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parceria entre a escola ea comunidade na perspectiva da gestão ...

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PARCERIA ENTRE A ESCOLA E A COMUNIDADE NA PERSPECTIVA DA<br />

GESTÃO COMPARTILHADA.<br />

RESUMO<br />

Maria D’Arc Alves Lopes<br />

Pe<strong>da</strong>goga - Especialista em Gestão Educacio<strong>na</strong>l - Mestran<strong>da</strong> em Ciências <strong>da</strong> Educação<br />

Diretora de Programas e Projetos Educacio<strong>na</strong>is/SEME/Estância/SE<br />

ULHT-Universi<strong>da</strong>de Lusófo<strong>na</strong> de Humani<strong>da</strong>de e Tecnologias, Lisboa/Portugal<br />

*email. m<strong>da</strong>rclopes@hotmail.com<br />

O presente artigo foi construído com o objetivo de refletirmos sobre a <strong>escola</strong> e família<br />

e, através <strong>da</strong> <strong>perspectiva</strong> <strong>da</strong> proposta de <strong>parceria</strong>. Para tanto r<strong>ea</strong>lizamos levantamento<br />

<strong>na</strong> temática. D<strong>entre</strong> eles Luck (2005) que defende a <strong>parceria</strong> <strong>entre</strong> <strong>escola</strong> e família no<br />

contexto <strong>da</strong> <strong>gestão</strong> participativa e Libânio (2005) que definiu o que vem a ser a <strong>gestão</strong><br />

compartilha<strong>da</strong>. A leitura dos autores nos ajudou a construir os argumentos aqui<br />

defendidos. Os mesmos dizem respeito não só aos benefícios <strong>da</strong> participação ou<br />

<strong>gestão</strong> participativa <strong>da</strong> <strong>escola</strong>, mas possíveis reflexos <strong>da</strong> <strong>gestão</strong> <strong>escola</strong>r com a<br />

participação <strong>da</strong> família nos processos decisórios <strong>da</strong> <strong>escola</strong>. Focalizam-se as funções <strong>da</strong><br />

<strong>escola</strong>, considerando sua influência <strong>na</strong>s pessoas envolvi<strong>da</strong>s no processo <strong>escola</strong>r,<br />

apontam-se algumas considerações sobre a necessi<strong>da</strong>de de compreender as inter-<br />

relações <strong>entre</strong> <strong>escola</strong> e família, visando promover a permanência do aluno/filho <strong>na</strong><br />

<strong>escola</strong>, reduzindo o índice de reprovação e abandono <strong>escola</strong>r, no que tange ao sucesso<br />

do aluno no contexto <strong>escola</strong>r.<br />

1


Palavra - chave: Escola, <strong>gestão</strong>, participação, família.<br />

INTRODUÇÃO<br />

As instâncias <strong>escola</strong>, família e socie<strong>da</strong>de podem ser refleti<strong>da</strong>s sobre várias<br />

<strong>perspectiva</strong>s. No entanto, o presente artigo tem como objetivo enfocá-los à luz <strong>da</strong><br />

proposta de <strong>parceria</strong>.<br />

A institucio<strong>na</strong>lização <strong>da</strong> democracia, associa<strong>da</strong> ao aprimoramento <strong>da</strong> eficiência<br />

e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> educação pública, tem sido uma força poderosa a estimular o<br />

processo de mu<strong>da</strong>nças <strong>na</strong> forma de gerir <strong>escola</strong>s no Brasil. A participação <strong>da</strong><br />

<strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> <strong>escola</strong>r, incluindo professores, especialistas, pais, alunos, funcionários e<br />

gestores <strong>da</strong> <strong>escola</strong>, é parte desse esforço, que promove o afastamento <strong>da</strong>s tradições<br />

corporativas e clientelistas, prejudiciais à melhoria do ensino, por visarem o<br />

atendimento a interesses pessoais e de grupos.<br />

Estas mu<strong>da</strong>nças e reformas abrangem um movimento para democratizar a<br />

<strong>gestão</strong> <strong>escola</strong>r e aprimorar a quali<strong>da</strong>de educacio<strong>na</strong>l, traduzindo estratégias diversas.<br />

Assim,<br />

A <strong>gestão</strong> participativa é normalmente entendi<strong>da</strong> como uma forma regular e<br />

significante de envolvimento dos funcionários de uma organização, no seu<br />

processo decisório (Likert, 1971; Xavier, Amaral e Marra, 1994). Em<br />

organizações democraticamente administra<strong>da</strong>s – inclusive <strong>escola</strong>s - os<br />

funcionários são envolvidos no estabelecimento de objetivos, <strong>na</strong> solução de<br />

problemas, <strong>na</strong> toma<strong>da</strong> de decisões, no estabelecimento e manutenção de<br />

padrões de desempenho e <strong>na</strong> garantia de que sua organização está<br />

atendendo adequa<strong>da</strong>mente às necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s pessoas a quem os serviços<br />

<strong>da</strong> organização se desti<strong>na</strong>m (Luck, 2005, p.17).<br />

Ao se referir às <strong>escola</strong>s e sistemas de ensino, o conceito de <strong>gestão</strong> participativa<br />

envolve, além dos professores e funcionário, os pais de alunos, os alunos e qualquer<br />

outro representante <strong>da</strong> <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> que esteja interessado <strong>na</strong> <strong>escola</strong> e <strong>na</strong> melhoria do<br />

processo pe<strong>da</strong>gógico.<br />

Cabe lembrar que to<strong>da</strong> pessoa tem um poder de influência sobre o contexto de<br />

que faz parte, exercendo-o, independentemente <strong>da</strong> sua consciência desse fato e <strong>da</strong><br />

direção e intenção de sua ativi<strong>da</strong>de.<br />

Para tanto r<strong>ea</strong>lizamos um levantamento bibliográfico em autores como Paro<br />

(2006), Nogueira (2007), Libânio (2008), Carvalho (1999-2004), Hora (1998) <strong>entre</strong><br />

outros. A leitura nos mesmos foi de fun<strong>da</strong>mental importância no embasamento<br />

teórico para a construção desse artigo.<br />

2


Nesses tempos de mu<strong>da</strong>nça, o tema <strong>parceria</strong>s tem ocupado um espaço de<br />

debates, uma agen<strong>da</strong> de muitos encontros e uma vontade de r<strong>ea</strong>lizações conjuntas. As<br />

iniciativas de pessoas ou instituições em favor de ações de reciproci<strong>da</strong>de social têm<br />

produzido uma rotação <strong>na</strong> maneira de compreender que igual<strong>da</strong>de de oportuni<strong>da</strong>des<br />

não significa necessariamente oportuni<strong>da</strong>des iguais. Esta equação pressupõe<br />

diversi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> forma de conhecer e tratar as desigual<strong>da</strong>des que habitam o nosso<br />

contexto social.<br />

Uma grande questão que intriga todos os que se preocupam com os rumos <strong>da</strong><br />

educação é saber o que a socie<strong>da</strong>de espera encontrar <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, diante <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de<br />

de valores e culturas que habitam o universo humano, transcendendo a discussão<br />

acerca <strong>da</strong>s diferenças de raça, credo, gênero, i<strong>da</strong>de. É também um alerta de que as<br />

referências aos debates situam-se <strong>na</strong> própria r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong>de percebi<strong>da</strong>, senti<strong>da</strong>, vivi<strong>da</strong> por<br />

professores, alunos, pais e <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>.<br />

Diante do ritmo acelerado de existência universal, em que se confrontam<br />

passado e presente, permanência e inovação, a coexistência de duali<strong>da</strong>de perpassa o<br />

mundo, a vi<strong>da</strong>, a pessoa, a educação e a <strong>escola</strong>. Ao i<strong>na</strong>ugurar o tempo dos sonhos no<br />

espaço educativo, pode-se festejar a semelhança do ser humano <strong>na</strong> sua inconti<strong>da</strong><br />

diferença: o seu “eu” inteiramente único, mas profun<strong>da</strong>mente <strong>entre</strong>laçado <strong>na</strong> vi<strong>da</strong><br />

coletiva local e global.<br />

A relação estabeleci<strong>da</strong> cotidia<strong>na</strong>mente gira em torno de desafios, experiências<br />

e negociações e, por isso, embora mu<strong>da</strong>nças ocorram a todo instante, há períodos em<br />

que elas acontecem de forma diferente, provocando inclusive rupturas de princípios e<br />

valores referenciais às práticas pe<strong>da</strong>gógicas e administrativas ti<strong>da</strong>s como intocáveis.<br />

Assim como a educação se compartimentou e especializou, a <strong>escola</strong> repetiu e<br />

justapôs, acreditando <strong>na</strong> máxima do conhecimento intocável e do seu poder em<br />

transformar a socie<strong>da</strong>de. A passagem para a <strong>escola</strong> percebe-se como integrante do<br />

tecido social é uma construção histórica e cultural. Assim, sua função vai além do<br />

âmbito <strong>escola</strong>r, uma vez que o processo de aprendizagem se r<strong>ea</strong>liza em to<strong>da</strong>s as<br />

circunstâncias de vi<strong>da</strong>, em constante interação com o meio, como um movimento em<br />

que o sujeito se constrói e é construído em um circulo infinito, e no qual a <strong>escola</strong><br />

desempenha importante e fun<strong>da</strong>mental papel, ou seja, tor<strong>na</strong>r a pessoa ca<strong>da</strong> vez mais<br />

huma<strong>na</strong> (Charlot, 2000).<br />

A <strong>escola</strong> que se abre à <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> tem espírito sensível e olhar atento às<br />

r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong>des de vi<strong>da</strong>, construindo ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de a partir do processo<br />

educativo <strong>da</strong> <strong>gestão</strong>. Esta é uma tarefa grandiosa, que exige muito esforço, dedicação<br />

e permanente ação-reflexão, sendo considera<strong>da</strong> categoria ética porque rompe a<br />

barreira dos preconceitos e <strong>da</strong>s diferenças, tor<strong>na</strong>ndo possível a convivência huma<strong>na</strong><br />

de forma mais frater<strong>na</strong>. Na instituição <strong>escola</strong>r, a <strong>parceria</strong> pode ser desenvolvi<strong>da</strong> por<br />

meio de pessoas solidárias – que empreendem seus conhecimentos, valores,<br />

convicções e atitudes em favor de causas identifica<strong>da</strong>s como humanitárias e ambientes<br />

solidários – que se propõem ao estabelecimento de novas relações <strong>entre</strong> os diferentes<br />

grupos sociais, com a fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de de incluí-los numa rede de aprendizagem e<br />

transformação (Sequeiros 2002).<br />

3


Nesse contexto, a criação de mecanismos de participação tem sido fator<br />

importante e indispensável para que a <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> <strong>entre</strong> <strong>na</strong> <strong>escola</strong>, dialogue, interaja<br />

e atue em propostas de <strong>parceria</strong>. O papel <strong>da</strong> <strong>gestão</strong> <strong>da</strong> <strong>escola</strong>, neste contexto, é<br />

aprender a praticar os valores humanos que respeitem as diferenças, valorizem o<br />

próximo e promovam a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.<br />

A <strong>escola</strong>, ao desempenhar sua função social num determi<strong>na</strong>do momento<br />

histórico, deve prever com que tipo de situações se defrontará e com que formas de<br />

pensar e agir serão trata<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as questões que envolvem engajamento e<br />

compromisso com a <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>. Contudo, isso nos conduz à reflexão do pensamento<br />

seguinte;<br />

“Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais<br />

reconheço e até me sinto ofendido com ela? [...]. Não há diálogo, se não há<br />

uma imensa fé nos homens. Fé no seu poder de fazer e refazer. De criar e<br />

recriar” (Freire, 1987, p.31-40).<br />

O alerta deste educador auxilia a compreender que o processo de organização<br />

<strong>da</strong> <strong>escola</strong> está intimamente associado ao <strong>da</strong> <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> em que ambas constroem o<br />

aprendizado <strong>da</strong> ação conjunta e produzem práticas considera<strong>da</strong>s de grande alcance <strong>na</strong><br />

socie<strong>da</strong>de.<br />

Assim, hoje, o ideário <strong>da</strong> <strong>escola</strong> inclui necessariamente a defesa de causas e<br />

valores inspirados nos princípios de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, ampliando, desta forma<br />

o conceito de <strong>parceria</strong> e espaço público sem, no entanto, procurar substituir o Estado<br />

em suas competências constitucio<strong>na</strong>is.<br />

Contudo, a Lei nº 9.790 de 23 de março de 1999, considera<strong>da</strong> marco legal <strong>da</strong>s<br />

<strong>parceria</strong>s, trabalha o conceito de <strong>parceria</strong> como vínculo de cooperação <strong>entre</strong> o poder<br />

Público e as Organizações <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Civil de Interesse Público, portanto de<br />

responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s partes envolvi<strong>da</strong>s.<br />

Quando a <strong>escola</strong> se propõe a trabalhar com parceiros, abrindo-se à<br />

<strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>, vivencia um espaço de humanização e participa de um roteiro que inclui<br />

desenvolvimento e promoção. Isso significa que o papel <strong>da</strong> <strong>gestão</strong> passa a ser<br />

concebido como participativo, porque agrega valores diferenciados, produz<br />

entendimentos e mobilizam pessoas, instituições, governo e socie<strong>da</strong>de em torno de<br />

projetos comuns e ações de relevância social.<br />

A <strong>gestão</strong> participativa, portanto, requer disposição, esforço e conquista que<br />

não se esgotam com a ação efetiva<strong>da</strong>. É preciso que esta forma de <strong>gestão</strong> movimente<br />

uma rede articula<strong>da</strong> de <strong>parceria</strong>s, em que um aju<strong>da</strong> o outro e todos se beneficiam<br />

mutuamente. Sua função é agregar conhecimentos, experiências e esforços numa<br />

combi<strong>na</strong>ção de ações conjuntas e partilha<strong>da</strong>s, em um espaço de tempo delimitado,<br />

normalmente um projeto, um plano de ação e mesmo ofici<strong>na</strong>s de trabalho.<br />

A movimentação pela <strong>parceria</strong> <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s, a valorização do trabalho<br />

comunitário, a importância de oferecer algo a mais para alunos, pais, professores e<br />

<strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> em geral representam um exercício pró-ativo de responsabili<strong>da</strong>de, um<br />

4


sentimento de aceitação do pluralismo social e cultural <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e, de certa forma,<br />

simbolizam a construção de r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong>des ampara<strong>da</strong>s por sentimentos de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, nem<br />

sempre visíveis imediatamente, uma vez que,<br />

[...] se este contexto se fizer num contexto igualitário, e se existirem<br />

objetivos e projetos comuns, os preconceitos e a hostili<strong>da</strong>de latente podem<br />

desaparecer e <strong>da</strong>r lugar a uma cooperação mais sere<strong>na</strong> e até a amizade<br />

(Delors, 1996, p 97).<br />

A integração <strong>entre</strong> <strong>escola</strong> e família tem despertado, recentemente, o interesse<br />

dos pesquisadores (Davies, Marques &Silva, 1997; Marques, 2002; Oliveira & cols.,<br />

2002) principalmente no que se refere às implicações deste envolvimento para o<br />

desenvolvimento social e cognitivo e o sucesso <strong>escola</strong>r do aluno.<br />

OBJETIVOS/RESULTADOS<br />

Conhecer a r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>gestão</strong> <strong>da</strong>s <strong>escola</strong>s investiga<strong>da</strong>s, suas ações de abertura com a<br />

<strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> e a convivência estabeleci<strong>da</strong> com as famílias, procurou-se exami<strong>na</strong>r, <strong>na</strong>s<br />

<strong>escola</strong>s, quais os efeitos resultantes <strong>da</strong> construção de <strong>parceria</strong> com a <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>.<br />

A forma de ouvir os sujeitos <strong>da</strong> pesquisa deu-se por meio de depoimentos orais e<br />

transcritos, a partir de roteiros previamente preparados.<br />

O panorama geral <strong>da</strong>s quatro <strong>escola</strong>s públicas investiga<strong>da</strong>s mostrou o seguinte:<br />

• População total de 1.834 alunos;<br />

• Escolas situa<strong>da</strong>s no centro e periferia <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, considera<strong>da</strong>s, zo<strong>na</strong> urba<strong>na</strong> e<br />

zo<strong>na</strong> rural;<br />

• Alunos de classe baixa e extrema pobreza;<br />

• Quatro <strong>escola</strong>s, sendo duas <strong>da</strong> zo<strong>na</strong> rural e duas <strong>da</strong> zo<strong>na</strong> urba<strong>na</strong>, to<strong>da</strong>s<br />

municipais;<br />

• Três <strong>escola</strong>s com Educação Infantil, Ensino Fun<strong>da</strong>mental Menor e Maior,<br />

Educação de Jovens e Adultos (EJA).<br />

• Uma <strong>escola</strong> de Educação Infantil, Ensino Fun<strong>da</strong>mental Menor e Alfabetização<br />

de Adultos.<br />

METODOLOGIA<br />

5


As <strong>entre</strong>vistas semi-estrutura<strong>da</strong>s foram apita<strong>da</strong>s aos diferentes sujeitos e<br />

agen<strong>da</strong><strong>da</strong>s previamente, num contexto <strong>da</strong> pesquisa caracteriza<strong>da</strong> como um Estudo de<br />

Caso, de cunho descritivo, numa abor<strong>da</strong>gem qualitativa.<br />

No estudo r<strong>ea</strong>lizado, as <strong>escola</strong>s públicas selecio<strong>na</strong><strong>da</strong>s apresentaram como<br />

denomi<strong>na</strong>dor comum o desejo de trabalho em <strong>parceria</strong> com a <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>, não<br />

eventual ou esporádico, mas imbuído do espírito de incompletude, de continui<strong>da</strong>de.<br />

Considerando que uma relação de <strong>parceria</strong> pressupõe objetivos compartilhados<br />

e uma ação de co-responsabili<strong>da</strong>de, resultando de “um ato de vontade de pessoas e<br />

instituições que se unem para enfrentar um desafio comum”. (Ribas Jr., 1999, p. 67),<br />

pode-se afirmar que as <strong>escola</strong>s:<br />

• Tor<strong>na</strong>ram-se pioneiras de uma prática coletiva altamente participativa;<br />

• Estabeleceram bases para que outras instituições passassem a valorizar o<br />

trabalho com a <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>, sob forma de <strong>parceria</strong><br />

Por isso, a <strong>gestão</strong> <strong>escola</strong>r como espaço de relações, precisa refletir<br />

continuamente sobre a rota de seus desejos, a posição de seus sonhos,<br />

formalizando uma aliança de cumplici<strong>da</strong>de com a <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> a fim de construir<br />

seu futuro no presente. Nele, o saber sistematizado será alicerçado pela vivência<br />

de conhecimentos e valores próprios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> r<strong>ea</strong>l, ancorado pelo diálogo franco e<br />

aberto, que servirá para multiplicar a esperança.<br />

No momento em que uma pessoa <strong>da</strong> <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> fez esta declaração: “ A<br />

gente tem tanto a <strong>da</strong>r, a contribuir mais com a <strong>escola</strong> para o bom<br />

desenvolvimento, mas exigem tão pouco ou quase <strong>na</strong><strong>da</strong>” , observa-se que tenta<br />

exprimir sua preocupação e desejo de contribuir com as formas de como são<br />

estabeleci<strong>da</strong>s as <strong>parceria</strong>s, para que <strong>escola</strong> e <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> se reflitam uma <strong>na</strong> outra<br />

e juntas consigam trabalhar em favor <strong>da</strong>s r<strong>ea</strong>is fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Educação. A mesma<br />

preocupação surgiu com a seguinte declaração:<br />

“A função <strong>da</strong> <strong>escola</strong> é preparar para a vi<strong>da</strong>, então ela deve estar liga<strong>da</strong> à<br />

<strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>. A direção deve ser mais participativa, comunicativa, sair mais<br />

<strong>da</strong> <strong>escola</strong>, divulgar seu nome, o seu trabalho, deve ir mais longe. Nós<br />

vivemos num mundo muito fechado”. (Professor <strong>da</strong> Escola).<br />

As <strong>parceria</strong>s forma<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s <strong>escola</strong>s públicas investiga<strong>da</strong>s tiveram início por meio<br />

dos esforços pessoais dos diretores os quais foram eleitos pelas <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>s <strong>escola</strong>r e<br />

local usando o direito garantido pela <strong>gestão</strong> democrática, e que acreditaram ser<br />

possível um trabalho em que a <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> aflorasse <strong>na</strong> <strong>escola</strong> e esta, por sua vez<br />

passasse a ser uma <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> de ações compartilha<strong>da</strong>s. Sendo assim, correram<br />

foram à luta e, mesmo sem apoio institucio<strong>na</strong>l, tor<strong>na</strong>ram-se pioneiras em nosso meio,<br />

de uma prática transformadora, lembrando as sábias palavras do educador Moacir<br />

Gadotti “A população precisa sentir prazer em exercer os seus direitos”. (Gadotti, 2002,<br />

p.48).<br />

6


Assim, as formas de enfrentamento <strong>da</strong>s inúmeras e diferentes r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong>des<br />

identifica<strong>da</strong>s como carências coletivas exigiram uma avança<strong>da</strong> percepção social,<br />

disposição para o diálogo, contínua negociação e ações de co-responsabili<strong>da</strong>de. O que<br />

não se pode é tomar os determi<strong>na</strong>ntes estruturais como desculpas para não se fazer<br />

<strong>na</strong><strong>da</strong>, esperando-se que a socie<strong>da</strong>de se transforme para depois transformar a <strong>escola</strong>.<br />

Sem a transformação <strong>na</strong> prática <strong>da</strong>s pessoas não há socie<strong>da</strong>de que se transforme de<br />

maneira consistente e duradoura.<br />

A <strong>parceria</strong> <strong>da</strong> <strong>escola</strong> com a <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> constituiu-se num tema muito<br />

instigante e si<strong>na</strong>lizador de um modo diferente de pensar e trabalhar com os anseios e<br />

necessi<strong>da</strong>des surgi<strong>da</strong>s no dia a dia <strong>da</strong>s <strong>escola</strong>s pesquisa<strong>da</strong>s, cujo empenho e ousadia<br />

de diretores – gestores <strong>da</strong>s <strong>escola</strong>s – trouxeram um novo impulso <strong>na</strong> relação com a<br />

<strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>, mostrando os caminhos de abertura <strong>da</strong> <strong>escola</strong> para intercambiar desejos,<br />

expectativas e possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />

No processo de construção de <strong>gestão</strong> participativa as <strong>escola</strong>s pesquisa<strong>da</strong>s<br />

tiveram possibili<strong>da</strong>de de:<br />

• Complementar as ações do governo: com ênfase <strong>na</strong> idéia de que os serviços<br />

públicos não decorrem ape<strong>na</strong>s <strong>da</strong> atuação do Estado, mas são de<br />

responsabili<strong>da</strong>de de to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de. No entanto, essa complementação não<br />

significa assumir competências restritas ao Poder Público e sim colaborar em<br />

programas e projetos que contribuam para a criação de uma cultura de<br />

ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia responsável, com agen<strong>da</strong>s comuns de trabalho comunitário;<br />

• Atuar com uma nova visão de mercado: permitindo que forças<br />

tradicio<strong>na</strong>lmente volta<strong>da</strong>s ao lucro possam desenvolver-se numa filosofia<br />

huma<strong>na</strong> de bem comum, em direção à equi<strong>da</strong>de. Neste, diferencial, a chave do<br />

partilhamento requer práticas não ape<strong>na</strong>s de doação a quem tem menos, mas<br />

de investimento <strong>na</strong> educação tor<strong>na</strong>ndo-se partícipe de um contínuo processo<br />

de aprendizagem;<br />

• Re-habitar valores éticos: <strong>da</strong>ndo digni<strong>da</strong>de a iniciativas que promovam a<br />

soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de e o amor ao próximo e difundindo <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de a importância do<br />

trabalho comunitário, <strong>da</strong> participação de todos e <strong>da</strong> construção de <strong>parceria</strong>s;<br />

• Consoli<strong>da</strong>r a dimensão comunitária <strong>da</strong> <strong>escola</strong>: estar aberta às inserções <strong>da</strong><br />

<strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>, valorizando seu trabalho, sua disponibili<strong>da</strong>de criativa, espírito de<br />

cooperação e, principalmente sua história de vi<strong>da</strong>. Para tanto, a <strong>gestão</strong> deve<br />

mostrar-se receptiva e sensível às muitas formas de aju<strong>da</strong> mútua como um<br />

desafio <strong>na</strong> sua missão essencialmente huma<strong>na</strong>, solidária e participativa.<br />

7


REFLEXÕES FINAIS<br />

Pesquisas mostram que o desenvolvimento <strong>da</strong> família <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> <strong>escola</strong>r <strong>da</strong>s<br />

crianças é fun<strong>da</strong>mental. A família é capaz de despertar o interesse e a curiosi<strong>da</strong>de<br />

delas e incentivar a sua aprendizagem. Por isso, o compromisso <strong>da</strong>s famílias é<br />

indispensável para a vi<strong>da</strong> <strong>escola</strong>r dos alunos. Não queremos que os pais se<br />

transformem em professores de suas crianças, basta que acompanhem a vi<strong>da</strong> <strong>escola</strong>r<br />

de seus filhos/alunos, valorizando as tarefas – para casa, estimulando-as em seus<br />

estudos e aju<strong>da</strong>ndo-as a gostarem de aprender e a serem curiosas também <strong>na</strong> vi<strong>da</strong><br />

fora <strong>da</strong> <strong>escola</strong>.<br />

“Quando a família participa <strong>da</strong> educação <strong>da</strong>s crianças, elas podem<br />

sair-se muito melhor <strong>na</strong> <strong>escola</strong> e <strong>na</strong> vi<strong>da</strong>”. (Paulo Re<strong>na</strong>to Souza,<br />

Ministro <strong>da</strong> Educação - 1997).<br />

Todos queremos o melhor para nossas crianças. Sonhamos para elas um futuro<br />

com mais oportuni<strong>da</strong>des de serem felizes e de se r<strong>ea</strong>lizarem <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> profissio<strong>na</strong>l e<br />

pessoal. Para que esses sonhos possam tor<strong>na</strong>r-se r<strong>ea</strong>li<strong>da</strong>de, nossas crianças precisam<br />

desenvolver-se ca<strong>da</strong> vez mais e melhor.<br />

As mais diversas formas de obter <strong>parceria</strong>s foram sendo incorpora<strong>da</strong>s ao<br />

dicionário <strong>da</strong>s <strong>escola</strong>s e às agen<strong>da</strong>s dos gestores desde conversas informais,<br />

comunicados escritos, divulgação nos meios de comunicação, inscrições e anúncios.<br />

A diversificação <strong>da</strong>s <strong>parceria</strong>s com fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>des diversas atingiu vários segmentos<br />

<strong>da</strong> <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>, como instituições, empresas, pessoas ou grupos que se abriram ao<br />

compromisso social liderados pelos diretores, grandes mobilizadores desse trabalho<br />

coletivo.<br />

Essa abertura impulsionou a dinâmica <strong>da</strong>s relações sociais, fazendo com que<br />

mais e mais pessoas e grupos se associassem à <strong>escola</strong> pela causa comunitária, quando<br />

liderados por meio de práticas participativas e transformadoras.<br />

Para r<strong>ea</strong>lizar esse desafio de promover <strong>parceria</strong>s, a <strong>gestão</strong> participativa exerce<br />

ação continua<strong>da</strong> e persistente <strong>na</strong> criação de oportuni<strong>da</strong>des sócio-econômicas, mas<br />

também o desafio de tor<strong>na</strong>r a <strong>escola</strong> um local ca<strong>da</strong> vez mais aberto, includente e<br />

participativo.<br />

Entretanto, como sublinha Soares (2000), apesar de a <strong>escola</strong> desenvolver<br />

aspectos inerentes à socialização <strong>da</strong>s pessoas a ser responsável pela construção,<br />

8


elaboração e difusão do conhecimento, ela vem passando por crises vin<strong>da</strong>s do<br />

cotidiano, que geram conflitos e descontinui<strong>da</strong>des como a violência, o insucesso<br />

<strong>escola</strong>r, a exclusão, a evasão e a falta de apoio <strong>da</strong> <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> e <strong>da</strong> família, <strong>entre</strong><br />

outros. Neste caso, o cenário político passa a exercer uma influência preponderante<br />

para a solução <strong>da</strong>s crises, que extrapolam o cotidiano <strong>da</strong>s <strong>escola</strong>s. Para superar os<br />

desafios que enfrentam, hoje, uma <strong>da</strong>s alter<strong>na</strong>tivas é promover a colaboração <strong>entre</strong><br />

<strong>escola</strong> e família(Nogueira, 2007), tarefa completa que tem despertado o interesse de<br />

vários pesquisadores.<br />

A família e a <strong>escola</strong> constituem os dois principais ambientes de<br />

desenvolvimento humano <strong>na</strong>s socie<strong>da</strong>des ocidentais contemporân<strong>ea</strong>s. Assim, é<br />

fun<strong>da</strong>mental que sejam implementa<strong>da</strong>s políticas que assegurem a aproximação <strong>entre</strong><br />

os dois contextos, de maneira a reconhecer suas peculiari<strong>da</strong>des e também<br />

similari<strong>da</strong>des, sobretudo no tocante aos processos ensino e aprendizagem, não só em<br />

relação ao aluno, mas também a to<strong>da</strong>s as pessoas envolvi<strong>da</strong>s.<br />

Por fim,<br />

“Quando se trabalha em conjunto sobre projetos motivadores e fora do<br />

habitual, as diferenças e até os conflitos interindividuais tendem a reduzirse,<br />

chegando a desaparecer em alguns casos. Uma nova forma de<br />

identificação <strong>na</strong>sce destes projetos que fazem com que se ultrapassem as<br />

roti<strong>na</strong>s individuais, que valorizam aquilo que é comum e não as diferenças”.<br />

(Delors, 11996, p. 98).<br />

Nossa idéia é de que os pais, as mães e os responsáveis participem <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> <strong>escola</strong>. Que conheçam o que a <strong>escola</strong> está oferecendo aos filhos/alunos e<br />

até mesmo o que acontece no interior dela.<br />

9


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ARIÈS, Philippe. História Social <strong>da</strong> Criança e <strong>da</strong> Família. Rio de Janeiro: LTC, 2007.<br />

ACOSTA, A<strong>na</strong> Rojas. Família: redes, laços e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2007.<br />

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ci<strong>da</strong>dão? São Paulo: Cortez, 2004.<br />

CARVALHO, Maria Euli<strong>na</strong> Pessoa de. Repensando a relação família – <strong>escola</strong>: análise/<br />

crítica sobre o envolvimento de pais dentro <strong>da</strong> <strong>escola</strong>.<br />

CHARLOT, Ber<strong>na</strong>rd. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre:<br />

Artes Médicas, 2000.<br />

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 2006.<br />

Relatório para a UNESCO <strong>da</strong> Comissão Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l sobre Educação para o Século XXI.<br />

FERREIRA, Naura S. Carapeto. Gestão Democrática <strong>da</strong> Educação: atuais tendências,<br />

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