO</strong><br />
O que pensam mães e cuidadores<br />
MARTHA APARECIDA PRUNER DA SILVA<br />
ITAJAÍ<br />
2001<br />
1
<strong>CEFAC</strong><br />
CENTRO <strong>DE</strong> ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA<br />
MOTRICIDA<strong>DE</strong> ORAL<br />
O <strong>INÍCIO</strong> <strong>DO</strong> <strong>PROCESSO</strong> <strong>DE</strong> <strong>MASTIGAÇÃO</strong><br />
O que pensam mães e cuidadores<br />
Monografia de conclusão do curso de<br />
especialização em Motricidade Oral<br />
Orientadora: Mirian Goldenberg<br />
MARTHA APARECIDA PRUNER DA SILVA<br />
ITAJAÍ<br />
2001<br />
2
RESUMO<br />
O objetivo da pesquisa realizada foi conhecer o que mães e cuidadores pensam<br />
a respeito de como se inicia a mastigação dos bebês.<br />
Foram elaborados e distribuídos questionários para quatro pais e duas<br />
professoras de bebês do berçário de uma escola no interior do estado de Santa<br />
Catarina.<br />
Para suporte teórico, foi feito um estudo sobre o desenvolvimento crânio-facial<br />
desde o terceiro trimestre fetal até a dentição permanente, o desenvolvimento da<br />
mastigação, sua fisiologia, musculatura envolvida, orientações práticas que facilitam no<br />
aprendizado desta função e sua importância .<br />
Analisando as respostas de pais e cuidadores constatou-se que a maioria das<br />
crianças tem em sua dieta alimentos que não propiciam uma mastigação efetiva, e<br />
que a erupção dos dentes descíduos não é associada ao início do processo<br />
mastigatório e nem que este é aprendido.<br />
Este trabalho pretende ampliar os conhecimentos dos profissionais da<br />
fonoaudiologia para que possam de maneira efetiva orientar pais e cuidadores sobre o<br />
que é a mastigação, como ocorre, porque é importante mastigar corretamente e como<br />
auxiliar os bebês neste aprendizado.<br />
3
ABSTRACT<br />
The objective of the research was to know what mothers and peoples tha take<br />
care of babies think about how start the chew of the babies.<br />
The questionnaires were elaborate and distributed to four parents and two baby<br />
teachers of nursery of a school in the interior of the Santa Catarina state.<br />
For theoretical support it was made a study about the evoluttion facial brain,<br />
since the third quarter of year of the fetus until the permanent dentition, the<br />
development of the chew, its physiology, musculature involved, practice orientatios that<br />
facilitate in the apprenticement of this and its importance.<br />
Analysing the answers of the parents and peoples that take care of babies<br />
verified that the most of children have in their diet foods that don’t propritiate an<br />
effective chew, and that the eruption of the inferior teeth ins’t associate to the start the<br />
process of the mastigate and neither that this is learned.<br />
This work wants to amplify the know how of the Speech Language Pathology<br />
professionals to they can of effective way to orient parents ans people that take care of<br />
babies about what is the chew, how happen, why is it important to chew correctly and<br />
how assistant the babies in this apprenticement.<br />
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1. INTRODUÇÃO<br />
A preocupação dos profissionais de uma escola no interior do estado de<br />
Santa Catarina, que atende crianças na faixa etária de zero à seis anos, quanto à<br />
demora da passagem da alimentação de consistência líquida-pastosa para as mais<br />
sólidas, levaram-me à escolha da mastigação como tema deste trabalho. Por várias<br />
vezes mostraram estarem preocupadas com os hábitos alimentares dos bebês e não<br />
conseguiam definir claramente porque estes deveriam mudar. É como se o “instinto<br />
materno” lhes avisasse que é hora de mudanças .<br />
Nas reuniões de pais constatou-se como a realidade social de mães que<br />
trabalham e não têm muito tempo se para dividir entre as atividades profissionais e<br />
domésticas, interfere nas questões da alimentação: há uma tendência a facilitar-lhes a<br />
alimentação quando estes bebês estão em casa, existe a preocupação com a perda de<br />
peso se o bebê não tomar a mamadeira e ainda o desconforto das mães quando seus<br />
filhos ao se alimentarem sem auxílio, espalham os alimentos.<br />
A colocação , “ todo trabalho do homem é para sua boca” ( Eclesiastes,VI,7),<br />
nos remete à importância da alimentação para o homem desde o início dos tempos e<br />
que apesar de ser um ato orgânico se tornou social e como tal suscetível às mudanças<br />
e transformações da sociedade.<br />
O objetivo principal deste trabalho é saber sobre o que pensam mães e<br />
cuidadores a respeito do início do processo de mastigação e levar a uma maior<br />
reflexão de nossa atuação dentro da motricidade oral com as orientações referentes<br />
à mastigação.<br />
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Inicio a discussão teórica descrevendo o desenvolvimento da face no terceiro<br />
trimestre fetal, em relação com a função mastigação. Seguindo, o leitor terá a<br />
descrição do desenvolvimento do recém-nascido até a dentição permanente.<br />
Tendo uma visão do desenvolvimento cranio-facial até a dentição permanente<br />
veremos o desenvolvimento da função mastigação, as suas fases, o ciclo mastigatório,<br />
os músculos envolvidos nesta função do sistema estomatognático, as orientações<br />
encontradas para estimular adequadamente a mastigação e o que dizem vários autores<br />
sobre a mastigação e o desenvolvimento das funções orais.<br />
A pesquisa prática será realizada através de questionário respondido pelas<br />
mães e cuidadores, sendo estes últimos as babás e/ou professoras das crianças<br />
matriculadas no berçário.<br />
Finalmente, as considerações finais têm o objetivo de discutir e refletir sobre<br />
as respostas obtidas e nossa conduta para melhor orientar mães e cuidadores.<br />
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2. DISCUSSÃO TEÓRICA<br />
2.1. Terceiro trimestre fetal<br />
Para melhor compreendermos o processo mastigatório vamos aprender<br />
sobre o crescimento e desenvolvimento da face e sua relação com a função<br />
mastigatória.<br />
Oyen (1993) descreve que entre a 25ª e 36ª semanas ocorre a maturidade<br />
funcional das estruturas do feto que lhe assegurarão a sobrevivência após o<br />
nascimento. Sua face está formada e é facilmente identificada.<br />
A cabeça do feto é dominante e seus maiores componentes são a abóboda<br />
craniana e o cérebro em seu interior. A abóboda craniana nessa fase é dez vezes<br />
maior que a face do feto, e o cérebro já alcançou 20 a 25 por cento do seu tamanho<br />
adulto.<br />
O crescimento do cérebro difere do de outras partes do corpo e não acontece<br />
para atender as demandas uterinas imediatas ou para atender às necessidades com o<br />
nascimento próximo, nem tão pouco está ligado as mudanças funcionais do tamanho<br />
do corpo. Seu crescimento inicial e longo parece ser uma adaptação essencial. A<br />
grande cabeça do feto é uma pré-adaptação às necessidades posteriores, que<br />
ocorrerão certo tempo depois do nascimento, que capacitará o bebê a desenvolver e<br />
dominar características unicamente humanas como a linguagem e o pensamento<br />
abstrato.<br />
O espaço restrito do útero limita a quantidade disponível para que o resto do<br />
corpo cresça, incluindo a face, muito desse espaço já esta ocupado pelo cérebro.<br />
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O tamanho e a forma do canal de parto impõem ao crânio que este deve ser<br />
pequeno e flexível o suficiente para atravessá-lo. A flexibilidade do crânio é possível<br />
devido as interconexões fibrosas entre ossos parcialmente formados da calvária.<br />
Apesar do crescimento do crânio, do espaço uterino restrito e das limitações impostas<br />
pelo nascimento ao crescimento facial do feto, o tamanho da face não é totalmente<br />
determinado por estes fatores. Em termos funcionais a face tem que estar madura o<br />
suficiente para que ocorram a respiração e alimentação eficientes.<br />
2.2. De recém-nascido à dentição descídua<br />
Segundo Oyen (1993), a cabeça do recém-nascido é arquitetada para facilitar<br />
a respiração, ingestão e a expansão continuada do cérebro.<br />
Ao nascer, as vias aéreas do bebê devem ter o tamanho ideal para permitir a<br />
passagem de um volume de ar suficiente para suas necessidades fisiológicas. Em<br />
função do comportamento alimentar do recém-nascido as vias aéreas devem ser<br />
separadas da boca pelo palato, para que as funções de respiração e sucção ocorram<br />
sem interferência uma da outra.<br />
A anatomia bucal do recém-nascido é satisfatoriamente desenvolvida para<br />
permitir a ingestão eficiente de alimento, todavia a succão observada é transitória e<br />
especializada, não persistindo durante a fase adulta. A sucção ocorre através de três<br />
componentes anatômicos básicos: os músculos da mímica facial (bochechas e lábios)<br />
a língua e o palato. A organização e ação dos músculos da mímica facial em conjunto<br />
com a língua e o palato grande e achatado capacitam o recém-nascido a se alimentar<br />
eficientemente sem sobrecarregar estrutural e funcionalmente qualquer área do<br />
esqueleto facial. Esta organização no entanto, é uma adaptação transitória, suscetível<br />
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à mudanças conforme ocorram alterações em outros lugares da cabeça e face. Mas<br />
efetivamente nos componentes dentários, musculares e ósseos do sistema<br />
mastigatório.<br />
Após o nascimento as interconexões fibrosas e os ossos parcialmente<br />
formados da abóboda craniana, que facilitam a passagem pelo canal do parto,<br />
permitem o crescimento pós- natal do crânio ao passo da expansão do cérebro. Este<br />
rápido crescimento cerebral pode não ser essencial à sobrevivência imediata do recém-<br />
nascido, porém, os seus efeitos estendem-se do neurocrânio para a face e atuam<br />
diretamente sobre o sistema mastigatório.<br />
As fossas cranianas médias são áreas importantes de crescimento cerebral.<br />
Os limites laterais de cada uma são formados pela asa maior do esfenóide e pelos<br />
ossos frontal, parietal e temporal. Essas regiões e ossos estão intimamente ligados à<br />
função mastigatória, pois propiciam uma ancoragem aos músculos elevadores da<br />
mandíbula, que ao nascimento são pequenos e pouco desenvolvidos. Uma parte do<br />
osso temporal funciona como uma articulação craniana para a mandíbula. A expansão<br />
da fossa craniana média afeta em vários aspectos o sistema mastigatório.<br />
A expansão lateral da fossa pelo deslocamento lateral do osso temporal,<br />
resulta no deslocamento lateral da parte craniana da articulação mandibular. Esse<br />
deslocamento necessita de mudanças de crescimento, ou seja, o alargamento da<br />
mandíbula para manter o ritmo com a expansão da base do crânio. O alargamento da<br />
mandíbula aumenta a possibilidade de momentos de flexão e/ou torção desfavoráveis<br />
ao longo do corpo mandibular, principalmente na sínfise. Se forças assimétricas agirem<br />
sobre a mandíbula, a probabilidade e intensidade desses efeitos desfavoráveis<br />
aumentam. Mesmo sabendo que a mandíbula infantil tem um potencial de crescimento<br />
natural para manter equivalência com o ritmo da expansão craniana, com sua sínfise<br />
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ainda não fusionada, não está adaptada para resistir aos momentos de flexão e/ou<br />
torque. Este resultado estrutural é compensado no neonato por forças fracas e<br />
simétricas que agem sobre a mandíbula durante a sucção. Podemos concluir então,<br />
que os componentes orais do lactente diminuem a probabilidade das forças<br />
biomecânicas desfavoráveis atuarem sobre a mandíbula frágil e pequena. A<br />
persistência do comportamento lactente, após a erupção dos dentes descíduos,<br />
permite que a mandíbula sofra modificações em sua estrutura que a capacitam melhor<br />
a resistir a flexão e ao torque. Não é mera coincidência que a sínfise mandibular<br />
complete sua fusão na mesma época em que os molares descíduos irrompem.<br />
Feres (1992) refere que a erupção destes dentes ocorre aos seis meses de<br />
idade, em resposta a necessidade da passagem da alimentação líquida ( leite<br />
materno) para alimentos de diferentes consistências.<br />
Oyen (1993) descreve ainda que simultâneamente ao deslocamento lateral<br />
ocorre a expansão ântero-llateral da fossa craniana média pelo crescimento ao longo<br />
da sutura esfenotemporal. Os ossos que se articulam com a asa maior do esfenóide<br />
sofrem vários graus de deslocamento ao longo do eixo ântero- posterior.<br />
Essa expansão estende o comprimento do braço de potência do masséter,<br />
pterigóideo medial e temporal porque seus ligamentos anteriores são afastados da<br />
articulação mandibular.<br />
Tais alterações possibilitam ao lactente manter forças de elevação mandibular<br />
relativamente maiores sem necessidade de aumentar o tamanho dos músculos.<br />
Podemos dizer então que o alongamento da maxila e da mandíbula, permite o<br />
crescimento do sistema mastigatório preservando sua eficiência.<br />
Outro efeito da expansão endocraniana acontece porque o crescimento do<br />
esfenóide e dos ossos com os quais ele se articula geram uma área superficial maior<br />
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para a inserção das origens dos músculos temporal e pterigóideo medial. O<br />
crescimento ao longo das suturas da asa maior do esfenóide resulta no alongamento<br />
do arco zigomático mediante o deslocamento anterior do zigoma e o deslocamento<br />
posterior do osso temporal, um em relação ao outro. A maturação funcional do<br />
masséter necessita de uma modificação na forma do arco zigomático alongado.<br />
Uma importante conseqüência do deslocamento da maxila que resulta da<br />
expansão das fossas cranianas, anterior e média, são as mudanças que ocorrem<br />
simultâneamente na função da mandíbula e da musculatura elevadora.<br />
O deslocamento anterior das maxilas além de direcionar a mandíbula para<br />
frente, afasta toda a arcada dentária do fulcro, o que aumenta o comprimento do braço<br />
de resistência. Também afasta do fulcro os pontos mais anteriores de inserção dos<br />
músculos elevadores, estendendo o braço de potência, e ainda cria espaço na região<br />
posterior do arco dentário, o que permite o desenvolvimento da tuberosidade maxilar,<br />
o crescimento e erupção de qualquer dente daí em diante.<br />
Já o deslocamento simultâneo das maxilas e da mandíbula ocorre de<br />
maneira tal que as linhas dos músculos elevadores da mandíbula, em especial o<br />
masséter e pterigóideo medial, afastam- se do fulcro, gerando aumentos do braço de<br />
potência. Isso acontece, mesmo que o ângulo mandibular se feche movendo a linha do<br />
ramo diretamente para baixo da articulação. Além de promover uma alteração no<br />
comprimento do braço de potência, o deslocamento posterior do ramo que não<br />
podemos esquecer ocorre associado ao deslocamento anterior das maxilas, gerando<br />
espaço na arcada dentária inferior para o desenvolvimento e erupção dos molares.<br />
Todas essas alterações nos mostram como o crescimento cerebral afeta a<br />
função mastigatória num lactente. Os efeitos relacionam – se com as mudanças<br />
potenciais na eficiência mecânica, alterações de tamanho da musculatura elevadora e<br />
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conseqüências para a mandíbula. Essas mudanças ocorrem quando as necessidades<br />
de alimentação do bebê estão sendo supridas quase exclusivamente pelos músculos<br />
da mímica facial, palato e língua.<br />
Podemos concluir que a expansão neurocraniana proporciona a oportunidade<br />
precoce para o crescimento do aparelho mandibular, porém a adaptação do sistema de<br />
sucção é que permite que a mandíbula, maxila, dentes e os músculos elevadores,<br />
cresçam e desenvolvam-se de modo a efetivamente assegurarem sua eficiência no<br />
decorrer da vida em que serão com freqüência solicitados a criarem e resistirem às<br />
forças mastigatórias.<br />
2.3. Dentição decídua e permanente<br />
Oyen ( 1993) relata que quando os incisivos decíduos superiores e inferiores<br />
irromperam o necessário para exercer certa força sobre um objeto, começa a<br />
maturação funcional do sistema mastigatório.<br />
Segundo Moyers (1987), o aspecto sensorial destes dentes é fator importante<br />
na maturação funcional da mastigação. Os contatos oclusais iniciais dos incisivos<br />
antagonistas influenciam os movimentos dos músculos que comandam a postura da<br />
mandíbula. No instante que os incisivos superior e inferior se tocam, os músculos dos<br />
maxilares iniciam o aprendizado de funcionamento, e se acomodam com o contato<br />
dentário. Desta maneira o padrão de fechamento torna-se mais ântero-posterior (uma<br />
vez que os incisivos são os primeiros a entrar em contato) do que médio- lateralmente.<br />
De acordo com Oyen (1993), no momento do nascimento as condições<br />
estruturais do sistema mastigatório não estão suficientemente avançadas para que a<br />
função mastigação ocorra. Enquanto ocorre a amamentação, os componentes<br />
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mastigatórios dispõem de tempo para se desenvolverem. Neste período que precede a<br />
mastigação ocorrem várias alterações estruturais que veremos a seguir.<br />
As cristas alveolares das arcadas superior e inferior desenvolvem- se para<br />
dar suporte às coroas já formadas. As raízes suficientemente constituídas permitem<br />
que os dentes irrompam. Essa alteração na margem alveolar das maxilas diminui a<br />
área de superfície plana do palato e gera uma área de foco das forças, criadas pela<br />
elevação da mandíbula contra os decíduos, superiormente ao corpo mandibular,<br />
permitindo o aumento da espessura do osso na região da sínfise, que está se fundindo<br />
nesse momento.<br />
A mastigação é um comportamento adquirido, onde o bebê, explorando e<br />
experimentando, descobre o sistema mastigatório e começa a usá-lo. Quando esse<br />
processo de aprendizado se inicia, começam a se desenvolver os músculos elevadores<br />
e ocorrem as alterações estruturais e funcionais no esqueleto facial.<br />
Uma das primeiras mudanças que ocorrem com a descoberta dos músculos<br />
elevadores é a passagem do padrão de deglutição infantil para o adulto, onde os<br />
músculos elevadores posicionam a mandíbula. Com esse envolvimento funcional esses<br />
músculos começam a hipertrofiar, seu crescimento e uso impõe novas demandas para<br />
os ossos em que se inserem e sobre os quais aplicam forças. Agora podemos observar<br />
mudanças específicas do sistema musculoesquelético associados à função<br />
mastigatória.<br />
No momento em que os incisivos decíduos estão funcionalmente ocluídos, a<br />
sutura frontozigomática torna-se mais compacta e claramente interdigitada e todo o<br />
osso começa a assumir uma distinta forma arqueada com a margem inferior que<br />
mostra uma concavidade. Com os dentes subseqüentes irrompendo e entrando em<br />
oclusão o arco zigomático se aproxima mais da forma que o nomeia e arqueia para<br />
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fora. A forma que este assume é ideal para resistir as forças que lhe são aplicadas<br />
como conseqüência das energéticas contrações do músculo masséter.<br />
Com o aumento do uso da mandíbula, o músculo temporal cresce em área<br />
de corte transversal, e sua origem abre- se em leque na parte lateral do crânio,<br />
cobrindo porções da asa maior do esfenóide e os ossos temporal, parietal e zigomático.<br />
Com isso as suturas entre esses ossos tornam- se mais estabelecidas e proporcionam<br />
uma base mais firme para a adesão do temporal, e , ainda permitindo a expansão<br />
craniana por crescimento sutural. Quando os segundos molares decíduos começam a<br />
ocluir, o temporal cresce e torna- se especializado. No momento em que os dentes<br />
decíduos posteriores irrompem, as cristas infratemporais e as lâminas do processo<br />
pterigóide desenvolvem-se em grau significativo. Com os segundos molares<br />
permanentes entrando em oclusão, as lâminas pterigóideos quadruplicam em tamanho<br />
e podemos discernir fossas distintas entre as cristas infratemporais, o que evidencia o<br />
crescimento e uso dos músculos pterigóideos mediais.<br />
Os arcos das maxilas e mandíbula crescem em comprimento para dar<br />
espaço ao desenvolvimento e erupção da dentição. Assim os braços de resistência<br />
mastigatória tornam-se mais longos porque os dentes e a articulação<br />
temporomandibular estão no mesmo plano. Esse alongamento resultará numa redução<br />
da eficiência mecânica do sistema mandibular. Para manter um nível satisfatório de<br />
força mastigatória deve também ocorrer um aumento da área de corte transversal dos<br />
músculos elevadores.<br />
Essa adaptação de crescimento tem uma importância particular na maturação<br />
do processo de mastigação. Anteriormente a erupção dos molares decíduos e dos<br />
primeiros molares permanentes, ocorre um deslocamento que diminui a eficiência<br />
mecânica do aparelho mastigatório, devido ao alongamento do braço de resistência<br />
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que se precede. O deslocamento anterior da raiz do zigomático tem o efeito de<br />
aumentar o braço de potência compensando o efeito anterior. Agora , a restauração<br />
completa da força mastigatória nos incisivos ou nos segundos molares decíduos<br />
necessita do aumento da área de corte transversal dos músculos elevadores da<br />
mandíbula.<br />
Já na oclusão dos primeiros molares permanentes torna- se irrelevante o<br />
deslocamento anterior dos dentes em relação à base do zigoma na maxila. A erupção<br />
dos segundos e terceiros molares permanentes ocorre mais próximo das linhas de<br />
ação dos músculos elevadores e dependendo do deslocamento futuro e a extensão de<br />
todo o complexo maxilar, esses molares podem vir a se posicionar mais próximo da<br />
articulação.<br />
Todas essas alterações não demonstram o cume da maturação do sistema<br />
mastigatório pois conforme os dentes se desenvolvem , erupcionam e ocluem, geram<br />
repostas mandibulares.<br />
Com os incisivos decíduos funcionando, a sínfise mandibular, se funde e seu<br />
perfil passa de côncavo para convexo, e o queixo torna-se identificável.<br />
Essas adaptações capacitam a mandíbula a efetivamente resistir contra<br />
forças de torção que ocorrem nessa região como conseqüência de cargas<br />
assimétricas. Quanto mais dentes irrompem mais aumenta a freqüência e intensidade<br />
dessas forças.<br />
Outra região da mandíbula , a cabeça e o colo do côndilo, evidenciam<br />
respostas à maiores cargas mastigatórias principalmente as assimétricas. O colo do<br />
côndilo se espessa e sua área superficial aumenta no momento em que os molares<br />
decíduos estão se ocluindo, e os segundos e terceiros molares permanentes entram<br />
em oclusão.<br />
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Como se amplia o uso e a área de corte transversal dos músculos temporal,<br />
masséter e ptrigóideo medial, ocorrem também mudanças na mandíbula. As<br />
irregularidades ósseas marcam as áreas de inserção do pterigóideo medial e do<br />
masséter, no ângulo mandibular. O alargamento goníaco e a incisura antegoníaca<br />
caracterizam o ligamento do masséter e resistem notavelmente. O músculo que mais<br />
tem sua área de inserção afetada na mandíbula é o temporal. O processo coronóide<br />
elevado pelo temporal cresce em extensão. Conforme atinja o tamanho adulto e todos<br />
os dentes entrem em oclusão o processo se estende bem acima do nível do processo<br />
condilar.<br />
2.4. Desenvolvimento da Função Mastigação<br />
A mastigação é a fase inicial do processo digestivo que começa na boca.<br />
Auxilia no desenvolvimento e crescimento do aparelho estomatognático e para a<br />
conservação das funções musculares, articulações e periodonto na vida adulta.<br />
Tanigute (1998) descreve as etapas do desenvolvimento da mastigação:<br />
- dos 5 a 6 meses : os movimentos são verticais, a língua amassa os<br />
alimentos contra o palato;<br />
- aos 7 meses : os movimentos de lateralização iniciam, a língua começa a<br />
lateralizar os alimentos;<br />
- de 1 ano a 1 ano e meio : iniciam- se os movimentos rotatórios, os lábios<br />
permanecem selados, nesta etapa já é considerada como padrão de adulto.<br />
Moyers (1987) e Bianchini (1998) referem que a mastigação não se<br />
desenvolve com a amamentação, o que ocorre na realidade é a maturação do SNC<br />
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permitindo o desenvolvimento de novas funções que são desencadeadas pela erupção<br />
dos primeiros dentes.<br />
Os mesmos autores concordam que inicialmente a mastigação é irregular e<br />
incoordenada como ocorre no aprendizado de qualquer habilidade motora.<br />
Segundo Bianchini (1998), durante o período de aprendizagem a orientação<br />
sensorial necessária é fornecida por proprioceptores presentes nas terminações<br />
nervosas da ATM, por receptores da membrana periodontal , da língua, da mucosa oral<br />
e dos músculos. Quanto maior a variedade de textura dos alimentos oferecidos à<br />
criança maior a estimulação à estes receptores. Então enganam- se os pais que<br />
facilitam a consistência dos alimentos pensando estarem ajudando no desenvolvimento<br />
do processo de mastigação. Afirma Junqueira (1997), que ao contrário quanto mais<br />
variarem a consistência e o sabor, maior será o desenvolvimento dos músculos, ossos<br />
e dentes.<br />
Completada a dentição descídua, o ciclo mastigatório torna- se estável é o<br />
que afirma Moyers ( 1987).<br />
2.5. Fases da Mastigação<br />
Sendo a mastigação a função mais importante do sistema estomatognático,<br />
passaremos a descrever suas fases segundo Tanigute e Bianchini ( 1998) :<br />
- Incisão ou mordida : o alimento é apreendido entre as bordas incisais dos<br />
dentes incisivos. A mandíbula protrui para conseguir a posição de topo a topo, aumenta<br />
a intensidade da contração muscular elevadora da mandíbula, ocorrerão movimentos<br />
oscilatórios até o alimento ser cortado. A secreção salivar aumenta. A língua recebe o<br />
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alimento e o leva até a face oclusal dos dentes posteriores dando início a segunda<br />
fase.<br />
- Trituração: é a quebra do alimento em partículas menores, ocorre<br />
principalmente nos pré-molares pela maior pressão intercuspidiana. A língua a cada<br />
ciclo mastigatório leva o alimento a face oclusal dos dentes e este retorna pela ação<br />
conjunta do bucinador.<br />
- Pulverização: é a moenda dos alimentos em partículas cada vez menores.<br />
Ocorre nos molares, os movimentos mandibulares são de menor amplitude. A saliva<br />
propicia a formação do bolo alimentar.<br />
Bianchini (1998) ressalta que dependendo do tipo de alimento, durante as<br />
duas últimas fases da mastigação podem ocorrer deglutições reflexas a medida que o<br />
alimento já pulverizado vai caminhando para a parte posterior da boca e toca nos<br />
pilares anteriores da faringe.<br />
2.6. Ciclo Mastigatório<br />
Bianchini (1998) refere que desde a abertura da boca até a quebra do<br />
alimento temos um movimento mandibular completo o que corresponde a um ciclo. O<br />
início do ciclo mastigatório com abertura da mandíbula, seguido do fechamento até o<br />
contato e intercuspidação dos dentes e conseqüente quebra do alimento. Para o bolo<br />
alimentar ser deglutido são necessários vários golpes mastigatórios. Cada golpe<br />
corresponde a um ciclo, pois parte da posição de intercuspidação máxima e nela<br />
termina.<br />
Douglas (1988) e Major (l897) descrevem as fases do ciclo mastigatório:<br />
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- Fase de abertura de boca: mandíbula abre por relaxamento dos<br />
músculos elevadores e contração simultânea dos músculos depressores<br />
mandibulares. Durante esta fase não ocorrem contatos dentários;<br />
- Fase de fechamento de boca: a mandíbula fecha pela contração dos<br />
músculos elevadores e pelo relaxamento dos depressores da mandíbula. Nesta fase se<br />
dá o primeiro contato dentário do lado do balanceio (onde está o alimento):<br />
- Fase oclusal: nesta fase ocorre contato oclusal e intercuspidação dos<br />
dentes, em oclusão cêntrica. É conhecida como golpe mastigatório. Esta fase é muito<br />
importante, pois gera a pressão interoclusal quebrando o alimento que esta entre os<br />
dentes.<br />
Segundo Guyton & Hall (1997), a maior parte do processo da mastigação é<br />
produzida pelo reflexo mastigatório. A presença do bolo alimentar na boca gera a<br />
inibição reflexa dos músculos da mastigação, fazendo com que a mandíbula caia. Esta<br />
queda inicia um reflexo de estiramento dos músculos da mandíbula, resultando em<br />
contração de rebote. Automaticamente a mandíbula se eleva e provoca o fechamento<br />
dos dentes e comprime o bolo contra as paredes da boca. Ocorre a inibição dos<br />
músculos da mandíbula permitindo que esta caia e determine, mais uma vez, a<br />
contração de rebote. Este processo ocorre muitas vezes.<br />
2.7. Músculos da Mastigação<br />
Não podemos deixar de estudar os músculos que participam do processo da<br />
função mastigação quando queremos entender melhor sua fisiologia.<br />
Fehrenbach e Herring (1998) descrevem os músculos: masséter, temporal,<br />
pterigóideo medial e lateral, que são pares e se inserem na mandíbula como aos<br />
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músculos da mastigação. Bianchini (1998) acrescenta o ventre livre do digástrico na<br />
relação acima e os denomina de músculos mastigatórios, pois estão intimamente<br />
ligados aos movimentos mandibulares na mastigação. E forma um outro grupo, o dos<br />
músculos da mastigação, onde incluem-se os mastigatórios, os supra e infra-hióideos,<br />
a musculatura da língua, o músculo bucinador e a musculatura da mímica. Enfim<br />
relaciona toda a musculatura envolvida no processo mastigatório. Veremos agora uma<br />
descrição mais detalhada dos músculos mais importantes na mastigação.<br />
- MASSÉTER: o mais potente músculo da mastigação, é largo, espesso e<br />
retangular, é o mais evidente. Para observá-lo basta solicitar ao indivíduo que cerre os<br />
dentes.<br />
Origem e inserção: a parte superficial se origina nos dois terços anteriores da<br />
margem inferior do arco zigomático e a parte profunda, no terço posterior e face interna<br />
do arco zigomático. Suas fibras percorrem um trajeto inferior em direção à mandíbula<br />
com as fibras da parte superficial se inserindo na face lateral do ramo da mandíbula e<br />
as fibras da parte profunda, no ramo, acima do ângulo da mandíbula.<br />
Ação: elevação da mandíbula quando se fecha a boca.<br />
- TEMPORAL: é largo em forma de leque, situado na fossa temporal,<br />
superiormente ao arco zigomático.<br />
Origem e inserção: se origina na fossa temporal e se dirige inferiormente para<br />
se inserir no processo coronóide da mandíbula.<br />
Ação: sua função principal é elevar a mandíbula quando se fecha a boca. Se<br />
somente suas fibras posteriores se contraem, realiza a retrusão da mandíbula que é<br />
acompanhada pelo fechamento da boca.<br />
- PTERIGÓI<strong>DE</strong>O MEDIAL: está situado profundamente e possui um<br />
formato semelhante ao músculo masséter.<br />
20
Origem e inserção: se origina na fossa pterigóide e na face medial da<br />
lâmina lateral do processo pterigóide do esfenóide. Após um trajeto inferior e posterior,<br />
se insere na face medial do ângulo da mandíbula.<br />
masseter.<br />
Ação: elevação da mandíbula, sendo menos potente nessa ação do que o<br />
- PTERIGÓI<strong>DE</strong>O LATERAL: apresenta duas cabeças, inferior e superior,<br />
separadas por um espaço anterior discreto e se fusionam posteriormente. Está situado<br />
na fossa infratemporal.<br />
Origem e inserção: a cabeça superior se origina na face infratemporal da asa<br />
maior do osso esfenóide, e a cabeça inferior na face lateral do processo pterigóide. As<br />
cabeças então se unem e dirigem- se posteriormente, inserindo- se na face anterior do<br />
colo da mandíbula, uma depressão denominada fóvea pterigóidea.<br />
Ação : a cabeça inferior realiza uma discreta depressão da mandíbula,<br />
quando se abre a boca. Quando ocorre a contração bilateral, acontece a protrusão da<br />
mandíbula. Se ocorrer a contração unilateral do músculo, a mandíbula é deslocada<br />
para o lado oposto, realizando a lateralização da mandíbula.<br />
Os músculos supra e infra- hióideos são auxiliares na mastigação e na<br />
deglutição. A designação de cada grupo de músculos em supra ou infra, é baseada na<br />
localização longitudinal dos mesmos em relação ao osso hióide.<br />
- Músculos Supra- Hióideos<br />
- DIGÁSTRICO : apresenta dois ventres, um anterior e outro posterior.<br />
Origem e inserção : o ventre anterior se origina em um tendão inserido no<br />
corpo e no corno maior do osso hióide denominado tendão intermediário e se dirige<br />
superior e anteriormente à sínfise da mandíbula, na fossa digástrica. O ventre posterior<br />
21
se origina na incisura mastóidea, e se dirige anterior e inferiormente para se inserir no<br />
tendão intermediário.<br />
Ação: depressor da mandíbula.<br />
- MILO-HIÓI<strong>DE</strong>O: está situado profundamente ao músculo digástrico.<br />
Origem e inserção: se origina na linha milo-hióidea da mandíbula. Os<br />
músculos do lado direito e esquerdo se unem na linha mediana formando o soalho da<br />
boca. As fibras mais posteriores se inserem no corpo do osso hióide.<br />
Ação: elevação do osso hióide, abaixa a mandíbula e eleva a língua.<br />
- ESTILO- HIÓI<strong>DE</strong>O: é delgado, situado anterior e superficialmente ao<br />
ventre posterior do músculo digástrico.<br />
Origem e inserção: se origina na face interna da mandíbula na espinha mental<br />
e se dirige posteriormente inserindo- se no osso hióide.<br />
Ação: depressor da mandíbula quando a boca está fechada.<br />
- MÚSCULOS INFRA-HIÓI<strong>DE</strong>OS<br />
- ESTERNOTIREÓI<strong>DE</strong>O: é superficial à glândula tireóide e profundo em<br />
relação o músculo esterno-hióideo.<br />
Origem e inserção: origina-se na face posterior do manúbrio do esterno no<br />
nível da primeira costela e dirigi-se superiormente inserindo-se na face externa da<br />
cartilagem tireóide.<br />
Ação: abaixa a cartilagem tireóide e a laringe, e indiretamente, o osso hióide.<br />
- ESTERNO-HIÓI<strong>DE</strong>O: está situado superficialmente ao músculo<br />
esternotireóideo e à cartilgem tireóide.<br />
Origem e inserção: se origina na borda superior e face posterior do esterno,<br />
próximo à articulação com a clavícula e se dirige superiormente inserindo- se no osso<br />
hióide<br />
22
Ação: abaixa o osso hióide.<br />
- OMO-HIÓI<strong>DE</strong>O: formado pelos ventres superior e inferior.<br />
Origem e inserção: o ventre inferior se origina na borda superior da escápula<br />
e se dirige cruzando a jugular interna, profundamente ao músculo<br />
esternocleidomastóideo, e se insere no ventre superior, através de um tendão. O ventre<br />
superior se origina no curto tendão do ventre inferior e se insere na margem lateral do<br />
osso hióide.<br />
-TÍREO-HIÓI<strong>DE</strong>O: é encoberto pelo músculo omo-hióideo e pelo esterno-<br />
hióideo, o qual parece continuar.<br />
Origem e inserção: se origina na face externa da cartilgem tireóide e se insere<br />
na parte lateral e no corno maior do osso hióide.<br />
Ação: além de abaixar o osso hióide eleva a cartilgem tireóide e a laringe.<br />
Pelo número de músculos, cada qual com sua função diferenciada, podemos<br />
perceber como é complexa esta função tão importante para o indivíduo.<br />
2.8. Orientações para a estimulação adequada da mastigação<br />
Sendo a mastigação aprendida podemos auxiliar o bebê neste processo.<br />
Junqueira (1999) refere que assim que o pediatra introduza alimentos na<br />
dieta pode se dar início ao treino da mastigação.<br />
Segundo Lamare (1986), a partir do 7º mês é necessário que o bebê se<br />
habitue com alimentos sólidos. No almoço a “sopinha” já não será mais liquefeita ou<br />
passada na peneira. E sim, serão oferecidos à criança raspas de carne, cereais e<br />
vegetais esmagados com o garfo.<br />
23
O mesmo autor refere ainda que neste período o bebê é ativo na hora das<br />
refeições, segura os alimentos, lambe, cheira e os leva à boca. Na verdade é um<br />
grande explorador que precisa ser compreendido por sua mãe que o auxiliará neste<br />
aprendizado , sendo paciente enquanto seu bebê tenta comer sozinho.<br />
Para Lamare (1986), aos sete meses o bebê já mostra habilidade para<br />
mastigar sólidos. Este sólido não deve ser confundido com alimentos mais espessos,<br />
como uma sopa mais grossa, por exemplo. Convém então oferecer alimentos que ele<br />
possa pegar como: banana, pedaços de maçã, lascas de carne e verduras.<br />
Junqueira (1999), nos descreve procedimentos que devemos introduzir no<br />
cotidiano familiar que estimulam e auxiliam o desenvolvimento da mastigação.<br />
De acordo com a autora a partir do sétimo mês oferecer aos bebês alimentos<br />
mais consistentes e fibrosos como pães, frutas cruas e com casca, verduras como<br />
cenouras cruas, pedaços de carne, fortalece a musculatura e ossos da face.<br />
Possibilitar a experimentação de vários sabores, consistências e texturas variando os<br />
tipos de alimentos. Tornar a hora das refeições agradáveis e permitir que desde cedo a<br />
criança compartilhe os momentos das refeições com toda a família tendo seu exemplo<br />
de mastigação. Evitar substituir as refeições por lanches, bolachas, salgadinhos, leite<br />
e/ou vitaminas na mamadeira. Estes alimentos não exigem esforço da criança para<br />
mastigar e realizar exercícios com os músculos da região oral. Por volta de um ano e<br />
seis meses a dois anos quando a criança já possui a dentição descídua, não é<br />
necessário preparar os alimentos separadamente. Nesta época a criança tem<br />
condições de se alimentar da mesma maneira que o adulto.<br />
Rispoli & Bacha (1998) referem que é importante evitar como alimentação<br />
básica, dietas de liquidificador, pastosas ou com muito molho. Deve-se comer devagar,<br />
mastigando bem e observando as dificuldades.<br />
24
2.9. Mastigar : por quê ?<br />
Sendo a mastigação uma das mais importantes fases do processo digestivo<br />
auxilia o organismo na obtenção de nutrientes necessários para o seu desenvolvimento<br />
e para a manutenção da vida.<br />
Cravioto & Milan (1989) destacam que a nutrição está relacionada a fatores<br />
físicos: o clima, condições atmosféricas, topografia, estrutura geológica a bioquímica<br />
do ambiente humano e a fatores sociais: a cultura, higiene, tempo disponível para<br />
cuidar dos filhos e situação financeira. Além de estar relacionada a todos estes fatores,<br />
a nutrição apresenta três dimensões: a fisiológica, a psicofísica e a psicosocial. Na<br />
primeira as propriedades do alimento o fazem adequado ou não a sobrevivência do<br />
indivíduo. Na Segunda, não o alimento em si só pelos seus nutrientes, mas por suas<br />
propriedades( consistência, sabor, cor, textura, odor e temperatura), caso contrário nos<br />
bastaria a ingestão de pílulas com os nutrientes necessários para a manutenção da<br />
vida. A terceira a psicosocial é a inter-relação humana. O uso de alimentos e da<br />
alimentação como formas simbólicas da relação a priori da mãe-criança e mais tarde<br />
do indivíduo com a sociedade.<br />
Estas dimensões da nutrição são importantes para proporcionar o melhor<br />
desenvolvimento cognitivo da criança e as substâncias necessárias ao crescimento,<br />
manutenção e regulação metabólica.<br />
Altmann ( 1992) relata que o atraso na introdução de alimentos sólidos na<br />
dieta do bebê, pode resultar na rejeição posterior de alimentos de maior consistência,<br />
prejudicando o exercício mastigatório. O exercício mastigatório é importantíssimo na<br />
manutenção da saúde da mucosa oral e dos tecidos de sustentação dos dentes. Ainda<br />
25
efere a mesma autora (1990), que se a criança não mastiga torna eterna a<br />
imaturidade do sistema sensório motor.<br />
Douglas (1994) coloca que quando o indivíduo é orientado, treinado a<br />
mastigar alimentos de maior consistência, duros, fibrosos, apresentam maiores valores<br />
de força mastigatória o que aumenta a pressão do dente, estirando o periodonto e<br />
permitindo a estimulação do miofibroplasto que sintetizará colágeno. Deixando as fibras<br />
periodontais mais resistentes e menos deformáveis, aumentando assim a força<br />
mastigatória<br />
Limongi (1987) destaca que a mastigação de alimentos variados cria novos<br />
reflexos que favorecem a diversidade de movimentos de lábios, língua e mandíbula<br />
garantindo o desenvolvimento perfeito destas estruturas.<br />
Para Rispoli & Bacha (1998) e Filho (1994) , a mastigação ocupa um papel<br />
importante no desenvolvimento da musculatura e dos ossos da face.<br />
Segundo Guyton & Hall (1997), a mastigação é importante para a digestão de<br />
todos os alimentos. Porém é fundamental para a ingestão da maioria das frutas e<br />
vegetais crus, por possuírem membranas de celulose não digeríveis em torno de suas<br />
porções nutritivas. Para serem utilizados estes alimentos têm que ter suas membranas<br />
desintegradas. Outra razão simples na qual a mastigação auxilia a digestão se dá pela<br />
ação das enzimas, que ocorre somente sobre a superfície das partículas alimentares,<br />
a velocidade da ingestão depende em grande parte da área total de superfície exposta<br />
às secreções intestinais . Além disso a trituração até partículas muito pequenas evita a<br />
escoriação do trato gastrointestinal e facilita o lançamento do alimento do estômago<br />
para o intestino delgado e a partir daí para os segmentos sucessivos do intestino.<br />
Harrngton & Breinholt (1963), citados por Marchesan ( 1998) colocam que<br />
bons mastigadores são bons falantes e um déficit mastigatório gera uma diminuição<br />
26
da atividade oral. A demora na introdução de alimentos sólidos levam a uma fala<br />
pobre.<br />
Limongi (1987) e Almeida & Chakmati (1996) afirmam que uma articulação<br />
eficiente depende da precisão e coordenação dos órgãos fonoarticulatórios que são<br />
desenvolvidos pelas funções de mastigação, respiração, sucção e deglutição.<br />
Padovan (1976) acredita que se ensinarmos uma criança a se alimentar<br />
corretamente estaremos ensinando-a a falar.<br />
Enlow ( 1979) descreve que em um experimento foi estudado o crescimento<br />
facial em dois grupos de ratos, um alimentado com alimentos duros, outro com a<br />
mesma dieta amolecida. O grupo que precisou de maior função muscular para<br />
mastigar mostrou maior espessura e densidade nas regiões de inserção da<br />
musculatura mandibular.<br />
Afirma ainda o mesmo autor que os ossos se desenvolvem com a função,<br />
quanto mais utilizarmos corretamente as funções orais de mastigação melhor será o<br />
crescimento ósseo.<br />
Segundo Planas (1987), para que não se atrofie o sistema estomatognático o<br />
órgão mastigatório deve ser muito utilizado desde o nascimento.<br />
deglutição normal.<br />
Moyer & Calson (1993) colocam que uma mastigação adequada leva a uma<br />
Felício ( 1994) refere que uma mastigação ineficiente causa má oclusão.<br />
A partir desta revisão da literatura podemos perceber que os diversos autores<br />
fazem uma série de correlatos entre os distúrbios miofuncionais e a mastigação.<br />
27
3. A PESQUISA<br />
O objetivo desta pesquisa é saber o que as mães e cuidadores de uma escola<br />
pensam sobre como seus filhos e alunos começam a mastigar.<br />
Ao iniciar este trabalho estava certa que se soubesse mais a este respeito<br />
seria mais fácil orientá-los efetivamente como auxiliar no desenvolvimento desta<br />
função.<br />
Agora, me vejo mais refletindo do que encontrando respostas. Questionando<br />
minha atuação e minha pretenção de achar que fosse tão fácil alterar hábitos,<br />
costumes, a cultura, do que é primordial na mastigação: a alimentação.<br />
Para alcançar meu objetivo elaborei dois tipos de questionários: um para as<br />
professoras e outro para os pais e responsáveis pelas crianças. Obtive a participação<br />
das duas professoras e de quatro pais das crianças do berçário. Os questionários<br />
entregues às professoras contém sete perguntas e os demais dez . Ambos encontram-<br />
se em anexo. Apesar do assunto principal da pesquisa ser a mastigação incluí duas<br />
perguntas sobre amamentação que considero importantes para esclarecer o processo<br />
de transcisão da alimentação líquida para a sólida.<br />
3.1. Professoras e suas respostas.<br />
Iniciarei explanando as respostas das professoras e analisando-as.<br />
A professora “A” tem 31 anos, cursou a 8 ª série do 1º grau e ocupa esta<br />
função na escola a 2 anos.<br />
Segundo suas respostas a professora “A” considera importante que o bebê<br />
seja amamentado com leite materno até o primeiro ano de vida e a partir do quarto ou<br />
28
quinto mês além do leite materno, deve-se oferecer outros tipos de alimentos como:<br />
sopas, purês e frutas. Variando a consistência dos mesmos. Após um ano a criança já<br />
pode se alimentar com os mesmos alimentos que fazem parte da dieta dos adultos e a<br />
partir do sexto ou sétimo mês começa a mastigar, pois começa a ingerir alimentos<br />
mais consistentes. Considera importante a mastigação para o processo digestivo e<br />
para a formação das arcadas dentárias. Refere que a criança precisa ser estimulada a<br />
mastigar. Se não for oferecido alimentos que precisem ser mastigados o aprendizado<br />
desta função não acontecerá ou ocorrerá lentamente devido a falta da necessidade de<br />
mastigar. Oferecendo alimentos como : frutas, pães e sopas sem liqüidificar, com o uso<br />
da colher, estaremos estimulando este aprendizado.<br />
escola a 3 meses.<br />
A professora “B” tem 29 anos, cursou o magistério e está nesta função na<br />
Para a mesma é importante que a criança seja amamentada pelo menos até<br />
os nove meses podendo se estender este tempo até os dezoito meses. Se a criança<br />
não puder ser amamentada ao seio a mamadeira deve ser dada até os três meses com<br />
leite o mais semelhante ao materno possível. Após os seis meses poderá ser oferecido<br />
papinhas e entre o oitavo mês e o primeiro ano de vida, alimentos mais sólidos. A partir<br />
dos dois anos a criança está pronta para ingerir os mesmos alimentos da dieta dos<br />
adultos. Ao surgirem os primeiros dentes deve começar o aprendizado da mastigação.<br />
Coloca que mastigar é importante porque auxilia na digestão, na boa formação das<br />
arcadas dentárias e no desenvolvimento dos músculos da face envolvidos nos<br />
movimentos da fala.<br />
Analisando as respostas das duas professoras concluímos que ambas dão<br />
importância à amamentação natural sem se dar conta que enquanto ela ocorre os<br />
componentes mastigatórios dispõem de tempo para se desenvolverem (Oyen,1993).<br />
29
Não há concordância quanto à idade de início de ingestão de alimentos com<br />
consistências diferentes a do leite e também não ocorre a associação desta passagem<br />
com a erupção dos primeiros dentes. Feres (1992) refere que a erupção dos dentes<br />
descíduos ocorre aos seis meses em resposta a necessidade da passagem da<br />
alimentação líquida (leite materno), para alimentos de diferentes consistências.<br />
Tanigute (1998) coloca que ocorre a maturação do SNC permitindo o desenvolvimento<br />
de novas funções que são desencadeadas pela erupção dos primeiros dentes.<br />
Uma professora coloca que o início da mastigação acontece no sexto/sétimo<br />
mês de vida do bebê e a outra com o nascimento dos primeiros dentes, quando<br />
também segundo a mesma professora deve-se iniciar o aprendizado desta função.<br />
Para Junqueira (1999) assim que o pediatra introduza alimentos na dieta do bebê pode<br />
se dar início ao treino da mastigação. A mastigação é um comportamento adquirido,<br />
onde o bebê, explorando e experimentando, descobre o sistema mastigatório e começa<br />
a usá-lo (Oyen,1993).<br />
Ambas relatam que mastigar é importante para uma boa digestão o que<br />
também afirmam Gyton & Hall (1997). Para a boa formação das arcadas. Felício<br />
(1994) coloca que uma mastigação ineficiente causa má oclusão. A professora “B”<br />
acrescenta que mastigar é importante no desenvolvimento dos músculos envolvidos na<br />
fala. Ríspoli & Bacha (1996) e Filho (1994) colocam que a mastigação ocupa papel<br />
importante no desenvolvimento da musculatura e dos ossos da face.<br />
A professora “A” coloca que a dieta da criança pode ser igual a dos adultos a<br />
partir do primeiro ano de vida e a professora “B” a partir dos dois anos de vida.<br />
Segundo Junqueira (1999), por volta de 1 ano e 6 meses a dois anos quando a<br />
dentição descídua está completa a criança tem condições de se alimentar com os<br />
mesmos alimentos dos adultos.<br />
30
Para as duas professoras é importante estimular a criança a mastigar<br />
oferecendo alimentos mais consistentes como: frutas, pães, carne e sopas não<br />
trituradas. De acordo com Junqueira (1999), podemos auxiliar e estimular o<br />
desenvolvimento da mastigação dando preferência a alimentos mais consistêntes e<br />
fibrosos. Possibilitando a experimentação de vários sabores e texturas. Evitando<br />
substituir as refeições por lanches, salgadinhos e vitaminas na mamadeira. Permitindo<br />
que a criança compartilhe dos momentos das refeições com todos os familiares.<br />
3.2. As respostas dos pais.<br />
Passarei agora a descrever e analisar os questionários respondidos pelos<br />
pais e/ou responsáveis. A idade das crianças alvo da pesquisa varia de 1 ano e 4<br />
meses a 2 anos e cinco meses. A criança da mãe “B” freqüenta a escola em período<br />
integral , as demais meio período. Responderam ao questionário: mãe “A” de 25 anos<br />
e tem a profissão de bordadeira, mãe “B” de 29 anos é engenheira agronôma, mãe “C “<br />
de 31 anos é auxiliar de vendas e o pai “A” de 31 anos é contador.<br />
As crianças da pesquisa foram amamentadas , sendo que o filho da mãe “C”<br />
durante 7 dias. O filho da mãe “A” durante 6 meses, da mãe “B” 7 meses e do pai “A” 8<br />
meses. Uma destas crianças continua usando a mamadeira ( filho da mãe “C”), duas<br />
não usaram mamadeira ( mãe “B” e pai “A”) e a criança da mãe “A” usou a<br />
amamentação artificial durante 12 meses.<br />
Para a mãe “A” é importante oferecer alimentos que não o leite a partir do 6º<br />
mês, pois o bebê precisa de alimentos mais fortes, com mais vitaminas.<br />
A mãe “B” coloca que a partir do 6º ou 7º mês a criança começa a reconhecer<br />
seu ambiente e busca novos espaços. É curioso e tenta engatinhar. Precisa de outros<br />
31
alimentos. Segundo Lamare (1986), a partir do 7º mês o bebê é ativo na hora das<br />
refeições, segura os alimentos, lambe, cheira e os leva à boca. É um grande<br />
explorador.<br />
A mãe “C” refere que é importante variar os alimentos sem justificar sua<br />
respos ta. Considero importante colocar que esta mãe é bastante simplista em sua<br />
respostas .<br />
O pai “A” considera que a partir do instante que a criança para de ser<br />
amamentada ou por volta do 6º mês de vida é preciso introduzir a maior variedade<br />
possível de alimentos para a criança se acostumar.<br />
Podemos observar que a maioria dos pais coloca o 6º mês como idade para<br />
o início da introdução de alimentos variados que não o leite materno. Contudo não<br />
associam esta introdução a erupção dos primeiros dentes, que como refere Feres<br />
(1992),ocorre em resposta a necessidade da passagem da alimentação líquida para<br />
alimentos de diferentes consistências. E ainda determina o desenvolvimento de novas<br />
funções através da maturação do SNC (Tanigute,1998).<br />
Segundo a mãe “A” é importante oferecer alimentos de diferentes<br />
consistências a partir de 2 anos de idade para que a criança aumente seu cardápio e<br />
experimente o maior número de alimentos.<br />
A mãe “B” considera que variando as consistências além de desenvolver o<br />
paladar a criança realizará um bom exercício de mastigação.<br />
A mãe “C” considera importante oferecer alimentos de diferentes<br />
consistências sem referir a partir de que idade nem porquê.<br />
O pai “A” refere que oferecendo alimentos de consistências variadas seu filho<br />
descobrirá os mais variados gostos e terá ingerido um número maior de vitaminas.<br />
32
Limongi (1987) destaca que a mastigação de alimentos variados cria novos<br />
reflexos que favorecem a diversidade de movimentos de lábios, língua e mandíbula,<br />
garantindo o desenvolvimento perfeito destas estruturas.<br />
De acordo com Junqueira (1999), podemos auxiliar e estimular o<br />
desenvolvimento da mastigação variando a consistência, textura e sabores dos<br />
alimentos.<br />
Todos os pais colocaram que seus filhos participam das refeições junto ao<br />
restante dos familiares. A mãe “A” referiu que ela mesma o alimenta antes dos demais<br />
ou durante as refeições. A mãe “B” afirma que sua filha se alimenta melhor quando<br />
observa outras pessoas comendo. A mãe “C” não comentou sobre a resposta.Para o<br />
pai “A” comer juntos aos familiares auxilia no aprendizado de como comer e a<br />
respeitar horários.<br />
Segundo os pais as crianças ingerem os mesmos alimentos ingeridos pelo<br />
restante da família. Salvo a preparação da sopa que o filho da mãe “A” adora, e, o<br />
cuidado do pai ”A” com alimentos muito condimentados e gordurosos que evitam<br />
oferecer ao seu filho.<br />
Cascudo (1986) coloca que os indígenas brasileiros não diferenciam a<br />
comida oferecida as crianças das dos adultos. Segundo Junqueira (1999), por volta de<br />
1 ano e 6 meses a 2 anos, quando a dentição descídua está completa , a criança terá<br />
condições de se alimentar com os mesmos alimentos dos adultos. Refere ainda a<br />
mesma autora que se alimentar na presença de adultos contribui para o aprendizado<br />
da mastigação.<br />
A mãe “A” relata que seu filho começou a mastigar adequadamente com 1<br />
ano e meio aproximadamente. O que a mesma relaciona com a erupção dos dentes<br />
33
que ocorreu por volta dos 11 meses. Segundo ela mastigar é importante para evitar<br />
problemas gástricos, fortalecer dentes e saborear melhor os alimentos.<br />
Gyton & Hall (1997) referem que uma boa digestão depende de uma<br />
mastigação eficiente.<br />
Altmann (1992) relata que o exercício mastigatório é importantíssimo na<br />
manutenção da saúde da mucosa oral e dos tecidos de sustentação dos dentes.<br />
A mãe “B” coloca que a criança inicia a mastigação quando ingere alimentos<br />
mais duros, consistentes. Para a mesma a mastigação estimula a musculatura facial<br />
auxiliando a fala.<br />
Padovan (1976) acredita que se ensinarmos uma criança a se alimentar<br />
corretamente estaremos ensinando-a a falar.<br />
Ríspoli & Bacha (1996) e Filho ( 1994) colocam que a mastigação tem papel<br />
importante no desenvolvimento da musculatura e dos ossos da face.<br />
A mãe “C” não opinou sobre o início da mastigação e sobre sua importância.<br />
O pai “A” cita que a partir do momento que a criança passa a receber<br />
alimentos sólidos começa a mastigar, e que esta função é importante para uma boa<br />
digestão.<br />
Segundo Planas (1987), para que não se atrofie o sistema estomatognático, o<br />
órgão mastigatório deve ser muito utilizado desde o nascimento.<br />
O tempo destinado as refeições varia de vinte minutos até meia hora para o<br />
café da manhã e de vinte minutos até uma hora para o almoço e jantar.<br />
Constatei pelas respostas dos pais quando questionados sobre o cardápio<br />
das crianças que o mesmo , salvo a criança da mãe “B” que inclue carnes, é<br />
composto por alimentos que não exigem uma mastigação efetiva.<br />
34
4. CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAIS<br />
Ao iniciar esta pesquisa meu conceito de função mastigatória não<br />
ultrapassava ao do conjunto de ações de grupos musculares. Hoje após concluí-lo<br />
percebo que além da ação muscular existe um contexto sócio- cultural onde o<br />
indivíduo encontra-se incluso muito importante e que deve ser considerado.<br />
A alimentação vem sofrendo modificações através dos tempos. Não nos<br />
alimentamos da mesma forma que nossos antepassados das cavernas e nem mesmo<br />
como nossos avós. A tecnologia chegou também aos alimentos que chegam as nossas<br />
mesas pré-cozidos e de preparo rápido, é só colocar no microondas.<br />
As mulheres conquistaram o mercado de trabalho e fazer as refeições da<br />
família não é mais sua atividade principal. Tudo tem que ser prático e rápido.<br />
Diante disto como orientarmos para auxiliar no desenvolvimento adequado<br />
da função mastigatória quando o objeto que determina sua ação está se modificando<br />
como tudo para facilitar o dia a dia?<br />
Como informar sobre práticas alimentares adequadas quando o que importa<br />
é que as crianças estejam bem alimentadas e o conceito de “bem alimentadas” varia<br />
de cultura para cultura de família para família?<br />
Como conscientizar uma criança da importância de ingerir alimentos como<br />
frutas , verduras e legumes crús, mastigar um pedaço de bife quando todos os seus<br />
colegas comem hamburgueres, batata frita e salgadinhos?<br />
Muito bem, temos uma grande jornada pela frente! Não tenho todas as<br />
respostas mas vejo no esclarecimento sobre como o desenvolvimento e crescimento<br />
dos bebês acontece, o que favorece que estes aconteçam harmoniosa e<br />
adequadamente, me parece ser um começo relevante. Promover saúde é primordial.<br />
35
Por outro lado levanto novos questionamentos. Estamos inseridos na cultura<br />
da facilitação e temos como sair dela ?<br />
Nosso corpo não tem capacidade de adaptar-se as novas condições?<br />
Estamos fadados ao desequilíbrio do crescimento facial e dentário, e até como<br />
colocam alguns autores a “falar mal” por não ter uma função mastigatória eficiente?<br />
Parece que o dilema esta em querer controlar determinantes que estão fora<br />
do nosso controle. A evolução não cessa e quem sabe futuramente nossa alimentação<br />
será em drágeas, sem perder nenhum valor nutritivo necessário a sobrevivência. E<br />
não precissaremos mastigar!<br />
Retornando ao grupo pesquisado apenas uma professora e um pai<br />
associaram a erupção dos primeiros dentes descíduos com o início da mastigação e<br />
apenas uma professora coloca que a mastigação é aprendida, o que demonstra<br />
apesar da pequena amostra que falta informação.<br />
Levantando mais questionamentos do que encontrando soluções , após<br />
saber o que pensam pais e cuidadores sobre o início da mastigação, concluo que o<br />
trabalho de troca de informações com pais e cuidadores ,sempre com o olhar no<br />
contexto em que estamos incluídos, abertos as mudanças e procurando aprimorar<br />
sempre mais nossos conhecimentos sobre a fisiologia das funções estomatognáticas<br />
é a melhor maneira de contribuir para o desenvolvimento e melhora da qualidade de<br />
vida do indivíduo.<br />
36
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ALTMANN, E. B. C. – Fissuras Labiopalatinas, São Paulo,Pró-Fono,1992. p. 281-<br />
324.<br />
ALMEIDA, B. N. P. & CHARKMATI, C. S. S. – Considerações sobre o<br />
Desenvolvimento do Sistema Fonêmico-Fonologico. Pró-Fono Revista de<br />
Atualização Científica, 8: (1)60-2,1996.<br />
BIANCHINI, E. M. G. – Mastigação e ATM . In: MARCHESAN, I. Q.-<br />
Fundamentos em Fonoaudiologia- Aspectos Clínicos da Motricidade Oral. Rio<br />
de Janeiro, Guanabara Koogan, 1998. p .37-49.<br />
CASCU<strong>DO</strong>, L. C.- História da Alimentação no Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia. São<br />
Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1983. 926 p.<br />
CRAVIOTO, J. & MILAN, R.- Má nutrição e Sistema Nervoso Central. In: DIAMANT, A.<br />
& CYPEL, S. – Neurologia Infantil. Rio de Janeiro, Atheneu, 1989. p. 1207-31.<br />
<strong>DO</strong>UGLAS, C. R.- Tratado de Fisiologia Aplicado à Ciências da Saúde. São Paulo,<br />
Editora Robe,1994. 570 p.<br />
ENLOW, D. H.- Crescimento do Esqueleto Craniofacial. In: MOYERS, R.- Ortodontia.<br />
Rio de Janeiro, Guanabara Kogan, 1997. p . 42-100.<br />
37
FELÍCIO, C.M.- Fonoaudiologia nas desordens temporomandibulares Uma ação<br />
educativa- terapêutica. São Paulo, Pancast, 1994. 179 p.<br />
FERENBACH, M. J. & HERRING, S. W. – Anatomia Ilustrada da Cabeça e do<br />
Pescoço. São Paulo, Manole, 1998. 335p.<br />
FERES,M. A.- Componentes do Aparelho Estomatognático. In: PETRELLI, E.-<br />
Ortodontia para Fonoaudiologia. Curitiba, Lovise, 1992. p 39-53.<br />
GYUTON,A.C. & HALL, J.E.- Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro,<br />
Guanabara Koogan,1997.1014p.<br />
JUNQUEIRA, P. – Amamentação, Hábitos orais e Mastigação Orientações,<br />
Cuidados e Dicas. São Paulo, Revinter,1999.26p<br />
LAMARE, R.- A vida do Bebê. Rio de Janeiro, Bloch Editores, 1986. 672 p.<br />
LIMONGI,S.C. – Considerações sobre a importância dos aspectos morfofisiológicos e<br />
emocionais no desenvolvimento e profilaxia dos órgãos fonoarticulatórios. In:<br />
LACERDA, E.T. & CUNHA, C.- Sistema Sensório Motor Oral: Perspectivas de<br />
Avaliação e Terapia. EDUC, 1987. p. 58- 75.<br />
MAJOR, M. A.- Anatomia Dental fisiologia , Oclusão. São Paulo, Santos, 1987.<br />
377p.<br />
38
MOYERS, E. R.- Ortodontia. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,1987. 115p.<br />
MOYERS, E. R. & CARLSON, D.S.- Maturação da neuromusculatura orofacial. In:<br />
ENLOW, D.H. – Crescimento Facial .São Paulo. Artes Médicas,1993. p. 260-271.<br />
MARCHESAN, I. - Uma visão compreensiva das práticas fonoaudiológicas: a<br />
influência da alimentação no crescimento e desenvolvimento craniofacial e<br />
nas alterações miofuncionais. São Paulo, Pancast, 1998.238 p.<br />
OYEN, O. J.- A função mastigatória e o crescimento e desenvolvimento facial. In:<br />
ELOW, D. H. – Crescimento Facial. São Paulo, Artes Médicas, 1993. p 272-90.<br />
PA<strong>DO</strong>VAN, B. A. E. – Deglutição Atípica. Separata do artigo publicado na Revista<br />
“Ortodontia” 9: (1,2)25 jan/abr.1976 e maio/ago 1976, sob o título “ Reeducação<br />
Mioterápica nas Pressões Atípicas de Língua: Diagnóstico e<br />
Terapêutica”.60p.<br />
PLANAS, P. - Reabilitação Neuro-Oclusal. Editora Médica e Científica Ltda, 1987.<br />
293 p.<br />
TANIGUTE, C. C. –Desenvolvimento da funções estomatognáticas. In: MARCHESAN,<br />
I. Q. – Fundamentos em Fonoaudiologia Aspectos Clínicos da Motricidade<br />
Oral. Rio de janeiro, Guanabara Koogan, 1998. p 4.<br />
39
RISPOLI, C. M. & BACHA, S. M. G.- Terapia Miofuncional: Intervenção<br />
Fonoaudiológica Breve. In: MARCHESAN, I. Q.; ZORZI,J. L. & GOMES, I. C.-<br />
Tópicos em Fonoaudiologia IV. São Paulo, Editora Lovise,1998. 619 p.<br />
40
ANEXOS<br />
ANEXO 1 - Questionário destinado às professoras<br />
ANEXO 2 - Questionário destinado aos pais e/ou responsáveis<br />
41
QUESTIONÁRIO <strong>DE</strong>STINA<strong>DO</strong> AOS PAIS E/OU RESPONSÁVEIS.<br />
Nome:_________________________________________________Idade:__________<br />
___<br />
Profissão:______________________________________________________________<br />
___<br />
Nome do<br />
filho(a)_________________________________________Idade:_____________<br />
1- Até que idade seu filho(a) foi amamentado no peito?<br />
2-Se a criança não foi amamentada no peito até quando usou a mamadeira?<br />
______________________________________________________________________<br />
___<br />
42
3-Quando você considera importante oferecer outras variedades de alimentos que não<br />
o leite na mamadeira?Porquê?<br />
4-Você considera importante oferecer alimentos diferentes, com consistências<br />
diferentes( mais duros, mais moles) para seu filho(a)? Por quê?<br />
______________________________________________________________________<br />
___<br />
______________________________________________________________________<br />
___<br />
5-Você prepara alimentos diferentes dos preparados para o restante da família para seu filho(a)?<br />
Por quê?<br />
43
6- Seu filho(a) participa das refeições se alimentando junto ao restante da família? Se a resposta<br />
for afirmativa ou negativa comente .<br />
7- Quanto tempo você e sua família destinam às refeições?<br />
a- Café da manhã_________________________<br />
b- Almoço______________________________<br />
c- Jantar________________________________<br />
8- Relacione os alimentos que seu filho(a) come nas principais refeições:<br />
a- Café da manhã:<br />
______________________________________________________________________<br />
___<br />
b- Almoço:<br />
c-Jantar:<br />
_________________________________________________________________________<br />
_________________________________________________________________________<br />
44
9- Para você quando é que a criança começa a mastigar?<br />
_________________________________________________________________________<br />
_________________________________________________________________________<br />
10- É importante que a criança mastigue? Por quê?<br />
_________________________________________________________________________<br />
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QUESTIONÁRIO <strong>DE</strong>STINA<strong>DO</strong> ÀS PROFESSORAS<br />
Nome:___________________________________________Idade:____________________<br />
Grau de escolaridade:________________________________________________________<br />
1- Até quando você considera importante que uma criança seja amamentada?<br />
2-Até quando você acha que a criança deve tomar mamadeira somente?<br />
3- Quando você acredita ser importante oferecer alimentos diferentes, com consistências<br />
diferentes (mais duros, mais moles) para a criança?<br />
_________________________________________________________________________<br />
4- Quando você considera que a criança pode se alimentar com os mesmos alimentos<br />
consumidos pelos adultos?<br />
________________________________________________________________________<br />
_________________________________________________________________________<br />
5- Quando você acha que a criança começa a mastigar?<br />
_________________________________________________________________________<br />
46
_________________________________________________________________________<br />
________________________________________________________________________<br />
6-Você considera importante que a criança mastigue? Por quê?<br />
_______________________________________________________________________<br />
7-Para você a criança precisa ser estimulada a mastigar? Por quê?<br />
____________________________________________________________________________<br />
____________________________________________________________________________<br />
____________________________________________________________________________<br />
____________________________________________________________________________<br />
8- O que você faria para estimular a mastigação de uma criança?<br />
____________________________________________________________________________<br />
____________________________________________________________________________<br />
____________________________________________________________________________<br />
____________________________________________________________________________<br />
____________________________________________________________________________<br />
47