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incidência, distribuição e disseminação do csvmv dentro do ...

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INCIDÊNCIA, DISTRIBUIÇÃO E DISSEMINAÇÃO DO CSVMV<br />

DENTRO DO GERMOPLASMA DE MANDIOCA DO SEMI-ÁRIDO 1<br />

Karinna Vieira Chiacchio Velame 2 ; Adriana Fiuzza 3 Cleidiane Borges Daltro 4 ;<br />

Alfre<strong>do</strong> Augusto Cunha Alves 5 ; Eduar<strong>do</strong> Chumbinho de Andrade 6<br />

Resumo - A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma das principais fontes de<br />

energia na dieta das populações de países tropicais. Ela é propagada de maneira<br />

vegetativa, utilizan<strong>do</strong>-se para o plantio pequenos segmentos <strong>do</strong> caule (manivas),<br />

prática que facilita a <strong>disseminação</strong> das viroses. Na região semi-árida <strong>do</strong> Brasil há a<br />

prevalência <strong>do</strong> vírus <strong>do</strong> mosaico das nervuras, CSVMV. Objetivan<strong>do</strong> avaliar o grau<br />

de <strong>incidência</strong>, <strong>distribuição</strong>, e também a <strong>disseminação</strong> <strong>do</strong> vírus no BAG <strong>do</strong> CPATSA,<br />

foram feitas avaliações <strong>do</strong>s acessos nos anos de 2007-09. No ano de 2007, foram<br />

detecta<strong>do</strong>s 24,8% de plantas contaminadas, valor que cresceu cerca de 20% nas<br />

avaliações seguintes, e estes novos acessos contamina<strong>do</strong>s próximos aos que já se<br />

apresentavam contamina<strong>do</strong>s anteriormente. Estes da<strong>do</strong>s sugerem que a<br />

<strong>disseminação</strong> <strong>do</strong> vírus está ocorren<strong>do</strong> por meio de instrumentos de corte.<br />

Palavras-chave: mandioca, vírus, mosaico das nervuras, <strong>disseminação</strong><br />

Introdução<br />

A Nigéria e Brasil são os maiores produtores de mandioca, com 38 e 27<br />

milhões de toneladas produzidas em 2005 (FAO, 2006). Cultivada em todas as<br />

regiões brasileiras, a mandioca é utilizada para a produção de farinha, extração de<br />

ami<strong>do</strong> e para o consumo in natura.<br />

Ela é propagada de maneira vegetativa, utilizan<strong>do</strong>-se para o plantio pequenos<br />

segmentos <strong>do</strong> caule (manivas). Essa forma de plantio tem a vantagem de se utilizar<br />

a própria planta colhida como material propagativo para o plantio seguinte, não<br />

geran<strong>do</strong> custos ao produtor, porém, facilita a <strong>disseminação</strong> das viroses.<br />

A utilização de manivas infectadas, leva a uma diminuição contínua no<br />

desempenho da planta a cada ciclo, além de possibilitar a introdução e/ou<br />

<strong>disseminação</strong> de viroses entre/<strong>dentro</strong> de regiões produtoras. No Nordeste brasileiro,<br />

principalmente na região semi-árida, se encontra distribuí<strong>do</strong> o vírus <strong>do</strong> mosaico das<br />

nervuras (Cassava vein mosaic virus, CsVMV), espécie de vírus <strong>do</strong> gênero<br />

Cavemovirus (Caulimoviridae), com genoma de DNA de fita dupla circular e partícula<br />

esférica (Calvert et al.,.ano?) Além da transmissão por material propagativo, o<br />

CsVMV é transmiti<strong>do</strong> por ferramentas utilizadas para o corte das manivas. Em<br />

relação ao continente americano, o CsCMV é o vírus que acarreta maiores perdas à<br />

cultura da mandioca, devi<strong>do</strong> à sua ampla <strong>disseminação</strong> no mesmo (CIAT, 1992).<br />

Observações de campo indicam que a manifestação severa da <strong>do</strong>ença em<br />

variedades suscetíveis pode causar perdas de produção que variam de 10 a 20%,<br />

prejudican<strong>do</strong> a qualidade <strong>do</strong> produto, devi<strong>do</strong> à redução de 10 a 50% nos teores de<br />

1<br />

Projeto: Otimização de méto<strong>do</strong>s de inoculação e diagnóstico para viroses de mandioca<br />

2<br />

Bolsista de apoio técnico da FAPESB;<br />

3<br />

Estudante <strong>do</strong> Curso de Agronomia da Universidade Federal <strong>do</strong> Recôncavo da Bahia;<br />

4<br />

Estudante <strong>do</strong> Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal <strong>do</strong> Recôncavo da Bahia;<br />

5<br />

Pesquisa<strong>do</strong>r da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical; E-mail: aalves@cnpmf.embrapa.br.<br />

6<br />

Pesquisa<strong>do</strong>r da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical; E-mail: eandrade@cnpmf.embrapa.br.


ami<strong>do</strong> (Fukuda, 1993). Este trabalho teve como objetivo avaliar a <strong>incidência</strong>,<br />

<strong>disseminação</strong> e variabilidade genética <strong>do</strong> CsVMV no banco ativo de germoplasma<br />

(BAG) de mandioca manti<strong>do</strong> na Embrapa semi-ári<strong>do</strong> (CPATSA).<br />

Meto<strong>do</strong>logia<br />

As amostras foliares foram coletadas de to<strong>do</strong>s os acessos <strong>do</strong> BAG <strong>do</strong><br />

CPATSA, totalizan<strong>do</strong> 375 acessos, no ano de 2007. Nos anos de 2008 e 2009,<br />

foram coletadas amostras foliares <strong>do</strong>s acessos que se apresentavam sadios na<br />

avaliação <strong>do</strong> ano anterior.<br />

O DNA total foi extraí<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> descrito por Dellaporta et al. (1983)<br />

modifica<strong>do</strong>, que consiste em macerar a amostra foliar em 500 µL de tampão de<br />

extração (100 mM de Tris-HCl pH 8.0, 500 mM de NaCl, 50 mM de EDTA e 10 mM<br />

de β-mercaptoetanol), segui<strong>do</strong> pela adição de 33 µL de SDS 20% e aquecimento por<br />

10 minutos. Em seguida faz-se uma extração com 1 volume (V) clorofórmio,<br />

precipita-se o DNA com a adição de 0,7 V de isopropanol e em seguida é lava<strong>do</strong><br />

com etanol 70%, seco e ressuspendi<strong>do</strong> em água. O DNA total é utiliza<strong>do</strong> com molde<br />

para as reações de PCR.<br />

Os oligonucleotídeos utiliza<strong>do</strong>s para a detecção são os descritos por Calvert<br />

(1995), que possibilitam a amplificação de um fragmento de 750pb.<br />

Na reação de PCR, foram utiliza<strong>do</strong>s 5µL <strong>do</strong> DNA total, 5 µL <strong>do</strong> tampão da<br />

PCR 10X (200mM Tris-HCl, pH 8.4, 500mM KCl), 3µL de MgCl2 25mM, 1 µL <strong>do</strong>s<br />

dNTPs (2,5mM), 0,5µM de cada oligonucleotídeo, 0,2µL (5u/µL) da Taq DNA<br />

polimerase, e o volume completa<strong>do</strong> para 50 µL com água ultra-pura. Os produtos da<br />

PCR foram analisa<strong>do</strong>s por eletroforese em gel de agarose 1,0%.<br />

Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

Os acessos <strong>do</strong> BAG são replanta<strong>do</strong>s a cada ano, utilizan<strong>do</strong>-se manivas<br />

retiradas com o uso de facões ou serrotes, prática que possibilita a transmissão <strong>do</strong><br />

CsVMV entre os acessos. Em 2007 foi iniciada a avaliação da <strong>incidência</strong> e<br />

<strong>distribuição</strong> de acessos com o CsVMV e nos anos de 2008 e 2009 se manteve o<br />

acompanhamento <strong>do</strong>s 375 acessos <strong>do</strong> BAG, quanto à <strong>disseminação</strong> e <strong>distribuição</strong><br />

<strong>do</strong> CsVMV, após cada renovação <strong>do</strong> BAG.<br />

Na primeira avaliação, em 2007, foi constatada a presença de 92 acessos<br />

contamina<strong>do</strong>s (Figura 1), distribuí<strong>do</strong>s prevalentemente de forma agrupada <strong>dentro</strong><br />

das linhas de plantio (Figura 2). Avaliações realizadas em 2008 constataram um<br />

aumento de 16,3% no número de acessos infecta<strong>do</strong>s em relação a 2007, e numa<br />

nova avaliação realizada em 2009 constatou-se um incremento de 41% em relação<br />

a 2008, atingin<strong>do</strong> um total de 151 acessos contamina<strong>do</strong>s (Figura 1). Os acessos que<br />

se tornaram contamina<strong>do</strong>s em 2008 e 2009 estão posiciona<strong>do</strong>s próximos ou mesmo<br />

adjacentes aos que já estavam contamina<strong>do</strong>s em 2007 (Figura 2).<br />

A <strong>distribuição</strong> <strong>do</strong>s acessos infecta<strong>do</strong>s no BAG <strong>do</strong> CPATSA mostra que a<br />

grande maioria <strong>do</strong>s acessos contamina<strong>do</strong>s ou estão agrupa<strong>do</strong>s ou próximos uns <strong>do</strong>s<br />

outros. Como exemplos: <strong>do</strong> acesso 40 ao 51 existem 11 acessos, <strong>do</strong>s quais 7 estão<br />

contamina<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> 269 ao 281 existem 12 acessos, <strong>do</strong>s quais 8 estão<br />

contamina<strong>do</strong>s. Esta <strong>distribuição</strong>, aliada a da<strong>do</strong>s da literatura que indicam a ausência<br />

de um inseto vetor para o CsVMV, mostra que a <strong>disseminação</strong> <strong>do</strong> vírus no BAG<br />

provavelmente está sen<strong>do</strong> realizada por meio de ferramentas de corte, quan<strong>do</strong> é<br />

feita a retirada de manivas para novos plantios. É provável que tenha si<strong>do</strong><br />

introduzi<strong>do</strong> no BAG material propagativo contamina<strong>do</strong>, e a cada renovação <strong>do</strong> BAG,


na qual se utilizam ferramentas de corte (facão e serrote) sem os devi<strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s<br />

de desinfestação, foi-se transmitin<strong>do</strong> o vírus para os acessos vizinhos.<br />

n° plantas infectadas<br />

160<br />

150<br />

140<br />

130<br />

120<br />

110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

92<br />

2007 2008 2009<br />

Figura 1: Incidência <strong>do</strong> CsVMV no banco de germoplasma de mandioca <strong>do</strong> CPATSA<br />

em cada ano avalia<strong>do</strong>.<br />

Conclusões<br />

Os da<strong>do</strong>s de <strong>distribuição</strong> <strong>do</strong>s acessos infecta<strong>do</strong>s no campo sugerem que a<br />

<strong>disseminação</strong> <strong>do</strong>s vírus <strong>dentro</strong> <strong>do</strong> BAG está ocorren<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong> uso de<br />

ferramentas de corte, durante o processo de renovação <strong>do</strong> mesmo.<br />

107<br />

151


Figura1: Distribuição <strong>do</strong>s acessos infecta<strong>do</strong>s no BAG <strong>do</strong> CPATSA.


Agradecimentos<br />

À Fapesb, pela bolsa de Apoio Técnico.<br />

Referências<br />

CALVERT, L., OSPINA, M.D., SHEPERD, R.J. Characterization of cassava vein<br />

mosaic virus: a distinct plant pareretrovirus. Journal of General Virology, v. 76(5),<br />

p. 1271-1276, 1995.<br />

CIAT. Cassava Program 1992. Cali, 292 p. (CIAT working Document, 142).<br />

DELLAPORTA, S. L.; WOOD, J.; HICKS, J. B. A plant DNA minipreparation: Version<br />

II. Plant Mol. Biol. Rep., v.1, n. 4, p.19-21, 1983.<br />

FAO, 2006. http://faostat.fao.org/site/408/DesktopDefault.aspx?PageID=408.<br />

Acessa<strong>do</strong> em 02/05/2006<br />

FUKUDA , C. Doenças da mandioca. In: EMBRAPA. Centro Nacional de Mandioca e<br />

Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Instruções práticas para o cultivo de mandioca.<br />

Cruz das Almas, 1993,p.53-56.

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