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UNIVE<strong>RS</strong>IDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS<br />

UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA<br />

MBA EM GESTÃO DO AGRONEGÓCIO<br />

CEZAR DA ROSA<br />

DIVE<strong>RS</strong>IFICAÇÃO NOS CULTIVOS DE CITROS PARA CONSUMO IN NATURA:<br />

O EXEMPLO ADOTADO EM UMA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL<br />

NO MUNICÍPIO DE ERECHIM – <strong>RS</strong><br />

São Leopoldo<br />

2010


Cezar da Rosa<br />

DIVE<strong>RS</strong>IFICAÇÃO NOS CULTIVOS DE CITROS PARA CONSUMO IN NATURA:<br />

O EXEMPLO ADOTADO EM UMA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL NO<br />

MUNICÍPIO DE ERECHIM – <strong>RS</strong><br />

Trabalho de Conclusão de Curso de<br />

Especialização apresentado como requisito<br />

parcial para a obtenção do título de Especialista<br />

em Gestão do Agronegócio, pelo MBA em Gestão<br />

do Agronegócio da Universidade do Vale do Rio<br />

dos Sinos.<br />

Orientador: Prof. Jorge Augusto Feldens<br />

São Leopoldo<br />

2010


São Leopoldo, 28 de outubro de 2010.<br />

Considerando que o Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Cezar da Rosa<br />

encontra-se em condições de ser avaliado, recomendo sua apresentação oral e escrita para<br />

avaliação da Banca Exami<strong>na</strong>dora, a ser constituída pela coorde<strong>na</strong>ção do MBA em Gestão do<br />

Agronegócio.<br />

________________________________________<br />

Jorge Augusto Feldens<br />

Professor Orientador


Aos citricultores do <strong>RS</strong>, principalmente da região do<br />

Alto Uruguai gaúcho.


AGRADECIMENTOS<br />

À minha família, às minhas filhas Gabriela e Sofia em especial à minha esposa Nadia,<br />

pelo incentivo, apoio e compreensão <strong>na</strong> continuidade dos estudos.<br />

Aos meus irmãos, em especial ao Alexandre e sua esposa Sandra, colegas de <strong>trabalho</strong>,<br />

professores da Unisinos e aos citricultores de Erechim – <strong>RS</strong>, pela colaboração para tor<strong>na</strong>r este<br />

<strong>trabalho</strong> realidade.


RESUMO<br />

O município de Erechim – <strong>RS</strong>, com tradição agrícola <strong>na</strong> exploração de culturas de grãos, vem<br />

despertando o interesse pela produção de frutas regio<strong>na</strong>is, tais como pêssego, uva, maçã,<br />

c<strong>aqui</strong>, ameixa, figo e citros, entre outras. O município aproveita, dessa forma, as condições<br />

climáticas favoráveis ao desenvolvimento de plantas cítricas <strong>na</strong> região do Alto Uruguai<br />

gaúcho. Com suporte do Programa de Citricultura, alguns produtores implantaram pomares<br />

incentivados pelo poder público municipal, através da Secretaria de Agricultura e em parceria<br />

com a <strong>Emater</strong>/<strong>RS</strong>-ASCAR, cuja fi<strong>na</strong>lidade é aumentar a produção de citros no município,<br />

atendendo, assim, o mercado local e a indústria extratora de suco. Muitos produtores do<br />

município estão preocupados com a comercialização principalmente da laranja, pois os<br />

pomares implantados no município são novos e não estão em ple<strong>na</strong> produção. O objetivo<br />

deste <strong>trabalho</strong> é mostrar um exemplo de comercialização, adotado em uma peque<strong>na</strong><br />

propriedade rural que produz citros no município de Erechim – <strong>RS</strong>, bem como o<br />

envolvimento do produtor <strong>na</strong> cadeia da citricultura, com vistas aos diferentes pontos de<br />

comercialização explorado pelo produtor.<br />

Palavras para indexação: Programa de citricultura, Produção, Cadeia, Comercialização.


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 07<br />

1.1 HISTÓRICO DA CITRICULTURA BRASILEIRA NO SEC. XXI.......... 08<br />

1.2 CITRICULTURA ATUAL NO <strong>RS</strong>............................................................ 10<br />

1.3 CITRICULTURA NA REGIÃO DO ALTO URUGUAI – <strong>RS</strong>.................. 11<br />

1.4 O PANORAMA ATUAL DA CITRICULTURA NO MUNICÍPIO DE<br />

ERECHIM – <strong>RS</strong> .......................................................................................... 14<br />

2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ....................................................... 16<br />

3 OBJETIVO DO ESTUDO ................................................................................. 18<br />

4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 19<br />

5 METODOLOGIA .............................................................................................. 21<br />

6 A PROPRIEDADE RURAL ANALISADA ................................................... 22<br />

6.1 HISTÓRICO, ESTRUTURA E PERFIL .................................................... 22<br />

6.2 PRODUÇÃO DE CITROS ......................................................................... 23<br />

6.3 HISTÓRICO DA PRODUÇÃO DE CITROS ........................................... 25<br />

7 ANÁLISE E DISCUSSÕES .............................................................................. 27<br />

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 33<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 35<br />

ANEXOS ............................................................................................................. 37<br />

ANEXO A - Questões realizadas ao produtor X <strong>na</strong> entrevista ................... 37<br />

ANEXO B - Entrevista com o produtor X ................................................. 38<br />

ANEXO C - Fotos da propriedade rural Sítio das Laranjeiras ................... 53<br />

ANEXO D - Tabela - IBGE, 2006 – Área colhida, quantidade produzida<br />

e rendimento médio da laranja .................................................................. 54


1 INTRODUÇÃO<br />

O Estado de São Paulo é o maior produtor <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de laranjas. Do total de 437<br />

milhões de caixas de 40,8 kg de laranjas da safra 2005/06 produzidas no Brasil, mais de 80%<br />

foram produzidas no Estado de São Paulo (IBRAF, 2007).<br />

A produção de citros no Município de Erechim - <strong>RS</strong> envolve diversas variedades de<br />

laranjas e bergamotas, com uma área implantada de 80,40 Ha e 23,20 Ha respectivamente, e<br />

em aproximadamente 50 peque<strong>na</strong>s propriedades rurais (<strong>Emater</strong>/<strong>RS</strong> – Erechim, 2010).<br />

Através do Programa de Citricultura do governo municipal incentiva-se o plantio de<br />

citros no município de Erechim - <strong>RS</strong>, com a fi<strong>na</strong>lidade de fomentar a implantação de pomares<br />

<strong>na</strong> peque<strong>na</strong> propriedade como alter<strong>na</strong>tiva de geração de emprego e renda, proporcio<strong>na</strong>ndo ao<br />

produtor mais uma alter<strong>na</strong>tiva <strong>na</strong> propriedade rural. Além disso, o programa visa a restringir o<br />

êxodo rural, bem como diversificar as culturas tradicio<strong>na</strong>is, como milho, soja e feijão.<br />

Na prática, percebe-se a desorganização dos produtores e mesmo da cadeia citrícola no<br />

município de Erechim - <strong>RS</strong>, sendo que, <strong>na</strong> época da comercialização dos frutos, ficam estes<br />

produtores, por falta de condições para transportar os citros aos centros consumidores,<br />

sujeitos a procura da produção de citros por compradores, que muitas vezes exploram a<br />

atividade oferecendo baixo valor pelos frutos.<br />

Alguns produtores comercializam a fruta em mercados locais da cidade de Erechim -<br />

<strong>RS</strong>, selecio<strong>na</strong>ndo manualmente desde a colheita no pé, as frutas mais atrativas. No município<br />

de Erechim - <strong>RS</strong>, os produtores não possuem um packinghouse, nem mesmo uma<br />

classificadora / polidora para melhorar a apresentação da fruta ofertada nos pontos de<br />

comercialização. Percebe-se também a falta de uma cooperativa ou associação de<br />

citricultores.<br />

No ano de 2009, devido à baixa valorização das laranjas, o preço pago no processo de<br />

comercialização da produção oscilou entre R$ 0,05 à R$ 0,12 por Kg de laranja. Sabe-se que<br />

1,5 Kg de laranja rendem aproximadamente 3 copos de suco e que, nos centros das cidades,<br />

cada copo é vendido ao consumidor fi<strong>na</strong>l pelo valor entre R$ 2,50 à R$ 3,00.<br />

Tendo como fi<strong>na</strong>lidade contribuir com a cadeia da citricultura no Município de<br />

Erechim - <strong>RS</strong> procura-se, com este <strong>trabalho</strong>, a<strong>na</strong>lisar a atual situação dessa atividade agrícola<br />

e cooperar para a superação dos entraves e das dificuldades que o produtor enfrenta, bem<br />

como as alter<strong>na</strong>tivas que valorizem ou viabilizem essa fatia de mercado, proporcio<strong>na</strong>ndo<br />

maior renda com a comercialização da fruta às propriedades rurais.<br />

7


1.1 HISTÓRICO DA CITRICULTURA BRASILEIRA NO SEC. XXI<br />

De acordo com Junior et al. (2005), a importância que teria a citricultura brasileira no<br />

início do século XXI era um fato que não podia sequer ser imagi<strong>na</strong>do há algumas deze<strong>na</strong>s de<br />

anos. No entanto, percorrendo os laranjais da Califórnia, Texas e Flórida, nos Estados Unidos,<br />

em 1952, Sylvio Moreira afirmava convicto que, “graças às condições grandemente<br />

favoráveis a essa cultura existentes em nosso País, tínhamos uma promissora possibilidade de<br />

competir com o maior produtor mundial de cítricos”. Chegou mesmo a afirmar “que o Brasil<br />

poderia sobrepujar a enorme produção norte-america<strong>na</strong> dentro de meio século de<br />

desenvolvimento citrícola” (Moreira, 1980). Isso parecia uma utopia, até que a geada de<br />

1962/63, ocorrida <strong>na</strong> Flórida, veio abrir, de forma inesperada, um novo e ambicio<strong>na</strong>do campo<br />

para a colocação da produção brasileira <strong>na</strong> forma de suco concentrado congelado de citros, de<br />

larga aceitação mundial.<br />

O Brasil entra no século XXI com uma produção de 18,5 milhões de toneladas de<br />

frutas cítricas. É o maior produtor e exportador de suco concentrado e congelado. A principal<br />

área produtora é o Estado de São Paulo, produzindo 78,2% do total, e supera a produção da<br />

Flórida em quantidade de frutas e de suco concentrado congelado (SCC). Outros Estados<br />

produtores de fruta cítrica no Brasil são: Sergipe, com 4,09%; Bahia, com 2,92%; Mi<strong>na</strong>s<br />

Gerais, com 2,27%; Rio Grande do Sul, com 1,87%; Paraná, com 1,16%; Rio de Janeiro, com<br />

0,75% e Goiás, com 0,58% (AMARO & SALVA, 2001).<br />

Cerca de 98% do suco produzido é exportado principalmente para os Estados Unidos e<br />

União Européia, além do Japão e outros 45 países. A exportação de fruta in <strong>na</strong>tura é peque<strong>na</strong><br />

e, somada à fruta comercializada inter<strong>na</strong>mente, representa 30% da produção. Nesse montante,<br />

não está computada considerável quantidade de frutas cítricas de pomares domésticos.<br />

Os desafios atuais que a citricultura brasileira enfrenta, neste início de século, são,<br />

principalmente, o cancro cítrico, a leprose, o declínio, a clorose variegada dos citros, a morte<br />

súbita dos citros e o huanglongbing ou ex-greening.<br />

Fora do contexto biologia, a citricultura ainda enfrenta uma poderosa barreira<br />

alfandegária imposta pelo principal mercado exterior, os Estados Unidos. Talvez seja essa a<br />

razão pela qual empresa brasileiras produtoras e processadoras de laranjas venham<br />

produzindo, nos últimos anos, significativa porcentagem de laranja e suco <strong>na</strong> Flórida, Estados<br />

Unidos (NEVES et al., 1998).<br />

8


Uma atividade agrícola de tal porte como a citricultura brasileira terá de vencer<br />

desafios sucessivos. Contudo, o embasamento técnico-científico e o espírito empresarial do<br />

agronegócio dos citros deverão continuar impulsio<strong>na</strong>ndo tão importante atividade agrícola do<br />

país por muitos anos.<br />

Segundo Toledo et al. (2004), o desenvolvimento da citricultura no município de<br />

Matão/SP, assim como em todo o estado de São Paulo, como apresentado em Ribeiro (1998),<br />

sempre mostrou grandes oscilações, com períodos de grande crescimento de área plantada,<br />

reflexo de problemas <strong>na</strong> produção da Flórida e preços crescentes do suco de laranja no<br />

mercado inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e em outros momentos, principalmente nos primeiros anos da década<br />

de 90, este ritmo foi bastante desacelerado, dada a forte redução nos preços recebidos pelo<br />

produtor de laranja. A determi<strong>na</strong>ção do preço da caixa de laranja, pago ao produtor, passou<br />

por várias modificações ao longo das décadas de 80 e 90.<br />

As indústrias processadoras da fruta, em todo este período, passaram a instalar seus<br />

próprios pomares de laranja e, atualmente, já estão se tor<strong>na</strong>ndo auto-suficientes <strong>na</strong> produção.<br />

De acordo com a Associação Brasileira dos Exportadores de Citros (Abecitrus),<br />

ocorreu uma redução considerável no número de citricultores, passando de 27 mil em 1995<br />

para 17 mil no ano de 2000. A maior crise ocorrida no setor foi <strong>na</strong>s safras 1999/2000 e<br />

2000/2001, quando a maioria dos pequenos e médios produtores perdeu parte da safra por<br />

falta de compradores. Na safra 2000/2001, a área plantada com laranja no estado de São Paulo<br />

foi reduzida em 4,2% em relação aos 671,22 mil hectares de pomares existentes <strong>na</strong> safra<br />

anterior (CAMARGO et al., 2002).<br />

Os pequenos e médios citricultores de Matão/SP uniram-se, em setembro de 1999,<br />

com o intuito de vender sua produção uma vez que, não tinham contratos antecipados de sua<br />

safra.<br />

“Depois de quatro meses de visitas insistentes às indústrias de suco do município,<br />

com o objetivo de venderem sua safra de laranja, e sem, no entanto conseguirem<br />

resolveu por bem se unir e buscar apoio das autoridades constituídas. O movimento<br />

iniciado no fi<strong>na</strong>l de setembro baseia-se no fato de que Matão abriga o maior parque<br />

de indústrias cítricas do mundo, com a capacidade de moagem de cem milhões de<br />

caixas de laranja ao ano, portanto, um enorme contra censos estarem perdendo sua<br />

safra por falta de moagem.” (TOLEDO et al., p. 5, 1999).<br />

A produção citrícola apresentou um comportamento de queda a partir da safra agrícola<br />

de 97/98, como decorrência da forte crise do setor, o que contribuiu para uma recuperação<br />

9


considerável nos preços recebidos pelos produtores do estado de São Paulo (AGRIANUAL,<br />

2003).<br />

1.2 A CITRICULTURA ATUAL NO RIO GRANDE DO SUL<br />

Conforme os dados apresentados pelo IBGE (2008), o Estado de São Paulo lidera o<br />

ranking de maior produtor de citros no Brasil, com uma área cultivada de 592.568 Ha de<br />

laranjas, 16.153 Ha de tangeri<strong>na</strong>s e com 28.270 Ha de limões. O Estado do <strong>RS</strong> é o segundo<br />

produtor <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l em tangeri<strong>na</strong>s com uma área cultivada de 12.370 Ha, o quarto em limões<br />

com 1.625 Ha cultivados e o quinto em laranjas apresentando uma área de 25.788 Ha,<br />

destaque para o Estado de Santa Catari<strong>na</strong>, que inicia a produção de citros apresentando uma<br />

área de 7.555 Ha cultivada com laranja, conforme se vê abaixo <strong>na</strong> tabela 1.<br />

Tabela 1. Área cultivada com citros nos principais Estados produtores do Brasil, em hectares – 2008.<br />

LARANJAS TANGERINAS LIMÕES<br />

SP 592.568<br />

BA 64.591<br />

SE 53.471<br />

MG 30.966<br />

<strong>RS</strong> 25.788<br />

PR 19.900<br />

SC 7.555<br />

SP 16.153<br />

<strong>RS</strong> 12.370<br />

PR 9.909<br />

MG 6.522<br />

RJ 1.773<br />

BA 946<br />

GO 831<br />

SP 28.270<br />

MG 2.920<br />

BA 2.441<br />

<strong>RS</strong> 1.625<br />

RJ 1.530<br />

SE 1.176<br />

PR 656<br />

TOTAL 795.147 48.504 38.618<br />

Fonte: IBGE – Produção Agrícola municipal – 2008<br />

Em relação ao rendimento da laranja por hectare no ano de 2008, o Rio Grande do Sul<br />

atingiu uma média de 13.000 Kg/Ha, estando abaixo da média do Brasil que, em 2006, obteve<br />

um rendimento de 22.375 Kg/Ha, (IBGE, 2006). Já em 2008, a média do Brasil atingiu um<br />

rendimento de 22.158 Kg/Ha, (IBGE, 2008).<br />

O Estado de São Paulo, principal produtor <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, no ano agrícola de 2008, obteve<br />

um rendimento médio de laranja de 24.533 Kg/Ha, (IBGE – SP, 2008).<br />

Segundo os dados da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio -<br />

SEAPPA (2009), a área colhida, a produção e o rendimento da laranja não oscilaram<br />

10


significativamente nestes 10 anos de levantamento, como se verifica <strong>na</strong> tabela 2 apresentada<br />

abaixo.<br />

O levantamento feito pela SEAPPA em relação à área colhida, bem como a produção e<br />

o rendimento obtido nos cultivos de laranjas no estado do <strong>RS</strong>, no período de 1999/2009, estão<br />

representados <strong>na</strong> tabela 2.<br />

Tabela 2. Laranja - Área colhida, produção e rendimento obtido no <strong>RS</strong> – 1999/2009.<br />

PRODUTO ANO ÁREA<br />

COLHIDA (Ha)<br />

PRODUÇÃO<br />

(t)<br />

LARANJA 1999* 28.171 2 .107.563 74.813<br />

2000* 27.352 2.008.949 73.448<br />

2001 26.869 345.723 12.867<br />

2002 26.960 346.042 12.835<br />

2003 27.019 354.700 13.128<br />

2004 27.197 356.398 13.104<br />

2005 27.217 311.745 11.454<br />

2006 27.476 339.765 12.366<br />

2007 27.023 347.140 12.846<br />

2008 25.788 335.266 13.001<br />

2009** 27.162 350.650 12.910<br />

RENDIMENTO<br />

(Kg/Ha)<br />

Fonte: IBGE / PAM - 1999/2008<br />

( ** ) - IBGE / LSPA - 2009 - Dados provisórios, sujeitos a retificação.<br />

Elaboração: SEAPPA / DPFA<br />

( *) OBS. - Nos anos de 1999 e 2000, quantidades produzidas em 1000 frutos e produtividade em frutos/Ha.<br />

1.3 A CITRICULTURA NA REGIÃO DO ALTO URUGUAI - <strong>RS</strong><br />

A região do Alto Uruguai, considerada uma das principais regiões produtoras de citros<br />

do <strong>RS</strong>, abrange 50 municípios. A citricultura é fomentada pela agricultura familiar <strong>na</strong> peque<strong>na</strong><br />

propriedade rural como alter<strong>na</strong>tiva de geração de renda e emprego. Segundo Vila Nova et al.<br />

(2004) a agricultura familiar, além de ser uma forma de produção conhecida no mundo todo,<br />

no Brasil atinge um grande segmento agrícola - o que tem relevância econômica <strong>na</strong>s cadeias<br />

produtivas brasileiras. Para esse autor é preciso reconhecer a importância social e econômica<br />

da agricultura familiar para os agricultores.<br />

11


No caso da região em questão as laranjas e bergamotas são cultivadas tendo como<br />

fi<strong>na</strong>lidade comercial não só a produção dessas frutas, como também a integração desses<br />

trabalhadores rurais <strong>na</strong> cadeia produtiva econômica tanto regio<strong>na</strong>l como <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

Abaixo são apresentados os dados percentuais de laranjas e bergamotas cultivados <strong>na</strong><br />

região, bem como a distribuição das respectivas variedades, representada nos gráficos 1 e 2.<br />

Os percentuais por variedade de laranja cultivados <strong>na</strong> região do Alto Uruguai são<br />

apresentados no gráfico 1.<br />

Gráfico 1. Porcentagem das variedades plantadas de laranjas<br />

Fonte: Autor (2010)<br />

Na região do Alto Uruguai, a laranja da variedade tardia Valência é a mais cultivada,<br />

representando um percentual de 88,74% da área plantada <strong>na</strong> região, sendo cultivados 4.781,68<br />

Ha. As demais variedades representam índices de cultivo abaixo de 3%. Esta variedade<br />

Valência apresenta aptidão para suco e as variedades Bahia, Umbigo e Montepar<strong>na</strong>zo<br />

apresentam aptidão para consumo in <strong>na</strong>tura.<br />

Segundo Figueiredo (1991), a Valência produz frutos que se prestam aos três tipos de<br />

comercialização disponíveis: exportação de fruta fresca, mercado interno e suco concentrado<br />

congelado. Essa variedade apresenta maturação tardia.<br />

12


Os percentuais por variedades de bergamotas cultivados <strong>na</strong> região do Alto Uruguai são<br />

apresentados no gráfico 2.<br />

Gráfico 2. Porcentagem das variedades plantadas de bergamotas<br />

Fonte: Autor (2010)<br />

A bergamota da variedade tardia Montenegri<strong>na</strong> representa um percentual de 77,70%<br />

da área cultivada <strong>na</strong> região do Alto Uruguai, sendo cultivados 576,22 Ha e as demais<br />

variedades representam índices de cultivo abaixo de 10%. Essas variedades de bergamotas são<br />

desti<strong>na</strong>das para consumo in <strong>na</strong>tura.<br />

De acordo com Junior et al. (2005), em relação às tangeri<strong>na</strong>s, os produtores não se<br />

dedicam ao plantio de variedades sem sementes, que constituem a grande preferência de<br />

consumidores exigentes de todo o mundo.<br />

Com relação às bergamotas sem sementes, a região do Alto Uruguai, apresenta 3,7%<br />

de plantio da variedade precoce Satsuma. Com vistas às preferências dos consumidores<br />

percebe-se que poderia haver um aumento dos plantios com variedades sem sementes.<br />

13


1.4 O PANORAMA ATUAL DA CITRICULTURA NO MUNICÍPIO DE ERECHIM – <strong>RS</strong><br />

A produção de citros no Município de Erechim – <strong>RS</strong>, está sendo explorada <strong>na</strong> peque<strong>na</strong><br />

propriedade rural e envolve diversas variedades de laranjas e bergamotas, com uma área<br />

implantada de 80,40 Ha e 23,20 Ha respectivamente e envolvendo aproximadamente 50<br />

peque<strong>na</strong>s propriedades rurais (<strong>Emater</strong>/<strong>RS</strong> – Erechim, 2010).<br />

Segundo depoimento do Sr. Paulo Afonso Tessaro, Chefe do Escritório Municipal da<br />

<strong>Emater</strong>/<strong>RS</strong>- ASCAR de Erechim, a citricultura teve início no município de Erechim – <strong>RS</strong> em<br />

1987, e o primeiro pomar foi implantado com área de 1 Ha, tendo fi<strong>na</strong>lidade comercial, e seu<br />

proprietário era o Sr. A<strong>na</strong>cleto Spazini. No ano de 1990, os primeiros pomares implantados<br />

através dos programas de citricultura fi<strong>na</strong>nciados pela FEAPER – Fundo Estadual de Apoio<br />

aos Pequenos Estabelecimentos Rurais iniciarem-se com 10 produtores em 10 Ha e a<br />

variedade plantada foi a Valência. Nessa época foi criado um programa regio<strong>na</strong>l de<br />

citricultura e as pessoas que comandavam o programa optaram pela variedade Valência, pois<br />

o objetivo era a extração de suco. Estas primeiras mudas vieram do Estado de São Paulo. A<br />

citricultura se desenvolveu lentamente no município de Erechim - <strong>RS</strong> devido à ocorrência de<br />

uma forte geada em 1991que dizimou metade dos pomares implantados. As mudas vindas de<br />

São Paulo tinham como porta-enxerto o limão cravo, que não resiste ao frio. Nesta época, os<br />

bancos não fi<strong>na</strong>nciavam novos pomares pelo risco de geada <strong>na</strong> região.<br />

Segundo o Ministério do desenvolvimento Agrário – MDA (2010), no Programa<br />

Nacio<strong>na</strong>l de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pro<strong>na</strong>f, existem linha de créditos com<br />

fi<strong>na</strong>lidade de fi<strong>na</strong>nciar projetos individuais ou coletivos de agricultores familiares e<br />

assentados da reforma agrária. Para acessar o crédito é preciso obter nos sindicatos ou<br />

<strong>Emater</strong> a Declaração de Aptidão ao Pro<strong>na</strong>f (DAP), que é emitida segundo a renda anual e as<br />

atividades exploradas.<br />

A linha de crédito do programa “Mais Alimentos” fi<strong>na</strong>ncia propostas ou projetos de<br />

investimento para produção associados ao cultivo de açafrão, arroz, café, centeio, feijão,<br />

mandioca, milho, sorgo, trigo, erva-mate, como também para a apicultura, <strong>aqui</strong>cultura,<br />

avicultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite, caprinocultura, fruticultura,<br />

olericultura, ovinocultura, pesca e suinocultura. Nesta linha de crédito, o produtor pode<br />

fi<strong>na</strong>nciar os pomares de citricultura, com juros de 2% ao ano e 10 anos para pagar.<br />

No ano de 2007, houve um incremento <strong>na</strong> implantação de novos pomares no<br />

município de Erechim – <strong>RS</strong>, através do poder público municipal e a própria região estava<br />

14


acordando para a atividade da citricultura, pois o mercado para a fruta já existia. Nesta época,<br />

os viveiros melhoraram a qualidade das mudas e surgiram novos porta-enxertos.<br />

Atualmente, os citricultores são beneficiados com a doação de mudas cítricas, para a<br />

implantação de pomares <strong>na</strong>s propriedades, através de política pública, pois para este setor<br />

existe o Programa de Citricultura. Neste programa, os produtores interessados em ingressar <strong>na</strong><br />

atividade da citricultura fazem a inscrição antecipadamente <strong>na</strong> <strong>Emater</strong>/<strong>RS</strong> ou <strong>na</strong> Secretaria da<br />

Agricultura. A compra das mudas é feita por licitação pública, da qual participam os<br />

viveiristas que produzem as mudas cítricas de laranjas e bergamotas 1 .<br />

No município de Erechim - <strong>RS</strong>, o Programa de Citricultura é desti<strong>na</strong>do para a<br />

agricultura familiar e os produtores são beneficiados com as mudas de citros para implantação<br />

de 1 a 2 hectares inicialmente, com assistência técnica e, em contra partida, esses produtores<br />

assi<strong>na</strong>m um contrato de responsabilidade para plantar e cuidar do ataque de pragas e doenças,<br />

bem como seguir as orientações técnicas para o bom desenvolvimento do pomar.<br />

Segundo Reis (2001), <strong>na</strong> implantação de pomares <strong>na</strong> bacia hidrográfica do Vale do<br />

Caí, o tempo médio dedicado à citricultura é expressiva. Verifica-se que o desenvolvimento<br />

da agricultura é mantido pelos familiares e que os jovens têm tendência de permanecer no<br />

meio agrícola, visto que a propriedade tor<strong>na</strong>-se economicamente viável, estimulando-os a dar<br />

continuidade às atividades agrícolas.<br />

1 Os viveiros que participam da licitação pública devem estar registrados no MAPA e <strong>na</strong> Secretaria Estadual da<br />

Agricultura do <strong>RS</strong>, fornecendo os lotes ou mudas conforme requisitos técnicos proposto no edital.<br />

15


2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA<br />

De acordo com Toledo et al. (2004), dada a instabilidade da citricultura e a<br />

importância desta atividade para a renda do setor produtivo rural do município de Matão - SP,<br />

os agricultores tentam procurar outros mercados e outras opções de renda, nesse contexto a<br />

forma encontrada para trilhar esse caminho foi a organização dos produtores em uma<br />

associação.<br />

No sentido de municiar esta associação de informações para o posterior planejamento<br />

das atividades, é importante um levantamento detalhado da situação atual das propriedades<br />

rurais em termos de atividades desenvolvidas, produtividade, alter<strong>na</strong>tivas utilizadas de<br />

diversificação da produção e formas de comercialização da produção.<br />

Entre outros fatores comerciais enfrentados pelo produtor em sua relação com a cadeia<br />

da citricultura no município de Erechim – <strong>RS</strong> 2 pode-se citar a desorganização dos<br />

citricultores, a não existência de uma cooperativa local, a ausência de uma beneficiadora da<br />

fruta, a pouca valoração da fruta e a procura de uma melhor qualidade, principalmente quando<br />

desti<strong>na</strong>da à indústria, pois se colhia todo o pomar. No entanto, o preço pago era feito sem uma<br />

separação das frutas de melhor ou menor qualidade. Tudo isso provocou entraves <strong>na</strong> cadeia<br />

da citricultura, obrigando os produtores e, especificamente ao produtor X (entrevistado <strong>na</strong><br />

presente pesquisa), a buscar novos mercados locais para vender sua produção. Dessa forma,<br />

observa-se no caso do produtor X, a grande dificuldade de organização do setor de produtores<br />

e as alter<strong>na</strong>tivas que os mesmos buscam para vender sua produção, tais como<br />

estabelecimentos pequenos, padarias, entre outros, tendo como foco o comércio in <strong>na</strong>tura e,<br />

por fim, agregando valor <strong>na</strong> sua produção.<br />

Além disso, para Vila Nova et al. (2004):<br />

“Segundo ROCHA & CERQUEIRA (2002), tradicio<strong>na</strong>lmente a política agrícola<br />

brasileira sempre teve como foco as grandes e médias propriedades capitalistas. O<br />

resultado foi uma crescente margi<strong>na</strong>lização dos pequenos agricultores familiares,<br />

reproduzindo um padrão de desenvolvimento rural bastante excludente e desigual”.<br />

(VILA NOVA et al., p. 4, 2004).<br />

Nesse contexto, observam-se as dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores,<br />

desde o cultivo à valoração do produto fi<strong>na</strong>l, também quanto aos enfrentamentos políticos em<br />

2 Dificuldades observadas pelos produtores principalmente <strong>na</strong> hora de comercializar a produção, pois os<br />

compradores locais e até mesmo a indústria extratora de suco ofereciam valores a baixo do preço de mercado.<br />

16


termos de incentivo comercial. Porém, esse quadro vem se modificando com o decorrer dos<br />

anos conforme Vila Nova et al. (p. 5, 2004), pois a partir de iniciativas do Ministério da<br />

Ciência e Tecnologia (MCT) e do Conselho Nacio<strong>na</strong>l de Pesquisa (CNPq), a perspectiva é de<br />

que a agricultura familiar se fortaleça cada vez mais a partir da criação de oportunidades<br />

decorrentes da “busca de alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas adaptadas às escalas e às possibilidades da<br />

produção de pequeno porte.”<br />

17


3 OBJETIVO DO ESTUDO<br />

Objetiva-se com, este <strong>trabalho</strong>, mostrar um exemplo de comercialização, adotado em<br />

uma peque<strong>na</strong> propriedade rural que produz citros no município de Erechim – <strong>RS</strong>, bem como o<br />

envolvimento do produtor <strong>na</strong> cadeia da citricultura, com vistas aos diferentes pontos de<br />

comercialização explorado pelo produtor. Tem como objetivos específicos mostrar que a<br />

diversificação no cultivo de citros para consumo in <strong>na</strong>tura traz benefícios para as peque<strong>na</strong>s<br />

propriedades rurais, bem como a<strong>na</strong>lisar os problemas e necessidades enfrentados pelo<br />

produtor <strong>na</strong> cadeia de citros no município.<br />

18


4 JUSTIFICATIVA<br />

O Município de Erechim – <strong>RS</strong> é parte integrante da região do Alto Uruguai no cultivo<br />

de citros com destino para a indústria extratora de suco e para o consumo in <strong>na</strong>tura.<br />

O município apresenta uma área cultivada de citros sendo 80,40 Ha de laranjas e 23,20<br />

Ha de bergamotas. A variedade de laranja mais cultivada no município é a Valência seguida<br />

da variedade Montepar<strong>na</strong>zo e a variedade de bergamota mais cultivada é a Montenegri<strong>na</strong><br />

seguida da variedade Satsuma.<br />

Os pomares implantados pelo Programa de Citricultura no município são jovens, e a<br />

produção ainda é peque<strong>na</strong>. Com o passar dos anos a tendência é aumentar a produção local, o<br />

que explica a crescente preocupação dos produtores com a comercialização da laranja, visto<br />

que não existe <strong>na</strong> cadeia citrícola do município uma associação ou cooperativa de citricultores<br />

que poderia auxiliar no momento da comercialização da fruta. Soma-se a isso o fato de que<br />

esses produtores não possuem um packinghouse para centralizar e beneficiar essa fruta para<br />

torná-la mais atrativa ao consumidor fi<strong>na</strong>l, no caso de comercialização para consumo in<br />

<strong>na</strong>tura.<br />

Segundo Reis (2001), a região da Bacia Hidrográfica do Vale do Caí conta com<br />

estabelecimentos que fazem a classificação, compram e comercializam os citros. No<br />

município de Montenegro/<strong>RS</strong>, estão localizados os estabelecimentos ARIPÊ (limão e<br />

bergamota verde) e Montesuco (limão, bergamota e laranja), que são produtores de sucos. Há<br />

os Packinghouse de Adolfo Reinheimer em Lajeadinho/<strong>RS</strong>, de Mello em Santos Reis/<strong>RS</strong>,<br />

com a compra e beneficiamento de frutas, a Cooperativa ECOCITRUS em Potreiro<br />

Grande/<strong>RS</strong> com beneficiamento de frutas, a Ceasa/<strong>RS</strong> e a Ceasa em Caxias do Sul/<strong>RS</strong>, além<br />

de feiras municipais realizadas em diversos municípios. Dessa forma, a cadeia produtiva de<br />

citros envolve vários atores até chegar ao seu destino propriamente dito, saindo do produtor<br />

através do comprador que repassa para a indústria, consumidor, varejista, muitas vezes<br />

perdendo parte da produção, por falta de uma política de investimento <strong>na</strong> qualidade do<br />

produto.<br />

Para Junior et al. (2005), o mercado doméstico de frutas cítricas sempre contou com<br />

uma estrutura própria de comercialização, com packinghouses e centrais de abastecimento <strong>na</strong>s<br />

principais regiões de São Paulo e de outros Estados. Entretanto, não se investiu muito em<br />

cultivares típicos de mesa, diversificação de produtos processados e aprimoramento de<br />

técnicas de comercialização.<br />

19


Diante disso, este estudo propõe mostrar um exemplo de comercialização adotado em<br />

uma peque<strong>na</strong> propriedade rural do Município de Erechim – <strong>RS</strong> e o envolvimento do produtor<br />

X <strong>na</strong> cadeia da citricultura, explorando diferentes pontos de comercialização, principalmente a<br />

venda da fruta para o consumo in <strong>na</strong>tura, bem como verificar os problemas e as necessidades<br />

enfrentados pelo produtor X desde a implantação do pomar até a comercialização da sua<br />

produção.<br />

20


5 METODOLOGIA<br />

O método de pesquisa utilizado para o estudo de caso, de caráter exploratório, foi a<br />

realização de uma entrevista gravada, com um produtor da região em sua propriedade,<br />

denomi<strong>na</strong>do Produtor X. Para tanto, utilizou-se questionário com 17 perguntas, o que auxiliou<br />

a entrevista, no sentindo de explorar exemplos de comercialização, desde o início da<br />

implantação do pomar.<br />

Esse questionário foi aplicado ao produtor, que respondia as perguntas, uma de cada<br />

vez. Toda a transcrição da entrevista pode-se encontrar nos anexos deste <strong>trabalho</strong>.<br />

21


6 A PROPRIEDADE ANALISADA<br />

6.1 HISTÓRICO, ESTRUTURA E PERFIL<br />

O produtor X, hoje com 51 anos de idade, é proprietário do Sítio das Laranjeiras,<br />

localizado no interior do Município de Erechim – <strong>RS</strong>, <strong>na</strong> comunidade Lajeado Paca. Foi no<br />

ano de 1986, quando houve a divisão dos bens familiares, que o produtor X herdou essa<br />

propriedade. Segundo esse produtor, a herança já vinha sendo passada pelos seus ancestrais,<br />

ocorrendo desde o tempo dos bisavôs, que vieram da Itália e compraram essa área de terra.<br />

A área desta propriedade é de 12,5 Ha (hectares), e possui como principal atividade a<br />

exploração da citricultura e como atividade secundária, o produtor X cultiva uma área de<br />

eucalipto, explorando o mercado de escoras para a construção civil. São varas de eucalipto de<br />

2 m, 3 m ou 5 m, sendo comercializadas <strong>na</strong> entre safra da laranja, proporcio<strong>na</strong>ndo dessa<br />

maneira agregação de renda e a sustentabilidade para o Sítio das Laranjeiras.<br />

As coorde<strong>na</strong>das geográficas da propriedade Sítio das Laranjeiras são as seguintes:<br />

- Latitude: - 27,520833<br />

- Longitude: - 52,296388<br />

A propriedade Sítio das Laranjeiras possui como estrutura uma casa de moradia, uma<br />

camionete, um depósito para abrigar pulverizadores, insumos e mantimentos utilizados <strong>na</strong> lida<br />

do pomar. Segundo o produtor X a propriedade ficou abando<strong>na</strong>da até 1989, quando o<br />

produtor X iniciou o plantio de mudas de erva-mate, pois já existia um erval de plantas<br />

adultas no local. Porém, nos primeiros cortes da cultura, o produtor se decepcionou com a<br />

comercialização de seu produto, pois não recebeu por sua produção. Essa é uma das<br />

dificuldades que os pequenos produtores encontram, segundo Vila Nova et al. (2004), <strong>na</strong><br />

valoração do produto fi<strong>na</strong>l. Apesar de a agricultura familiar passar por um processo de<br />

pesquisa de novas tecnologias nos últimos anos, em realidade essas alter<strong>na</strong>tivas demoram a<br />

chegar até o pequeno produtor regio<strong>na</strong>l.<br />

Assim, incentivado por um técnico da <strong>Emater</strong>/<strong>RS</strong>-ASCAR, o produtor arrancou todas<br />

as plantas de erva-mate e deu início ao plantio de citros no ano de 1995.<br />

Hoje o perfil da propriedade Sítio das Laranjeiras é agrícola, tendo como atividade<br />

principal a citricultura, que ocupa uma área de 5 Ha de pomar implantado. Como atividade<br />

secundária, a propriedade tem 5 Ha de eucaliptos cultivados. O produtor X possui <strong>na</strong><br />

22


propriedade uma área com declividade acentuada e coberta por mato <strong>na</strong>tivo, não permitindo a<br />

exploração, portanto sendo desti<strong>na</strong>da para a reserva legal 3 .<br />

Para Batalha, especialistas de diferentes áreas admitem que um dos caminhos para<br />

fortalecer a agricultura familiar seria agregar valor aos seus produtos. Segundo o autor esta<br />

agregação de valor pode ocorrer principalmente relacio<strong>na</strong>da ao<br />

“(...) desenvolvimento e comercialização de produtos que destaquem características<br />

como: o caráter social da agricultura familiar; a territorialidade do local onde esses<br />

produtos são fabricados; o sabor diferenciado origi<strong>na</strong>do de alguma característica<br />

artesa<strong>na</strong>l do processo produtivo; a justiça social implícita em produtos que<br />

aumentem a renda dos pequenos agricultores; etc.”. (BATALHA et al., p. 3, 2005).<br />

No caso da produção estudada, foi possível verificar a importância que o produtor<br />

desti<strong>na</strong> à qualidade do seu produto, e a relação de confiança que ele estabelece com os seus<br />

clientes. Os produtos são in <strong>na</strong>tura, entregues de porta em porta, em pequenos<br />

estabelecimentos, e têm como destaque a doçura das frutas fresquinhas colhidas <strong>na</strong>s peque<strong>na</strong>s<br />

propriedades. Dessa forma, o produtor pode explorar as vantagens potenciais do produto e da<br />

agricultura familiar (BATALHA et al., 2005).<br />

6.2 PRODUÇÃO DE CITROS<br />

No início da produção de citros, o produtor X perdeu toda a produção dos dois<br />

primeiros anos de safra e a fruta apodreceu no pomar devido à falta de mercado consumidor,<br />

tanto para a fruta in <strong>na</strong>tura quanto para a indústria extratora de suco. Não existiam <strong>na</strong> época<br />

boas possibilidades de comercialização para a laranja.<br />

Segundo Brose (2000), citricultores da microrregião do Vale do Caí também<br />

atravessaram dificuldades, pois presenciaram nos anos 80 uma decadência da citricultura <strong>na</strong><br />

região, que se manifestou <strong>na</strong> queda da produtividade, no abandono dos pomares antigos e no<br />

êxodo da mão-de-obra jovem para as indústrias de calçados <strong>na</strong>s regiões vizinhas.<br />

3 A legislação ambiental estabelece que as propriedades devam ter uma área no mínimo 20% do total de terras da<br />

propriedade, como área para reserva legal. (MP 2166-67 de 24/08/2001).<br />

23


O pomar mais antigo implantado no Sítio das Laranjeiras data o ano de 1995, e<br />

ocupava uma área de aproximadamente de 1,5 Ha. Essa área permaneceu abando<strong>na</strong>da por um<br />

período em que o produtor X trabalhava em uma empresa <strong>na</strong> cidade, e por esse motivo a<br />

produção do pomar era baixa. Aos poucos esse produtor foi se dedicando ao pomar<br />

implantado que já estava em produção.<br />

A produção, obtida nos anos de 2007, 2008 e 2010, para a laranja de Umbigo atingiu<br />

uma média de 15 caixas por safra, nesse intervalo. Com exceção do ano de 2009 que se<br />

obteve uma produção de 20 caixas.<br />

No ano de 2007, esse pomar produziu entre 22 e 23 mil Kg de laranjas, atingindo uma<br />

média de 15.000 Kg/Ha em uma área de 1,5 Ha.<br />

Devido à dedicação do produtor X nos tratos culturais realizados no pomar, em 2008,<br />

o pomar produziu 35 mil Kg e uma média de 23.333 Kg/Ha em uma área de 1,5 Ha.<br />

A partir do ano de 2008, investimentos maiores passaram a ser feitos no pomar, com a<br />

realização de análise do solo, aplicação de corretivos de solo, aplicação de adubação e<br />

tratamentos com fungicidas e inseticidas, principalmente <strong>na</strong> florada e <strong>na</strong> brotação das<br />

laranjeiras, obtendo, <strong>na</strong> safra de 2009, uma produção de 70 mil Kg e uma média de 15.555<br />

Kg/Ha em uma área de 4,5 Ha. A produtividade foi menor, se compararmos o ano de 2008,<br />

que tinha 1,5 Ha e uma produção de 35 mil Kg, com o ano de 2009, que apresentou uma área<br />

de 4,5 Ha e uma produção de 70 mil Kg. Isso ocorreu em virtude do pomar implantado ter<br />

iniciado a produção no ano de 2005, e nos pomares novos a produtividade é menor quando<br />

comparada com um pomar adulto.<br />

Para este ano de 2010, mesmo com a ocorrência de excesso de chuva durante o estágio<br />

de floração - o que ocasio<strong>na</strong> a podridão floral e apresenta como conseqüência um menor<br />

número de frutos por planta - o produtor X estima uma produção entre 50 e 60 mil Kg e uma<br />

média de 12.222 Kg/Ha em uma área de 4,5 Ha de laranjas.<br />

Para a laranja do Céu, a produção obtida no ano de 2007 foi de 50 caixas de 23 Kg e<br />

no ano de 2008 a produção atingida foi de 100 caixas. Em 2009 obteve uma produção de 105<br />

caixas e para a safra deste ano de 2010 atingiu novamente uma produção de 100 caixas.<br />

A produção da bergamota Ponkan não oscilou nos primeiros anos de 2007 e 2008,<br />

atingindo uma média de produção de 50 caixas de 23 Kg. Já nos anos de 2009 e 2010 obteve<br />

produção de 105 caixas.<br />

Para o produtor tor<strong>na</strong>-se importante a diversidade <strong>na</strong> variedade de citros, ou seja, ele<br />

cultiva tanto laranjas quanto bergamotas, o que possibilita um espectro das mais precoces até<br />

as mais tardias, e a necessidade do mercado acaba definindo quando começa e quando termi<strong>na</strong><br />

24


a colheita. Desta maneira o produtor pode oferecer ao consumidor frutas durante o ano todo, e<br />

ao mesmo tempo, também se beneficia dessa comercialização.<br />

6.3 HISTÓRICO DA PRODUÇÃO<br />

Depois de realizar uma primeira experiência não bem sucedida com o cultivo da erva-<br />

mate, em 1995, o produtor implantou 750 mudas da variedade Valência em uma área de 1,5<br />

Ha. Esse pomar foi fi<strong>na</strong>nciado pela FEAPER - Fundo Estadual de Apoio aos Pequenos<br />

Estabelecimentos Rurais, e a propriedade <strong>aqui</strong> a<strong>na</strong>lisada, recebeu o valor por hectare<br />

equivalente a 300 sacos de milho, com prazo de 5 anos para pagamento, sendo dois primeiros<br />

anos de carência e os três seguintes da divida. Esse fi<strong>na</strong>nciamento era convertido em sacos de<br />

milho.<br />

As mudas plantadas tiveram bom crescimento vegetativo sem interferência climática,<br />

ataque de pragas ou doenças, mas nos primeiros anos de produção (1998 e 1999), todas as<br />

frutas do pomar apodreceram, pois não existia comercialização. O produtor X decidiu vender<br />

a fruta in <strong>na</strong>tura para os colegas de <strong>trabalho</strong>, colocando 20 Kg de frutas em sacos de cebola,<br />

sendo que os primeiros 20 sacos que levou para a cidade não foram cobrados do seu cliente.<br />

Oferecia assim a degustação das frutas, possibilitando uma posterior compra do produto. Foi<br />

nesta época que o produtor X começou a comercialização da laranja.<br />

No ano de 1998, o produtor X diversificou o plantio de citros e implantou 50 mudas de<br />

bergamota Ponkan, 100 mudas de laranja do Céu e 50 mudas de laranja de Umbigo. Neste ano<br />

de plantio ocorreu uma geada muito forte e matou muitas plantas. O produtor X não repôs<br />

estas mudas mortas pela geada. A partir deste ano o produtor X tem plantado a variedade<br />

Valência, que atinge a maioria do pomar, e plantou mais a laranja de Umbigo. Também está<br />

estudando a possibilidade de plantio futuro de bergamota Montenegri<strong>na</strong>, que pela sua<br />

experiência, imagi<strong>na</strong> que vá crescer a demando desta no mercado. Em sua opinião, é<br />

importante ter diversidade <strong>na</strong>s variedades tanto de laranjas quanto de bergamotas, das mais<br />

precoces até as mais tardias, porque o mercado pergunta quando começa e quando termi<strong>na</strong> a<br />

colheita, desta maneira pode ter maior cobertura da fruta no ano e beneficia-se com a<br />

comercialização.<br />

No ano de 2005 o produtor X implantou 1250 mudas de laranja da variedade Valência<br />

em uma área de 3 Ha, totalizando 4,5 Ha de laranjas entre as variedades Valência, Umbigo e a<br />

25


do Céu. Já no ano de 2009 plantou 70 plantas de bergamota da variedade Montenegri<strong>na</strong>. No<br />

ano de 2010 já plantou bergamotas da variedade Montenegri<strong>na</strong> com 200 plantas e 50 plantas<br />

da variedade Murcott.<br />

Assim, atualmente o pomar encontra-se com uma área cultivada de 5 Ha entre laranjas<br />

e bergamotas. A propriedade está registrada e credenciada <strong>na</strong> Secretaria da Agricultura do<br />

Estado do <strong>RS</strong>, o que possibilita comercializar as frutas para fora do Estado do <strong>RS</strong>, através do<br />

documento Certificado Fitossanitário de Origem – CFO 4 , que indica que o pomar encontra-se<br />

livre do Cancro Cítrico e da Pinta Preta, doenças estas que barram a comercialização <strong>na</strong>s<br />

fronteiras do Estado. Conta também com um Engenheiro Agrônomo como responsável<br />

técnico do pomar e que realiza inspeções periódicas no local.<br />

4 Esse certificado é de carácter obrigatório, caso o produtor queira comercializar os seus produtos para fora do<br />

Estado.<br />

26


7 ANÁLISE E DISCUSSÕES<br />

A propriedade escolhida, para o referido estudo de caso localiza-se no Município de<br />

Erechim – <strong>RS</strong>, pertencente à comunidade de Lajeado Paca, zo<strong>na</strong> rural do munícipio.<br />

O produtor X dedica-se <strong>na</strong> atividade da citricultura e busca novos mercados para a sua<br />

produção. Todo conhecimento que possui do mercado econômico onde explora sua atividade,<br />

o faz reconhecer a importância de diversificar a produção de citros em sua propriedade, tendo<br />

em vista os últimos anos em que cresceu a necessidade de uma maior variedade de frutos<br />

plantados.<br />

Em relação aos tratos culturais, tais como: correção do solo, adubação, controle de<br />

pragas e doenças, bem como a dedicação ao pomar, proporcio<strong>na</strong>ram maiores rendimentos e<br />

qualidade dos citros, uma exigência do próprio consumidor.<br />

Conforme Andrade (2005), os fornecedores e donos de viveiros de mudas cítricas<br />

melhoraram a qualidade, investiram em novos porta-enxertos, tais como os de Tangeri<strong>na</strong><br />

Cleópatra, Sunki, Citronelo Swingle, Citrange Troyer, Carrizo, C-13, C-35 e Poncirus<br />

Trifoliata saindo do tradicio<strong>na</strong>l porta-enxerto do limão cravo. Dessa forma, as mudas tor<strong>na</strong>m-<br />

se mais resistentes às geadas ocorrentes <strong>na</strong> região do Alto Uruguai.<br />

O produtor X, como mencio<strong>na</strong>do anteriormente, possui o CFO, ou seja, ele pode<br />

comercializar sua safra fora do Estado, visando melhor preço. No entanto, segundo o produtor<br />

o mercado por ele explorado é suficientemente satisfatório. Nessa perspectiva, por exemplo,<br />

no ano de 2009, ele realizou a venda de uma carga para o estado de Santa Catari<strong>na</strong>, pois o<br />

mercado catarinense oferecia um melhor preço quando comparado com o rio-grandense.<br />

Os problemas enfrentados pelo produtor desde o início do plantio foram a falta de<br />

organização dos produtores, e também a falta de um packinghouse ou até mesmo de uma<br />

central de abastecimento no município. O que se verifica no munícipio é que os incentivos<br />

para plantio existem como política pública, mas no momento de comercializar o produto, cada<br />

produtor é obrigado a buscar seus próprios compradores, ou então aguardar compradores<br />

interessados em seu produto.<br />

Assim, como exemplo para melhorar a aparência dos frutos, o produtor X utiliza a<br />

mão de obra de uma polidora - que cobra pela prestação do serviço – o que encarece o custo<br />

fi<strong>na</strong>l e diminui o lucro, mas que é uma exigência do mercado comprador, que prefere o<br />

produto polido.<br />

27


A tabela 1 abaixo, enumerada anualmente nesse intervalo de produção, apresenta a<br />

produção obtida, a área cultivada em hectares bem como o número de caixas produzidas <strong>na</strong><br />

propriedade Sítio das Laranjeiras.<br />

Tabela 3. Laranja Valência – Produção, Área cultivada e Número de caixas.<br />

Ano Produção (t) Área cultivada (Ha) Número de caixas colhidas (23 kg)<br />

2007 23 1,5 1000<br />

2008 35 1,5 1521<br />

2009 70 4,5 3043<br />

2010 60 4,5 2608<br />

A área cultivada no Sítio das Laranjeiras, representada abaixo no gráfico 1, aumentou<br />

no período, de 1,5 hectares cultivados no ano de 2007 para 4,5 hectares no ano de 2010.<br />

Gráfico 3. Apresenta a área cultivada, no intervalo de 2007 a 2010.<br />

área cultivada (Ha)<br />

4,5<br />

4<br />

3,5<br />

3<br />

2,5<br />

2<br />

1,5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

Laranja Valência - Área cultivada<br />

"2007" "2008" "2009" "2010"<br />

período<br />

A produção da laranja Valência, <strong>na</strong>s últimas quatro safras, <strong>na</strong> propriedade Sítio das<br />

Laranjeiras do produtor X, está representada no gráfico 2 abaixo.<br />

28


Gráfico 4. Quantidade produzida da laranja Valência, no intervalo de 2007 a 2010.<br />

Produção (t)<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Laranja Valência - Quantidade produzida<br />

"2007" "2008" "2009" "2010"<br />

período<br />

O Sítio das Laranjeiras produziu a quantidade de 8.172 caixas de 23 Kg, no intervalo<br />

de quatro anos, compreendendo os anos de 2007 ao ano de 2010, sendo que nos primeiros<br />

anos o produtor vendia a fruta para a indústria extratora de sucos, com o preço estipulado pelo<br />

mercado, o que não agradava este produtor em relação à venda da sua produção, pois a<br />

indústria pagava nos melhores anos, como visto em 2008, o valor de R$ 0,11 a R$ 0,14 por<br />

kg, e depois passou a pagar de acordo com o valor de mercado. Neste ano de 2010 a cotação é<br />

de R$ 0,20 a R$ 0,30 por Kg.<br />

Conforme dados da <strong>Emater</strong>/<strong>RS</strong>-ASCAR (2010) - a laranja industrial poderá atingir o<br />

preço de R$ 0,25 o quilo, sendo que, no ano passado, o valor pago variou entre R$ 0,09 e R$<br />

0,11. A tendência é de que a laranja de mesa receba valor de R$ 0,46 o quilo, cerca de R$<br />

0,30 a mais do que no ano passado. As perspectivas para o Rio Grande do Sul são boas em<br />

função da quebra de 17% que houve <strong>na</strong> produção dos Estados Unidos e pela redução em 20%<br />

da produção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, devido ao excesso de chuva e a redução dos pomares para cultivo da<br />

ca<strong>na</strong>-de-açúcar. Esse quadro acaba desestimulando os produtores locais e, principalmente, o<br />

produtor X a vender a fruta para a indústria, preferindo dessa forma a venda in <strong>na</strong>tura<br />

realizada nos pequenos estabelecimentos.<br />

Portanto, se esse número de caixas for vendido para o consumo in <strong>na</strong>tura, o produtor<br />

tem um bom retorno com a atividade desenvolvida. Hoje, este produtor faz as entregas das<br />

frutas nos mercados e padarias com valor de venda no início da safra de R$ 0,45 a R$ 0,50<br />

por Kg e no fi<strong>na</strong>l da safra vende sua frutas com a cotação entre R$ 0,60 a R$ 0,70 por Kg.<br />

29


O gráfico 3 abaixo apresenta a quantidade colhida em caixas de 23 Kg.<br />

Gráfico 5. Apresenta da laranja Valência, no intervalo de 2007 a 2010.<br />

caixas de 23 Kg<br />

3500<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

0<br />

Laranja Valência - Quantidade colhida<br />

"2007" "2008" "2009" "2010"<br />

período<br />

Além da variedade Valência, cuja aptidão é para suco, o Produtor X cultiva variedades<br />

específicas para consumo in <strong>na</strong>tura, tais como a variedade de laranja do Céu e a variedade de<br />

Umbigo. Quanto às bergamotas em produção ele optou pelo cultivo da variedade Ponkan.<br />

Na comercialização das variedades com aptidão para consumo in <strong>na</strong>tura, a<br />

propriedade Sítio das Laranjeiras comercializou no período de 2007 a 2010 os dados<br />

apresentados <strong>na</strong> tabela 2 abaixo, que relacio<strong>na</strong> o número de caixas e o valor de venda, bem<br />

como a receita total obtida.<br />

Tabela 4. Variedades de mesa – N o de caixas produzida, Valor de Venda e Receita Total, no período de 2007 a<br />

2010.<br />

Quantidade produzida<br />

Valor de venda<br />

Total obtido <strong>na</strong> venda<br />

(caixas 23 Kg)<br />

(R$/caixa)<br />

(R$)<br />

Ano<br />

Laranja<br />

do Céu<br />

Ponkan<br />

Laranja<br />

de<br />

Umbigo<br />

Laranja<br />

do Céu<br />

Ponkan<br />

Laranja<br />

de<br />

Umbigo<br />

Laranja<br />

do Céu<br />

Ponkan<br />

Laranja<br />

de<br />

Umbigo<br />

2007 50 50 15 10,00 8,00 12,00 500,00 400,00 180,00<br />

2008 100 50 15 10,00 8,00 12,00 1000,00 400,00 180,00<br />

2009 105 105 20 12,00 10,00 12,00 1260,00 1050,00 240,00<br />

2010 105 105 15 12,00 10,00 12,00 1260,00 1050,00 180,00<br />

Com relação ao gráfico 4, representado abaixo, verifica-se a quantidade de caixas<br />

colhidas das variedades de laranjas e bergamota no período de 2007 a 20010.<br />

30


Gráfico 6. Apresenta a quantidade de caixas colhidas, das variedades de laranjas e bergamota, no intervalo de<br />

2007 a 2010.<br />

nº de caixas (23 Kg)<br />

110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Quantidade de caixas colhidas<br />

"2007" "2008" "2009" "2010"<br />

anos<br />

Laranja do<br />

Céu<br />

Ponkan<br />

Laranja de<br />

Umbigo<br />

Observa-se que o produtor X comercializa toda a sua produção de variedades para<br />

consumo in <strong>na</strong>tura, e a partir da sua entrevista, pode-se concluir que caso a sua produção<br />

fosse maior, ainda assim haveria espaço no mercado para o seu produto fi<strong>na</strong>l.<br />

O total obtido com a venda das variedades de laranja do Céu, Umbigo e da variedade<br />

de bergamota Ponkan nos anos de 2007, 2008, 2009 e 20010, está representado no gráfico 5,<br />

abaixo.<br />

31


Gráfico 7. Apresenta o total obtido com a venda, da fruta para consumo in <strong>na</strong>tura, no intervalo de 2007 a 2010.<br />

R$<br />

1400<br />

1200<br />

1000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

500<br />

Total obtido com a venda<br />

1000<br />

400 400<br />

180 180<br />

1260 1260<br />

1050<br />

240<br />

"2007" "2008" "2009" "2010"<br />

anos<br />

1050<br />

180<br />

Laranja do<br />

Céu<br />

Ponkan<br />

Laranja de<br />

Umbigo<br />

32


8 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A partir deste estudo de caso, verifica-se que o produtor está satisfeito com a sua<br />

atividade da citricultura e com a comercialização de seus produtos, pois, felizmente,<br />

encontrou uma rede de novos pontos comerciais, que pretende ainda abastecer. Esse sucesso<br />

se deve a sua dedicação, tanto com a produção, quanto com o controle dos estoques e o<br />

diálogo que mantém com os estabelecimentos que abastece com as suas frutas.<br />

Para o Município de Erechim, seria necessária uma melhor organização da cadeia<br />

citrícola, o que facilitaria a atividade dos produtores locais. Verifica-se também que ainda<br />

existe a falta de uma associação ou cooperativa, bem como uma packinghouse, o que dificulta<br />

esse processo.<br />

Assim, uma melhora nesses quesitos possibilitaria aos produtores de citros visualizar o<br />

mercado e seus inúmeros clientes. Também o vínculo com as associações, por exemplo,<br />

proporcio<strong>na</strong>ria ao produtor a troca de experiências relacio<strong>na</strong>das à produção com seus pares,<br />

visando sempre melhorar o cultivo, a qualidade e a aparência das frutas, agregando com isso<br />

valor comercial aos seus produtos.<br />

Segundo Tedesco (p. 338, 1999), o associativismo surgiu como “um movimento que,<br />

desde a década de 1980, vem alcançando amplitude <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, merecendo, por isso mesmo,<br />

atenção nesse momento em que se discutem políticas de apoio à agricultura familiar”. Para o<br />

autor:<br />

“(...) o encaminhamento de demandas ligadas à produção e à comercialização, que<br />

eram vitais para a viabilização econômica desses núcleos, mas também para o<br />

desenvolvimento de novas formas de relacio<strong>na</strong>mento social, construção de<br />

identidades, formação de novas lideranças políticas e colocação de novos problemas<br />

<strong>na</strong> pauta de reivindicações dos agricultores familiares.” (TEDESCO, p. 338, 1999).<br />

Essa é uma das formas de os trabalhadores envolvidos em processos de luta pela posse<br />

da terra juntar forças com os trabalhadores rurais. A troca de experiências pode fazer surgir<br />

novas associações de produtores, processo fundamental do ponto de vista social.<br />

Devido aos pomares novos implantados <strong>na</strong> região e no próprio município, a<br />

preocupação é com a maior quantidade da fruta ofertada no comércio local. Com isso, para o<br />

produtor X, a diversificação das variedades <strong>na</strong> propriedade pode ajudar <strong>na</strong> comercialização<br />

desde que o produto seja atrativo e que mantenha a qualidade.<br />

33


Dessa forma, a valoração do comércio in <strong>na</strong>tura é mais atrativa quando comparada ao<br />

comércio feito para a indústria extratora de suco. O produtor X percebeu que com dedicação e<br />

a manutenção do pomar, em relação aos tratos culturais, tais como, análise do solo, aplicação<br />

de corretivos, adubação monitorada, controle de pragas e doenças, bem como podas <strong>na</strong>s<br />

plantas, raleios nos frutos e pomar mantido roçado e livre da competição por invasoras, tudo<br />

isso proporcio<strong>na</strong> maiores rendimentos e, consequentemente, maior retorno fi<strong>na</strong>nceiro.<br />

34


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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economic vision. In: INT. CONG. CITRUS NU<strong>RS</strong>ERYMEN, 6., 2001. Ribeirão Preto.<br />

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BATALHA, M. O. ; SOUZA FILHO, Hildo Meirelles de; BUAINAIM, Antônio Marcio.<br />

Tecnologia de gestão e agricultura familiar. In: Hildo Meirelles de Souza Filho; Mário<br />

Otávio Batalha. (Org.). Gestão Integrada da Agricultura Familiar. 1 ed. São Carlos:<br />

EDUFSCAR, 2005, v. 1, p. 13-43.<br />

BRASIL. Presidência da República. Lei Federal n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965. Novo<br />

Código Florestal. Disponível em: Acesso em 16/10/2010.<br />

BROSE, M. Fortalecendo a democracia e o desenvolvimento local: 103 experiências<br />

inovadoras no meio rural gaúcho. Santa cruz do Sul: IDUNISC, 2000. 451 p.<br />

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brasileira. 2.ed. Campi<strong>na</strong>s: Fundação Cargill, 1991. v.1, p.228-57.<br />

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Agronômico e Fundag. Campi<strong>na</strong>s, 2005. 929 p. : il.<br />

MOREIRA, S. História da citricultura no Brasil. In: RODRIGUEZ, O.; VIÉGAS, F.C.P.<br />

(Ed.). Citricultura brasileira. 1.ed. Campi<strong>na</strong>s: Fundação Cargill, 1980. v.1, p.3-28.<br />

NEVES, M.F.; ZYLBESZTAJN, D.; NEVES, E.M. The orange juice food chain. In: INT.<br />

CONF. C. MAN. AGRI. FOOD IND., 3., 1998. Netherlands. Proceedings... Netherlands:<br />

[s.n.], p.437-447, 1998.<br />

POMPEU JUNIOR, J. Rootstock and scions in the citriculture of the São Paulo State. In:<br />

INT. CONG. CITRUS NU<strong>RS</strong>ERYMEN, 6., 2001. Ribeirão Preto. Proceedings. Ribeirão<br />

Preto: [s.n.], 2001. p. 331.<br />

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Unisinos, 2001.<br />

TEDESCO, J. C. Agricultura familiar: realidades e perspectivas. 2 ed. Passo Fundo:<br />

EDIUPF, 1999. 406 p. : il. (p.337/338).<br />

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Cuiabá. ANAIS SOBER - DINÂMICAS SETORIAIS E DESENVOLVIMENTO RURAL,<br />

2004.<br />

35


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de planejamento estratégico para agricultura familiar coletiva. ANAIS DO IV SIMPAN<br />

– SIMPÓSIO SOBRE RECU<strong>RS</strong>OS NATURAIS E SÓCIO-ECONOMICO DO PANTANAL<br />

– Sustentabilidade Regio<strong>na</strong>l. Corumbá, MS, 2004.<br />

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http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/areaterritorial/area.shtm>. Acesso em: 14/10/2010<br />

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – Disponível em:<<br />

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1479&id<br />

pagi<strong>na</strong>=1>. Acesso em: 23/09/2010.<br />

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – Disponível em:<<br />

http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=sp&tema=lavourapermanente2008>.<br />

Acesso em: 02/10/2010.<br />

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA – Disponível em:<<br />

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/ default.shtm> Acesso<br />

em: 05/10/2010.<br />

IBRAF. Instituto Brasileiro de Frutas. Disponível<br />

em:. Acesso em: 02/10/2010.<br />

SECRETARIA DA AGRICULTURA, PECUÁRIA, PESCA E AGRONEGÓCIO –<br />

Disponível em:. Acesso em:<br />

12/09/2010.<br />

36


ANEXOS<br />

ANEXO A - Questões realizadas ao produtor <strong>na</strong> entrevista: Aplicado em 10/09/2010.<br />

A - Área do pomar, idade e variedades?<br />

B - Produção do pomar? 2007, 2008, 2009 e 2010.<br />

C - Comercialização:<br />

- Como acontece a comercialização?<br />

- Onde são comercializadas as frutas?<br />

D - Preço de venda:<br />

- Para a indústria?<br />

- Consumo in <strong>na</strong>tura?<br />

E - A produção do seu pomar é suficiente? Sim ou não? Se não, de quem compra, quantidade<br />

e preço pago?<br />

F - A citricultura te dá retorno?<br />

G - Porque não aumenta a área de citros?<br />

H – Se você fosse plantar hoje um novo pomar, optaria por variedades para suco ou por<br />

variedades para mesa? Ou ambas?<br />

I – Qual o custo de manutenção que você tem com o pomar de citros? Quais são os gastos<br />

com inseticidas, herbicidas, fungicidas, adubação, colheita e transporte?<br />

J – Qual a sua visão da cadeia de citros para a peque<strong>na</strong> propriedade rural?<br />

K – Qual sua visão de futuro para a citricultura?<br />

L – O que você tem a dizer sobre o mercado orgânico?<br />

M - Você utiliza mão-de-obra <strong>na</strong> propriedade? Qual o número de pessoas fixas <strong>na</strong><br />

propriedade? Quem cuida do seu pomar?<br />

N – Qual a área total da propriedade?<br />

O – Quais as principais atividades <strong>na</strong> propriedade?<br />

P – Quais as maiores dificuldades com a citricultura?<br />

Q – Sugestões para a cadeia citrícola?<br />

37


ANEXO B - Entrevista com o produtor X.<br />

Relato da entrevista: Texto transcrito <strong>na</strong> <strong>íntegra</strong>.<br />

E – entrevistador<br />

P – produtor<br />

E – Começamos a entrevista com o produtor, estamos <strong>aqui</strong> <strong>na</strong> sua propriedade para<br />

tentar fazer um raio-X da tua atividade nessa propriedade e tentar verificar contigo se você<br />

está satisfeito ou não com essa atividade e a gente sabe q você é um produtor dedicado que<br />

tu se envolve <strong>na</strong> cadeia citrícola, que você está por dentro do mercado consumidor, você é um<br />

cara que vai atrás, não espera os caras virem <strong>aqui</strong> <strong>na</strong> propriedade. Então tenho uma série de<br />

perguntas, eu fui bem generoso contigo, e fiz só 16 perguntas, é uma análise geral da tua<br />

propriedade tu vai respondendo as questões conforme tu achar que é necessário e se tiver<br />

alguma questão que você não quer responder agora, não tem problema, você pode responder<br />

em outro momento. Então a gente gostaria que você fosse bem sincero e que trouxesse a<br />

realidade da atividade citrícola <strong>na</strong> tua propriedade e como que você vê ela e assim por diante,<br />

ok?<br />

P – muito bem<br />

E- vamos começar com a área do teu pomar, só o pomar.<br />

P- 5 Ha<br />

E – qual a idade desse pomar? Quando teve início esse plantio?<br />

P- em 1995<br />

E – tu pode até fazer um pequeno historio, dizendo o porquê você começou, foi incentivo de<br />

algum programa? Você pode detalhar.<br />

P – eu tava trabalhando com erva mate e teve o meu cunhado Idemar que ele é da <strong>Emater</strong> que<br />

me incentivou a trabalhar com a citricultura que era mais viável, então eu parti para a<br />

citricultura e ai eu comecei em 1995 e o primeiro pomar com 750 mudas de Valência e ali<br />

começou o meu pomar.<br />

E – tu começaste esse pomar particular ou com algum incentivo?<br />

P – não, fi<strong>na</strong>nciado pelo FEAPER <strong>na</strong> época.<br />

E – e como era esse juro, prazo pra pagamento?<br />

P – eu sei que era 5 anos prazo para pagar, mas era em milho, foi transformado em sacos de<br />

milho e então nos tínhamos 2 de carência e 3 anos pra pagar, mas eu não me lembro quantos<br />

sacos era de milho, já faz muito tempo.<br />

E – e foi ai que você começou a atividade?<br />

38


P – isso, aí foi indo e quando começo a produzir a laranja, os primeiros 2 anos que ela<br />

produziu, apodreceu toda ela no pomar.<br />

E – Por quê?<br />

P – não tinha comercialização, não existia. Aí foi no ano de 1998, eu tomei a decisão de<br />

vender ela in <strong>na</strong>tura pra colega de <strong>trabalho</strong>, que eu trabalhava em uma empresa. Aí o que eu<br />

fiz, pegava aqueles sacos de cebola e colocava 20 kg de laranja lá dentro e as primeiras 20<br />

bolsas que eu levei, não cobrei do cliente, eles pediam quanto custa? Eu dizia não custa <strong>na</strong>da<br />

você experimenta e se você gostar você vai comprar de mim, foi aí que começou a<br />

comercialização da laranja.<br />

E – tu vês interessante esse relato. E depois de 1995, você tem outra área que você plantou<br />

citros?<br />

P – foi em 1998 eu plantei laranja de umbigo, Ponkan e laranja do Céu.<br />

E – a Ponkan você pode me dizer a área plantada ou quantas plantas?<br />

P – <strong>na</strong> época eu diversifiquei entre a Ponkan 50 mudas, a laranja do Céu mais 100 mudas e a<br />

laranja de Umbigo mais 50 mudas de cada tipo de umbigo. Nesse pomar, <strong>na</strong> época teve uma<br />

geada muito forte e acabou morrendo bastante mudas.<br />

E – isso em 1998?<br />

P – é 1998<br />

E – e você repôs estas mudas?<br />

P – não, porque eu não estava <strong>na</strong> atividade só da citricultura, eu trabalhava em uma empresa e<br />

eu via a citricultura, como uma atividade no futuro que dava para se trabalhar com ela.<br />

E – tu vê que a geada já é um problema que vamos ver mais <strong>na</strong> frente, né?<br />

P – com certeza<br />

E – a geada é um problema, e afeta toda a nossa região, mas vamos falar mais pra frente.<br />

P – inclusive esse ano.<br />

E – ok? Vamos fazer um resumo, tu iniciou o pomar em 1995, implantou mais essas 50<br />

plantas das variedades citadas mas, pra 5 Ha fazendo a soma ainda falta. Você fez outros<br />

plantios?<br />

P - bom dali pra frente eu tenho mais Valência que eu tenho plantado, e essa é a maioria e<br />

tenho mais a laranja de Umbigo, e agora estou vendo que mais pra frente é a Montenegri<strong>na</strong><br />

que vai ter mercado, é o que se vê, né? Vai girar melhor diversas variedades, das mais<br />

precoces até as mais tardias porque, o mercado pergunta quando começa e quando termi<strong>na</strong> a<br />

colheita.<br />

39


E – então você tem que trabalhar com variedades que te dão maior cobertura durante todo o<br />

ano, né?<br />

P – isso, inclusive o ano passado teve laranja o ano todo devido à laranja temporo<strong>na</strong> que<br />

entrou.<br />

E – e o ultimo pomar que você implantou de Valência, que eu conheço a propriedade, deve ter<br />

4 ou 5 anos?<br />

P – tem 5 anos, foi plantado em 2005.<br />

E – e que área deu esse pomar?<br />

P – eu tenho plantado ali 1250 mudas de Valência.<br />

E – você sabe me dizer qual a produção que obteve a partir de 2007, 2008, 2009 e agora em<br />

2010? Ou qual a média de produção?<br />

P - é que quando eu cheguei <strong>aqui</strong> e eu me dediquei ao pomar porque ele estava debilitado,<br />

agora a produção ta crescendo. Em 2007 chegou mais ou menos 22 a 23 mil quilos, só que era<br />

produção do pomar mais velho. Em 2008 já cresceu um pouco mais devido a adubação<br />

chegou a 35 mil quilos.<br />

E – em 2008, você fez venda para a indústria?<br />

P – sim, o que é descarte foi para a indústria de suco e o que é bom foi pra venda in <strong>na</strong>tura,<br />

pra mercado, padaria.<br />

E – e em 2009 como foi a produção?<br />

P – ali foi que a produtividade estourou, devido à adubação, correção do solo.<br />

E – todos os tratos culturais que você fez ajudou? Detalha um pouco melhor.<br />

P – foi corrigido o solo, foi feito uma análise de terra e foi corrigido através de adubação e<br />

tratamento principalmente <strong>na</strong> florada e <strong>na</strong> brotação.<br />

E – quer dizer que você investiu um pouco mais no pomar? Por que você investiu?<br />

P – porque eu vejo que é uma lucratividade bem maior do que plantar grãos.<br />

E – que tonelagem você alcançou com esse investimento no pomar?<br />

P – chegou a 70 mil quilos, dobrou a produção.<br />

E – nossa que pique.<br />

P – só que eu comecei em 2007 já fazendo tratamento e fui recuperando o pomar com a<br />

correção de solo e adubação.<br />

E – e ele foi respondendo em produção.<br />

P – sim<br />

E – e agora nesse ano de 2010, não teve problema de geada?<br />

40


P – ali eu tive problema de muita chuva <strong>na</strong> florada, deu a podridão <strong>na</strong> flor, e não tinha, foi<br />

feito tratamento, adubação, tudo certinho, só que devido a muita chuva, a região inteira deu<br />

problema. Mas eu acredito que ainda vai girar em torno de 50 a 60 mil quilos, tranqüilo.<br />

E – ainda vai dar tudo isso?<br />

P – sim vai dar tudo isso, só que tudo o que eu trabalhei em cima do pomar com adubação e<br />

tratamento poderia, não digo dobrar, mas uns 30 a 40% a mais poderia dar.<br />

E – você esta satisfeito com a tua dedicação e com a orientação técnica recebida, de correção<br />

de solo, adubação e tratamentos? Tem te ajudado isso?<br />

P – muito mesmo, isso é essencial, tanto é que eu participo de seminários, que a <strong>Emater</strong><br />

realiza ou palestras que vocês convidam para eu participar e é isso que ajuda mais<br />

informações de pragas e doenças essas coisas ali, a gente vai se, se, se..<br />

E – qualificando.<br />

P – é.<br />

E – vamos falar um pouco sobre a comercialização, eu quero que você detalhe um pouco<br />

como acontece a comercialização tua dessa produção, a gente nota que ela vem crescendo,<br />

quando é pouca produção da a impressão que logo acaba as entregas e por outro lado a<br />

produção começa a aumentar, aumentar, como você trabalha com isso?<br />

P – eu <strong>trabalho</strong> assim, o que eu faço é uma peneira no pomar, o que é bom, laranja bonita,<br />

graúda eu vendo in <strong>na</strong>tura, que o mercado absorve, tendo laranja com qualidade a doçura, em<br />

cima disso ali, tanto é que a adubação ela te dá a doçura a qualidade muito bonita, então é isso<br />

que tu tem que trabalhar porque tu vende bem em mercado, padaria, feiras e o descarte aí sim<br />

vai para a indústria.<br />

E – me detalha um pouco mais de como você busca esses pontos de venda ou o ponto de<br />

venda vem até você?<br />

P – não, eu busco sempre, não adianta o cara tem que ir ao santo.<br />

E – como é que você faz? Pega uma amostra de laranja?<br />

P - pego uma amostra da laranja e vai lá no mercado vamos supor e apresenta a amostra e diz<br />

olha eu tenho essa amostra da minha laranja e é isso que eu tenho lá <strong>na</strong> propriedade. Então<br />

eles vão ver a fruta e, certamente vão experimentar ver a doçura, nem todos né? Se for<br />

mercado grande eles vão ver a qualidade, vende e pronto. Agora mercado menor e padaria<br />

eles são mais exigentes, pois a venda é menor e querem ver a qualidade, aí tem que trabalhar<br />

em cima de fruta com qualidade. A partir daí, você leva toda a sema<strong>na</strong> a fruta, e tem que<br />

manter ele duas vezes por sema<strong>na</strong>, manter a fruta fresquinha <strong>na</strong> gôndola do mercado e<br />

padaria.<br />

41


E – você chega a fazer contrato com esses mercados? Como é isso?<br />

P – não, é no fio do bigode.<br />

E – é <strong>na</strong> confiança então?<br />

P – é <strong>na</strong> confiança e nunca deu problema, acho que é sei lá.<br />

E – e se amanhã depois, tu chega lá. Como você colocou, eu levo a amostra o cara gosta, daí<br />

ele encomenda 10 caixas essa sema<strong>na</strong>, 15 caixas sema<strong>na</strong> que vem e <strong>na</strong> outra sema<strong>na</strong> eu tenho<br />

30 caixas tirada e chego lá ele pegou de um outro. Como que você trabalha com isso? Pois a<br />

concorrência existe, né? Você já sofreu com essa situação?<br />

P – bastante com isso.<br />

E – então me detalha isso?<br />

P – agora eu <strong>trabalho</strong> com o meu cliente assim. Eu abasteço ele, mas eu cuido o estoque dele.<br />

Eu vou lá e cuido o estoque dele. Essa sema<strong>na</strong> você precisa de quantas caixas? 10 caixas, por<br />

exemplo, essa sema<strong>na</strong> foi ruim deu chuva, esfriou e não girou muito e sobrou 5 caixas. Na<br />

sema<strong>na</strong> seguinte eu pergunto ao comprador quanto você vai precisar de laranja? Eu passo lá<br />

no mercado. Não, eu preciso, se você puder me trazer 5 caixas, porque essa sema<strong>na</strong> não girou<br />

bem e vamos ter que vender isso <strong>aqui</strong>. Então tu não tem retorno da laranja. Tu tem sempre a<br />

laranja fresquinha lá <strong>na</strong> frente e eles não te devolvem laranja, aí tu não perde, enquanto isso<br />

ela fica no pomar, e fica ali não tem problema nenhum.<br />

E – e se caso houver uma procura maior no mercado eles te ligam?<br />

P – eles me ligam e me comunicam e ai eu providencio, de um dia pro outro eu reponho o<br />

estoque dele sem problema algum.<br />

E – a onde você comercializa estas frutas tuas quais são os locais de venda?<br />

P – os locais principais são a padaria que é a paladar, mercado, hortoplanta.<br />

E – hortoplanta é o que?<br />

P – é um mercado, não é muito grande mas ele consome bastante, tem bastante venda. O<br />

supermercado Caitá, que é grande e o consumo ali é grande. Também tem a feira que<br />

consome bastante.<br />

E – feira do produtor aquela do centro?<br />

P – isso, como muitas vezes os produtores não tem a quantidade suficiente, daí eles me<br />

compram a laranja.<br />

E – você faz a entrega lá <strong>na</strong> feira?<br />

P – eu faço a entrega <strong>na</strong> casa do produtor que é comerciante <strong>na</strong> feira. Porque muitas vezes eu<br />

não posso chegar lá e colocar, porque eu não tenho ponto, né? Então isso ali seria <strong>na</strong> casa dele<br />

daí a laranja entra com qualidade, sem problema nenhum.<br />

42


E – agora vamos falar em preço de venda que você tem nessa atividade. Eu quero que você<br />

faça uma comparação se você tivesse o pomar fechado pra indústria de suco em comparação<br />

com os pontos de venda que você comercializa. No fi<strong>na</strong>l eu quero saber se tu esta satisfeito<br />

com isso, se te dá retorno. Eu quero uma comparação do mercado e se fosse direto pra<br />

indústria.<br />

P – é claro que o mercado é bem mais atrativo, por causa do preço. Claro que tu tem que ter<br />

uma qualidade da laranja, mas tu ganha bem mais. Hoje, ta se ganhando no inverno, que<br />

agosto é inverno ainda, uma media de R$ 0,45 a R$ 0,50/Kg, aonde que a indústria paga em<br />

torno de R$ 0,14 a R$ 0,15/Kg. Então acho que vale a pe<strong>na</strong> você classificar no pomar a<br />

laranja boa da laranja ruim.<br />

E – então, você tem um retorno maior vendendo a laranja?<br />

P – in <strong>na</strong>tura, exatamente. Dá mais transtorno porque tem colher ela picadinha.<br />

E – como você recebe esse pagamento? A vista? Parcelado?<br />

P – mercado grande, é 28 dias, não tem, eles trabalham assim, e com boleto bancário, nota e<br />

tudo mais, tem que seguir isso ai. Agora padaria, mercados pequenos e feira do produtor, isso<br />

ali é tu entregou e recebe <strong>na</strong> hora, sai com o dinheiro à vista.<br />

E – o maior problema então é o mercado, pois eles têm as normas deles e tem que seguir?<br />

P – é mas as normativas........<br />

E – mas você entrega lá, vamos pegar, por exemplo, um mercado grande o Caitá, tu entrega lá<br />

30 caixas, sai o boleto bancário no valor das 30 caixas?<br />

P – a laranja entra com nota de produtor e eles fazem um boleto com vencimento de 28 dias,<br />

em cima dessa nota e de acordo com o peso da fruta. Porque ali não se vende por caixa e sim<br />

por Kg, aí a gente chega a um acordo do valor por kg de R$ 0,30, R$ 0,40, R$ 0,50, conforme<br />

a época do ano, no fi<strong>na</strong>l da safra vai escasseando e o preço vai aumentando chegando no fi<strong>na</strong>l<br />

com preço mais atrativo, e aí sai o boleto bancário.<br />

E – e mais no fi<strong>na</strong>l que preço você chega a ganhar? No fi<strong>na</strong>l você diz que época?<br />

P – dezembro, janeiro e fevereiro, ali que se ganha muito dinheiro em cima da fruta, quem<br />

tem fruta in <strong>na</strong>tura, ali gira todos os anos, vai até R$ 0,60, R$ 0,70/ Kg. Chegou época que no<br />

fi<strong>na</strong>l de fevereiro, e não tinha mais laranja em lugar nenhum eu cheguei a ganhar R$ 0,80/Kg,<br />

mas foi pouco, tanto é que elas não ficam tanto tempo no pomar, ela vai caindo.<br />

E - mas se você trabalhar ou se existir uma variedade mais tardia seria melhor ainda?<br />

P – sim, melhor ainda. Por isso que tem que ter plantado variedade precoce e tardia, pra<br />

trabalhar com isso ali. Hoje já existe várias variedades para trabalhar melhor isso.<br />

E – a produção do teu pomar é suficiente, hoje? Pra você atender os teus clientes?<br />

43


P – olha, tem que aumentar o pomar, porque dá ali, mas é espremido. Tanto é que eu <strong>trabalho</strong><br />

assim com meus clientes, até que eu tenho tudo bem, mas ali pra frente não sei.<br />

E – e se tu aumentar essa produção, se você pensar em aumentar o pomar, ficaria <strong>na</strong><br />

Valencia? Tu sabes que a Valencia é uma fruta de aptidão para suco.<br />

P – exatamente<br />

E - enquanto que temos as laranjas de umbigo que tem aptidão para mesa. Na tua atividade<br />

você continuaria com a Valência ou em função que você já tem muita Valência, diversificaria<br />

a produção?<br />

P – eu estou diversificando a minha produção, nesses 5 Ha já tem bastante diversificada.<br />

E – por que tu pensas em diversificar?<br />

P – porque eu quero ter a fruta in <strong>na</strong>tura, tanto é que você falou que a Valência é pra suco.<br />

Estão incentivando bastante o plantio de Valência, d<strong>aqui</strong> a pouco 2 a 3 anos uma fruta<br />

diferenciada vai ganhar mais, com qualidade é claro. Tem que trabalhar em cima de<br />

qualidade, daí você tem um ganho bem maior aí a Valência como está plantada alguma coisa<br />

se vende ainda in <strong>na</strong>tura, mas tem que ter outras variedades pra suprir o mercado.<br />

E – a gente sabe que a região nossa do Alto Uruguai 88% da área plantada, mais de 5 mil Ha,<br />

é Valência e se todos os produtores tirar do seu pomar aquela fruta bonita, de qualidade e<br />

resolver fazer o que você faz com o mercado, aí tu acha importante ter uma fruta diferenciada<br />

pra futuramente quem sabe tampar esse furo.<br />

P – é, tem até uma variedade que nessa última viagem, que foi feito pra argenti<strong>na</strong>, que eles<br />

apresentaram lá como Pomelo, isso ali acho que no futuro vai ter mercado, ela é bem precoce<br />

pra suco, e que você pode vender <strong>na</strong> entre safra. Vejo que seria um importante investimento,<br />

hoje eu não sei, se <strong>aqui</strong>, nos viveiros existe mudas, mas vamos procurar.<br />

E – como você falou que a sua produção do pomar da espremido, você compra citros de<br />

outros produtores para atender seus clientes?<br />

p- não, eu só <strong>trabalho</strong> com o meu pomar porque eu sei o que eu tenho, sei a fruta que tenho e<br />

a qualidade dela. Se eu pegar de outro não sei o que eu vou achar lá.<br />

E – você está preocupado em segurar o seu cliente?<br />

P – o meu cliente, com qualidade. Até que eu tenho a minha fruta eu digo, olha a minha fruta<br />

é essa <strong>aqui</strong> eu vou te entregar ela com qualidade e eu posso garantir. Agora não posso garantir<br />

de outro pomar, eu não sei. Tem muito pomares bonitos por ali, né? Mas tem uns ali que não<br />

da para se arriscar. Outra coisa importante dizer, você vai <strong>na</strong>quele pomar com as tuas caixas<br />

colher as frutas e acaba trazendo doenças para dentro do teu pomar, essa é a minha<br />

preocupação de manter a sanidade do meu pomar. Quanto às caixarias eu levo no mercado,<br />

44


descarrego <strong>na</strong> caixa do cara e a minha trago de volta para a propriedade e é lavada, sempre é<br />

lavada, passa um jato e desinfetadas. Tanto é que meu pomar doenças não existe.<br />

E – o seu pomar é certificado? Você está cadastrado <strong>na</strong> secretaria da agricultura do <strong>RS</strong>? Qual<br />

o benefício disso?<br />

P - sim está certificado, sendo livre do cancro cítrico e da pinta preta. No ano passado que a<br />

produtividade era alta e todo mundo tinha laranja, o estado de Santa Catari<strong>na</strong>, pagavam mais<br />

pelo Kg da laranja pra suco, indústria.<br />

E – será que deu problema <strong>na</strong> safra deles?<br />

P – eu acho que lá eles não tem a produtividade que nem a nossa, assim falta pra indústria de<br />

suco deles, aí eles tem que comprar de fora e o preço estava mais atrativo do que <strong>aqui</strong> no <strong>RS</strong>.<br />

E outra coisa, você chega em um mercado grande, com o CFO (certificado fitossanitário de<br />

origem), e você diz a minha laranja é livre de cancro cítrico e pinta preta e o pomar tem<br />

acompanhamento técnico por um Eng. Agrônomo, com anotação em livro de campo e o<br />

pomar está credenciado <strong>na</strong> Secretaria da agricultura do <strong>RS</strong>. Com tudo isso é claro que o<br />

gerente de compras vai dizer, pelo amor de deus, dá uma atenção especial pra este produtor. É<br />

isso que eu ganhei, tanto é também que veio até o Ministério da Agricultura <strong>aqui</strong> visitar o meu<br />

pomar, eles estavam vendo se tinha no <strong>RS</strong> o greening e vieram no pomar, não acharam <strong>na</strong>da e<br />

até elogiaram muito o meu pomar pela sanidade e a localização que é importante, então eu<br />

vejo que essa certificação é importante e me abre as portas par vender fora do estado através<br />

do CFO.<br />

E – e você fica com o gatinho <strong>na</strong> Mao se caso der um problema de preço <strong>aqui</strong> no estado, você<br />

poderá vender sua fruta em SP, MG, onde quiser. Você sabe disso ne?<br />

P – sim, a laranja eu posso vender no País inteiro. Se caso der uma produtividade grande <strong>aqui</strong><br />

e em SP der uma frustração de safra eu posso vender até lá a fruta de qualidade. Você entra<br />

em contato com os mercados de lá e pode até carregar uma carga da tua laranja para aqueles<br />

mercados.<br />

E – a citricultura te dá retorno? Você esta satisfeito com ela?<br />

P – dá sim, eu estou satisfeito com a citricultura, uma que tu trabalhando com a citricultura o<br />

custo de manutenção é baixo e te da retorno fi<strong>na</strong>nceiro.<br />

E – você tem 5 Ha de citros plantados, porque você não aumenta a área de citros? Problema<br />

de mão-de-obra?<br />

P – um dos problemas é a mão-de-obra, tá complicado.<br />

E – Por quê?<br />

45


P – não existe mais. Pra você achar alguém pra te ajudar, que trabalhe, que faça as coisas bem<br />

feito, eu sou muito detalhista em cima disso ai, eu gosto de ver as coisas bem feitinha, tanto é<br />

que você vende bem e não adianta tu ir lá e mandar um cara colher que ele te colhe metade<br />

por metade ai tu perde um monte, ne? Então tu tem que colher, tem que ir lá ver a fruta, colher<br />

e vender. Aí ele se tor<strong>na</strong> um problema, tu vai pegar pessoas <strong>aqui</strong> do interior não existe mais, é<br />

pouca.<br />

E – qual o valor da mão-de-obra? Você contrata por dia?<br />

P – é por dia, é diarista o preço é em torno de R$ 50,00/ dia com a alimentação incluída.<br />

E – mais é esse o principal problema que você não aumenta a área de citros?<br />

P – não, isso ai é um dos problemas que eu to enfrentando hoje, mas eu tenho a área<br />

diversificada com eucalipto também, porque eu <strong>trabalho</strong> bastante com eucalipto. É uma<br />

cultura que te da um bom retorno, mas não é como a laranja, a laranja da mais, só que o<br />

eucalipto da menos mão-de-obra e isso ali é uma atividade que tem bastante mão-de-obra,<br />

porque tem o pessoal que vem ali e faz a lenha, cobra um tanto e você pode ficar tranqüilo.<br />

Mas é uma renda a mais, que seria uma renda fora da safra da laranja. Tu tem que ter renda<br />

mensalmente dentro da propriedade.<br />

E – então você se preocupa, que quando termi<strong>na</strong> a laranja você tem que ter outro rendimento?<br />

P – tem que ter, tanto é que eu busquei um mercado do eucalipto que é para o escoramento da<br />

construção civil. São as escora, você vem ali e corta elas <strong>na</strong> metragem que eles querem, 2 m,<br />

3 m, 5 m muitas vezes e entrega. Então fora da safra da laranja você tem que ter uma<br />

atividade que te de sustentabilidade se não você não consegue. Tanto é que dentro da<br />

propriedade é que nem uma empresa tu tem que trabalhar em cima disso aí.<br />

E – a gente falou muito em laranja, em diversificação das variedades da laranja, e falamos<br />

pouco das bergamotas. Tu achas que são importantes as bergamotas? Tu estás diversificando<br />

elas?<br />

P – estou, eu vejo hoje nos mercados, eles perguntam bastante. Tu não tem bergamota lá? Isso<br />

é uma coisa que gira bastante no mercado. Então eu estou diversificando. Agora, o pomar que<br />

eu estou fazendo, uma área que sobrou, eu estou plantado a montenegri<strong>na</strong> e alguma coisa mais<br />

de Ponkan, porque isso ali vende bem. Também coloquei alguma coisa da variedade de<br />

bergamota a Satsuma que é mais precoce, que isso ali tu vende e outras variedade. Eu vejo<br />

isso ali um bom retorno, como eu <strong>trabalho</strong> com mercado tu tem que ter a diversidade.<br />

E – ao invés de levar só a laranja, você poderá entregar também a bergamota.<br />

P - exatamente, é isso aí a idéia, tu leva laranja, bergamota algum chuchu e comecei com a<br />

uva também.<br />

46


E – beleza, a propriedade está se diversificando, ainda mais?<br />

P – isso.<br />

E – se você fosse plantar hoje, um novo pomar e com a experiência que você tem, tu optaria<br />

por variedades de aptidão para suco ou por variedades para mesa ou ambos?<br />

P – eu diversificaria todo ele, porque tu tem que ter a diversificação em tudo.<br />

E – e essa diversificação, tu já falou antes, é preço, tu ganha um bom retorno tendo essa<br />

diversificação?<br />

P – com certeza, isso ali o retorno com a venda da fruta in <strong>na</strong>tura é praticamente 200%, vale a<br />

pe<strong>na</strong> mesmo.<br />

E – vamos para outra questão, qual o custo de manutenção que você tem com o pomar de<br />

citros? Tu podes me fazer uma previsão anual dos gastos com inseticidas, herbicidas,<br />

fungicidas, adubação, colheita e transporte? Você já falou antes, que tu vem recuperando o<br />

pomar e você tem um calendário da aplicação? Tudo isso tem custo, o que você tem a dizer?<br />

P – herbicidas eu não uso. Tem custo sim, eu não saberia te dizer, vamos supor lá pra trás<br />

porque eu recuperei ali eu gastei também. Mas a partir de 2005 quando comecei a investir no<br />

pomar, eu vou te dar uma estimativa desse ano que estou tendo ali, gira em torno de R$<br />

2000,00 nos 5 Ha que tenho de frutas, entre adubação, inseticidas e fungicidas e outras coisas.<br />

Seria isso aí.<br />

E – e quanto ao transporte e colheita?<br />

P – a colheita, a minha mão-de-obra tu não vai contar, mas teria que contar isso aí, né? Mas<br />

gira em torno de R$ 2000,00 a R$ 3000,00 contando a minha mão-de-obra.<br />

E – essa mão-de-obra você pega, quando tem um pedido grande?<br />

P – isso, quando eu tenho um pedido de 75 caixas eu contrato, porque eu tenho que tirar a<br />

fruta de manha e eu sozinho não consigo tirar mais de 50 caixas até o meio dia. Aí eu contrato<br />

alguém para me ajudar. Mas até 50 caixas eu colho tranqüilo e mantenho os meus clientes.<br />

Quando chega o verão o consumo aumenta, aí o bicho pega, ou às vezes o mercado grande<br />

resolve fazer uma promoção e aumenta a demanda de caixas, aí contrato. Porque eu tenho os<br />

outros clientes para atender são, por exemplo, 50 caixas no mercado grande, mais 20 caixas<br />

no mercado menor, mais 20 caixas <strong>na</strong> padaria. Tenho que verificar o estoque, manter para uns<br />

2 dias, e atender todos e bem. O tempo também pode atrapalhar.<br />

E – qual a sua visão da cadeia de citros para a peque<strong>na</strong> propriedade?<br />

P – boa. Seria muito melhor, mais produtivo, mais retorno do que plantar grãos ou outra<br />

atividade. Desde que seja desse jeito que eu to trabalhando, no caso. Mas tu tem que cuidar, aí<br />

sim ela te rende muito mais do que tu ter uma peque<strong>na</strong> propriedade que trabalha com meia<br />

47


dúzia de vaca de leite ou alguma coisinha ali. Eu vejo pela minha experiência <strong>aqui</strong> <strong>na</strong> minha<br />

linha que o pessoal ta remando em cima disso ali, tem um pouco de leite e trabalha mais com<br />

o grão. Mas o grão eu venho batendo que é para o grande o que nós temos é que direcio<strong>na</strong>r<br />

para a citricultura, não tem.<br />

E – e <strong>na</strong> tua visão você acha que o produtor deveria continuar a exemplo da nossa região que<br />

tem 88% de uma variedade só ou ir para a diversificação?<br />

P – eu acho que. Se vai todo mundo para a diversificação aí pode dar problema, pode chegar<br />

num ponto que não tem mais como comercializar a tua produção. Eu acho que, sei lá.<br />

E – mas dá problema porque se no Brasil falta fruta em muitas regiões. Então o que faltaria<br />

por trás disso?<br />

P – por trás disso ali teria que ter uma cooperativa para comercializar isso.<br />

E - mas se tivesse a cooperativa a diversificação pode continuar?<br />

P – aí sim, por eu como produtor eu não consigo ir vender fruta lá pra Porto Alegre, sei lá ou<br />

outro lugar. Até eu posso fazer isso, mas se um dia acontecer, o cara tem que se sujeitar, mas<br />

tem aquele que fica retraído ali e acaba sei lá.<br />

E – então a melhor saída seria uma cooperativa ou uma associação?<br />

P – é isso aí, seria melhor a cooperativa ou associação ou alguma coisa pra ajudar. E em cima<br />

disso você poderia se beneficiar com uma máqui<strong>na</strong> polidora, ou outras coisas para deixar a<br />

laranja bem melhor.<br />

E – você falou em máqui<strong>na</strong> polidora, cooperativa ou associação. No teu ponto de vista você<br />

acha que, vamos pegar o teu exemplo <strong>aqui</strong> da tua atividade, se existisse no mercado uma mini<br />

polidora, você acha que agregaria um valor significativo <strong>na</strong> fruta?<br />

P – agregaria sim, porque hoje, tem municípios que tem polidora e eles estão pagando R$ 0,40<br />

para polir uma caixa de laranja, enquanto que eu estou pagando R$ 2,00 pra polir uma caixa<br />

de laranja, é particular. Então olha o quanto você ganharia só ali.<br />

E – me detalha um pouco mais essa parte do polimento. Toda a fruta tua você leva <strong>na</strong> polidora<br />

ou é só para alguns mercados?<br />

P – só para alguns mercados, porque hoje eles exigem e eu repasso o custo do polimento pra<br />

eles, às vezes não o total, mas eu tenho que repassar esse custo. Porque o povão hoje ele<br />

compra com os olhos e ele não vai comprar uma fruta que não é polida. Tu bota duas lá é<br />

lógico que ele vai pegar a bonita, lisinha e brilhante. Por isso que talvez tenha bastante gente<br />

com dificuldade de vender a fruta, então em cima disso aí a gente tem o pessoal que vem de<br />

fora, aí tem um grande problema, pra isso ali né? Porque tu tem a fruta e o mercado sabe que<br />

tu tem qualidade, a fruta tua é boa, mas tu ta vendendo a R$ 10,00 a caixa aí chega o pessoal<br />

48


de Mariano Moro que eles tem a polidora, eles não tem um custo de R$ 2,00/ caixa pra polir<br />

aí eles vem no mercado e oferecem por R$ 8,00/ caixa aí o mercado vai preferir, porque ele<br />

quer ganhar mais <strong>na</strong> venda.<br />

E – então você vê isso aí como uma falta grande, talvez até falta de política pública,<br />

cooperativa ou associação para ajudar o produtor.<br />

P – é, tanto é que estamos vendo alguma coisa ali, mas não é fácil pra reunir o pessoal.<br />

E - qual a sua visão de futuro para a citricultura?<br />

P - eu acho que esta aumentando ano a ano o consumo da fruta. Tanto é que nesses últimos 3<br />

ou 4 anos não se vendia fruta no inverno, era difícil vende uma fruta. Você começava a<br />

vender a laranja a partir de outubro, novembro pra frente. Hoje já está se vendendo no mês de<br />

julho laranja pra suco. O povo esta mais consciente que é melhor tomar um suco <strong>na</strong>tural do<br />

que tomar um refrigerante ou coca cola.<br />

E – você tem pensado alguma coisa no mercado orgânico?<br />

P – é, já pensei, tanto é que o meu pomar ali hoje já fazem uns 4 anos que não coloco mais<br />

secante que é o herbicida, eu só uso roçadeira no pomar. É claro que eu coloco produtos de<br />

tratamento, então não seria tão difícil se adequar a esse tipo de produção. É um grande filão,<br />

<strong>na</strong>s grandes cidades, não cidades do interior tipo <strong>aqui</strong> em Erechim, mas <strong>na</strong>s grandes cidades é<br />

um negócio muito bom isso dalí eu vejo. Não seria tão difícil de chegar lá, mas aí já entra o<br />

problema de doenças, e aí tem que pesar muito bem, se dá resultado ou não.<br />

E – da maneira de como, você está levando a sua atividade, você está satisfeito. Você só<br />

mudaria para orgânico se fosse muito compensador?<br />

P – sim , dali a pouco, pode ficar difícil de comercializar um produto como eu estou fazendo e<br />

aumentar a concorrência, aí tenho que partir para outro ramo e quem sabe até o orgânico.<br />

E – nesse caso, você pensa em até transformar o seu pomar em orgânico? Nem que colha um<br />

pouco menos?<br />

P – exato, mas a lucratividade é bem maior e pode compensar.<br />

E – você tem noção de preço pago por citros orgânicos?<br />

P – olha, no ano passado visitei uma cooperativa a Ecocitrus de Montenegro e segundo o<br />

gerente, ele falou que, estava pagando R$ 2,00/ kg da laranja orgânica. Aí eu vejo que seria<br />

compensador. Um pé de laranja ali em uma propriedade se tu colhes 20.000 kg <strong>na</strong> normal e <strong>na</strong><br />

orgânica se você colher 10.000Kg, seria muito mais lucrativo, mas isso só mais pra frente.<br />

E – por enquanto você fica com o seu negocio?<br />

P – sim, eu to satisfeito.<br />

49


E – mas tu está com uma visão de possibilidade, se der algum entrave, você já pula pro outro<br />

lado, então?<br />

P – eu to ligado, fico ante<strong>na</strong>do. Tudo o que eu faço eu acompanho os acontecimentos.<br />

E – você tem outra área pra iniciar um novo plantio, e iniciar com orgânico? Quem sabe pode<br />

até ser um gatilho pra você explorar.<br />

P – hoje eu teria a área, mas tenho que tirar o eucalipto. E tem também uma área de mato que<br />

é a reserva legal, tem que preservar. E nessa área jamais eu vou mexer.<br />

E – então hoje, você não está com idéia de investir messe lado?<br />

P – hoje não, mas futuramente não se sabe, <strong>na</strong>s principais redes de supermercados, como o<br />

grupo Pão de Açúcar e Carrefour, compram de packinghouses e recebem a laranja através das<br />

centrais de compras próprias. e?<br />

E – vamos falar de mão-de-obra <strong>na</strong> propriedade. Qual o número de pessoas fixas <strong>na</strong><br />

propriedade?<br />

P – seria um.<br />

E – quem cuida do pomar?<br />

P – eu mesmo.<br />

E – o próprio produtor?<br />

P – exatamente.<br />

E – e quanto à mão-de-obra contratada? Quanto você geralmente contrata para te ajudar?<br />

P – geralmente 1 pessoa. Quando faço o tratamento, preciso de um cara pra me ajudar.<br />

E – qual a área total da propriedade?<br />

P – são 12,5 Ha de área total.<br />

E – quais as principais atividades da propriedade?<br />

P – principal é laranja citros e eucalipto.<br />

E – quantos hectares são com eucalipto?<br />

P – gira em torno de 5 hectares de eucalipto. O restante é a reserva legal. Tem uma área de<br />

eucalipto mais velha, quando eu tirar ele vou ter que pensar se planto mais eucalipto ou<br />

aumento a citricultura.<br />

E – quais as maiores dificuldades que você vê com a citricultura? Você tem que pensar em<br />

nível de propriedade, mudas, doenças, intempéries, falta de água, mercado entre outras<br />

dificuldades enfrentadas?<br />

P – o q eu enfrentei em primeiro lugar foi a muda. Eu comprei e ela era de baixa qualidade.<br />

Tanto é que essas 1.250 mudas que eu trouxe de São Paulo, tem uma qualidade bem melhor.<br />

Hoje em dia, já visitei vários viveiros e eles estão bem e melhorando <strong>na</strong> qualidade da muda. E<br />

50


as intempéries que seria a geada, granizo e chuvas, mas isso é normal do tempo e não dá pra<br />

gente prever o que vai acontecer.<br />

E – qual que você acha a principal <strong>na</strong> nossa região?<br />

P – tem várias, a comercialização não é fácil, tem que chutar o escanteio e ir <strong>na</strong> área, cabecear<br />

e fazer o gol. Imagi<strong>na</strong> você tem ali 70.000 kg de fruta no pomar e o que você vai fazer? Tem<br />

que se esticar. Então eu acho que essa é a parte que dá mais <strong>trabalho</strong>, pois você está cuidando<br />

do pomar para ter qualidade e estar ligado lá <strong>na</strong> frente para poder colocar a fruta. Também<br />

tem que dar um bom atendimento pro teu cliente diferenciado, pra você poder ganhar o cliente<br />

senão você perde, ele.<br />

E – você tem problemas com pragas e doenças? Você já falou alguma coisa antes<br />

P – não, tanto é que o meu pomar esta em um local privilegiado, está no meios de uns morros,<br />

tem bastante mato, que ajuda como quebra vento, acho que isso ajuda a manter o pomar mais<br />

fácil de doenças e pragas e não tem muito problema.<br />

E – fale um pouco da dificuldade sem ter a associação ou uma cooperativa de citricultores.<br />

P – a maior dificuldade que vejo é <strong>na</strong> comercialização, porque se tivesse uma cooperativa,<br />

como visitamos lá <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong>, eles tem uma cooperativa que o produtor colhe a sua<br />

produção e leva <strong>na</strong> cooperativa e ele ganha por qualidade. Se a laranja dele tiver com uma<br />

qualidade boa, ele vai ganhar um X e se tiver ruim outro preço. Assim estimula o cara a<br />

cuidar o pomar para ter qualidade <strong>na</strong> fruta.<br />

E – você não falou da dificuldade no preço. O preço está bom, então?<br />

P - o preço eu acho que o cara quem faz, se você tem qualidade você ganha o preço e ta<br />

dentro. Eu estou satisfeito com o que eu ganho. Por outro lado se você manda pra indústria<br />

você vai ganhar <strong>aqui</strong>lo lá e deu, pode suprir os custos somente.<br />

E – pra indústria o preço é o mesmo pra fruta bonita, peque<strong>na</strong>. É isso?<br />

P – é esse preço que ela paga e deu. Agora se você tem qualidade, porque você investiu no<br />

pomar com adubação e tratamento, tem quem explorar outro mercado.<br />

E – e os insumos chegam ser uma dificuldade <strong>na</strong> citricultura?<br />

P – o custo é baixo, é pouco o que você investe. E se você tem a venda lá <strong>na</strong> frente, tu ganha<br />

bem e aí pode repor a comida pra planta.<br />

E – então de dificuldade, fico a comercialização, as intempéries, as mudas, falta de<br />

organização da cadeia, falta de associação e cooperativa. Você acha que são essas as<br />

dificuldades?<br />

P – é isso, só se esqueci de alguma, mas essas são as principais.<br />

E – que sugestão você apresenta pra cadeia da citricultura?<br />

51


P – acho que é a organização dos citricultores que não está fácil. Falta da cooperativa, porque<br />

se você tem um local pra colocar a sua fruta, poderia sobrar mais tempo pra você ficar dentro<br />

da propriedade e se dedicar mais e ir atrás da melhor qualidade. Não precisava ficar correndo,<br />

de um lugar pra outro pra vender sua fruta. Tanto é que quando você vai fazer a venda, o dia é<br />

só pra isso, tu não pode dizer, vou lá vender e volto pra propriedade. E os viveiros trabalhar<br />

<strong>na</strong> melhoria das mudas. Porque hoje tem tudo pra dar certo, é só querer e se organizar. Porque<br />

se nos temos qualidade de mudas e a parte técnica que existe que é a <strong>Emater</strong> que dá<br />

assistência técnica, isso ali dá um suporte muito bom.<br />

E - você acha importante a assistência técnica?<br />

P – sim, é muito importante, tem que sempre continuar.<br />

E – assim então, de toda a conversa que tivemos, gostaria que você fizesse uma conclusão a<br />

respeito disso: eu moro <strong>na</strong> cidade, viajo pra Porto Alegre e algumas outras cidades maiores<br />

por aí e pago o copo de suco R$ 3,00 deve ter 400 ml. Você me disse que vende uma caixa ou<br />

1 kg de laranja por R$ 0,60 a R$ 0,70 nos melhores meses e nos piores de R$ 0,45 a R$ 0,50/<br />

Kg. Veja bem, <strong>na</strong> cidade o preço não abaixa e a tendência é sempre aumentar. O que você me<br />

falou até agora, tu vende a tua laranja in <strong>na</strong>tura pras pessoas comprarem no mercado ou <strong>na</strong><br />

padaria onde transformam essa laranja em suco. Qual sua visão disso, o que você tem a dizer?<br />

P – o atravessador, sempre ganha mais 3 a 4 vezes mais, do que a gente que produz, leva lá e<br />

deixa tudo bem organizado. O atravessador no casa da in <strong>na</strong>tura, não tira muito, mas quem<br />

transforma em suco, esse sim fatura bem, até extrapola, o preço vai lá em cima.<br />

E – você citou o exemplo da Ecocitrus, e nisso que eu te perguntei em relação ao preço e para<br />

a nossa região, não poderia melhorar um pouco o preço para o produtor? E se tivesse uma<br />

associação de citricultores vocês não poderiam investir numa agroindústria de suco?<br />

P – sim, daria para investir <strong>na</strong> região a exemplo da Ecocitrus, vender laranja in <strong>na</strong>tura e quem<br />

sabe transformar em suco também.<br />

E – bom, encerramos a entrevista com o produtor, muito obrigado.<br />

P – espero ter respondido tudo, procurei ser o mais sincero que pude nesse ramo que <strong>trabalho</strong>.<br />

52


ANEXO C - Fotos da propriedade rural Sítio das Laranjeiras<br />

53


ANEXO D - Tabela IBGE, 2006 – Área colhida, quantidade produzida e rendimento médio<br />

da laranja<br />

54

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