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Avaliação da Sustentabilidade do Programa Cisternas do MDS em ...

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Sumário Executivo<br />

<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong><br />

<strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria com a ASA (Água-Vi<strong>da</strong>)<br />

Funder-Embrapa S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong><br />

Secretaria de <strong>Avaliação</strong> e Gestão <strong>da</strong> Informação<br />

Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Social e Combate à Fome<br />

Brasília, fevereiro de 2010


<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria com a ASA (Água-Vi<strong>da</strong>)<br />

Sumário Executivo<br />

<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong><br />

<strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria com a ASA<br />

(Água-Vi<strong>da</strong>)<br />

1. Apresentação<br />

A pesquisa “<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria<br />

com a ASA” foi executa<strong>da</strong> no âmbito <strong>do</strong> Projeto UTF/BRA/064/BRA_FAO –<br />

firma<strong>do</strong> entre o Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Social e Combate à Fome (<strong>MDS</strong>) e<br />

a Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para Agricultura e Alimentação (FAO) –, Carta de<br />

Acor<strong>do</strong> 15/2007, pela Fun<strong>da</strong>ção de Desenvolvimento Regional (Funder) e Embrapa<br />

S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong>, no perío<strong>do</strong> de 5 de set<strong>em</strong>bro de 2008 a 26 de fevereiro de 2010.<br />

O <strong>Programa</strong> de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong><br />

– Um Milhão de <strong>Cisternas</strong> (P1MC), concebi<strong>do</strong> pela Articulação no S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong><br />

(ASA) 1 , foi <strong>em</strong>basa<strong>do</strong> <strong>em</strong> experiências populares de armazenamento de água e<br />

pode ser considera<strong>do</strong> um marco na efetivação <strong>do</strong> direito à água pelas populações<br />

rurais <strong>do</strong> S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong> 2 . O P1MC promove a mobilização social, a capacitação de agricultores<br />

para a gestão de recursos hídricos e o acesso descentraliza<strong>do</strong> à água para<br />

o consumo humano por meio <strong>da</strong> captação de água de chuva que é armazena<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

cisternas.<br />

O referi<strong>do</strong> programa, que t<strong>em</strong> como público prioritário famílias rurais <strong>do</strong> S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong><br />

brasileiro com perfil de elegibili<strong>da</strong>de ao <strong>Programa</strong> Bolsa Família (PBF), v<strong>em</strong><br />

sen<strong>do</strong> apoia<strong>do</strong> pelo <strong>MDS</strong>, mediante transferência de recursos por parte <strong>da</strong> Secretaria<br />

Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan). As transferências<br />

são efetua<strong>da</strong>s por meio de termo de parceria com a ASA e de convênios com governos<br />

estaduais e municipais. Essa ação já possibilitou que mais de 280.000 famílias<br />

construíss<strong>em</strong> suas próprias cisternas para captação de água para o consumo<br />

humano, b<strong>em</strong> como que elas participass<strong>em</strong> de ativi<strong>da</strong>des de capacitação para a<br />

gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos e convivência com o S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong>.<br />

1 A ASA é um fórum que congrega mais de 750 organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil, como<br />

comuni<strong>da</strong>des eclesiais católicas e evangélicas, ONGs de desenvolvimento e ambientalistas,<br />

associações de trabalha<strong>do</strong>res/as rurais e urbanos/as, enti<strong>da</strong>des comunitárias, sindicatos<br />

e federações de trabalha<strong>do</strong>res/as rurais, movimentos sociais e organismos de cooperação<br />

internacional públicos e priva<strong>do</strong>s, que trabalham para o desenvolvimento social, econômico<br />

e político sustentável <strong>do</strong> S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong> brasileiro.<br />

2 O S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong> brasileiro compreende 1.133 municípios de nove esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil: Alagoas,<br />

Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande <strong>do</strong> Norte e Sergipe.<br />

2


<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria com a ASA (Água-Vi<strong>da</strong>)<br />

O objetivo <strong>da</strong> pesquisa foi avaliar o <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> quanto à sua impl<strong>em</strong>entação<br />

no S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong> brasileiro, levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta as seguintes dimensões: a) cobertura<br />

<strong>do</strong> programa, b) focalização, c) percepção <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong> programa sobre<br />

as condições de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s beneficiários e d) sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> programa medi<strong>da</strong>,<br />

principalmente, por meio <strong>da</strong>s condições e capaci<strong>da</strong>de de manutenção <strong>da</strong>s cisternas<br />

construí<strong>da</strong>s.<br />

Para tanto, a pesquisa levantou informações sobre a situação socioeconômica<br />

junto a uma amostra de 1.328 famílias beneficiárias, b<strong>em</strong> como sobre os tipos de<br />

água destina<strong>do</strong>s ao uso <strong>do</strong>méstico, incluin<strong>do</strong> as fontes alternativas de água – superficiais<br />

e subterrâneas –, os riscos <strong>do</strong> uso e as características físicas, químicas e<br />

microbiolólogicas dessas águas.<br />

2. Meto<strong>do</strong>logia<br />

Na coleta de informações junto à população beneficiária, a pesquisa envolveu uma<br />

amostra de 1.328 famílias com cisterna instala<strong>da</strong> há pelo menos quatro anos. Essas<br />

famílias estavam distribuí<strong>da</strong>s <strong>em</strong> 45 comuni<strong>da</strong>des rurais de 41 municípios, espalha<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> nove uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> federação: Bahia (32,9% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios), Pernambuco<br />

(17,5%), Piauí (13,6%), Rio Grande <strong>do</strong> Norte (11,7%), Alagoas (8,8%), Paraíba (6,6%),<br />

Sergipe (4,1%), Ceará (2,4%) e Minas Gerais (2,3%).<br />

Para verificar a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água, foram coleta<strong>da</strong>s 777 amostras, envolven<strong>do</strong> diversas<br />

fontes: cisternas, filtros, potes de barro, fontes permanentes e mananciais<br />

superficiais e subterrâneos. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s para construir o<br />

Índice de Uso <strong>da</strong>s Águas Domésticas (IUD) 3 , visan<strong>do</strong> auxiliar os gestores <strong>da</strong> política<br />

na toma<strong>da</strong> de decisão sobre o monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s águas.<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s<br />

Cobertura <strong>do</strong> programa<br />

Com relação à cobertura, a pesquisa confirmou <strong>da</strong><strong>do</strong>s de outros estu<strong>do</strong>s sobre a<br />

necessi<strong>da</strong>de de ampliação <strong>do</strong> programa, uma vez que a quanti<strong>da</strong>de de famílias não<br />

beneficia<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> era muito grande (até o momento <strong>da</strong> pesquisa, o programa<br />

havia construí<strong>do</strong> cerca de 290 mil cisternas e havia uma d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> estima<strong>da</strong> de<br />

um milhão de famílias de baixa ren<strong>da</strong> que viviam na área rural <strong>do</strong> S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong> e<br />

não dispunham de fontes de água ou meio de armazená-la adequa<strong>da</strong>mente para o<br />

suprimento de suas necessi<strong>da</strong>des básicas).<br />

3 Índice construí<strong>do</strong> a partir <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> salini<strong>da</strong>de, alcalini<strong>da</strong>de, poluição <strong>da</strong> água<br />

(presença de amônia) e saúde <strong>da</strong> água (oxigênio dissolvi<strong>do</strong> na água).<br />

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<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria com a ASA (Água-Vi<strong>da</strong>)<br />

Focalização<br />

A pesquisa mostrou que as famílias beneficiárias atendiam aos requisitos estabeleci<strong>do</strong>s<br />

pelo programa, ou seja, famílias rurais de baixa ren<strong>da</strong> que não dispunham de<br />

fontes de água. Para confirmar a focalização <strong>do</strong> programa, foram levanta<strong>da</strong>s informações<br />

referentes à localização geográfica <strong>da</strong>s famílias, às condições <strong>da</strong>s moradias,<br />

montante de ren<strong>da</strong> familiar, disponibili<strong>da</strong>de de água, entre outros indica<strong>do</strong>res.<br />

No que diz respeito à localização geográfica <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios, 41% tratavam-se de<br />

proprie<strong>da</strong>des individuais isola<strong>da</strong>s, ou seja, um <strong>do</strong>micílio por uni<strong>da</strong>de produtiva.<br />

Outros 49,5% diziam respeito a proprie<strong>da</strong>des localiza<strong>da</strong>s <strong>em</strong> povoa<strong>do</strong>s ou pequenos<br />

aglomera<strong>do</strong>s. Domicílios <strong>em</strong> assentamentos de reforma agrária corresponderam<br />

a 2,7% <strong>da</strong> amostra e, <strong>em</strong> comuni<strong>da</strong>des quilombolas, a 3,9%.<br />

As principais características <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios pod<strong>em</strong> ser resumi<strong>da</strong>s <strong>em</strong>: 86,6% eram<br />

próprios/pagos; 79,1% possuíam paredes de alvenaria com acabamento; o material<br />

pre<strong>do</strong>minante na cobertura era a telha de barro/cerâmica (98,6%); maior<br />

concentração de <strong>do</strong>micílios com 6 cômo<strong>do</strong>s (41,9%); a inexistência de banheiro<br />

foi constata<strong>da</strong> <strong>em</strong> 35% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios; entre aqueles que possu<strong>em</strong> banheiro, 21,1%<br />

não dispunham de nenhum tipo de escoamento sanitário, sen<strong>do</strong> esta uma <strong>da</strong>s<br />

principais causas de contaminação de água – pouco mais de 50% <strong>da</strong>s casas possuíam<br />

fossa séptica. A falta de água encana<strong>da</strong> era um probl<strong>em</strong>a enfrenta<strong>do</strong> por 77,6%<br />

<strong>da</strong>s famílias entrevista<strong>da</strong>s e não havia coleta de lixo <strong>em</strong> 90% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios; 14%<br />

<strong>da</strong>s residências não dispunham de energia elétrica.<br />

Em relação aos responsáveis pelo <strong>do</strong>micílio, 31,4% não tinham instrução e 33%<br />

possuíam até a 4ª série (atual 5º ano) concluí<strong>da</strong>. Quanto à ocupação, 59,1% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s<br />

afirmaram ser trabalha<strong>do</strong>res rurais, na produção para consumo próprio;<br />

autônomos somavam 13,3% e <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s, 6,1%.<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s mostram que cerca de 60% <strong>da</strong>s famílias beneficia<strong>da</strong>s pelo programa recebiam<br />

o benefício <strong>do</strong> PBF e 32% recebiam aposenta<strong>do</strong>ria rural por i<strong>da</strong>de; <strong>em</strong> torno<br />

de 3% recebiam o Benefício de Prestação Continua<strong>da</strong> (BPC).<br />

Principais fontes alternativas para a água de uso <strong>do</strong>méstico<br />

Com relação às principais fontes de água <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios entrevista<strong>do</strong>s, os resulta<strong>do</strong>s<br />

indicam que poucos <strong>do</strong>micílios (aproxima<strong>da</strong>mente 19,1%) utilizavam somente<br />

a cisterna como fonte principal para a água de uso <strong>do</strong>méstico. A maior<br />

porcentag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios utilizava também fontes alternativas para satisfazer<br />

suas necessi<strong>da</strong>des de água. As cinco principais fontes alternativas eram: açude,<br />

barrag<strong>em</strong> ou lagoa (32,2%), água encana<strong>da</strong> (15,3%), cacimba ou nascente (12,4%),<br />

poço tubular (5,6%) e chafariz (2,6%).<br />

A coleta de água nessas fontes alternativas era uma ativi<strong>da</strong>de diária para 57% <strong>do</strong>s<br />

casos. O t<strong>em</strong>po gasto para buscar água era de até 1 hora para 36% <strong>do</strong>s respondentes.<br />

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<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria com a ASA (Água-Vi<strong>da</strong>)<br />

Percepção quanto aos efeitos <strong>do</strong> programa sobre as condições de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s<br />

beneficiários<br />

Cerca de 65% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s afirmaram que a cisterna só recebia água <strong>da</strong> chuva.<br />

Quanto ao uso, 93,4% declararam que a água era utiliza<strong>da</strong> apenas para uso<br />

<strong>do</strong>méstico, sen<strong>do</strong> que, para 58% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, a água <strong>da</strong> cisterna atendia totalmente<br />

a to<strong>da</strong>s as necessi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> consumo <strong>do</strong>méstico (36% afirmaram que era<br />

suficiente apenas para beber e cozinhar).<br />

No que se refere ao t<strong>em</strong>po de duração <strong>da</strong> água armazena<strong>da</strong> na cisterna, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

mostram que, <strong>em</strong> pouco mais de um terço <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios (36,4%), a água armazena<strong>da</strong><br />

durava 12 meses, enquanto, para 26,2%, a água armazena<strong>da</strong> tinha duração<br />

máxima de seis meses.<br />

Com relação à quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, a pesquisa identificou que 94,3% <strong>do</strong>s beneficiários<br />

entrevista<strong>do</strong>s declararam que houve melhoras significativas após a implantação<br />

<strong>da</strong> cisterna e apenas 0,8% afirmou que a cisterna não trouxe contribuição<br />

alguma. Quanto à saúde, para cerca de 80% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, houve melhoria<br />

após a instalação <strong>da</strong> cisterna.<br />

Pergunta<strong>do</strong>s sobre o nível de satisfação com a cisterna, 86,5% responderam que estão<br />

muito satisfeitos e apenas 0,8% declarou estar insatisfeito ou muito insatisfeito.<br />

Quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água<br />

Do ponto de vista <strong>do</strong>s tipos de água, constatou-se que a maioria <strong>da</strong>s cisternas estava<br />

localiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> territórios onde pre<strong>do</strong>minam as águas superficiais <strong>do</strong> tipo bicarbonata<strong>da</strong>s<br />

e cloreta<strong>da</strong>s, sódicas e mistas. Dessa forma, ao se detectar tais características<br />

físico-químicas nas águas armazena<strong>da</strong>s nas cisternas, pode-se concluir de<br />

fato que estas não são provenientes de captação de água de chuva e sim de outras<br />

fontes alternativas de abastecimento.<br />

Com a análise de 777 pontos de amostras de água coleta<strong>da</strong>s na área de abrangência<br />

<strong>da</strong> pesquisa (cisternas, filtros, pote de barro, fontes permanentes e mananciais<br />

superficiais e subterrâneos), foram encontra<strong>do</strong>s os seguintes resulta<strong>do</strong>s: 79,54%<br />

<strong>da</strong>s amostras foram considera<strong>da</strong>s s<strong>em</strong> restrições ao uso pelas famílias beneficiárias;<br />

6,18% <strong>da</strong>s amostras foram considera<strong>da</strong>s de médio risco, ten<strong>do</strong> como principal<br />

limitante a presença de cloretos (salini<strong>da</strong>de) <strong>em</strong> quanti<strong>da</strong>des acima <strong>do</strong> tolera<strong>do</strong><br />

pela Organização Mundial <strong>da</strong> Saúde (OMS); <strong>em</strong> 8,10% <strong>da</strong>s amostras, foram encontra<strong>do</strong>s<br />

teores eleva<strong>do</strong>s de amônia, que indicam presença de contaminantes orgânicos<br />

e, <strong>em</strong> 6,69% <strong>da</strong>s amostras, o teor de oxigênio encontra<strong>do</strong> estava abaixo <strong>do</strong><br />

tolera<strong>do</strong>, indican<strong>do</strong> alto risco à saúde se consumi<strong>da</strong> s<strong>em</strong> tratamento.<br />

Ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista que <strong>em</strong> algumas amostras foi constata<strong>da</strong> a presença de Coliformes<br />

e de Escherichia coli., a pesquisa indicou a necessi<strong>da</strong>de de realizar outros estu<strong>do</strong>s<br />

para avaliar a eficiência e eficácia <strong>da</strong> instalação de um sist<strong>em</strong>a de eliminação automática<br />

<strong>da</strong>s primeiras águas de chuva. Isso aju<strong>da</strong>ria a reduzir a poluição física e<br />

microbiológica <strong>da</strong>s águas armazena<strong>da</strong>s.<br />

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<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria com a ASA (Água-Vi<strong>da</strong>)<br />

Outro aspecto que pode comprometer a quali<strong>da</strong>de é a forma a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> para retirar<br />

a água <strong>da</strong> cisterna: <strong>em</strong> 85,9% <strong>do</strong>s casos, isso era feito manualmente. Neste caso, se<br />

os utensílios não for<strong>em</strong> adequa<strong>da</strong>mente higieniza<strong>do</strong>s, pod<strong>em</strong> contaminar a água<br />

<strong>da</strong> cisterna. A pesquisa também revelou que 47% <strong>da</strong>s famílias entrevista<strong>da</strong>s afirmaram<br />

que tratam a água <strong>da</strong> cisterna (cloro, hipoclorito de sódio, água sanitária),<br />

entretanto, 51% afirmaram que não realizam qualquer tipo de tratamento.<br />

Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> programa<br />

A pesquisa investigou as condições e a capaci<strong>da</strong>de de manutenção <strong>da</strong>s cisternas<br />

construí<strong>da</strong>s como fatores de sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> programa. A respeito de eventuais<br />

probl<strong>em</strong>as físicos <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> cisterna, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s mostram que 37,1% <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s declararam que o equipamento apresentou algum tipo de probl<strong>em</strong>a,<br />

tais como: rachaduras, vazamentos, bomba que não funciona, tampa com defeito,<br />

entre outros.<br />

No que concerne ao manejo <strong>da</strong> água <strong>da</strong> cisterna, os pesquisa<strong>do</strong>res avaliaram<br />

que, <strong>em</strong> 82,8% <strong>da</strong>s famílias entrevista<strong>da</strong>s, o manejo era adequa<strong>do</strong> e que, <strong>em</strong><br />

15,1%, era inadequa<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> a avaliação <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res <strong>em</strong> campo, 54,9% <strong>da</strong>s cisternas apresentavam-se<br />

<strong>em</strong> péssimo esta<strong>do</strong> de conservação – apenas 26% <strong>da</strong>s cisternas observa<strong>da</strong>s<br />

estariam <strong>em</strong> esta<strong>do</strong> bom ou ótimo. Os principais probl<strong>em</strong>as oberva<strong>do</strong>s <strong>em</strong> campo<br />

nas cisternas foram: defeito na bomba de água, rachaduras na estrutura, probl<strong>em</strong>as<br />

nas calhas e tampa com defeito.<br />

Ain<strong>da</strong> no âmbito <strong>da</strong> avaliação e observação <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res, <strong>em</strong> 71,5% <strong>da</strong>s cisternas<br />

visita<strong>da</strong>s, não havia ocorrência de erosão nas suas proximi<strong>da</strong>des e, <strong>em</strong> 20%,<br />

eram poucos os sinais de erosão.<br />

Um <strong>do</strong>s princípios importantes para o <strong>Programa</strong> Um Milhão de <strong>Cisternas</strong> é a capacitação<br />

sobre como usar a cisterna, isto é, seu manejo e formas de armazenamento<br />

e tratamento <strong>da</strong> água. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s indicaram que os cursos de capacitação sobre<br />

manejo <strong>da</strong> cisterna e uso <strong>da</strong> água, forneci<strong>do</strong>s pelas organizações liga<strong>da</strong>s a ASA,<br />

mostraram-se extr<strong>em</strong>amente eficazes, uma vez que 89,2% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s consideraram<br />

o treinamento recebi<strong>do</strong> adequa<strong>do</strong>. Portanto, a pesquisa d<strong>em</strong>onstrou<br />

que a cisterna é uma tecnologia de fácil a<strong>do</strong>ção pelas famílias beneficiárias e de<br />

baixo custo de manutenção, plenamente adequa<strong>da</strong> à reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população rural<br />

de baixa ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong> brasileiro.<br />

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<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria com a ASA (Água-Vi<strong>da</strong>)<br />

4. Considerações finais<br />

A análise feita segun<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>da</strong>s características <strong>do</strong>miciliares (condição de<br />

proprie<strong>da</strong>de, localização, acabamento, tipo de cobertura, tipo e forma de escoamento<br />

<strong>do</strong> esgoto sanitário), assim como de trabalho e ren<strong>da</strong>, permitiu afirmar<br />

a boa focalização <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong>/P1MC-ASA. A população beneficiária<br />

<strong>do</strong> programa detém o perfil de famílias rurais de baixa ren<strong>da</strong> e que não<br />

dispõ<strong>em</strong> de fontes de água.<br />

Os principais resulta<strong>do</strong>s percebi<strong>do</strong>s pelos beneficiários <strong>do</strong> projeto e verifica<strong>do</strong>s<br />

pela pesquisa foram: o aumento <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água consumi<strong>da</strong><br />

pelas famílias, a maior disponibili<strong>da</strong>de de t<strong>em</strong>po para as mulheres e crianças e<br />

a redução na incidência de <strong>do</strong>enças vincula<strong>da</strong>s ao consumo de água contamina<strong>da</strong>.<br />

O alto grau de satisfação com a cisterna não deixa dúvi<strong>da</strong> quanto à sua relevância<br />

para a sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de vi<strong>da</strong> sertanejo, <strong>em</strong> seu esforço de convivência<br />

com o S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong>. Portanto, nenhuma recomen<strong>da</strong>ção é mais importante <strong>do</strong> que a<br />

de ampliar a construção de cisternas <strong>do</strong>miciliares para beneficiar, principalmente,<br />

a to<strong>do</strong>s os grupos sociais mais vulneráveis <strong>da</strong> região. Entretanto, faz-se a seguinte<br />

ressalva a essa recomen<strong>da</strong>ção: <strong>da</strong>s 1.328 famílias entrevista<strong>da</strong>s, somente<br />

19,1% delas declararam que têm a cisterna como fonte principal de água e 57,8%<br />

<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s afirmaram que a cisterna atende totalmente as necessi<strong>da</strong>des de<br />

beber, cozinhar e higiene pessoal. Aconselha-se, diante disso, a realização de estu<strong>do</strong>s<br />

que possibilit<strong>em</strong> definir o volume de água mínimo requeri<strong>do</strong> pelas famílias<br />

que conviv<strong>em</strong> com o S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong>, consideran<strong>do</strong> o atendimento <strong>do</strong>s múltiplos usos<br />

<strong>do</strong>mésticos.<br />

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<strong>Avaliação</strong> <strong>da</strong> Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>Cisternas</strong> <strong>do</strong> <strong>MDS</strong> <strong>em</strong> Parceria com a ASA (Água-Vi<strong>da</strong>)<br />

Ficha Técnica<br />

Execução <strong>da</strong> pesquisa<br />

Funder-Embrapa S<strong>em</strong>iári<strong>do</strong><br />

Coordena<strong>do</strong>r-Geral<br />

Aderal<strong>do</strong> de Souza Silva<br />

Pesquisa<strong>do</strong>res e Equipe Responsável<br />

Alberico Pereira de Andrade<br />

Célia Maria Maganhotto de S. Silva<br />

Edmilson <strong>da</strong> Silva Filho<br />

Elisabeth Francisconi Fay<br />

Francisco Barbosa <strong>do</strong>s Anjos<br />

Gilson Soares Amorim<br />

José Cletis Bezerra<br />

José de Souza Silva<br />

Julio Amorim<br />

Jussara Soares Amorim<br />

Leandro Nogueira Galvão<br />

Lúcio Alberto Pereira<br />

Luiza Teixeira de Lima Brito<br />

Maria Carolina Tonizza Pereira<br />

Nielton Gonçalo Nunes <strong>do</strong>s Santos<br />

Paulo Pereira <strong>da</strong> Silva Filho<br />

Pedro Carlos Gama <strong>da</strong> Silva<br />

Renil<strong>da</strong> Vieira <strong>da</strong> Silva<br />

Roseli Freire de Melo<br />

Suzana Vale Lima<br />

Tatiana Ayako Taura<br />

Uni<strong>da</strong>des Responsáveis<br />

Secretária de <strong>Avaliação</strong> e Gestão <strong>da</strong><br />

Informação<br />

Luziele Maria de Souza Tapajós<br />

Secretaria de <strong>Avaliação</strong> e Gestão <strong>da</strong> Informação<br />

Esplana<strong>da</strong> <strong>do</strong>s Ministérios | Bloco A | Sala 323<br />

CEP: 70.054-906 Brasília | DF<br />

Fone: 61 3433-1509 | Fax: 3433-1529<br />

www.mds.gov.br/sagi<br />

Diretora de <strong>Avaliação</strong> e<br />

Monitoramento<br />

Júnia Valéria Quiroga <strong>da</strong> Cunha<br />

Coordena<strong>do</strong>r-Geral de <strong>Avaliação</strong><br />

e Monitoramento de Execução e<br />

Impacto<br />

Fernan<strong>do</strong> Batista Pereira<br />

Equipe de acompanhamento <strong>da</strong><br />

pesquisa<br />

Dionara Borges Andreani Barbosa<br />

Pedro Antônio Bavaresco<br />

Rodrigo Costa Capeáns<br />

Secretário Nacional de Segurança<br />

Alimentar e Nutricional<br />

Crispim Moreira<br />

Diretora de Gestão Integra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Política<br />

Neila Maria Batista Afonso<br />

Coordena<strong>do</strong>r-Geral de Acesso à Água<br />

Igor <strong>da</strong> Costa Arsky<br />

Edição e Diagramação deste<br />

Sumário Executivo<br />

Revisão<br />

Danilo Vieira<br />

Renata Bichir<br />

Júnia Quiroga<br />

Thaise Leandro<br />

Diagramação<br />

Tarcísio Silva

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