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Competitividade sustentável - Fiec

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Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará<br />

Ano V n N o 53 n OUTUBRO/2011<br />

CUlTURA INOVAdORA<br />

<strong>Competitividade</strong><br />

<strong>sustentável</strong><br />

Parte obrigatória das estratégias empresariais de sucesso,<br />

a inovação é reconhecida pelos principais executivos<br />

do mundo moderno como essencial à competitividade<br />

<strong>sustentável</strong>. O Sistema FIEC é protagonista no fomento à<br />

cultura inovadora na indústria cearense<br />

Impresso fechado,<br />

pode ser aberto pela ECT<br />

Impresso<br />

Especial<br />

9912285067/2011-DR/CE<br />

FIEC<br />

CORREIOS<br />

3


www.senai-ce.org.br<br />

A CARREIRA QUE VOCÊ QUER,<br />

O PROFISSIONAL QUE<br />

A INDÚSTRIA PRECISA.<br />

SENAI Casa Aberta.<br />

Onde sua iniciativa encontra o sucesso.<br />

Nos dias 20 e 21 de outubro o SENAI – Serviço<br />

Nacional de Aprendizagem Industrial estará de<br />

portas abertas com uma programação especial<br />

voltada para educação pro ssional, inovação e<br />

tecnologia industrial. O SENAI Casa Aberta oferece<br />

palestras, visitas às instalações, exposições e<br />

diversas atividades que colocam os jovens em<br />

contato direto com o conhecimento e orientam a<br />

escolha de uma pro ssão na indústria. Participe.<br />

A construção do seu futuro pro ssional é a<br />

construção de um Brasil com mais iniciativa.<br />

Programação completa no site<br />

www.senaicasaaberta.com.br<br />

OUTUBRO 2011 | No Publicação do Sistema Federação das<br />

Indústrias do Estado do Ceará<br />

53<br />

........................................................................................<br />

Química<br />

08<br />

anO InTERnacIOnal<br />

A ONU instituiu 2011 como o Ano<br />

Internacional da Química. No Ceará,<br />

o Sindquímica também comemora<br />

os 25 anos de criação do sindicato<br />

Responsabilidade social<br />

12<br />

Economia<br />

16<br />

SESI ImplanTa cOnSóRcIO<br />

Por meio do investimento social privado<br />

o SESI criou um consórcio de empresas<br />

no Distrito Industrial de Maracanaú<br />

para apoiar projetos na área<br />

cOnSTRUçãO cIvIl<br />

Além de conforto térmico e acústico,<br />

método construtivo alternativo<br />

apresentado na ExpoConstruir 2011<br />

proporciona economia de até 30%<br />

Ginástica laboral<br />

20<br />

SESI REcEBE pRêmIO<br />

O programa desenvolvido pelo SESI<br />

foi agraciado em São Paulo com<br />

o Prêmio Marca Brasil no setor de<br />

segurança e saúde do trabalho<br />

Perfil profissional<br />

40<br />

REfRIgERaçãO E clImaTIzaçãO<br />

A partir das exigências do mercado,<br />

o SENAI está adequando sua<br />

grade curricular ao novo perfil do<br />

trabalhador da área<br />

CAPA<br />

24<br />

ENAI<br />

28<br />

Inovação<br />

País avança no ranking de inovação, mas ainda somos<br />

menos competitivos em relação a alguns Brics. O<br />

Sistema FIEC é protagonista no fomento à cultura<br />

inovadora na indústria cearense<br />

fIEc lEva dElEgaçãO<br />

Empresários cearenses,<br />

sob a coordenação da<br />

FIEC, participam do mais<br />

representativo evento da<br />

indústria brasileira<br />

Sacolas plásticas<br />

42<br />

O dIlEma dO mEIO amBIEnTE<br />

A simples substituição do<br />

uso de sacolas plásticas<br />

pelo comércio pode não<br />

ser a opção mais viável<br />

ecologicamente<br />

Têxtil<br />

32<br />

SETOR SOfRE amEaça<br />

Considerado um dos<br />

mais importantes<br />

setores econômicos<br />

do país, o segmento<br />

enfrenta dificuldades<br />

Seções<br />

MensagemdaPresidência........5<br />

Notas&Fatos..............................6<br />

Inovações&Descobertas.........46<br />

Outubro de 2011 3<br />

| RevistadaFIEC |<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

FoTo: JoSÉ SoBRINHo


federação das Indústrias do Estado do ceará — fIEc<br />

DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1 o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge<br />

Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo<br />

Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha<br />

Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa<br />

Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José<br />

Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos<br />

Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros.<br />

CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando<br />

Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando<br />

Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.<br />

Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho<br />

Serviço Social da Indústria — SESI<br />

CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Carlos Roberto Carvalho Fujita,<br />

Marcos Silva Montenegro, Ricardo Pereira Sales e Luiz Francisco Juaçaba Esteves Suplentes José Moreira Sobrinho Representantes do Ministério<br />

do Trabalho e Emprego Efetivo Célia Romeiro de Sousa Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Representantes do Governo do Estado do<br />

Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado<br />

do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no<br />

Estado do Ceará Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães<br />

Serviço nacional de aprendizagem Industrial — SEnaI<br />

CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Ricard<br />

Pereira Silveira, Francisco Túlio Filgueiras Colares e Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo Suplentes Álvaro de Castro Correia Neto, Paula Andréa<br />

Cavalcante da Frota, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Geraldo Bastos Osterno Júnior Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio<br />

Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa<br />

Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco Assis Papito<br />

de Oliveira Suplente Célia Romeiro de Sousa Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio<br />

Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães<br />

Instituto Euvaldo lodi — IEl<br />

Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales<br />

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais (lcarlos@sfiec.org.br) Redação Ângela Cavalcante (adbastos@sfiec.org.br), G evan Oliveira (gdoliveira@sfiec.org.br) e<br />

Luiz Henrique Campos (lhcampos@sfiec.org.br) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf<br />

Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista<br />

da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos<br />

Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434, 9187-5063, 8857-1594 e 8786-2422 —<br />

publicidadesfiec@sfiec.org.br e airm@sfiec.org.br Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec<br />

Revista da FIEC. – Ano 5, n 53 (out. 2011) -<br />

– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -<br />

v. ; 20,5 cm.<br />

Mensal.<br />

ISSN 1983-344X<br />

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do<br />

Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.<br />

CDU: 67(051)<br />

MensagemdaPresidência<br />

Roberto proença de macêdo<br />

Agenda de protagonismo no 6º ENAI<br />

O 6º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), que<br />

se realiza de 26 a 27 de outubro, em São Paulo, ocorre em um<br />

momento no qual o Brasil é rondado por uma crise econômica<br />

mundial, de dimensões ainda não estimáveis. Nessa circunstância,<br />

esse encontro organizado pela CNI é uma grande oportunidade<br />

para exercermos nosso protagonismo, contribuindo para colocar<br />

o Brasil na rota que o leve a ocupar lugar de destaque na nova<br />

ordem econômica que surgirá no pós-crise.<br />

O protagonismo empresarial é que vai criar no Brasil uma<br />

agenda para a competitividade, que seja capaz de potencializar as<br />

nossas vantagens comparativas e de ampliar as nossas vantagens<br />

competitivas pelos caminhos da criatividade. Uma pauta dessa natureza<br />

requer que se tenha uma visão<br />

de desenvolvimento para pelo menos<br />

30 anos. O programa do 6º ENAI presta-se<br />

muito bem a essa discussão, por<br />

listar temas interligados, fundamentais<br />

a um posicionamento consistente<br />

do país na atual conjuntura.<br />

Devemos estar imbuídos do espírito<br />

de combater qualquer medida que<br />

coloque o Brasil em risco de desindustrialização<br />

no decorrer do debate sobre<br />

Agenda Brasil para a <strong>Competitividade</strong>.<br />

É também fundamental para a<br />

nossa competitividade que a nossa infraestrutura<br />

seja colocada em padrão<br />

mundial, pois não há como concorrer<br />

globalmente quando temos um custo<br />

logístico de 20% do nosso Produto Interno Bruto (PIB), enquanto<br />

o dos EUA é de 10% e o da Alemanha de 13%.<br />

O tema Transformações e Desafios da Indústria Globalizada<br />

já vem merecendo a atenção da CNI e das Federações, na Mobilização<br />

Empresarial para a Inovação (MEI), traduzindo a necessidade<br />

de transformarmos a nossa mentalidade empresarial para<br />

capacitarmos nossas indústrias, de todos os portes, a ocuparem os<br />

mercados mais exigentes e disputados. Minha expectativa é que o<br />

6º ENAI contribua para convencer os governantes de que a alocação<br />

de recursos em inovação não é despesa, mas investimento,<br />

e aumente a convicção de fazermos a nossa parte para acelerar a<br />

implementação de uma cultura inovadora na indústria.<br />

“O protagonismo empresarial<br />

é que vai criar no Brasil uma<br />

agenda para a competitividade,<br />

que seja capaz de potencializar as<br />

nossas vantagens comparativas e<br />

de ampliar as nossas vantagens<br />

competitivas pelos caminhos da<br />

criatividade.<br />

“<br />

No que se refere aos problemas de eficiência do Estado<br />

brasileiro, o painel Construindo um Novo Regime Fiscal é<br />

oportuno para a discussão sobre o inchaço da máquina governamental,<br />

o emperramento provocado pela burocracia e o<br />

desperdício de recursos produzido pela corrupção. É preocupante<br />

a constatação de que o governo vem arrecadando cada<br />

vez mais, em um percentual quase duas vezes maior do que o<br />

crescimento do PIB, enquanto os valores destinados a investimentos<br />

não aumentam na mesma proporção e as despesas<br />

continuam crescendo sistematicamente.<br />

Levando em conta os indicadores utilizados para a avaliação<br />

da educação no Brasil é bom ver no programa do 6º ENAI<br />

o tema Educação para uma Indústria<br />

Competitiva, que demonstra a<br />

disposição de encararmos a baixa<br />

qualidade do ensino e seus efeitos<br />

negativos na aprendizagem, como<br />

desafio de todos. Qualificar e valorizar<br />

os professores, adotar atividades<br />

escolares em tempo integral, criar<br />

mais cursos profissionalizantes, aumentar<br />

os cursos de engenharia por<br />

demandas e intensificar as relações<br />

entre empresas e universidades são<br />

algumas medidas indispensáveis<br />

para a formação de profissionais<br />

qualificados para o desempenho de<br />

funções mais complexas necessárias<br />

à competitividade industrial.<br />

Por fim, a temática do desenvolvimento com sustentabilidade<br />

está posta para discussão no item A Infraestrutura e o Meio<br />

Ambiente: Desafios Institucionais. Aqui temos uma questão<br />

complexa que pode ser tratada a partir de um preceito simples:<br />

em tudo o que se for fazer levar em consideração o conceito de<br />

preservação ambiental e cumprimento das regras estabelecidas.<br />

Ao colocar para debate temas de tanta importância, a CNI<br />

seguramente fortalecerá o diálogo que vem mantendo com<br />

áreas do governo, na busca de soluções práticas e suprapartidárias<br />

para os problemas brasileiros, reforçando o potencial<br />

do setor industrial de contribuir para o desenvolvimento <strong>sustentável</strong><br />

do país.<br />

4 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 5<br />

| RevistadaFIEC |


Notas&Fatos<br />

O q U E a c O n T E c E n O S I S T E m a f I E c , n a p O l í T I c a E n a E c O n O m I a<br />

SEmInáRIO SEp<br />

gRandes<br />

opoRtunidades<br />

de negóCio<br />

o MInISTRo dos Portos,<br />

Leônidas Cristino, fará a<br />

abertura do VI Seminário<br />

SEP de Logística e da III Feira<br />

de Tendências de Logística<br />

do Norte e Nordeste que<br />

serão realizados entre os<br />

dias 22 a 25 de novembro,<br />

no Gran Marquise Hotel.<br />

Na abertura, o ministro<br />

abordará a importância<br />

da Modernização dos<br />

Processos Portuários para o<br />

Comércio Exterior Brasileiro.<br />

A programação inclui<br />

ainda palestras técnicas<br />

de empresas nacionais<br />

e internacionais, visitas<br />

monitoradas ao terminal<br />

portuário do Pecém e<br />

ao Centro Vocacional<br />

Tecnológico Portuário da<br />

Companhia Docas do Ceará.<br />

Nessa perspectiva, durante<br />

o seminário, a geração de<br />

negócios, o intercâmbio<br />

de experiências e a<br />

apresentação e exposição de<br />

novas tecnologias se alinham<br />

proporcionando grandes<br />

oportunidades de negócios.<br />

Informações sobre a reserva<br />

e compra de estandes:<br />

Prática Eventos: 85 3433-<br />

7684 e 85 3433-7685.<br />

>> Cartas à redação contendo<br />

comentários ou sugestões de<br />

reportagens podem ser enviadas<br />

para a Assessoria de Imprensa<br />

e Relações com a Mídia (AIRM)<br />

Avenida Barão de Studart, 1980,<br />

térreo, telefone: (85) 3421-5434.<br />

E-mail: airm@sfiec.org.br<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

JOgOS dO SESI<br />

etapa municipal de natação<br />

inclui prova paraolímpica<br />

SESSEnTA PRoVAS de natação variadas (50 metros livre,<br />

50 metros costa, 50 metros peito, 50 metros borboleta,<br />

400 metros livre e revezamento 4x50 metros), divididas<br />

em três categorias (maior de 16, maior de 25 e maior de 35<br />

anos), foram disputadas na etapa municipal dos Jogos do<br />

SESI – modalidade natação. Este ano, pela primeira vez na<br />

competição, trabalhadores atletas portadores de deficiência<br />

disputaram provas. O torneio recebeu 82 inscrições, 12 delas<br />

para a competição paraolímpica. Os campeões em cada prova<br />

garantiram vagas para a fase regional dos Jogos do SESI, que<br />

será realizada de 23 a 27 de novembro em São Luís (MA). Os<br />

vencedores do regional seguem para a disputa nacional, que<br />

ocorre em junho de 2012 em Goiás.<br />

RESpOnSaBIlIdadE SOcIal<br />

fIRESO pROmOvE 4° EncOnTRO nO EnSInO SUpERIOR<br />

O Instituto FIEC de Responsabilidade<br />

Social (FIRESO) promoveu em outubro<br />

o 4° Encontro de Responsabilidade<br />

Social no Ensino Superior. O<br />

presidente do Conselho Permanente de<br />

Responsabilidade Social da Confederação<br />

Nacional da Indústria (CNI), Jorge<br />

Parente Frota Júnior, proferiu palestra<br />

mETal-mEcânIcO<br />

QuatRo novas<br />

indústRias<br />

Chegam a sobRal<br />

noVAS EMPRESAS<br />

fabricantes de carretas,<br />

ônibus, bicicletas e<br />

peças estão chegando<br />

a Sobral. O vicepresidente<br />

da FIEC,<br />

Roberto Sérgio Oliveira<br />

Ferreira, sugeriu ao<br />

diretor regional do<br />

SENAI, Francisco das<br />

Chagas Magalhães,<br />

durante reunião da<br />

diretoria realizada no<br />

dia 26 de setembro,<br />

a adequação do perfil<br />

da grade curricular do<br />

SENAI a essas novas<br />

empresas para atender<br />

à demanda da região<br />

por qualificação.<br />

Roberto Sérgio acredita<br />

que a chegada das<br />

empresas mudará a<br />

economia da zona<br />

norte, baseada no<br />

segmento calçadista.<br />

sobre o tema do encontro, que também<br />

foi discutido em minicursos, mesa<br />

redonda e apresentação de trabalhos<br />

acadêmicos. Na ocasião, também foi<br />

lançado o livro Responsabilidade Social<br />

e Sustentabilidade: Tecendo Relações<br />

Sociais, de Maria do Carmo Aguiar da<br />

Cunha Silveira.<br />

planO BRaSIl maIOR<br />

indústRias de<br />

Castanha e<br />

CaRnaúba<br />

o PRESIDEnTE do<br />

Sindicato das<br />

Indústrias Refinadoras<br />

de Cera de Carnaúba<br />

do Estado do Ceará<br />

(Sindcarnaúba),<br />

Edgar Gadelha,<br />

viajou a Brasília no<br />

final de setembro<br />

para acompanhar<br />

o andamento<br />

do processo de<br />

solicitação no<br />

Ministério do<br />

Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio<br />

Exterior (MDIC)<br />

que prevê a inclusão<br />

das indústrias de<br />

castanha de caju e de<br />

carnaúba na listagem<br />

dos setores a serem<br />

beneficiados pelo<br />

Plano Brasil Maior.<br />

AGENDA<br />

...................................................<br />

n Reciclando com<br />

Sustentabilidade é<br />

o tema da Recicla<br />

Nordeste 2011, que<br />

será realizada de 3 a 5<br />

de novembro, no Centro<br />

de Convenções, em<br />

Fortaleza. Na programação,<br />

feira de negócios e<br />

seminário de reciclagem<br />

e meio ambiente.<br />

Informações: www.<br />

reciclanordeste.com.br.<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

Notas&Fatos<br />

EcEmE<br />

FieC recebe oficiais<br />

do exército<br />

OPRESIDEnTE da FIEC,<br />

Roberto Proença de<br />

Macêdo, recebeu no<br />

final de setembro oficiais do<br />

Exército, alunos do curso<br />

de Altos Estudos Militares<br />

da Escola de Comando do<br />

Estado Maior do Exército<br />

(Eceme). A visita à Casa da<br />

Indústria teve o objetivo de<br />

conhecer as potencialidades<br />

do Ceará no aspecto<br />

econômico e ouvir do setor<br />

produtivo as expectativas<br />

com relação ao atual<br />

momento por que passa<br />

OS noVoS conselheiros<br />

do SESI e SENAI<br />

tomam posse no<br />

dia 28 de outubro.<br />

No Conselho do SESI<br />

são titulares Marcos<br />

Montenegro, Alexandre<br />

Pereira, Carlos Fujita<br />

e Cláudio Targino. Na<br />

suplência estão Pedro<br />

Jackson, Marcus Venícius<br />

o país. Roberto Macêdo<br />

fez uma apresentação do<br />

Sistema FIEC e também<br />

relatou as possibilidades que<br />

devem surgir para o Ceará<br />

em futuro breve, a partir<br />

dos projetos estruturantes<br />

previstos. O evento fez parte<br />

da visita que os oficiais<br />

realizaram por três capitais<br />

nordestinas (Salvador,<br />

Recife e Fortaleza) com<br />

a finalidade de analisar<br />

aspectos conjunturais,<br />

econômicos, políticos e<br />

sociais nas áreas visitadas.<br />

SESI/SEnaI<br />

novos conselheiros<br />

tomam posse<br />

Rocha Silva, Ricardo<br />

Teixeira e Vicente de Paulo<br />

Vale Mota. Os membros<br />

do Conselho do SENAI<br />

são Aluísio Ramalho,<br />

Ricard Pereira, Edgar<br />

Gadelha e Ricardo Sales.<br />

E como suplentes Luiz<br />

Eugênio Pontes, Túlio<br />

Colares, Paula Frota e Luiz<br />

Francisco Esteves.<br />

CURTAS<br />

--------------------n<br />

o SuPERInTEnDEnTE<br />

do CIN, Eduardo Bezerra<br />

Neto, esteve com o<br />

Sindicato das Indústrias<br />

de Mármore e Granito<br />

do Estado do Ceará<br />

(Simagran) em visita<br />

à Itália no final de<br />

setembro e adiantou<br />

que em 2012 o Ceará<br />

estará trabalhando<br />

com empresas italianas<br />

interessadas em<br />

fornecimento de leite<br />

para produção de queijos<br />

no estado.<br />

n EMPRESáRIoS<br />

portugueses integrantes<br />

de uma missão<br />

empresarial foram<br />

recepcionados na<br />

FIEC no início de<br />

outubro. No Ceará, com<br />

articulação do CIN da<br />

FIEC, participaram de<br />

cerca de 40 reuniões<br />

com empresas do setor<br />

produtivo local para<br />

realização de negócios.<br />

n o ClubE da Parceria,<br />

unidade do Serviço Social<br />

da Indústria (SESI/CE)<br />

em Maracanaú, recebeu<br />

no início de outubro a<br />

Ação Estrelar, iniciativa<br />

de responsabilidade<br />

social da empresa<br />

Pelágio Oliveira – Estrela.<br />

Funcionários da indústria,<br />

familiares e população do<br />

município de Maracanaú<br />

tiveram acesso a serviços<br />

de cidadania, educação,<br />

cultura, saúde e lazer.<br />

6 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 7<br />

| RevistadaFIEC |


Sindquímica<br />

Sindicato comemora Ano<br />

Internacional da Química<br />

As comemorações têm um significado especial para o Sindquímica<br />

porque em 2011 a entidade comemora 25 anos de existência em<br />

um momento favorável ao setor no estado<br />

AOrganização das Nações Unidas (ONU) proclamou<br />

2011 como sendo o Ano Internacional da Química,<br />

conferindo à Organização das Nações Unidas para<br />

a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e à União<br />

Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) a<br />

coordenação das atividades mundiais. A ideia é celebrar<br />

as grandes descobertas e os últimos avanços científicos e<br />

tecnológicos daquela que é considerada a base da vida. A<br />

meta foi promover em âmbito mundial o conhecimento e<br />

a educação química em todos os níveis, abrindo também<br />

uma reflexão sobre o papel da química na construção de<br />

um mundo <strong>sustentável</strong>.<br />

Para isso a Unesco e a IUPAC criaram o slogan Chemistry<br />

for a Better World (Química para um Mundo<br />

Melhor), com o qual pretendem gerar essa reflexão<br />

nos mais variados segmentos envolvidos com o setor.<br />

No Brasil, por meio dos seus órgãos representativos,<br />

a celebração do Ano Internacional da Química tem<br />

se voltado a apresentar um conjunto de ideias e ações<br />

destinado à melhoria da educação e da pesquisa. No<br />

caso da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), que ficou<br />

responsável pelas atividades, as ações estão sendo<br />

desenvolvidas como forma de contribuir com o Programa<br />

Nacional de Ciência e Tecnologia.<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

O estado do Ceará também se<br />

engajou na celebração com a criação<br />

pelo Sindicato das Indústrias<br />

Químicas, Farmacêuticas e da Destilação<br />

e Refinação de Petróleo do<br />

Ceará (Sindquímica), filiado à Federação<br />

das Indústrias do Estado do<br />

Ceará (FIEC), do I Prêmio Cearense<br />

de Química. O objetivo é incentivar<br />

o aprimoramento do setor com<br />

foco na inovação por meio do reconhecimento<br />

de projetos de viável<br />

aplicabilidade para o segmento. A<br />

participação é extensiva a estudantes<br />

das áreas química, farmácia e afins,<br />

dos ensinos médio, técnico ou superior<br />

reconhecidos pelo Ministério<br />

da Educação (MEC) e a profissionais<br />

graduados com registro nos respectivos conselhos<br />

de classe. As inscrições podem ser feitas até<br />

o dia 28 de outubro pelo telefone 85 3421-6515.<br />

De acordo com o presidente do sindicato,<br />

José Dias de Vasconcelos, os trabalhos inscritos<br />

no prêmio devem tratar de produtos, aplicação<br />

de um produto já existente, processo ou serviço,<br />

desde que dotados de caráter inovador. Nesse aspecto,<br />

os critérios de avaliação levarão em conta,<br />

além do caráter inovador, o interesse estratégico<br />

para a região, os méritos técnico e científico, a<br />

aplicabilidade, a utilidade prática, o potencial<br />

de mercado e a internacionalização. José Dias<br />

ressalta ainda que a intenção do prêmio é abrir<br />

as portas para que projetos do setor possam ser<br />

aproveitados pela iniciativa privada. "Temos<br />

poucos espaços de interação para essa troca de<br />

conhecimentos e muitos bons trabalhos acabam<br />

sem visibilidade e chances de serem aproveitados<br />

economicamente pelo mercado."<br />

O Ano Internacional da Química também<br />

tem um significado especial para o Sindquímica<br />

por ser em 2011 a comemoração dos 25 anos da<br />

entidade, especialmente em um momento favorável<br />

ao setor no estado. “Hoje, pode-se dizer<br />

que a indústria química local é uma das mais<br />

bem posicionadas no mercado brasileiro. Com<br />

529 empresas distribuídas em grandes, médias,<br />

pequenas e micro, o segmento apresenta um<br />

quadro no qual a maioria está investindo em<br />

maquinário, tecnologia, instalações, desenvolvimento<br />

de produtos e procurando se inserir<br />

mundialmente”, afirma José Dias.<br />

Como destaque, o setor de tintas, que está entre<br />

os maiores do Brasil e o maior do Nordeste<br />

em termos numéricos. "Estamos, inclusive, concluindo<br />

a construção de um laboratório (em fase<br />

de treinamento de pessoal) em conjunto com o<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial<br />

(SENAI/CE), entidade componente do Sistema<br />

FIEC, que atenderá de início às indústrias locais.<br />

Mas as ações poderão ser ampliadas para todo<br />

o Nordeste e o país. A construção demandou<br />

investimento de 1,2 milhão de reais", diz José<br />

Dias. Outro segmento importante no estado é o<br />

da indústria farmacêutica. "O Ceará é o maior<br />

produtor de nutrição parenteral (soro) do Brasil<br />

e único no Nordeste."<br />

O bom momento para a indústria cosmética<br />

também não é diferente. “A indústria nesse ramo<br />

tem crescido, modificado e ampliado sua linha<br />

de produtos", observa o líder sindical. Quanto a<br />

produtos de limpeza, o Ceará também se destaca<br />

pela produção de itens domiciliares e institucionais,<br />

como lavanderias, que demandam grandes<br />

quantidades de sabão, por exemplo. Por tudo isso,<br />

a projeção de crescimento para 2011 deve girar em<br />

torno de 7% a 8%, avalia José Dias. Em relação às<br />

exportações, admite que são pouco expressivas,<br />

por conta das exigências do mercado externo, embora<br />

em 2010 o setor tenha movimentado cerca de<br />

840 000 dólares. "O mercado externo é muito burocrático<br />

quando se trata de produtos químicos.<br />

Conseguir entrar nesse mercado exige um novo<br />

registro dos produtos, o que acaba dificultando as<br />

nossas exportações", explica José Dias.<br />

Hoje, pode-se<br />

dizer que a<br />

indústria química<br />

local é uma das mais<br />

bem posicionadas no<br />

mercado brasileiro.<br />

José Dias de Vasconcelos,<br />

presidente do Sindquímica<br />

““<br />

8 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 9<br />

| RevistadaFIEC |<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS


FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

Treinamento gerencial<br />

e mercadológico para<br />

empresas associadas ao<br />

Sindquímica, realizado em<br />

2007, dentro do projeto<br />

Cosmético & Saneantes<br />

10<br />

| RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Perspectivas animadoras<br />

Ahistória do Sindquímica remonta a abril<br />

de 1986, quando a então Associação<br />

Profissional das Indústrias Químicas e<br />

Farmacêuticas de Fortaleza se transforma, por<br />

força de Carta Sindical assinada pelo ministro<br />

do Trabalho Almir Pazzianotto Pinto, em Sindicato<br />

das Indústrias Químicas e Farmacêuticas de<br />

Fortaleza. Em janeiro de 1990, é ampliada a<br />

base de representação sindical, passando a<br />

incluir indústrias de destilação e refinação de<br />

petróleo, bem como estendendo essa ampliação<br />

a todo o território cearense. Durante esse<br />

período, o único presidente da entidade foi o<br />

empresário João Fernandes Fontenelle.<br />

Em setembro de 2004, grupo de industriais<br />

do setor formam chapa liderada por José Dias de<br />

Vasconcelos, vencendo as eleições. Já na posse<br />

da nova diretoria, em outubro do mesmo ano, é<br />

anunciada a filiação de 17 empresas. Na época, a<br />

instituição contava com 20 empresas associadas.<br />

Atualmente, a entidade conta com 47 indústrias.<br />

Para José Dias, o aumento da base sindical foi<br />

possível porque o sindicato passou a se aproximar<br />

mais do associado. Ele destaca que a instituição<br />

tem procurado atuar dentro do que o segmento<br />

precisa, levando em conta o potencial do estado.<br />

Para isso, destaca que estão sendo desenvolvidas<br />

missões ao exterior e intermediações na Agência<br />

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dentre<br />

outras iniciativas. Já no primeiro mandato, lembra<br />

José Dias, foi oferecida assessoria jurídica aos<br />

associados com a contratação de um escritório<br />

especializado. Outra iniciativa se deu por meio da<br />

participação na Feira da Beleza, evento de grande<br />

repercussão para o segmento, que possibilitou o<br />

estreitamento de laços com a entidade promotora<br />

– a Associação dos Cabeleireiros do Ceará.<br />

A ideia de parceria também tem permitido a<br />

participação compartilhada em feiras e eventos<br />

realizados fora do estado, abrindo horizontes<br />

às empresas do setor para alcançar novos<br />

mercados. Por meio de iniciativas do tipo o<br />

Sindquímica viabilizou estandes institucionais nas<br />

feiras Hospitalar (São Paulo), Abradilan – Farma<br />

(Fortaleza, Salvador e São Paulo) e FCE Cosmetic<br />

(São Paulo), dentre outras. Quanto às missões<br />

internacionais, este ano foram realizados eventos<br />

com a presença do Sindquímica em Bolonha<br />

(Itália), China e na Alemanha.<br />

O sindicato ainda desenvolveu em 2007, em<br />

parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às<br />

Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Projeto<br />

Cosmético & Saneantes, cuja finalidade era<br />

regularizar a situação das empresas de cosméticos<br />

e saneantes e ensejar sua consolidação mediante<br />

treinamentos gerencial, mercadológico e<br />

tecnológico. José Dias afirma que o fortalecimento<br />

do Sindquímica trouxe consigo o aumento da<br />

demanda dos associados. "O sindicato é muito<br />

procurado por causa da amplitude de sua base,<br />

que vai do setor de gás a de petróleo, passando<br />

por cosméticos e o de produtos hospitalares."<br />

Como reflexo de tal abrangência, a atual gestão<br />

decidiu criar comissões específicas por áreas<br />

de atuação, acarretando maior fortalecimento<br />

sindical. Hoje, diz José Dias, ocorrem reuniões<br />

ordinárias da diretoria<br />

quase semanalmente,<br />

sem prejuízo da agenda<br />

diária à qual o presidente<br />

é submetido. Isso mostra,<br />

entende o presidente,<br />

que o setor está se<br />

fortalecendo como<br />

segmento estratégico para<br />

a economia cearense.<br />

"Nosso papel é dar conta<br />

desse movimento, que<br />

tende a aumentar nos<br />

próximos anos com os<br />

empreendimentos previstos<br />

para o estado", finaliza<br />

José Dias de Vasconcelos.<br />

Tintas<br />

o segmento de tintas está entre os grandes produtores do Brasil.<br />

São cerca de 35 empresas, sendo a maior produção do Nordeste<br />

em termos numéricos. As empresas mais importantes são Hidracor,<br />

Hipercor, Hidrotintas e Fortcolor. o Ceará será o segundo no país<br />

com laboratório de tintas, que permitirá a certificação de produtos.<br />

As empresas locais ainda enfrentam um problema de certificação,<br />

pois só em São Paulo existe laboratório para tal fim.<br />

Farmacêutico<br />

outro setor importante é o farmacêutico. Hoje, o Ceará é o primeiro<br />

no país em produção de soluções parenterais. No Nordeste, é o único<br />

estado que produz essa linha de produtos. A tendência é crescer<br />

mais ainda com o polo farmoquímico do Eusébio, principalmente<br />

com a entrada no projeto da Fundação oswaldo Cruz.<br />

Saneantes<br />

o setor de saneantes também tem apresentado crescimento no<br />

Ceará. Atua em três segmentos: domiciliar, institucional (grandes<br />

volumes) e hospitalar. Nesse segmento, não há grandes empresas,<br />

mas vem crescendo bem e se consolidando. A questão que<br />

preocupa é a informalidade.<br />

Setor químico no Ceará<br />

Defensivos agrícolas<br />

Tem como carro-chefe a Nufarm, que está entre as três maiores do<br />

Brasil. De capital australiano, a empresa comprou a empresa Agripec,<br />

do empresário Beto Studart.<br />

Veterinário<br />

No segmento, o Ceará tem uma unidade da Intervet, responsável<br />

pela produção de vacinas contra a febre aftosa. Está entre as três<br />

maiores do Brasil.<br />

Cosméticos<br />

o segmento de cosméticos cearense se coloca entre os três maiores<br />

do Nordeste, com destaque para as empresas Madrevita, Singel,<br />

Laborene, Biomática e a WU. São fabricados todos os produtos do<br />

segmento, com exceção de maquiagem e tintura para cabelo. Nesse<br />

campo, o Brasil já é o segundo produtor do mundo. Há menos de<br />

dez anos era o quinto.<br />

Plástico<br />

o estado tem no setor a Joongbo do Brasil, produtora de isolantes<br />

térmicos e acústicos para todo o país.


Responsabilidade social<br />

SESI implanta consórcio<br />

em Maracanaú<br />

Proposta de consórcio em investimento social privado para as indústrias<br />

do Distrito Industrial de Maracanaú foi apresentada pelo Núcleo de<br />

Responsabilidade Social Empresarial a gestores de empresas<br />

POR LUIZ HENRIQUE CAMPOS<br />

Com população de 209 748 habitantes, de<br />

acordo com o último senso do Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística<br />

(IBGE), o município de Maracanaú, na região<br />

metropolitana de Fortaleza, possui a segunda<br />

maior economia do Ceará. A partir do Produto<br />

Interno Bruto (PIB), centralizado fundamentalmente<br />

no setor industrial, apesar da participação<br />

do setor de serviços, é também o segundo maior<br />

exportador do estado. Emancipado de Maranguape<br />

em 1983, Maracanaú já nasceu grande e<br />

hoje sua taxa de urbanização é de quase 100%,<br />

apresentando ainda crescimento populacional<br />

vertiginoso, atualmente com cinco importantes<br />

conjuntos habitacionais.<br />

A consequência da alta taxa de urbanização,<br />

porém, é a existência de problemas típicos do<br />

gênero. No município, 37 735 famílias vivem em<br />

situação de pobreza, sendo que 22 380 recebem<br />

os benefícios do programa Bolsa Família. Como<br />

componente desse quadro, 78% das mortes verificadas<br />

no município em 2005, último dado<br />

oficial do Ministério da Saúde, têm como origem<br />

causas externas de três tipos: acidentes de<br />

transporte, lesões provocadas voluntariamente<br />

e agressões. Do total, 85% atingiram jovens na<br />

faixa etária variando entre 15 e 19 anos.<br />

É nesse cenário que está instalado o maior<br />

distrito industrial do Ceará, com 680 empresas,<br />

que, de uma forma ou de outra, são afetadas<br />

pelas condições de vida da população.<br />

Maracanaú, por exemplo, é tido hoje como<br />

um dos mais violentos municípios do estado.<br />

Com a concepção de que o que acontece fora<br />

das empresas também atinge o ambiente interno<br />

de trabalho, o Núcleo de Responsabilidade<br />

Social Empresarial do Serviço Social<br />

da Indústria (SESI/CE), entidade componente<br />

do Sistema Federação das Indústrias<br />

do Estado do Ceará (Sistema<br />

FIEC), apresentou em setembro, durante<br />

encontro destinado a gestores de empresas<br />

da região, a proposta de um consórcio<br />

em investimento social privado a<br />

ser desenvolvido por indústrias locais.<br />

Segundo Cybelle Borges, gerente do<br />

núcleo, a proposta visa fortalecer o elo<br />

entre o SESI e as empresas na gestão de<br />

soluções sociais. Para isso, a ideia é criar<br />

um comitê gestor composto por dez empresas<br />

para otimizar recursos a partir da<br />

atuação consorciada. A executiva explica<br />

que muitas das indústrias instaladas na região<br />

já promovem ações sociais, mas de forma isolada.<br />

"Queremos aumentar o impacto social dos projetos<br />

atuando em rede." Na visão de Cybelle, o trabalho<br />

em conjunto e articulado tem mais chance<br />

de contribuir para a melhoria dos indicadores sociais<br />

e fortalecer a responsabilidade social como<br />

ferramenta de gestão e diferencial competitivo.<br />

Ela diz que o conceito de investimento social<br />

privado trata-se de uma das facetas da responsabilidade<br />

social empresarial, constituindo-<br />

-se no repasse voluntário de recursos privados<br />

de forma planejada, monitorada e sistemática<br />

para projetos sociais. Isso se justificaria, ressalta<br />

a gerente do SESI, para que muitos projetos<br />

de responsabilidade social sejam relativamente<br />

pequenos diante dos desafios. Outro aspecto é<br />

que intervenções isoladas muitas vezes são superpostas<br />

e intervêm em áreas de competências<br />

de órgãos públicos, sem a devida integração.<br />

A ideia do consórcio, como destaca Cybelle,<br />

surgiu da análise do mapa das empresas que<br />

participam do programa Agentes de Responsabilidade<br />

Social (RSE), no qual foi detectada a<br />

proximidade geográfica de unidades produtoras<br />

participantes, despertando para a possibilidade<br />

dos consórcios. O programa de agentes<br />

de RSE surgiu com a ideia de estruturar um<br />

sistema de relacionamento em que representantes<br />

das empresas sejam treinados para lidar<br />

com tal enfoque. "Ao verificarmos o mapa, podemos<br />

ver que muitas empresas são vizinhas e<br />

poderiam realizar ações em conjunto nas suas<br />

comunidades", afirma Cybelle.<br />

A proposta do trabalho é aberta, e serão os<br />

próprios participantes que definirão como pretendem<br />

atuar. Como sugestão inicial, no entanto,<br />

o SESI sugeriu dois programas que poderão<br />

ser adotadas. Um deles é o SESI Atleta do Futuro,<br />

que, baseado na formação esportiva, presta atendimento<br />

a crianças e adolescentes entre seis e 17<br />

anos, priorizando filhos de funcionários da indústria.<br />

O conceito é fomentar práticas esportivas<br />

para o desenvolvimento das habilidades motoras,<br />

da aptidão física e da adoção de valores positivos<br />

do esporte. Em termos de metodologia, o Atleta<br />

do Futuro trabalha com três eixos: atividades<br />

permanentes (aulas), desenvolvimento dos temas<br />

transversais e eventos com as famílias.<br />

Outra iniciativa apresentada pelo SESI foi o<br />

programa Cozinha Brasil, de caráter social, que<br />

ensina receitas simples e de baixo custo à população<br />

de trabalhadores e seus dependentes, a<br />

partir do aproveitamento integral dos alimentos.<br />

Por meio dele, são promovidos cursos sobre<br />

como utilizar métodos corretos de produção,<br />

processamento, conservação e consumo de produtos<br />

alimentícios. O resultado é que há a redução<br />

do desperdício na preparação dos alimentos,<br />

além de conscientizar a população sobre a<br />

importância de uma alimentação equilibrada,<br />

rica em nutrientes e saudável. Estimativas não<br />

oficiais apontam que por dia são desperdiçadas<br />

na Ceasa de Maracanaú algo em torno de 60 000<br />

toneladas de alimentos.<br />

O consórcio de Maracanaú está inserido dentro<br />

de um primeiro passo na estratégia maior de<br />

atuação em rede. Cybelle diz que outros consórcios<br />

deverão ser trabalhados em regiões nas quais<br />

foi visualizada essa perspectiva geográfica. No futuro,<br />

como segundo passo, a intenção é procurar<br />

captar parcerias com governos, organizações não<br />

governamentais etc., que possam potencializar<br />

atendimento ao público beneficiado. Em outro<br />

momento, está previsto o lançamento de editais<br />

públicos para o financiamento de projetos sociais.<br />

Cybelle Borges: "Projeto<br />

fortalece o elo entre SESI<br />

e empresas na gestão de<br />

soluções sociais"<br />

12 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 13<br />

| RevistadaFIEC |<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS


FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

Importância do entorno<br />

Presidente da Associação das Empresas do<br />

Distrito Industrial de Maracanaú (Aedi),<br />

Edílson Teixeira lembra que a atuação em<br />

condomínios ou consórcios é hoje inerente a<br />

qualquer condição humana. "Nossa vida é dessa<br />

forma, seja em casa ou no trabalho. E aqui, na<br />

comunidade em que nossas empresas estão<br />

inseridas, não é diferente." Segundo ele, não<br />

se pode ignorar que o entorno das empresas<br />

é uma questão que também lhes diz respeito.<br />

“<br />

Um dos fatores<br />

que mais<br />

preocupam as empresas<br />

é a qualificação da mão<br />

de obra.<br />

“<br />

Edílson Teixeira,<br />

presidente da Aedi<br />

Esporte e qualidade de vida<br />

AFábrica Estrela – Pelágio Oliveira S/A,<br />

instalada no Distrito Industrial de<br />

Maracanaú, faz parte do programa<br />

Agente de Responsabilidade Social e já adota<br />

o programa SESI Atleta do Futuro desde<br />

2008. Especializada em produtos alimentícios<br />

derivados do trigo, e fabricando diversos tipos<br />

de massas e biscoitos com as marcas Estrela,<br />

Pelaggio e Salsito, comercializados em quase<br />

todo o Norte/Nordeste do país, a indústria<br />

aderiu de "cara ao programa por termos nossa<br />

imagem ligada ao esporte e à qualidade de<br />

vida", ressalta Walesca Andrade, gerente de<br />

Recursos Humanos.<br />

A ação começou com 150 crianças e<br />

evoluiu, a partir do conceito do programa, para<br />

"Estamos a todo instante reclamando de lixo,<br />

de insegurança, mas esquecemos que esse é<br />

também um problema nosso”, frisa.<br />

Edílson amplia a visão exemplificando com<br />

o que ocorre em sua empresa: "Se o meu<br />

empregado enfrenta dificuldades de qualquer<br />

ordem em sua casa, por exemplo, isso tem reflexo<br />

na produção. Então, também me afeta." Ele<br />

lembra que um dos fatores que mais preocupam<br />

as empresas nesse momento é a qualificação de<br />

mão de obra, como se isso acontecesse de uma<br />

hora para outra. "Essa criança que não tem estudo<br />

hoje vai me fazer falta amanhã como profissional,<br />

impactando diretamente na minha atividade como<br />

empresário", finaliza Edílson Teixeira.<br />

O secretário de Ação Social de Maracanaú,<br />

Gerardo Soares, aponta que o estado, como ente<br />

responsável pelo bem-estar da população, não<br />

pode ficar alheio aos problemas da comunidade<br />

e nem fazer as coisas de forma isolada. "O gestor<br />

público, hoje, tem de estar antenado com as<br />

transformações e buscar parcerias com os mais<br />

diversos segmentos para resolver os problemas<br />

comuns." Gerardo destaca que a prefeitura, em<br />

vista disso, está aberta a colaborar com as ações<br />

que surjam a partir do consórcio.<br />

atividades nas áreas de cultura, educação e<br />

formação para o futuro. Isso implica, destaca<br />

Walesca, necessidade de uma dedicação<br />

especial ao público, formado por jovens com<br />

especificidades próprias. Assim, diz ela, a<br />

empresa oferece um ônibus para as atividades<br />

da criança e monitores. O trabalho envolve<br />

ainda reuniões periódicas com os pais. "Nós<br />

temos consciência que não é só colocar os<br />

meninos lá e pronto. Não, é preciso cuidar e<br />

até entender que os problemas são normais<br />

nessa fase da vida."<br />

Walesca destaca que não há como mensurar<br />

que, por terem os filhos dos colaboradores<br />

engajados em um programa oferecido pela<br />

empresa, a produtividade dos colaboradores<br />

tenha melhorado. "Isso não temos como saber.<br />

Mas vemos a satisfação deles no trabalho."<br />

Para a gerente da Pelágio, porém, o mais<br />

importante é saber que a iniciativa vai gerar<br />

frutos àqueles jovens, independente de ser<br />

na empresa ou em Maracanaú. "E nós, como<br />

empresa, temos sim essa responsabilidade<br />

de procurar ajudar na sua formação", encerra<br />

Walesca Andrade.<br />

Contexto brasileiro de<br />

segurança alimentar<br />

Cerca de 13,921 milhões de brasileiros estão em<br />

situação de insegurança alimentar.<br />

48,31% dos domicílios pesquisados no estado se<br />

encontram em situação de insegurança alimentar.<br />

Cerca 11,3 milhões de toneladas de grãos<br />

foram desperdiçados. Quantidade suficiente<br />

para alimentar cerca de 18 milhões de famílias.<br />

Desperdício = 4 bilhões de reais por ano.<br />

Investimento social privado<br />

Até setembro deste ano, o Instituto Gerdau,<br />

por meio do projeto Fundo Pró-Criança, tinha<br />

beneficiado cerca de 200 000 crianças<br />

e adolescentes em todo o Brasil. É voltado para<br />

melhorar a qualidade de vida de jovens carentes,<br />

em situação de risco, dependentes químicos e<br />

portadores de necessidades especiais. O diferencial<br />

na proposta é que a manutenção do programa se<br />

dá a partir de contribuições via Lei n° 8069, de<br />

13/7/1990. Mediante a lei pessoas físicas podem<br />

doar até 6% do imposto de renda devido e pessoas<br />

jurídicas até 1%, com alíquota de 15%.<br />

O exemplo da Gerdau é um caso concreto de<br />

investimento social privado no qual cada pessoa<br />

ou empresa doadora pode escolher a entidade<br />

a ser beneficiada. Para isso, basta que as<br />

entidades atendidas tenham projetos aprovados<br />

nos conselhos municipais, estaduais ou federal<br />

e se enquadrem dentro da perspectiva de uma<br />

política pública. O trabalho, segundo Clódis<br />

Xavier, gerente do Instituto Gerdau, começou em<br />

FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

1999 com foco em projetos que contemplassem<br />

as áreas de educação e inclusão social. Hoje,<br />

participam da iniciativa tanto acionistas, como<br />

a empresa e colaboradores no que diz respeito<br />

ao aporte financeiro. Além disso, ressalta Clódis,<br />

a Gerdau também mobiliza outras organizações<br />

a realizarem contribuições e ajuda os conselhos<br />

públicos na sua organização.<br />

A experiência, destaca o gerente do Instituto<br />

Gerdau, permitiu um novo olhar para as<br />

oportunidades previstas na legislação a partir dos<br />

incentivos nos âmbitos municipais, estaduais e<br />

federal. Para se ter uma ideia do alcance do projeto,<br />

Clódis diz que em 1999 o trabalho começou com<br />

quatro projetos, pulando para 1 541 em 2011.<br />

“Quanto a doações, saiu de 96 000 reais em 1999<br />

para 35 milhões de reais este ano, fazendo com<br />

que 53 conselhos fossem apoiados diretamente.”<br />

Em termos de ranking estadual, o Ceará aparece<br />

como o quinto estado mais beneficiado, tendo<br />

recebido este ano 823 000 reais para os projetos.<br />

Programa Atleta do<br />

Futuro realizado pelo<br />

SESI na Fábrica Estrela<br />

14 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 15<br />

| RevistadaFIEC |


<strong>Competitividade</strong><br />

Alternativa para a<br />

construção civil<br />

Método construtivo, além de conforto térmico e acústico, é capaz de<br />

proporcionar uma economia de até 30% no custo final da obra. Proposta foi<br />

materializada pela Anicer e Sindicerâmica durante a ExpoConstruir 2011<br />

Um método construtivo alternativo que, além de conforto<br />

térmico e acústico, é capaz de proporcionar uma<br />

economia de até 30% no custo final da obra. A proposta<br />

foi materializada pela Associação Nacional da Indústria Cerâmica<br />

(Anicer) e Sindicato da Indústria de Cerâmica do Estado<br />

do Ceará (Sindicerâmica) durante a ExpoConstruir 2011<br />

– Feira de Materiais e Sistemas Construtivos, com a montagem<br />

e exposição do projeto Solução Cerâmica – Minha Casa,<br />

Minha Vida, uma residência de dois quartos que atende ao<br />

padrão do programa habitacional do governo federal, erguida<br />

por meio de alvenaria estrutural com blocos cerâmicos.<br />

Na prática, a casa modelo mostrou que a metodologia embute<br />

outras vantagens, como praticidade, segurança e rapidez,<br />

que ampliam a produtividade da construção com ganho<br />

simultâneo de qualidade. Em apenas cinco dias, o imóvel<br />

foi erguido, teve todas as instalações hidráulicas e elétricas<br />

realizadas, o piso foi assentado, as paredes foram revestidas<br />

e todos os cômodos mobiliados.<br />

De acordo com Fernando Ibiapina, presidente do<br />

Sindicerâmica, a demonstração da casa confeccionada com<br />

blocos de cerâmica na ExpoConstruir ajudou a reforçar o trabalho<br />

de divulgação da alvenaria estrutural que a Anicer tem<br />

feito no país inteiro, conquistando multiplicadores. "Para fazer<br />

a demonstração da casa na feira, contamos com parceiros<br />

fundamentais que forneceram blocos cerâmicos, tinta, piso e<br />

revestimentos necessários."<br />

FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

No meio dos participantes do projeto Solução<br />

Cerâmica estão a construtora ECB Engenharia, o<br />

Grupo Tavares, que cedeu os blocos cerâmicos, e a<br />

Hidracor, que forneceu as tintas; a Cerbras doou os<br />

pisos, a cerâmica Kappa contribuiu com as telhas<br />

e a Osterno mobiliou o imóvel. Também contribuíram,<br />

fornecendo matéria-prima e serviços, as<br />

empresas Cerâmica Torres, Polidoors, Artepiso,<br />

Madefort, Carmal, Madeireira Nova Conquista,<br />

Natura Garden, Ika Eventos e o Serviço Brasileiro<br />

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).<br />

Segundo o assessor técnico da Anicer, Edvaldo<br />

Costa Maia, em comum todas as empresas que<br />

participaram da iniciativa integram o Programa<br />

Setorial de Qualidade (PSQ). "A gente trabalhou<br />

exclusivamente com produtos de empresas certificadas<br />

ou que estão se qualificando no Programa<br />

Brasileiro da Qualidade e Produtividade do<br />

Habitat (PBQP-H). Segundo ele, o material trabalhado<br />

(bloco cerâmico) proporciona conforto<br />

térmico e acústico porque utiliza a argila como<br />

matéria-prima. O conceito adotado na técnica é<br />

o da alvenaria racionalizada, planejada dentro do<br />

conceito da sustentabilidade.<br />

De acordo com Edvaldo Maia, a alvenaria<br />

estrutural proporciona até 30% de economia<br />

no custo final da obra porque dispensa o custo<br />

da madeira para fazer formas e pilares, além de<br />

não precisar de vigas de concreto. "Usamos o<br />

próprio bloco para isso. O bloco é a forma. É<br />

uma economia muito maior. Então, se a casa<br />

custaria 100 000 reais, você vai gastar apenas<br />

70 000 reais com a alvenaria estrutural. Esses<br />

30 000 reais você pode investir noutras coisas."<br />

A velocidade da obra é outro diferencial face ao<br />

método tradicional. "Em Fortaleza, já existem<br />

empresas que constroem uma casa em alvenaria<br />

estrutural no prazo de dez a 12 dias", sustenta.<br />

O método também diminui o consumo de<br />

cimento e argamassa e facilita o acabamento.<br />

Na fase final, basta aplicar uma camada<br />

de gesso ou argamassa de cinco milímetros,<br />

eliminando cinco fases (chapisco, cimento,<br />

areia, passa a régua e argamassa). É possível<br />

também aplicar um texturizado direto ou um<br />

verniz se não quiser usar argamassa ou gesso.<br />

Edvaldo Maia reconhece que alvenaria estrutural<br />

pode utilizar blocos de cerâmica ou de<br />

cimento. Porém, a vantagem do bloco cerâmico<br />

em relação ao concorrente é precisamente<br />

o conforto térmico e acústico. "É questão<br />

de transmissão de calor. O outro produto<br />

esquenta logo, consequentemente, passa esse<br />

calor para dentro da casa rapidamente. Com<br />

“<br />

Além da praticidade,<br />

segurança e rapidez da<br />

técnica, outras vantagem da<br />

alvenaria estrutural com blocos<br />

cerâmicos é que a construção<br />

oferece maior conforto térmico<br />

aos moradores, “ sem falar na<br />

beleza estética.<br />

Fernando Ibiapina, presidente do Sindicerâmica<br />

o material cerâmico, o tempo para irradiar<br />

o calor internamente demora muito mais.<br />

A cerâmica em si, pelas propriedades, é<br />

material isolante", destaca o assessor.<br />

A argila permite também o isolamento<br />

acústico. É a matéria-prima básica para fazer o<br />

bloco cerâmico, que proporciona, por meio da<br />

composição química e do formato da estrutura<br />

do bloco, o conforto térmico e acústico. Assim,<br />

o tamanho e o tipo de material favorecem<br />

e minimizam todo o ruído que venha para<br />

dentro da casa. "O encaixe dos blocos permite<br />

que se obtenham vãos de ar dentro da parede<br />

da casa. O som vem, o ar corta e acaba sendo<br />

um bloqueador, como ocorria com as paredes<br />

cobertas com embalagens de ovos no passado",<br />

diz Edvaldo Maia. A resistência é outro<br />

atributo inerente à alvenaria estrutural. “As<br />

paredes suportam, inclusive, redes de dormir<br />

Edvaldo Maia: "A alvenaria<br />

estrutural proporciona até<br />

30% da economia no custo<br />

final da obra"<br />

16 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 17<br />

| RevistadaFIEC |<br />

FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

FoTo: JoSÉ SoBRINHo


FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

Sobre a ExpoConstruir<br />

– tradicionais no Ceará. A cerâmica já vende<br />

o bloco com recorte para chumbar o armador<br />

dentro dele. O armador já vai na alvenaria."<br />

Para Edvaldo Maia, diante do boom da<br />

construção civil e da proximidade da Copa<br />

do Mundo de 2014, a velocidade da obra é<br />

muito importante aos projetos de construção<br />

civil no Ceará. A padronização é um fator do<br />

sistema que irá facilitar todo o conjunto de<br />

ações da obra. Embora o conceito da alvenaria<br />

estrutural seja antigo, Edvaldo diz que em<br />

muitas regiões, inclusive no Ceará, o método<br />

é uma coisa nova, mais focado nas capitais.<br />

Mas, enquanto existem pessoas que ainda não<br />

conhecem o método com blocos cerâmicos,<br />

garante que já existem fabricantes no estado<br />

com potencial para atender ao mercado local.<br />

O que precisa é aumentar a demanda pela<br />

construção com blocos cerâmicos.<br />

Edvaldo Maia reforça que a resistência do<br />

bloco é muito maior do que nos tijolos tradicionais<br />

porque ele é a própria estrutura. "A<br />

carga toda é feita em cima do bloco. Hoje, no<br />

O curso de<br />

alvenaria<br />

estrutural terá duração<br />

de uma semana e deve<br />

ocorrer nas dependências<br />

da FIEC.<br />

Francisco de Assis Farias,<br />

engenheiro civil especialista em<br />

engenharia estrutural<br />

““<br />

Com uma dinâmica de funcionamento bastante<br />

diferenciada, a feira de materiais e sistemas<br />

construtivos reúne profissionais de toda a cadeia<br />

produtiva da construção civil, buscando apresentar novos<br />

materiais e tecnologias ao público.<br />

Aproximadamente 10 000 visitantes, dentre engenheiros,<br />

arquitetos, decoradores, paisagistas, investidores, lojistas,<br />

Brasil, já há construções com até nove pavimentos<br />

construídos com bloco estrutural, sem<br />

o uso de pilar. Mas a nossa perspectiva é chegar<br />

entre 12 e 14 pavimentos." Segundo o assessor<br />

técnico, sobrados, prédios, casas e galpões são<br />

obras que podem ser fabricadas nesse método.<br />

Mão de obra especializada<br />

Atécnica, porém, ainda necessita de mão<br />

de obra especializada em alvenaria<br />

estrutural. "O Sindicerâmica, em parceria<br />

com o Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

Industrial (SENAI/CE), precisará assumir<br />

a responsabilidade de qualificar a mão de<br />

obra para alvenaria estrutural no estado",<br />

alerta o executivo da Anicer. Antecipandose<br />

à demanda, o sindicato vai promover, em<br />

conjunto com o engenheiro civil especialista<br />

em engenharia estrutural, Francisco de Assis<br />

Farias, curso voltado a engenheiros, arquitetos<br />

e construtoras que queiram conhecer como<br />

executar obras em alvenaria estrutural. "O<br />

curso de alvenaria estrutural terá duração de<br />

uma semana e deve ocorrer nas dependências<br />

da FIEC", antecipa Fernando Ibiapina.<br />

Conforme Farias, as apostilas já estão<br />

prontas e o material didático atualizado.<br />

"Agora, é só agendar as inscrições. Os custos<br />

serão os menores possíveis", garante o<br />

professor. Com carga horária em torno de 14<br />

horas/aula, o treinamento será destinado a<br />

engenheiros, arquitetos, técnicos em edificações<br />

e demais profissionais ligados à área. Além<br />

do conteúdo teórico repassado em sala de<br />

aula, a capacitação incluirá uma etapa prática.<br />

"Pretendemos visitar obras que trabalham com<br />

alvenaria estrutural. Essa foi uma das demandas<br />

que surgiram em cursos anteriores", finaliza<br />

Francisco de Assis Farias.<br />

representantes comerciais, síndicos, técnicos, estudantes e<br />

profissionais da construção, passaram pela feira em 2011.<br />

O projeto Solução Cerâmica – Minha Casa, Minha<br />

Vida foi apresentado ao público pela terceira vez na<br />

ExpoConstruir. As outras duas montagens ocorreram<br />

durante a Confortex 2011, em Cuiabá/MT, e a Construir<br />

Rio 2010, no Rio de Janeiro.<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

18 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 19<br />

| RevistadaFIEC |


Ginástica laboral<br />

Programa do SESI recebe<br />

Prêmio Marca Brasil 2011<br />

No Ceará, são atendidos hoje pela ação 83 empresas e 27 737<br />

trabalhadores. Do total de empresas, 70 são indústrias e 13 de<br />

outros segmentos econômicos<br />

OServiço Social da Indústria (SESI) recebeu em setembro,<br />

durante solenidade em São Paulo, o Prêmio<br />

Marca Brasil 2011 na categoria melhor marca do<br />

país de ginástica laboral do setor de segurança e saúde no<br />

trabalho. A instituição foi reconhecida por desenvolver o<br />

programa SESI Ginástica na Empresa, que beneficia quase<br />

um milhão de trabalhadores de 2 500 indústrias. O prêmio<br />

é concedido pela Trio International Distinction, associação<br />

que reconhece, por votação dos consumidores, as melhores<br />

marcas em suas áreas de atuação. Nesta 12ª edição,<br />

foram pesquisadas 195 categorias de 14 setores econômicos<br />

e premiadas 143 marcas ou produtos.<br />

Esta foi a terceira vez consecutiva que o SESI recebeu<br />

o prêmio, mas a instituição foi agraciada seis vezes.<br />

O Ginástica na Empresa é desenvolvido desde 1996. No<br />

início, eram cerca de 80 000 trabalhadores atendidos em<br />

alguns estados. Hoje, o programa é oferecido a indústrias<br />

por todo o país. A expectativa, porém, é que dentro de<br />

cinco anos sejam atendidas 5 000 indústrias e 2 milhões<br />

de trabalhadores. Atualmente, segundo Geórgia Antony,<br />

coordenadora no SESI do Programa Lazer Ativo, diversas<br />

empresas participam do Ginástica na Empresa há mais de<br />

dez anos e estão satisfeitas com os resultados.<br />

Os principais objetivos são propiciar aos trabalhadores<br />

mais atividades físicas e ter relacionamentos saudáveis<br />

e um projeto pessoal de promoção da saúde. Por meio do<br />

programa a ginástica é levada para dentro da empresa e<br />

os trabalhadores são estimulados a fazer uma pausa de<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

oito a 15 minutos nas tarefas para uma sessão<br />

de exercícios de alongamento e relaxamento<br />

com orientação sobre postura corporal. A<br />

iniciativa evita doenças ocupacionais, como<br />

as Lesões por Esforço Repetitivo (LERs) e as<br />

Doenças Relacionadas ao Trabalho (DORTs).<br />

Além disso, aumenta a qualidade de vida do<br />

trabalhador, facilita a integração das equipes<br />

e melhora a produtividade.<br />

Para garantir o sucesso do programa, o SESI<br />

está constantemente se renovando. Geórgia<br />

cita, por exemplo, que o trabalho antes era realizado<br />

com foco na preparação do indivíduo<br />

para o trabalho. "Agora, o conceito é voltado<br />

à qualidade e ao estilo de vida saudável. Mais<br />

recentemente, a partir do novo momento do<br />

SESI com a criação do Pacto pela Indústria,<br />

sugerido pela Confederação Nacional da Indústria<br />

(CNI), a atividade também requer<br />

novas adaptações, e isso está sendo feito mediante<br />

a introdução do programa nas empresas<br />

por meio de um processo mais amplo",<br />

acrescenta a coordenadora.<br />

Hoje, explica, muitos dos fenômenos que<br />

interferem diretamente na produtividade do<br />

trabalhador dentro do ambiente de trabalho<br />

têm causas externas a ele. "Veja a questão da<br />

violência, em que todos nós somos atingidos<br />

direta ou indiretamente." Outro fator externo<br />

apontado por Geórgia é o uso de bebida<br />

alcoólica, responsável por faltas constantes<br />

às segundas-feiras. "Isso impacta na produtividade,<br />

além de as empresas muitas vezes terem<br />

de assumir essas situações como doenças<br />

laborais. Um olhar, portanto, somente sobre<br />

a atividade exercida no trabalho não reflete<br />

mais a condição de saúde do trabalhador."<br />

Para lidar com essas novas variáveis, Geórgia<br />

ressalta que o SESI está procurando incentivar<br />

Atendimentos do SESI/CE<br />

O programa SESI Ginástica<br />

na Empresa atende 26 421<br />

industriários e 1 316 pessoas<br />

de comunidades próximas às<br />

unidades do SESI.<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

as empresas a atuar por meio da ginástica laboral<br />

não mais como solução pontual, e sim<br />

dentro de um contexto maior. "Ela não é mais<br />

a solução do problema, mas parte dessa solução<br />

dentro de um pacote maior." No Ceará,<br />

atualmente, são atendidos 83 empresas e<br />

27 737 trabalhadores. Do total de empresas,<br />

70 são indústrias e o restante de outros segmentos.<br />

Em relação a atendimento, 26 421 são<br />

industriários e 1 316 são pessoas de comunidades<br />

próximas às unidades do SESI.<br />

Evolução do programa<br />

Aginástica laboral surgiu na Polônia em<br />

1925. Posteriormente, por volta dos<br />

anos 1950-1960, foi adotada em outros<br />

países, tais como Holanda, Rússia, Bulgária e<br />

Alemanha. É também conhecida como ginástica<br />

de pausa do trabalho. No Brasil, foi implantada<br />

no Rio de Janeiro em 1969, como ginástica<br />

laboral preparatória, nos estaleiros da empresa<br />

japonesa Ishikavajima-Ishibras. Em 1973,<br />

a Escola de Educação Física da Federação<br />

dos Estabelecimentos de Ensino de Novo<br />

Hamburgo/RS (Feevale) torna-se a pioneira da<br />

ginástica laboral, com o projeto Educação Física<br />

Compensatória e Recreação.<br />

Em 1978, em parceria com o SESI do Rio<br />

Grande do Sul (DR/RS), a Feevale desenvolveu<br />

o projeto Ginástica Laboral Compensatória e o<br />

“<br />

Agora, o<br />

conceito é<br />

voltado à qualidade<br />

e ao estilo de vida<br />

saudável.<br />

“<br />

Geórgia Antony,<br />

coordenadora no SESI do<br />

Programa Lazer Ativo<br />

20 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 21<br />

| RevistadaFIEC |


FoTo: CNI<br />

implantou em algumas empresas da região.<br />

No mesmo ano, em Betim, Minas Gerais, na<br />

montadora Fiat, o SESI criou um programa, origem<br />

do atual Ginástica na Empresa, fundamentado<br />

nos princípios da ginástica laboral e concebido<br />

com base nas visitas técnicas de profissionais<br />

do SESI aos estaleiros da Ishibras. Na década<br />

de 1980, o SESI/MG inseriu o programa no seu<br />

atendimento às empresas e avançou no estudo<br />

e na operacionalização desse atendimento,<br />

difundindo-o em outros regionais.<br />

Em 1990, a publicação pelo Departamento<br />

Nacional do documento Política e Diretrizes de Ação<br />

do SESI no Campo do Lazer fortaleceu o programa<br />

e incrementou novas ações. Em 1996, documento<br />

também institucional, intitulado Subsídios<br />

Técnicos para Implantação do Programa Ginástica<br />

na Empresa, marca o início de um período de<br />

reorientação nacional do programa. Em 1997, a<br />

avaliação da execução do Programa Nacional de<br />

Lazer do SESI revela que o Ginástica na Empresa<br />

é o programa de maior incidência e impacto nas<br />

Vida mais saudável<br />

Como parte de uma ação que visa oferecer<br />

soluções para uma vida mais saudável, o SESI<br />

Ginástica na Empresa é um componente do<br />

Programa Lazer Ativo. Com o programa, a instituição<br />

estrutura serviços de assessoria às indústrias<br />

que desejam melhorar a qualidade de vida dos<br />

empregados. A partir daí, auxilia na implantação ou no<br />

aprimoramento de sistemas de gestão de programas<br />

com foco em promoção de estilo de vida saudável,<br />

oferecendo informações, recursos e ferramentas de<br />

apoio. O objetivo é ajudar a desenvolver ações de<br />

natureza ambiental, organizacional e educacional.<br />

empresas; no entanto, sem possuir procedimentos<br />

comuns entre os DRs e identidade nacional.<br />

Assim, em 1998, um grupo consultivo,<br />

constituído por representantes do Departamento<br />

Nacional e dos Departamentos Regionais da<br />

Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas<br />

Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, publica<br />

o documento intitulado Procedimentos para<br />

Execução do Programa Ginástica na Empresa,<br />

visando homogeneizar diretrizes e procedimentos.<br />

Posteriormente, em 2000-2001, iniciativas e ações<br />

de marketing implantam uma nova logomarca para<br />

o programa, além de outras ações de divulgação e<br />

de comunicação, inclusive a mudança de seu nome<br />

de PGE para SESI Ginástica na Empresa, sem o uso<br />

de sigla, conforme orientação da diretoria técnica<br />

do Departamento Nacional.<br />

Reconhecimento<br />

OPrêmio Marca Brasil, organizado pela Trio<br />

International Distinction, visa identificar<br />

e destacar, dentre os fornecedores de<br />

produtos e serviços de vários setores da economia<br />

nacional, as marcas de empresas que, segundo a<br />

ótica dos seus consumidores, têm o seu respeito<br />

e que por isso merecem ser homenageadas por<br />

meio da premiação. Ao longo desses 12 anos,<br />

cerca de 400 000 votos foram apurados, 561<br />

categorias pesquisadas, 26 setores econômicos<br />

abrangidos e 639 marcas de empresas laureadas.<br />

Na edição deste ano, foram pesquisadas 195<br />

categorias de 14 setores econômicos e laureadas<br />

143 marcas de empresas e/ou produtos.<br />

Todo o trabalho de Lazer Ativo é baseado em diagnóstico<br />

feito pelo SESI no início da contratação dos serviços pela<br />

empresa. Ao final de um ano, é realizada outra avaliação para<br />

medir o impacto das atividades. Essa metodologia expõe o real<br />

valor dos investimentos, além de garantir a melhoria contínua<br />

do programa. O SESI acredita que, reduzindo indicadores<br />

de má qualidade de vida, podem ser evitados problemas<br />

do coração, diabetes, derrames cerebrais e câncer. "Com<br />

profissionais saudáveis, as indústrias reduzem o índice de<br />

absenteísmo e aumentam a produtividade. Além disso, pessoas<br />

com autoestima elevada e felizes trabalham melhor em equipe<br />

e superam mais facilmente novos desafios", diz Geórgia Antony.<br />

FIEC/AIRM<br />

No IEL/CE, conhecimento,<br />

inovação e competitividade<br />

andam juntos.<br />

Em tempos tão competitivos, conhecimento é a grande chave para o<br />

sucesso empresarial. A constante capacitação passou a ser uma exigência<br />

para o desenvolvimento <strong>sustentável</strong> das empresas. Por isso o IEL/CE atua na<br />

perspectiva de que o uso de novas tecnologias pela indústria é condição<br />

indispensável para crescer numa economia globalizada.<br />

Procure o IEL. Sua empresa só tem a ganhar.<br />

22 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 23<br />

www.sfi ec.org.br/iel<br />

| RevistadaFIEC |


Inovação<br />

Caminho para a<br />

competitividade<br />

Para assegurar a competitividade <strong>sustentável</strong>, é indispensável ampliar<br />

investimentos em inovação, disseminando-a nas empresas. Sistema<br />

FIEC é protagonista no fomento à cultura inovadora na indústria cearense<br />

FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

No último mês de setembro, o Brasil galgou<br />

cinco posições no ranking de competitividade<br />

do Fórum Econômico Mundial 2011,<br />

passando a figurar no 53º lugar dentre os 142<br />

países analisados. A mudança de colocação propiciou<br />

ao país ultrapassar a Índia (56º) – um dos<br />

integrantes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China<br />

e África do Sul), além de permanecer à frente<br />

da Rússia, que ocupa o 66º lugar. Mesmo assim,<br />

ainda somos menos competitivos do que a China<br />

(26ª) e a África do Sul (50ª).<br />

Embora a expansão reflita uma tendência de<br />

longo prazo, já que em seis anos o Brasil subiu<br />

13 colocações no ranking, para continuar a trajetória<br />

de crescimento do potencial competitivo<br />

Inovar é fazer<br />

algo diferente,<br />

algo novo, que possa ser<br />

reconhecido pelo mercado<br />

como ferramenta que<br />

agrega valor.<br />

Carlos Matos Lima,<br />

diretor corporativo do INDI<br />

““<br />

e, principalmente, assegurar a competitividade<br />

<strong>sustentável</strong> do país, é indispensável ampliar os<br />

investimentos em inovação e estimular a disseminação<br />

da cultura inovadora nas empresas.<br />

Propulsora do desenvolvimento nacional, a indústria<br />

de transformação possui o desafio de assegurar<br />

essa sustentabilidade.<br />

Para Carlos Matos Lima, diretor corporativo do<br />

Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará<br />

(INDI) – órgão vinculado à Federação das Indústrias<br />

do Estado do Ceará (FIEC) –, a competitividade<br />

<strong>sustentável</strong> só é possível criando diferencial<br />

entre aquilo que é feito hoje e o que é possível se<br />

fazer. “Ao caminho entre esses dois pontos, damos<br />

o nome de inovação. Inovar é fazer algo diferente,<br />

algo novo, que possa ser reconhecido pelo mercado<br />

como ferramenta que agrega valor.”<br />

Existem três tipos de inovação, diz Carlos<br />

Matos: “O primeiro permite que a empresa tenha<br />

competitividade suficiente para sobreviver<br />

no mercado. O segundo rompe com o que já<br />

existe, apresentando algo diferente e superior<br />

ao mercado, substituindo o produto antes consumido<br />

por outro melhor. O terceiro é aquele<br />

construído a partir de eixos estratégicos, que vão<br />

sendo formatados pelas empresas”.<br />

Ele cita a DuPont como exemplo, uma empresa<br />

internacional, que entrou em crise anos atrás. “Então,<br />

elegeu três fatores para buscar a sobrevivência:<br />

estar presente nos países emergentes, e aí estão os<br />

Brics; atuar na área de energia e na de alimentos.<br />

Focou em inovação para dar resposta a esses três<br />

elementos. O resultado é que a empresa conseguiu<br />

ampliar o faturamento e ter produtos diferenciados<br />

em todas essas áreas”, diz Carlos Matos.<br />

Ao Brasil e ao Ceará, ele indica uma atenção<br />

mais do que especial para a inovação. “Nós tínhamos<br />

uma economia fechada até 1990. Só<br />

a partir de 1994, passamos a ter estabilidade<br />

econômica. Hoje, enfrentamos uma economia<br />

globalizada e temos como competidores não<br />

apenas as empresas nacionais, mas qualquer<br />

uma do mundo. Ao mesmo tempo, podemos<br />

fornecer ao planeta inteiro. E no mercado internacional<br />

ser competitivo hoje é sinônimo de ser<br />

inovador.” Nesse contexto, a indústria brasileira<br />

não conseguirá competir fazendo tudo da mesma<br />

forma, sem apresentar novidades. Segundo<br />

Carlos Matos, enquanto o país pouco faz, a economia<br />

do mundo continua se movendo. E ela se<br />

move pela inovação.<br />

A posição de liderança que a Nokia ocupa<br />

no mercado mundial é outro exemplo de que a<br />

inovação representa um diferencial competitivo.<br />

“Hoje, a Nokia é uma marca global. Mas o que<br />

fez com que ela não nascesse no Vale do Silício, o<br />

maior polo de desenvolvimento eletroeletrônico<br />

do mundo e fosse se desenvolver na Finlândia, foi<br />

a capacidade que esse país teve de inovar”, afirma<br />

o diretor do INDI, para quem o exemplo ratifica<br />

a importância e a necessidade de se construir no<br />

Brasil e no Ceará uma cultura inovadora.<br />

O primeiro passo para consolidar a inovação<br />

na cultura empresarial, explica ele, é promover a<br />

mobilização do empresariado. No Ceará, a FIEC<br />

é a entidade que puxa o movimento em prol da<br />

disseminação da cultura inovadora no setor produtivo.<br />

“Há atualmente uma consciência muito<br />

forte da necessidade de inovação nas empresas. O<br />

que precisa ser construído são os caminhos para<br />

que o fenômeno possa de fato ocorrer porque o<br />

grande desafio sempre foi e será integrar universidade,<br />

empresa e governo”, defende Carlos Matos.<br />

Países como Suíça, Suécia, Finlândia e Israel<br />

conseguiram promover a inovação por meio do<br />

trabalho compartilhado entre o poder público e<br />

o setor produtivo com a academia. Também despontam<br />

nessa direção países como Coreia, Índia,<br />

China e Japão. “Os países que conseguiram<br />

encontrar o caminho da inovação têm avançado<br />

muito mais do que os outros”, observa o executivo.<br />

Com uma economia bem diversificada, na qual<br />

a base é a indústria de transformação, o Ceará<br />

tem a oportunidade de agregar valor a tudo que<br />

é transformado no processo industrial cearense<br />

por meio da inovação. Para Carlos Matos, o estado<br />

tem experiências importantes de inovação<br />

24 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 25<br />

| RevistadaFIEC |


FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

O INDI realizou em<br />

junho o VII Inova<br />

em empresas das áreas de eletrônica e serviços,<br />

mas tudo ainda é muito incipiente. “É preciso dar<br />

um choque de inovação para tomar consciência e<br />

integrar todos os atores. Juntos, eles devem criar<br />

uma pauta com foco numa educação de qualidade<br />

– a base de um processo inovador.”<br />

É necessário ainda conectar o Ceará com centros<br />

de referência do mundo para acelerar o processo<br />

de inovação, queimando etapas. “Não dar<br />

para produzir no Ceará tudo o que ele necessita de<br />

novo. Para isso, devemos buscar maior conexão e<br />

inserção internacional, pois no momento que aumentamos<br />

as exportações nos relacionamos com<br />

mercados mais exigentes, com competidores globais”,<br />

afirma Carlos Matos. “Isso instiga a necessidade<br />

da inovação. E é muito importante para o<br />

processo de inovação ter um alvo ousado.”<br />

Sair da rotina da economia local e buscar algo<br />

mais como referência no mundo é vetor fundamental<br />

para que a inovação possa de fato ocorrer.<br />

Estar presente em feiras e eventos mundiais, onde<br />

as grandes novidades são apresentadas, é outra<br />

alternativa. Carlos Matos sugere que o Ceará e o<br />

Brasil passem a investir no desenvolvimento de<br />

setores nos quais tenham condições de se destacar<br />

do resto do mundo. “O agronegócio, em função<br />

do clima, da posição logística e da inovação, pode<br />

proporcionar ao Brasil e ao Ceará uma competitividade<br />

única no mundo.”<br />

O INDI é um dos braços estratégicos da FIEC<br />

no campo da inovação, tendo ainda o papel de<br />

prospectar o futuro. “Para nós, a visão de futuro<br />

ajudará na tomada de atitudes no presente. Então,<br />

precisamos ver as tendências de consumo, as tendências<br />

tecnológicas e as tendências do mercado<br />

mundial para que a entidade possa mostrar o<br />

melhor caminho aos setores existentes e também<br />

identificar a possibilidade de emergirem novos<br />

setores industriais. Temos a responsabilidade de<br />

contribuir para a formação de uma visão de futuro<br />

mais clara. Que tipo de indústria nos espera em<br />

2030? Essa é uma reflexão que precisamos fazer”,<br />

sublinha o diretor do INDI.<br />

Em sua gestão à frente do Instituto, começa<br />

a atuar focado em cinco vetores visando ao<br />

desenvolvimento industrial das empresas cearenses:<br />

inovação, competitividade <strong>sustentável</strong>,<br />

integração, conexão mundial e valorização das<br />

pessoas. “Esses vetores precisam casar eficiência<br />

com sensibilidade social. Esse é o desafio da economia<br />

mundial: buscar a competitividade <strong>sustentável</strong>.<br />

E, de uma vez por todas, precisamos estar<br />

conectados com o mundo não só nas transações<br />

comerciais, mas também na geração de conhecimento”,<br />

arremata Carlos Matos.<br />

Fomento à inovação<br />

Protagonista no fomento à cultura inovadora<br />

na indústria cearense, o Sistema FIEC atua<br />

mais fortemente nesse eixo por meio do<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial<br />

(SENAI/CE), do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE)<br />

e do INDI. Em nível nacional, a Confederação<br />

Nacional da Indústria (CNI) reconhece e consolida<br />

sua posição em relação à inovação como<br />

condição para atingir a competitividade mediante<br />

a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI).<br />

Para Roberto Proença de Macêdo, presidente da<br />

FIEC, a inovação permanente só<br />

será plenamente alcançada pelas<br />

empresas por meio de parceria<br />

com universidades, institutos de<br />

pesquisa, centros de formação,<br />

parques tecnológicos, incubadoras e<br />

organizações de financiamento.<br />

O industrial cearense deve<br />

encarar a inovação de modo<br />

abrangente e integrado, que inclua<br />

desde a assimilação, adaptação e<br />

experimentação de tecnologias já<br />

existentes até a criação de novas<br />

tecnologias referentes a instalações,<br />

máquinas, equipamentos, programas<br />

(softwares), insumos, produtos,<br />

processos, materiais e novas formas<br />

de prestação de serviços, de gestão<br />

e de associação. “A inovação pode,<br />

deve e precisa ser apoiada pelos<br />

governos, mas antes de tudo é uma<br />

imposição do mercado e o futuro da<br />

indústria depende desse entendimento.<br />

A inovação é parte obrigatória das<br />

estratégias empresariais de sucesso e é<br />

reconhecida pelos principais executivos do<br />

mundo moderno como essencial para a<br />

competitividade”, reforça Roberto Macêdo.<br />

No SENAI, os esforços da FIEC para<br />

o avanço da capacidade tecnológica<br />

inovadora têm se materializado na criação<br />

de estruturas que reprisem o ambiente<br />

de trabalho, com laboratórios de ponta e<br />

pessoas com perfil para atender às novas<br />

demandas. “Com a ajuda da CNI, estamos<br />

construindo um Centro de Tecnologia<br />

da Cadeia Têxtil no qual estão sendo<br />

investidos cerca de 10 milhões de reais.<br />

Semelhante a esse investimento, estamos<br />

aplicando 16 milhões de reais na Escola<br />

SENAI/Serviço Social da Indústria (SESI)<br />

de Sobral e 15 milhões de reais no Centro de<br />

Alta Performance no SENAI de Maracanaú. Temos<br />

ainda a montagem de laboratórios em setores<br />

industriais como o gráfico e o químico. Tudo isso<br />

estará disponível para compartilhamento nos<br />

termos de uma agenda efetiva de desenvolvimento<br />

científico e tecnológico”, ressalta Roberto Macêdo.<br />

O Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), por meio do<br />

Núcleo Empresarial de Inovação (NEI), que integra<br />

o MEI, atua promovendo a cultura da inovação nas<br />

micro e pequenas empresas. O projeto, realizado<br />

em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio<br />

às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), soma<br />

investimentos da ordem de 1.281.966 reais,<br />

sendo 640 983 reais aporte financeiro oriundo do<br />

Sebrae nacional e 640 983 reais resultantes de<br />

contrapartida (econômica e financeira) do Sistema<br />

Indústria, empresas e parceiros locais.<br />

As empresas que aderem ao programa têm<br />

acesso a aporte de conhecimento e também<br />

financeiro. “A ideia é inserir essas empresas no<br />

contexto necessário da inovação. É a busca da<br />

competitividade por meio da adesão sistemática<br />

à inovação. As empresas irão entender a<br />

importância de sistematizar seus processos.<br />

E nós vamos também apoiá-las em busca de<br />

financiamento, principalmente na forma de<br />

subvenção da Financiadora de Estudos e Projetos<br />

(Finep)”, explica Eliane Menezes dos Santos,<br />

analista de desenvolvimento empresarial da CNI e<br />

gestora nacional do convênio do NEI.<br />

Gestora do NEI no IEL/CE, Adriana Kellen<br />

explica que o núcleo empresarial vem ao<br />

encontro do Núcleo de Elaboração de Projetos<br />

(NEP), também coordenado pelo IEL/CE e<br />

que faz o encaminhamento de projetos de<br />

inovação para instrumentos de fomento como<br />

a Finep. Mas a proposta do NEI, segundo<br />

Adriana, é maior porque vai além da obtenção<br />

de financiamento para custear a implantação<br />

de planos de inovação nas empresas: “A ideia<br />

é modificar a cultura empresarial de modo a<br />

pensar a inovação no dia a dia”.<br />

Com o mesmo foco, a FIEC promoveu este<br />

ano, por meio do INDI, o VII Seminário de Gestão<br />

da Inovação Tecnológica no Nordeste (Inova),<br />

simultâneo à XI Conferência Anpei de Inovação<br />

Tecnológica. Os eventos, realizados em Fortaleza,<br />

entre 20 e 22 de junho último, promoveram<br />

o debate sobre a importância da inovação<br />

como fator estratégico para a competitividade<br />

das empresas e fomentaram o aumento da<br />

participação de empresários e da comunidade de<br />

ciência, tecnologia e inovação das regiões Norte e<br />

Nordeste na agenda de inovação brasileira.<br />

Na ocasião, o governo federal assumiu<br />

o compromisso de garantir subsídios para<br />

financiar a pesquisa. Presente à abertura dos<br />

eventos, o ministro da Ciência e Tecnologia,<br />

Aloísio Mercadante, prometeu destinar os<br />

recursos advindos dos royalties do pré-sal<br />

prioritariamente a investimentos em educação,<br />

ciência e tecnologia.<br />

O Inova 2011 premiou também projetos<br />

inovadores. Dentre os 35 projetos finalistas sete<br />

foram desenvolvidos pelo SENAI/CE, comprovando<br />

o potencial inovador dos alunos e colaboradores<br />

da entidade cearense.<br />

Laboratório de<br />

desenvolvimento de<br />

dispositivos mecatrônicos<br />

no SENAI de Maracanaú<br />

26 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 27<br />

| RevistadaFIEC |<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS


FoTo: JARQUIVo CNI<br />

ENAI<br />

FIEC leva representação<br />

Entidade está à frente de comitiva que participa em São Paulo do<br />

mais representativo evento empresarial da indústria brasileira, cujo tema<br />

central será o fortalecimento da competitividade da indústria brasileira<br />

Em 2010, o ENAI reuniu 2 000 líderes empresariais e de entidades de representação da indústria brasileira<br />

Realizado anualmente pela Confederação Nacional<br />

da Indústria (CNI) desde 2006, o Encontro Nacional<br />

da Indústria (ENAI) consolidou-se ao longo de<br />

suas edições como o mais representativo evento empresarial<br />

da indústria brasileira. A expressividade e o impacto<br />

dos temas abordados, bem como a agenda gerada a<br />

partir de cada encontro, conferiram ao evento o peso de<br />

convenção anual do setor industrial no Brasil. Nele são<br />

discutidas alternativas para o fortalecimento da indústria<br />

nacional e a criação de novas fontes de dinamismo econômico<br />

para o país.<br />

Em sua sexta edição, nos dias 26 e 27 de outubro, no<br />

Transamérica Expo Center, em São Paulo, o ENAI 2011<br />

debaterá formas de impulsionar a competitividade da<br />

indústria brasileira, analisará as transformações e desafios<br />

da indústria globalizada, abordará a importância da<br />

educação para o setor industrial e avaliará os desafios da<br />

infraestrutura e do meio ambiente no país, além de discutir<br />

sobre a necessidade de implementação de um novo<br />

regime fiscal no Brasil.<br />

“Serão dois dias de imersão no mundo da indústria – uma<br />

oportunidade ímpar de debater grandes temas nacionais,<br />

econômicos e industriais na presença de líderes empresariais<br />

e políticos”, observa o empresário Carlos Roberto Carvalho<br />

Fujita, diretor administrativo da Federação das Indústrias do<br />

Estado do Ceará (FIEC). Segundo ele, a entidade levará uma<br />

delegação expressiva ao evento este ano. “Serão<br />

mais de 40 pessoas. Contaremos com a representação<br />

de quase todos os sindicatos e conselhos<br />

temáticos da FIEC, além de executivos<br />

do Sistema”, sublinha.<br />

De acordo com Carlos Fujita, o momento<br />

atual é de fundamental importância ao Brasil<br />

e ao Ceará, no âmbito dos investimentos.<br />

“E o objetivo da Federação é que o estado<br />

e toda a região sejam inseridos de forma<br />

competitiva no mercado.” Nesse contexto,<br />

lembra que o ENAI é propulsor na busca<br />

de soluções, promovendo reflexões visando<br />

manter a taxa de crescimento no patamar da<br />

economia globalizada.<br />

Carlos Fujita defende que sem o reforço<br />

da capacitação e da educação não é possível<br />

manter uma posição de vanguarda no mercado<br />

global, referindo-se a um dos temas que<br />

serão debatidos no encontro. Outras temáticas<br />

igualmente relevantes que serão discutidas<br />

são infraestrutura, marco regulatório e<br />

regime fiscal, “pontos necessários para dar a<br />

competitividade que a indústria precisa”.<br />

A 6ª edição do ENAI terá como tema central<br />

o fortalecimento da competitividade da<br />

indústria brasileira. Por meio de palestras,<br />

debates e sessões plenárias serão abordadas<br />

as grandes questões nacionais no contexto<br />

econômico, social e político, que influenciam<br />

a competitividade da indústria e a inserção<br />

do Brasil no mercado globalizado.<br />

A abertura ficará a cargo da presidente<br />

do Brasil, Dilma Rousseff, que será seguida<br />

do pronunciamento do presidente da CNI,<br />

Robson Braga de Andrade. O primeiro debate<br />

programado para a manhã do dia 26 de<br />

outubro – A Agenda do Brasil para a <strong>Competitividade</strong>,<br />

contará com palestrante internacional,<br />

tendo o jornalista Willian Waack<br />

como moderador. O time de debatedores será<br />

composto pelos ministros da Fazenda e do<br />

Ministério do Desenvolvimento Indústria e<br />

Comércio Exterior (MDIC), respectivamente,<br />

Guido Mantega e Fernando Pimentel, e<br />

pelo presidente da CNI, além dos industriais<br />

André Gerdau, presidente do Grupo Gerdau,<br />

Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano<br />

Papel e Celulose, e José Rubens de La Rosa,<br />

presidente da Marcopolo.<br />

O painel seguinte agendado para a tarde<br />

do dia 26 – Transformações e Desafios da<br />

FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

Indústria Globalizada – terá como debatedores<br />

o ministro da Ciência e Tecnologia,<br />

Aluizio Mercadante, o presidente do Banco<br />

Nacional de Desenvolvimento Econômico e<br />

Social (BNDES), Luciano Coutinho, o presidente<br />

do Serviço Brasileiro de Apoio às<br />

Micro e Pequenas Empresa (Sebrae), Luiz<br />

Barretto, além dos presidentes da Coteminas,<br />

Josué Gomes da Silva, do Grupo Ultra, Pedro<br />

Wongstschowski, e da Interbusiness – Consultoria<br />

Internacional de Negócios, Cláudio<br />

Frischtak. A última sessão, cujo tema é<br />

Construindo um Novo Regime Fiscal, contará<br />

também com a presença de economistas,<br />

bem como de representantes empresariais e<br />

do governo federal.<br />

No dia seguinte, 27 de outubro, duas sessões<br />

temáticas denominadas Educação para<br />

uma Indústria Competitiva e A Infraestrutura<br />

e o Meio Ambiente: Desafios Institucionais<br />

serão realizadas no período da manhã.<br />

Os destaques dos debates serão os ministros<br />

da Educação, Fernando Haddad, do Meio<br />

Ambiente, Isabela Teixeira, do Planejamento,<br />

Mirian Belquior, e do Tribunal de Contas da<br />

União, Aroldo Cedraz, além de representantes<br />

empresariais e integrantes da CNI. O encerramento<br />

será feito, em seguida, pelo presidente<br />

da CNI, com os presidentes da Câmara, do<br />

Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF).<br />

Presidente dos Sindicatos das Indústrias<br />

do Trigo nos Estados do Pará, Paraíba, Ceará<br />

e Rio Grande do Norte (Sindtrigo) e das Indústrias<br />

de Massas Alimentícias e Biscoito do<br />

Estado do Ceará (Sindmassas), Luiz Eugênio<br />

Serão dois dias<br />

de imersão no<br />

mundo da indústria – uma<br />

oportunidade ímpar de<br />

debater grandes temas<br />

nacionais, econômicos e<br />

industriais<br />

Carlos Fujita,<br />

diretor administrativo da FIEC<br />

““<br />

28 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 29<br />

| RevistadaFIEC |


Pontes considera oportuna a escolha dos temas para o<br />

6º ENAI: “Com tantas turbulências no cenário internacional,<br />

ameaças de mudanças de regras governamentais,<br />

como os incentivos fiscais do Norte/Nordeste,<br />

novo perfil do consumidor brasileiro ávido por apelos<br />

de inovação, saudabilidade, indulgência e praticidade,<br />

torna-se fundamental um alinhamento das lideranças<br />

para direcionar as indústrias para o novo cenário”.<br />

“Acho o ENAI uma importante oportunidade para<br />

discutir o futuro da indústria brasileira. Lá estarão,<br />

além das maiores lideranças do nosso setor, autoridades<br />

e intelectuais, tornando-se um fórum riquíssimo<br />

para troca de experiências e conhecimentos”, finaliza<br />

Luiz Eugênio Pontes.<br />

Contribuições do ENAI<br />

Nos últimos cinco anos, o ENAI deixou importantes<br />

contribuições para a competitividade da indústria e<br />

da economia brasileira, pautando o setor ano a ano<br />

sobre as ações para atingir o desenvolvimento <strong>sustentável</strong><br />

do país. Em 2006, na primeira edição do encontro, depois<br />

de dois dias de debates, 1 200 participantes aprovaram<br />

o documento Crescimento. A Visão da Indústria, que<br />

apontou medidas em dez áreas prioritárias para o Brasil<br />

superar os obstáculos ao desenvolvimento. Com base no<br />

acompanhamento dos indicadores do Mapa Estratégico<br />

da Indústria 2007-2015, as prioridades selecionadas<br />

foram redução do gasto público, tributação, infraestrutura,<br />

financiamento, relações de trabalho, desburocratização,<br />

inovação, educação, política comercial de acesso a<br />

mercados e meio ambiente.<br />

Em 2007, o encontro teve o futuro dos sindicatos<br />

empresariais como foco. Dos debates surgiu a Carta<br />

da Indústria – um documento consolidado, que traz<br />

uma análise sobre os dez principais pontos da agenda<br />

econômica brasileira. A carta explicita que Brasil precisa<br />

criar condições para manter o ciclo de crescimento<br />

econômico e elege, como os dois pontos mais importantes<br />

para a conquista desse objetivo, a redução dos<br />

gastos públicos e da carga tributária e aceleração dos<br />

investimentos em infraestrutura. Outra contribuição da<br />

edição 2007 do ENAI foi o Programa de Desenvolvimento<br />

Associativo (PDA) apresentado durante o encontro com<br />

foco no fortalecimento dos sindicatos empresariais.<br />

Em 2008, o ENAI debateu e apresentou alternativas<br />

para contribuir com a efetiva conquista da competitividade<br />

FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

No ENAI estarão,<br />

além das maiores<br />

lideranças do nosso<br />

setor, autoridades e<br />

intelectuais, tornando-se<br />

um fórum riquíssimo para<br />

troca de experiências e<br />

conhecimentos.<br />

Luiz Eugênio Pontes,<br />

presidente do Sindtrigo e Sindmassas<br />

““<br />

da indústria nacional, promovendo uma maior integração<br />

da indústria. Foi elaborada a Carta da Indústria, que<br />

aponta alternativas para a superação de obstáculos ao<br />

desenvolvimento do setor industrial e ao crescimento<br />

do país. O documento propõe uma agenda emergencial<br />

para o Brasil superar a crise. Durante o encontro,<br />

foram divulgados os vencedores do Prêmio CNI 2008,<br />

destacando as melhores práticas empresariais para<br />

viabilizar a competitividade na indústria.<br />

O Encontro Nacional da Indústria realizado em<br />

dezembro de 2009 discutiu perspectivas econômicas<br />

e prioridades de uma agenda para o então futuro<br />

presidente do Brasil. O encontro teve como pano<br />

de fundo a recuperação da economia brasileira, a<br />

valorização do real, os problemas de competitividade e<br />

as perspectivas de crescimento associadas a projetos<br />

de infraestrutura e de energia. O resultado do evento<br />

foi consolidado no documento Carta da Indústria.<br />

O Caderno de Conclusões é um documento mais<br />

detalhado com as recomendações da indústria para o<br />

período de 2011 a 2014.<br />

No ano passado, o ENAI ocorreu no Hotel<br />

Transamérica em São Paulo. Abordou o tema A<br />

Indústria pela <strong>Competitividade</strong> na Economia Brasileira,<br />

reunindo 2 000 líderes empresariais e de entidades<br />

de representação da indústria, em diversos setores.<br />

Foram fechadas propostas da indústria para a agenda<br />

nacional nos próximos quatro anos, que foram<br />

consolidadas no documento A indústria e o Brasil –<br />

Uma agenda para crescer mais e melhor.<br />

30 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 31<br />

| RevistadaFIEC |


FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

Indústria têxtil do Ceará<br />

Gigante ameaçado<br />

Setor têxtil cearense é um dos mais importantes da sua área no país,<br />

mas nesta década vem sofrendo um processo de diminuição de sua<br />

relevância econômica para o estado e o Brasil<br />

POR ÂNGELA CAvALCANTE<br />

No topo do setor têxtil do país, o Ceará ocupa a liderança<br />

nacional na fabricação de fios, índigo e lingerie.<br />

Mesmo se destacando, o tradicional setor manufatureiro<br />

cearense está perdendo espaço na economia e,<br />

principalmente, no mercado externo – um reflexo da falta<br />

de foco da política econômica brasileira. No contexto do<br />

Produto Interno Bruto (PIB) estadual, entre os anos 2000 e<br />

2009 o setor têxtil superou a queda sofrida pela indústria de<br />

transformação, de maneira geral. Em termos percentuais,<br />

enquanto o setor industrial cearense reduziu sua participação<br />

no PIB de 13,53% (2000) para 12,31%, os produtos têxteis<br />

despencaram de 3,12% (2000) para 0,71% (2009).<br />

“O setor têxtil cearense é um dos melhores da sua área<br />

no Brasil, mas infelizmente nesta década está sofrendo um<br />

processo de diminuição na sua importância dentro da economia.<br />

As informações que temos nos dão essa convicção”,<br />

ratifica o economista Pedro Jorge Ramos Vianna, gerente<br />

da Unidade de Economia e Estatística do Instituto de Desenvolvimento<br />

Industrial (INDI), organismo da Federação<br />

das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). Para ele, falta<br />

ao Brasil um projeto de desenvolvimento que indique até<br />

onde o país planeja chegar. “Planos pontuais e isolados não<br />

levarão ao crescimento <strong>sustentável</strong>”, diz.<br />

Outro indício de que o setor considerado gigante na economia<br />

do Ceará está perdendo espaço é a redução da participação<br />

da indústria têxtil cearense no consumo de energia<br />

elétrica. “Se observamos o consumo de energia da indústria<br />

e compararmos os anos de 2004 e 2009, veremos que o setor<br />

têxtil absorvia à época 35,91% do consumo industrial<br />

cearense. Em 2009, a participação como consumidora caiu<br />

para 30,89%”, reforça Pedro Jorge.<br />

Exportações<br />

Outro dado que permite a comparação diz respeito<br />

às exportações. Enquanto em 2000 o setor têxtil<br />

cearense respondia por 30,6% das exportações de<br />

produtos industrializados em nosso estado, no ano passado<br />

a representatividade do setor no contexto das vendas<br />

externas da indústria caiu para 8,32%, revelando uma<br />

queda de 22,28 pontos percentuais.<br />

Estudo setorial do Centro Internacional de Negócios<br />

(CIN/CE) da FIEC mostra que o setor têxtil vem<br />

experimentando retração tanto na participação sobre o total<br />

exportado pelas indústrias do estado quanto em valores.<br />

Em vez de 87,3 milhões de dólares (valor exportado em<br />

2000), o setor exportou 70,6 milhões de dólares em 2010,<br />

ou seja, um decréscimo de 19,06%.<br />

Entre janeiro e junho de 2011, a balança comercial<br />

cearense do setor têxtil contabilizou o maior saldo<br />

comercial negativo da última década: -132,35 milhões<br />

de dólares. O saldo negativo resulta da diferença entre o<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

“ Eduardo de Castro Bezerra<br />

Neto, superintendente do CIN/CE<br />

“<br />

A soma das<br />

vendas em<br />

pequeno volume é que<br />

resultará num volume<br />

total maior.<br />

valor exportado pelo segmento no período (44,26 milhões<br />

de dólares) e o montante importado (176,61 milhões de<br />

dólares). Apesar da balança deficitária, o Ceará permanece<br />

no ranking dos maiores estados exportadores têxteis do<br />

país, ocupando a quinta posição. À frente estão São Paulo,<br />

Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná.<br />

Os tecidos índigos de algodão correspondem a mais<br />

de 50% da pauta de produtos exportados pelo setor têxtil<br />

cearense em 2011. Os principais países-destino das<br />

exportações são Argentina e Holanda, com participação de<br />

46,7% e 11,6%, respectivamente. Para o superintendente<br />

do CIN/CE, Eduardo de Castro Bezerra Neto, a indústria<br />

têxtil do Ceará precisa identificar pequenos nichos de<br />

negócio para realizar transações com eles. “A soma das<br />

vendas em pequeno volume é que resultará num volume<br />

total maior, já que os grandes mercados estão tomados pelo<br />

sistema asiático de produção semi-humana, um esquema<br />

de quase escravidão que prepondera na produção por lá”,<br />

frisa Eduardo Bezerra.<br />

Segundo ele, não há condições de o setor têxtil do Ceará<br />

ser competitivo no mercado internacional enquanto houver<br />

o 'dumping social da Ásia'. “Enquanto um colaborador<br />

de indústria têxtil daqui tem horário predeterminado<br />

pela legislação, remuneração negociada anualmente<br />

com o sindicato e a empresa paga tributo determinado<br />

unilateralmente pelo governo sem ouvir os produtores, no<br />

sistema asiático a mão de obra trabalha em torno de dez<br />

horas por dia, os encargos são inexistentes, a tributação<br />

é mínima e as necessidades dos trabalhadores não são<br />

atendidas na proporção devida”, compara o superintendente.<br />

Por outro lado, Eduardo Bezerra entende que o governo<br />

brasileiro precisa encarar com realismo os diferentes<br />

cenários da concorrência Brasil-Ásia e necessita<br />

de criatividade para instituir estímulos, que sejam<br />

quantitativamente capazes de operar mudanças na<br />

competitividade da produção brasileira. “O que é dito para o<br />

Brasil aplica-se do mesmo modo ao Ceará”, ratifica.<br />

32 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 33<br />

| RevistadaFIEC |


Cadeia produtiva<br />

Se a iniciativa não parte do governo<br />

brasileiro, a articulação conjunta da cadeia<br />

produtiva – desde a fiação até a confecção<br />

–, que está em plena ascensão, desponta como o<br />

caminho mais seguro para manter a força do setor<br />

têxtil. No Ceará, a cadeia produtiva têxtil gera hoje<br />

acima de 70 000 empregos, que são distribuídos<br />

em mais de 2 500 confecções.<br />

Em relação ao PIB industrial cearense, o<br />

Sindicato da Indústria da Fiação e Tecelagem em<br />

Geral do Estado do Ceará (Sinditêxtil/CE) informa<br />

que o setor têxtil responde por 16% do PIB<br />

da indústria de transformação. Entre indústria<br />

e comércio de moda, o estado tem mais de<br />

1 980 empresas e 5 965 estabelecimentos,<br />

“<br />

O segmento têxtil, que há três anos era<br />

superavitário, deverá fechar 2011 com um<br />

déficit de 5 bilhões de dólares.<br />

Ivan Bezerra Filho, presidente da TBM<br />

Diferencial<br />

“<br />

Osetor aposta também no diferencial<br />

da moda cearense para se manter<br />

competitivo no mercado. Historicamente,<br />

o Ceará carrega influência da cultura portuguesa<br />

por meio das rendas e bordados, como o<br />

ponto cruz e a renda renascença. Essa herança<br />

contribuiu para despertar a vocação cearense do<br />

trabalho artesanal, que se tornou referência no<br />

Brasil e no exterior pelas peças decoradas com<br />

bilros, filés, labirinto e richilieu - tipo de bordado<br />

Vendas em Fortaleza: agosto/setembro 2011<br />

Malharia (blusas e camisetas) 417 000<br />

Jeans 318 000<br />

Roupas infantis 114 000<br />

Roupas íntimas femininas 113 000<br />

Roupas íntimas masculinas 97 000<br />

Moda praia 69 000<br />

Meias infantis 69 000<br />

Artigos de cama/mesa/banho 61 000<br />

Meias masculinas 40 000<br />

Roupas sociais 38 000<br />

Meias femininas 33 000<br />

Somando um total de 1,46 milhão<br />

de peças de roupas.<br />

que empregam cerca de 110 900 pessoas. A<br />

perspectiva do sindicato é que sejam investidos<br />

pela cadeia têxtil cearense, em 2011, em torno<br />

de 150 milhões de reais somente na compra<br />

de equipamentos para modernizar cada vez<br />

mais o segmento.<br />

A estratégia da entidade é promover a união<br />

do empresariado para amenizar o impacto nas<br />

empresas de fatores que compõem o Risco Brasil,<br />

como a pesada carga tributária brasileira, os juros<br />

altos e os elevados encargos trabalhistas, além<br />

da desvalorização do câmbio. “Sabemos que o<br />

segmento de manufaturados tem atualmente um<br />

déficit de 80 bilhões de dólares, conforme projeção<br />

para este ano. E o têxtil, que há três anos era<br />

superavitário, deverá fechar 2011 com um déficit<br />

de 5 bilhões de dólares”, frisa o empresário Ivan<br />

Bezerra Filho, presidente da indústria cearense Têxtil<br />

Bezerra de Menezes (TBM), que concluiu este mês<br />

seu mandato à frente do Sinditêxtil. Segundo ele, a<br />

perda de competitividade para os produtos têxteis<br />

e confecções chinesas é reflexo da falta de vontade<br />

política do governo brasileiro, “que teima em não<br />

fazer suas reformas”.<br />

vazado, feito à máquina, geralmente produzido<br />

em linho branco. Essas obras de arte, presentes<br />

na confecção cearense, colocam o estado na<br />

terceira posição da cadeia têxtil brasileira com<br />

o setor de confecções de moda praia – em<br />

expansão no mercado de moda do Ceará.<br />

O Anuário de Moda do Ceará 2011, lançado<br />

pelo Sinditêxtil, mostra que o estado possui o<br />

mais diversificado e organizado polo de moda do<br />

país. Concentrando a maior parte das indústrias –<br />

16 shoppings de pronta-entrega e quatro centros<br />

de artesanato –, Fortaleza é alvo de atacadistas de<br />

outros estados que vêm à capital para comprar os<br />

mais variados produtos da moda made in Ceará.<br />

De acordo com o sindicato, durante 30<br />

dias, entre agosto e setembro deste ano,<br />

foram comercializados somente no mercado<br />

de Fortaleza 1,46 milhão de peças de roupas.<br />

No total, 2 bilhões de reais foram gastos em<br />

vestuário confeccionado no Ceará. O maior<br />

volume de vendas ocorreu no segmento de<br />

malharia, com a comercialização de 417 000<br />

reais de peças, entre blusas e camisetas.<br />

Em segundo lugar, estão os jeans (318 000<br />

reais de peças), seguidos de roupas infantis<br />

(114 000 reais), roupas íntimas femininas<br />

(113 000 reais), roupas íntimas masculinas<br />

(97 000 reais), moda praia (69 000 reais),<br />

meias infantis (69 000 reais), artigos de cama/<br />

mesa/banho (61 000 reais), meias masculinas<br />

(40 000 reais), roupas sociais (38 000 reais) e<br />

meias femininas (33 000 reais).<br />

O impacto da intensa movimentação dos<br />

atacadistas na economia local se reflete na<br />

geração de empregos diretos e indiretos o<br />

ano inteiro no âmbito do turismo, além de<br />

impulsionar a expansão do mercado de moda<br />

por meio de investimentos em faculdades<br />

de moda, ampliação do calendário de<br />

eventos, crescimento do número de cursos de<br />

capacitação e aumento da formalização do<br />

trabalho com o fortalecimento do empreendedor.<br />

No varejo, as despesas com vestuário em<br />

Fortaleza, em 2010, foram puxadas pela classe<br />

B, que consumiu 450.386.866 de reais em<br />

confecções. O segundo maior consumo ficou com<br />

a classe C (317.976.342 de reais). Em seguida,<br />

estão as classes A (158.468.011 de reais), D<br />

(77.064.613 de reais) e E (2.358.256 de reais).<br />

Anuário da moda<br />

Em sua primeira edição, o Anuário de<br />

Moda do Ceará 2011 visa fortalecer o<br />

mercado de moda local e apresentar<br />

todos os polos cearenses. Um histórico com<br />

a evolução, os números e uma projeção para<br />

a moda no Ceará nos próximos anos farão<br />

parte da publicação.<br />

O anuário inclui um guia de serviços<br />

completo, com contatos dos fabricantes e<br />

calendário anual de eventos. Bem mais que<br />

um registro dos empreendimentos de moda<br />

no estado, se propõe a resgatar a história da<br />

moda cearense e apresentar nosso mercado<br />

aos demais estados do país.<br />

Além da versão impressa, o Anuário<br />

de Moda do Ceará 2011 contará com<br />

uma versão on-line, visando ampliar<br />

a visibilidade da moda made in Ceará<br />

para todo o mundo. O site www.<br />

anuariodemodadoceara.com.br terá<br />

Brasil<br />

Conforme dados da Associação Brasileira<br />

da Indústria Têxtil (Abit), a cadeia têxtil<br />

é a terceira que mais emprega no país.<br />

O setor faturou, somente no ano passado,<br />

cerca de 74,5 bilhões de reais, gerando um<br />

total de 1,7 milhão de empregos diretos. Em<br />

2010, o Ceará ocupou a posição de 4º polo<br />

de confecção. Segundo a Abit, o estado está<br />

em 5º lugar no ranking do PIB têxtil da moda<br />

brasileira, com 6,6% do mercado.<br />

Faturamento do setor têxtil no Brasil em 2010<br />

O setor faturou 74,5 bilhões de reais em 2010,<br />

gerando um total de 1,7 milhão de empregos<br />

diretos.<br />

O Ceará ocupou a 4º posição no polo de confecção<br />

e está em 5º lugar no ranking do PIB têxtil da<br />

moda brasileira.<br />

Fonte: Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit)<br />

ferramentas de busca e links<br />

diretos para as empresas que<br />

constam na versão impressa.<br />

Conforme o Sinditêxtil,<br />

o site será um portal de<br />

busca de referência para o<br />

segmento da moda local e<br />

nacional. Terá parcerias com<br />

sites especializados e com<br />

a hospedagem no Diário do<br />

Nordeste On-line.<br />

O canal direto de<br />

comunicação visa gerar<br />

oportunidades e negócios<br />

para todos que o acessarem.<br />

Empresas e profissionais<br />

poderão trocar gratuitamente<br />

ofertas de empregos, estreitando assim o<br />

canal entre a oferta e a demanda por mão<br />

de obra qualificada.<br />

Capa do Anuário de<br />

Moda do Ceará 2011<br />

34 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 35<br />

| RevistadaFIEC |


FoTo: GIoVANNI SANToS<br />

Entrevista: Ivan Bezerra Filho<br />

Dever cumprido<br />

Sucessor na Têxtil Bezerra de Menezes<br />

(TBM) de seu pai, o industrial Ivan<br />

Rodrigues Bezerra, que comandou<br />

o Sinditêxtil por três gestões, o empresário<br />

Ivan Bezerra Filho acumulou nos últimos<br />

três anos as funções de vice-presidente da<br />

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e<br />

de Confecção (Abit) e presidente da TBM,<br />

além de exercer mandato de três anos na<br />

presidência do Sinditêxtil – posto que passa<br />

agora para o empresário Germano Maia<br />

(veja texto coordenado na página 38). Ivan<br />

Filho diz que ao deixar a presidência do<br />

sindicato, o faz realizado porque conseguiu<br />

levar a efeito alguns de seus sonhos, dentre<br />

eles enxergar o setor têxtil como cadeia<br />

produtiva que englobasse todo o setor.<br />

Como você descreveria o setor têxtil<br />

cearense? Nosso setor tem uma particularidade<br />

interessante. Ele foi constituído<br />

basicamente por empresários do estado.<br />

À época, existia algodão no Ceará e havia<br />

incentivos da Sudene e do governo, logo<br />

foram os próprios empresários que fizeram<br />

as empresas. Naquele momento, só<br />

havia um grupo de fora, a Vicunha, mas<br />

em sociedade com um grupo cearense.<br />

Então, tudo que se ganhou nesse setor foi<br />

reinvestido no próprio estado. É por isso<br />

que o setor é extremamente moderno e<br />

forte. O Ceará hoje é o maior produtor de<br />

índigo, de fios e de lingerie do país. É muito<br />

importante também noutros segmentos,<br />

mas nesses três é o maior. A indústria<br />

têxtil hoje é extremamente competitiva<br />

para o momento atual, mas temos grandes<br />

dificuldades em relação ao câmbio e aos<br />

impostos em cascata praticados no Brasil.<br />

O perfil do setor ainda é o mesmo hoje?<br />

Quantas empresas e qual o número de empregos<br />

gerados? Hoje, esse perfil mudou<br />

um pouco. Falando da cadeia produtiva,<br />

atualmente vemos grandes grupos de confecções<br />

migrando do Sul do país para cá. A<br />

Marisol há algum tempo está instalada aqui e<br />

a Malwee e a Lunender acabaram de se instalar;<br />

agora há também a Zanoti, fabricante de<br />

elásticos, e várias outras. No momento, o Ceará<br />

possui acima de 2 500 confecções que geram<br />

mais de 70 000 empregos na cadeia produtiva<br />

têxtil. Isso mostra a relevância do setor.<br />

Quais os principais desafios e ameaças?<br />

Podemos dizer que o maior deles é a<br />

concorrência com os produtos asiáticos?<br />

O maior desafio pelo qual passa o setor hoje<br />

está relacionado às reformas que o Brasil teima<br />

em não fazer. Da porta da fábrica para<br />

dentro, o segmento é extremamente competitivo.<br />

Agora, quando há impostos em<br />

cascata e gastos excessivos do governo, que<br />

fazem com que o país não baixe seus juros<br />

e o câmbio seja depreciado, fica complicado<br />

manter a competitividade lá fora. Logo,<br />

o problema brasileiro não é causado pela<br />

Ásia, mas pelo próprio governo brasileiro,<br />

que não faz suas reformas. Agora, a consequência<br />

disso é que o produto asiático entra<br />

aqui mais barato, já que a energia brasileira<br />

é a mais cara do planeta e a folha de pagamento<br />

é a mais pesada do mundo porque<br />

tem muitos encargos. Ou seja, é a consequência<br />

de o governo não fazer o dever de casa.<br />

O setor têxtil do Ceará está realmente<br />

perdendo força com a guerra fiscal entre<br />

estados? Quais os caminhos para mudar<br />

essa realidade? Essa é mais uma aberração<br />

brasileira. Nove estados brasileiros, inclusive<br />

o Ceará, dão incentivo fiscal para se<br />

importar produtos. Enquanto a indústria<br />

nacional paga 12% ou 17 % de Imposto sobre<br />

Circulação de Mercadorias e Serviços<br />

(ICMS), o produto importado paga somente<br />

4% e mais nada. Portanto, a guerra fiscal<br />

está prejudicando não só o setor têxtil, mas<br />

diversas atividades manufaturadas no Brasil.<br />

É verdade que as peças de confecção importadas<br />

da Ásia possuem componentes<br />

no tingimento nocivos à saúde humana e<br />

que os fabricantes brasileiros de tecidos<br />

são proibidos de utilizar o mesmo tipo<br />

de substância no processo fabril? É difícil<br />

acreditar, mas as roupas que vêm da Ásia<br />

e da China usam corantes que no Brasil<br />

são proibidos por serem prejudiciais à saúde<br />

humana. E o Brasil deixa que a China<br />

exporte para cá produtos com esses componentes.<br />

Essa é outra aberração. Como<br />

é que não podemos produzir com esse<br />

componente, que é extremamente mais<br />

barato, e na China eles podem exportar<br />

para o Brasil? Repito: o problema brasileiro<br />

não é a China, é o governo brasileiro.<br />

No comércio internacional, onde os<br />

maiores e principais mercados já estão<br />

cativos dos produtos asiáticos, nossa alternativa<br />

seria nos voltar aos pequenos<br />

importadores? Os pequenos nichos podem<br />

devolver a força do setor têxtil cearense<br />

nas exportações? Essa é uma visão<br />

conformista que não aceito. O Brasil tem<br />

uma indústria que sempre foi exportadora.<br />

Nós mesmos, aqui na Têxtil Bezerra<br />

de Menezes, já chegamos a exportar para<br />

16 países e hoje não exportamos para nenhum<br />

em função da depreciação cambial.<br />

Então, procurar alguns nichos com valor<br />

agregado é uma alternativa possível, mas<br />

não deve ser a única. Onde ficam toda a<br />

produção e know-how de exportação que<br />

temos? Jogamos fora? Logo, o caminho é<br />

fazer as reformas, o governo diminuir os<br />

gastos para possibilitar a baixa dos juros.<br />

Com isso, o câmbio voltará à normalidade<br />

e o Brasil será de novo competitivo.<br />

“ O maior<br />

desafio pelo qual<br />

passa o setor hoje<br />

está relacionado<br />

às reformas que<br />

o Brasil teima em<br />

não fazer. ”<br />

Como o ad rem ajudaria a reduzir a<br />

competitividade dos produtos asiáticos<br />

no mercado interno brasileiro? Qual é<br />

a dificuldade para implantá-lo no setor<br />

têxtil do Brasil? O ad rem torna mais difícil<br />

a entrada do produto ilegal. Porque<br />

ele é um valor específico por unidade<br />

de mercadoria, de no mínimo 1 dólar,<br />

e não um percentual. Então, acaba com<br />

o subfaturamento. A dificuldade para<br />

implementá-lo é que falta vontade política.<br />

O governo já implementou para<br />

os calçados, mas para o têxtil ainda não.<br />

Faça um balanço de sua gestão à frente<br />

do Sinditêxtil. Qual o legado que deixa<br />

para a nova diretoria? Saio feliz porque<br />

nesse período realizei alguns dos meus<br />

sonhos. Um deles era enxergar o segmento<br />

têxtil como cadeia produtiva e englobar<br />

todo o setor. Para isso, conseguimos fazer<br />

o Polo Moda, que foi um projeto conjunto<br />

com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro<br />

e Pequenas Empresas (Sebrae), o governo<br />

do estado e a FIEC, no qual capacitamos<br />

empresários da cadeia produtiva. Fizemos<br />

também o Plano Setorial de Qualificação<br />

(PlanSeQ) para 2 000 costureiras, hoje<br />

todas empregadas. Depois, conseguimos<br />

recursos para o CTV, que é um centro tecnológico<br />

de treinamento. Conseguimos<br />

aprovar na Confederação Nacional da Indústria<br />

(CNI) e o dinheiro já está na conta<br />

para tocar a obra. Fizemos o guia do trabalhador<br />

têxtil para trazer o trabalhador para<br />

o nosso lado. Realizamos concurso para<br />

promover a costureira, o estilista e o designer.<br />

Conseguimos que o governo do estado<br />

desse um incentivo diferenciado para o<br />

setor têxtil. O grande aprendizado é que se<br />

temos bons projetos não faltam recursos.<br />

Em três anos, conseguimos mais de 7 milhões<br />

de reais em recursos para os nossos<br />

projetos. Deixamos o sindicato com quase<br />

um ano de despesas fixas no caixa. A grande<br />

lição é: vamos parar de reclamar e arregaçar<br />

as mangas que, com bons projetos e<br />

boas ideias, teremos dinheiro abundante<br />

para efetivarmos os projetos. Outro ponto<br />

importante é que o sindicato não é feito de<br />

um presidente, mas de todos os associados.<br />

E eles juntos fazem a diferença.<br />

36 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 37<br />

| RevistadaFIEC |


FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

Fortalecimento e união<br />

Aclamado por unanimidade para suceder Ivan Bezerra<br />

Filho, o empresário Germano Maia Pinto, sociodiretor<br />

da Tramix Indústria e Comércio Têxtil Ltda. – fabricante<br />

de linhas de costura e aviamentos –, tomou posse em 3 de<br />

outubro na presidência do Sinditêxtil, sindicato filiado à FIEC,<br />

para o período 2011/2014, com a promessa de manter o foco<br />

da entidade no fortalecimento e na união da cadeia têxtil.<br />

Dentre os projetos iniciados, que terão continuidade durante<br />

sua gestão, aponta o Centro de Tecnologia da Cadeia<br />

Têxtil e do Vestuário, o Polo Moda e o PlanSeQ. “São os<br />

mais marcantes na minha visão empresarial. Esses projetos<br />

já estão na minha agenda de trabalho”, assegurou o empresário,<br />

que pretende continuar aproveitando toda a estrutura<br />

do Serviço Social da Indústria (SESI/CE) e do Serviço Nacional<br />

de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE) na qualificação<br />

de mão de obra para o setor.<br />

Germano Maia disse que dará ênfase à gestão participativa<br />

por meio da formação de parcerias com instituições<br />

que fortaleçam as ações do sindicato, como o Sistema FIEC,<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />

(Sebrae), Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit),<br />

Sindicato da Indústria de Confecção de Roupas e Chapéus<br />

de Senhoras do Estado do Ceará (Sindconfecções) e Sindicato<br />

da Indústria de Confecções de Roupas de Homem e<br />

Vestuário do Estado do Ceará (Sindroupas), dentre outras.<br />

“Sozinhos somos apenas elos perdidos. Sinto-me encorajado<br />

porque estou cercado de pessoas competentes para enfrentar<br />

todos os desafios”, afirmou.<br />

Para ele, o setor têxtil está no DNA do cearense, devendo,<br />

portanto, ser tratado com respeito. “Quem não tem<br />

algum antepassado que numa máquina de costura se aventurava<br />

a fabricar roupas? Essa prática empreendedora se<br />

dissemina hoje na indústria têxtil e de confecção, gerando<br />

no Ceará mais de 60 000 empregos diretos. Nosso estado é<br />

o quarto polo brasileiro da indústria têxtil e de confecção.<br />

Somos líderes na produção de índigo, de fios e de moda<br />

íntima”, frisou Germano Maia.<br />

Em relação ao cenário econômico mundial, lembrou<br />

que atualmente o mundo olha para o Brasil de forma especial<br />

quando se fala de investimento e da mesma forma<br />

o Brasil está olhando para o Ceará. “A gente tem de saber<br />

aproveitar com sabedoria esse momento”, alerta o líder<br />

classista, que garante estar consciente de que “a missão de<br />

presidir o Sinditêxtil é de extrema responsabilidade”.<br />

Ao dar posse à nova diretoria, o presidente da FIEC, Roberto<br />

Proença de Macêdo, destacou que o sindicato é um dos<br />

mais ativos da Federação e também um dos mais importantes<br />

no aspecto econômico, de prestígio e atuação nacional e<br />

pela liderança que exerce sobre toda a cadeia têxtil cearense.<br />

Segundo Roberto Macêdo, o Ceará vai voltar a ser destaque<br />

nacional na cadeia têxtil e de confecção. “Vamos<br />

superar o fantasma da China. Temos design e qualidade.<br />

Agora, é nos mover nessa direção. Desejo sucesso e força<br />

à nova diretoria para enfrentar a crise mundial e eventualmente<br />

crises setoriais.”<br />

Diretoria Sinditêxtil 2011-2014<br />

Germano Maia Pinto - presidente<br />

Fábio Diniz Pinheiro - 1° vice-presidente<br />

Rafael Cabral - vice-presidente administrativo<br />

Maurício Targino - vice-presidente administrativo adjunto<br />

Graziela Teixeira - vice-presidente financeiro<br />

leandro Pereira de Araujo - vice-presidente financeiro adjunto<br />

Delegados na FIEC:<br />

Titular: Germano Maia Pinto<br />

Suplentes: Fábio Diniz Pinheiro e Rafael Cabral<br />

Conselho fiscal: Eduardo Machado, Alexandre Kang e Franzé Fontenelle.<br />

Suplência: Cláudio Milério, Alcidez Zulian e Manoel Trajano<br />

Conselho consultivo: Germano Maia, Ivan Bezerra Filho, Verônica Perdigão,<br />

Paulo Baquit, Assis Machado e Raimundo Delfino<br />

Na hora de<br />

terceirizar<br />

funcionários faça<br />

a escolha certa:<br />

deixe com a gente.<br />

A Mrh Locação de Mão de Obra possui<br />

pro ssionais de todos os níveis para<br />

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temporários. Uma excelente opção para<br />

a substituição de pessoas nos períodos<br />

de férias e licença-maternidade ou<br />

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38 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 39<br />

| RevistadaFIEC |


FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

Refrigeração e climatização<br />

Mercado exige<br />

novo profissional<br />

SENAI monta perfil para quem vai exercer as atividades de mecânico<br />

de manutenção e técnico nas áreas de refrigeração e climatização, que<br />

deverá ter visão técnica abrangente<br />

Profissionais com uma visão técnica abrangente,<br />

mas respeitando legislações e normas técnicas ambientais,<br />

de qualidade, de saúde e de segurança.<br />

Esse deverá ser o perfil do futuro profissional para exercer<br />

as atividades de mecânico de manutenção e técnico<br />

nas áreas de refrigeração e climatização. A estruturação<br />

do novo modelo de profissional do setor vai exigir também<br />

a adequação dos processos educacionais destinados<br />

à formação dessa mão de obra. O debate em torno de<br />

tal visão fez parte das discussões do Comitê Técnico Setorial<br />

Nacional em Refrigeração e Climatização, dentro<br />

do Programa de Estruturação dos Itinerários Nacionais<br />

de Educação Profissional do Departamento Nacional do<br />

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).<br />

Ocorridos em Fortaleza, os encontros, conduzidos pelo<br />

SENAI/CE, tiveram a colaboração de empresas, entidades<br />

ligadas à área e técnicos do órgão de todo o país no mês<br />

de setembro último. A partir de agora, os perfis sugeridos<br />

darão origem aos desenhos curriculares e aos demais processos<br />

da oferta de cursos pelo SENAI. Com isso, a instituição<br />

pretende assegurar a estruturação e a atualização<br />

dos seus programas de educação profissional e a sintonia<br />

dos mesmos com as demandas atuais e futuras que o mundo<br />

do trabalho requer.<br />

A definição dos perfis profissionais foi montada a<br />

partir de metodologia criada pelo SENAI para captar as<br />

necessidades de cada setor e mercado de trabalho. Foram<br />

estabelecidos comitês técnicos setoriais de diversas<br />

áreas. Ao Ceará, coube a condução do Comitê Técnico<br />

Setorial Nacional em Refrigeração e Climatização,<br />

que ficou a cargo da Unidade de Educação Profissional<br />

(UEP), sendo a coordenação pedagógica e metodológica<br />

articulada pelas analistas educacionais Andreza<br />

Rezende, Valnice Moreira e pelos especialistas técnicos<br />

Carlos Augusto de Araújo, Roberto Jorge Bezerra Lauriston<br />

e Eber Lima dos Santos Júnior.<br />

Durante dois momentos, os membros do comitê<br />

se reuniram para apontar a realidade nas empresas,<br />

adequando-as à verdade das salas de aula. De acordo<br />

com Andreza, todos os setores que envolvem a formação<br />

e atuação do profissional de refrigeração foram<br />

beneficiados. "A partir do que apontaram as discussões<br />

sobre os perfis, o SENAI atualizará os cursos<br />

com a realidade do mercado. Além do ganho aparente<br />

do docente e do profissional com essa modernização,<br />

a indústria receberá profissionais de acordo com<br />

o que realmente precisa que seja realizado dentro da<br />

sua empresa", destaca Andreza Rezende.<br />

No primeiro encontro, ocorreu a formatação do perfil profissional<br />

do mecânico em refrigeração e climatização. Em seguida,<br />

houve a definição das necessidades de formação para<br />

o técnico em refrigeração. Para a estruturação dos perfis profissionais<br />

com tal característica, e para que possam atender às<br />

demandas de formação em nível nacional, fez-se necessário,<br />

explica a analista educacional do SENAI/CE, Valnice Moreira,<br />

que a constituição do comitê congregasse profissionais com a<br />

capacidade de discutir os nexos entre a educação e o trabalho<br />

(como representantes de empresas, associações de referência,<br />

sindicatos patronais e dos trabalhadores, meio acadêmico, instituições<br />

de ciência e tecnologia e especialistas tecnológicos e<br />

de educação profissional do SENAI) e de estabelecer, com base<br />

na pluralidade de visões, as competências técnicas e de gestão<br />

requeridas pelo mundo do trabalho, constituindo-se em marco<br />

de referência para o desenvolvimento profissional.<br />

De acordo com Valnice, a montagem dos perfis profissionais<br />

mostra que atuação do SENAI na educação profissional<br />

vem sofrendo profunda transformação nos últimos anos,<br />

fruto das mudanças no campo educacional no país e no mundo.<br />

"Isso em virtude principalmente das novas concepções de<br />

educação profissional, das mudanças na legislação de ensino,<br />

Empresas participantes<br />

uF Empresas<br />

CE Bontempo<br />

ES Frioar Comércio e Serviços Ltda.<br />

SP Frioterm da Amazônia Indústria e Comércio<br />

BA Centraltec Climatização<br />

CE Esmaltec<br />

CE Newtemp<br />

BA MCN Refrigeração Ltda.<br />

SP Elgin Refrigeração<br />

RS Armax - Ar Condicionado Comércio e Serviços Ltda.<br />

PE Arclima<br />

MG Emac - Engenharia de Manutenção Ltda.<br />

BA MCN Refrigeração Ltda<br />

SP Danfoss do Brasil Indústria e Comércio Ltda.<br />

SP Telco Equipamento de Refrigeração Ltda.<br />

RS Aeroduto Ar Condicionado Ltda.<br />

O SENAI/CE conduziu as reuniões do Comitê Técnico Setorial<br />

Nacional em Refrigeração e Climatização<br />

das mudanças no campo da organização do trabalho, das<br />

inovações tecnológicas e, em especial, das novas competências<br />

que o mundo do trabalho requer dos seus trabalhadores",<br />

diz a analista, para complementar: "Essas mudanças<br />

exigem, por parte das instituições de educação profissional,<br />

um permanente repensar do seu papel e uma consequente<br />

adequação das suas estratégias de atuação aos novos paradigmas<br />

da contemporaneidade".<br />

Competências<br />

Mecânico em Refrigeração e Climatização: Instalar, operar<br />

e realizar manutenção de equipamentos de refrigeração e climatização residencial,<br />

comercial e industrial, respeitando legislações, normas técnicas, ambientais,<br />

de qualidade, de saúde e de segurança.<br />

Técnico: Elaborar projetos de instalação de sistemas de refrigeração e climatização<br />

sob supervisão e coordenar a execução da instalação e da manutenção<br />

de sistemas de refrigeração e climatização, seguindo legislação e normas técnicas,<br />

ambientais, de saúde e segurança no trabalho e utilizando as boas práticas.<br />

Formação do Comitê Técnico Setorial Nacional em Refrigeração e Climatização<br />

Entidades representativas<br />

uF Entidade<br />

CE Sindgel<br />

CE Semam - Secretária do Meio Ambiente e Controle Urbano<br />

CE Sindiar<br />

CE IFCE - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará<br />

CE Crea - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura<br />

SP Sindratar<br />

Unidades do SENAI<br />

uF unidade<br />

RS SENAI - Uned<br />

RS Escola de Educação Profissional SENAI Visconde de Mauá<br />

ES SENAI - Civit I<br />

BA SENAI - Cimatec<br />

MG SENAI - CFP ARG<br />

RJ SENAI CTS - Automação e Simulação<br />

PR SENAI - Toledo<br />

SP Escola SENAI oscar Rodrigues Alves<br />

PE Escola Técnica SENAI Santo Amaro<br />

PI SENAI - CFP Cândido Athayde<br />

40 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 41<br />

| RevistadaFIEC |<br />

FoTo: GIoVANNI SANToS


FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

Meio ambiente<br />

O dilema das<br />

sacolas plásticas<br />

Por causa de problemas ambientais, várias cidades brasileiras têm leis<br />

proibindo a utilização do produto no comércio. No entanto, estudos<br />

apontam que as outras opções podem ser ecologicamente piores<br />

POR GEvAN OLIvEIRA<br />

Você já deve ter ouvido falar nos malefícios que as<br />

sacolas plásticas causam ao meio ambiente, sobretudo<br />

quando descartadas de forma irresponsável. Pois<br />

bem, nos últimos anos elas se tornaram alvo de ambientalistas,<br />

cientistas e até de políticos que em nome do meio<br />

ambiente atacam as sacolinhas utilizadas nos supermercados<br />

e em outros estabelecimentos comerciais.<br />

Estima-se que são distribuídas, no mundo, entre 500<br />

bilhões e um trilhão de sacolas plásticas anualmente. Para<br />

o cliente, o custo é zero, mas para a natureza e os órgãos<br />

públicos o ônus é gigantesco quando se considera que seu<br />

descarte inadequado é um dos maiores causadores da degradação<br />

na terra e no mar.<br />

Em algumas cidades do Brasil essa invenção de 1909<br />

(o primeiro plástico totalmente sintético e comercial é<br />

criação do belga, naturalizado americano, Leo Baekeland<br />

e só passou a ser produzido industrialmente em<br />

1939), criada para facilitar a vida da população, já foi<br />

até banida; em outras, está com os dias contados. Dentre<br />

as capitais, a pioneira foi Belo Horizonte. Por lá, a<br />

lei que extinguiu as sacolinhas de polietileno – produto<br />

derivado do petróleo – entrou em vigor no mês de abril<br />

deste ano. Na capital mineira, as sacolas estão sendo<br />

substituídas por embalagens biodegradáveis, feitas de<br />

amido de milho, a um custo médio de 0,19 centavos,<br />

pagos pelo consumidor.<br />

Na maior metrópole da América do Sul,<br />

São Paulo, uma lei determina a proibição<br />

das sacolinhas a partir de 25 de janeiro de<br />

2012. Até lá, os estabelecimentos devem<br />

fixar cartazes com a mensagem: "Poupe recursos<br />

naturais! Use sacolas reutilizáveis".<br />

Depois desse período, quem insistir em<br />

usar as sacolas pagará multa de 50 reais a<br />

50 milhões de reais, de acordo com o faturamento<br />

da loja infratora. A lei veta até<br />

mesmo as chamadas sacolas plásticas ecológicas<br />

(biodegradáveis). Outras 12 capitais<br />

já têm medidas restritivas à utilização<br />

do produto. Na capital do estado do Ceará,<br />

Fortaleza, a substituição das sacolas nos<br />

supermercados por opções sustentáveis foi<br />

pauta de audiência pública na Câmara dos<br />

Vereadores, em junho passado.<br />

Dentre os argumentos usados a favor do seu<br />

fim estão os de que no Brasil, a cada mês, acima<br />

de um bilhão delas são distribuídas pelos supermercados,<br />

o que dá mais de 35 milhões por dia<br />

e quase 15 bilhões por ano, ou quase 70 sacolas<br />

plásticas para cada brasileiro mensalmente,<br />

sendo que a maioria tem descarte inadequado,<br />

como os lixões, onde se tornam vilãs ao impedirem<br />

a decomposição natural dos demais rejeitos.<br />

Isso ocorre porque elas comprometem a<br />

capacidade do local, deixando-o impermeável<br />

e instável para o processo de biodegradação de<br />

materiais orgânicos.<br />

Como levam centenas de anos para se decompor,<br />

os especialistas apontam as sacolas<br />

como o resíduo que mais polui as cidades. Também<br />

entopem a drenagem urbana e os rios, contribuindo<br />

para inundações. Além disso, causam<br />

a degradação dos mares, levando à morte milhares<br />

de animais, como tartarugas, baleias, focas<br />

e pássaros, por sufocamento (ou obstrução<br />

do aparelho digestivo), ao ingerir as embalagens<br />

plásticas, confundidas com alimentos.<br />

De posse desses e de outros dados, é certo<br />

que banir as sacolinhas trata-se de uma demanda<br />

de toda a sociedade. É o que se pensa (va).<br />

Mas, na prática, a grande maioria da população<br />

ainda mantém forte empatia pelo artigo e é contra<br />

seu fim. Foi o que revelou uma pesquisa do<br />

Datafolha realizada em maio deste ano. Segundo<br />

o instituto, de cada dez pessoas entrevistadas,<br />

cinco consideram as sacolas plásticas o melhor<br />

meio para transportar as compras. Sacolas de<br />

pano, nylon e de feira aparecem como a melhor<br />

opção para 27% dos entrevistados, seguidas de<br />

carrinhos de feira, 12%, caixa de papelão, 6%,<br />

sacolas de papel, 3%, e outros meios, 2%.<br />

O Datafolha mostra ainda que 82% da população<br />

não concordam com o pagamento pelo<br />

uso das sacolas plásticas – prática adotada nas<br />

cidades que aderiram à proibição. Dos entrevistados,<br />

81% acreditam que a cobrança pelas<br />

sacolas plásticas daria mais lucro para o comércio;<br />

57% acham que a proibição prejudicará a<br />

população; 96% entendem que o comércio deve<br />

distribuir gratuitamente sacolas biodegradáveis,<br />

caso as plásticas sejam proibidas.<br />

O Datafolha revela também que 88% dos<br />

usuários de sacolas plásticas costumam reutilizar<br />

essas embalagens; 7% descartam e 6% dizem<br />

enviar para reciclagem. Os entrevistados que reutilizam<br />

as sacolas indicaram como finalidade do<br />

reuso o acondicionamento de lixo (96%), o recolhimento<br />

de sujeira de animais (51%), a utilização<br />

para transportar outros objetos (66%), o uso para<br />

separar o lixo a ser levado à reciclagem (39%),<br />

para armazenar mantimentos (26%), guardar<br />

roupas (17%) ou a utilização como matéria-prima<br />

para confeccionar outros produtos (4%).<br />

Feitas de polietileno, as sacolas plásticas são<br />

100% recicláveis. Porém, o Datafolha mostra<br />

que a maior parte da população desconhece o<br />

fato. Somente 38% responderam que as sacolas<br />

plásticas são recicláveis. Para 45% da população,<br />

as sacolas não são recicláveis e 17% não souberam<br />

responder. A pesquisa foi realizada em São<br />

Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto<br />

Alegre e Recife, com 1 123 entrevistados, dentre<br />

homens e mulheres a partir de 16 anos de todas<br />

as classes econômicas.<br />

Sacolas plásticas,<br />

confundidas como<br />

alimento, provocam a morte<br />

de milhares de animais<br />

42 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 43<br />

| RevistadaFIEC |


FoTo: JoSÉ SoBRINHo<br />

Segundo pesquisa, sacolas<br />

de papel, de polipropileno<br />

e de algodão consomem<br />

mais matéria-prima e<br />

energia para sua fabricação<br />

Uso racional<br />

Outro estudo – feito na Inglaterra – chama<br />

ainda mais a atenção para o tema e<br />

apresenta uma visão oposta ao que<br />

costuma ser veiculado. Para especialistas da<br />

Agência Ambiental da Inglaterra, os modelos de<br />

papel, apontados como saída para o plástico,<br />

podem causar mais problemas ecológicos do<br />

que as sacolinhas de plástico de supermercado,<br />

quando a comparação leva em conta o uso dos<br />

tipos uma única vez.<br />

O órgão governamental inglês explica que<br />

sacolas de papel, de polipropileno e de algodão<br />

(conhecidas como retornável ou ecobag)<br />

consomem mais matéria-prima e energia para sua<br />

fabricação. Por isso teriam de ser reutilizadas 3, 11<br />

ou 131 vezes, respectivamente, para causar menos<br />

danos ambientais do que uma sacola plástica<br />

usada apenas uma vez. O trabalho analisou o<br />

quanto cada modelo de sacola contribuiria para o<br />

aquecimento global. Para tanto, os pesquisadores<br />

acompanharam o ciclo de vida de cada um dos<br />

tipos. Em cada etapa do ciclo de vida, a quantidade<br />

de gases causadores do efeito estufa – que são<br />

emitidos pelo consumo de energia, tanto na<br />

fabricação dos materiais, como no transporte das<br />

mercadorias – foi contabilizada.<br />

A partir desse acompanhamento, os pesquisadores<br />

verificaram que, em seu ciclo de vida completo,<br />

uma sacola plástica comum emite 1,5 quilo de gás<br />

carbônico e de outros gases que contribuem para<br />

o aquecimento global. Já o ciclo de vida das outras<br />

sacolas tem um impacto bem maior: a de papel<br />

produz, segundo a pesquisa, 5,53 quilos; a de plástico<br />

resistente 21,5 quilos e a de algodão, 271,5 quilos.<br />

A partir desses dados, o estudo conclui<br />

ainda que sacolas que foram feitas para durar<br />

bastante – como as de plástico mais resistente<br />

ou as de algodão – também exigem mais recursos<br />

para sua fabricação. A conclusão é que se não<br />

forem reutilizadas devidamente, o potencial de<br />

aquecimento global pode ser pior do que o das<br />

sacolas plásticas.<br />

No Brasil, estudo do professor José Carlos<br />

Pinto, da UFRJ/Coppe, considera um equívoco<br />

atribuir ao plástico o papel de vilão do meio<br />

ambiente. Segundo o cientista, trata-se de um<br />

material que apresenta as propriedades ideais<br />

para reciclagem e reuso. “Terminado o ciclo de<br />

vida do produto plástico, ele pode ser processado<br />

e usado como matéria-prima, dando início ao<br />

ciclo de vida de um novo produto. O pote de<br />

xampu de hoje pode ser a sacola plástica de<br />

amanhã e o saco de lixo de depois de amanhã,<br />

o que não seria possível se o material fosse<br />

degradável”, explica.<br />

José Carlos concorda com a pesquisa inglesa<br />

afirmando que a reciclagem do papel é muito<br />

menos eficiente que a do material plástico, pois<br />

uma parcela significativa do produto final se<br />

perde pela fácil degradação física e química,<br />

sobretudo em contato com a água. "O material<br />

plástico descartado pelo consumidor deve ser<br />

reciclado. O correto é impedir que se acumulem<br />

nos lixões e estimular a reutilização dessa fonte<br />

de matérias-primas, como já ocorre com os<br />

materiais de alumínio, como latas de refrigerante<br />

e cerveja", conclui o pesquisador.<br />

Quanto ao uso das sacolas biodegradáveis –<br />

que se decompõem mais rapidamente<br />

quando descartadas – como alternativa<br />

às sacolas comuns a notícia também<br />

não é muito boa. Relatório apresentado<br />

em abril passado na publicação<br />

Environmental Science & Technology<br />

sugere que o produto também pode<br />

ser prejudicial ao meio ambiente.<br />

De acordo com o artigo, intitulado<br />

Degradable Polyethylene: Fantasy or<br />

Reality (Polietileno Degradável: Fantasia<br />

ou Realidade), adicionar metais de<br />

transição, como ferro e cobalto, à<br />

composição do material pode promover<br />

a oxidação dos polímeros de etileno,<br />

mas não há evidências de que as<br />

sacolas plásticas ‘biodegradáveis’ de<br />

fato se dissolvam.<br />

Combate ao desperdício<br />

APlastivida Instituto Sociombiental dos<br />

Plásticos iniciou, no final de junho deste<br />

ano, uma ação nacional na mídia para<br />

tentar esclarecer a sociedade e os formadores<br />

de opinião sobre “os mitos e fatos” em torno<br />

das sacolas plásticas, suas vantagens sociais<br />

e ambientais e incentivar o uso e o descarte<br />

adequados. A campanha é parte de um esforço<br />

para mostrar que a educação da população é<br />

a solução mais equilibrada para combater o<br />

desperdício e descarte incorreto.<br />

Desde 2008, a Plastivida, com o Instituto<br />

Nacional do Plástico (INP) e a Associação<br />

Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas<br />

Flexíveis (ABIEF), promove o Programa de<br />

Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas<br />

Plásticas, que incentiva o consumo adequado<br />

dessas embalagens, sem o desperdício. Os<br />

resultados são consistentes. Em 2007, o consumo<br />

de sacolas era de 17,9 bilhões. Em 2008, passou<br />

para 16,4 bilhões; em 2009, para 15 bilhões e<br />

fechou 2010 em 14 bilhões. A expectativa para<br />

este ano é de que haja a redução no consumo<br />

de mais 750 milhões de unidades dessas<br />

1. Plásticos convencionais levam cerca de 400 anos para se decompor. Segundo um levantamento<br />

do Ministério do Meio Ambiente, de 2009, cada família brasileira descarta cerca de<br />

40 quilos de plásticos por ano e mais de 80% dos plásticos são utilizados apenas uma vez.<br />

2. os sacos plásticos voam com o vento para diversos locais e acabam poluindo não apenas<br />

as cidades, mas também nossos biomas, as florestas, rios, lagos e oceanos.<br />

3. o lixo que flutua pelo oceano Pacífico contém mais de 100 milhões de toneladas, sendo<br />

que 90% são constituídos de detritos de plástico. Desse total, 80% vêm do continente.<br />

4. Nos oceanos, as sacolas plásticas se arrebentam em pedaços menores e se tornam parte<br />

da cadeia alimentar de animais marinhos dos mais variados tamanhos. Ao ingerir a carne<br />

desses animais, engole-se também resíduos de plástico que fazem mal à saúde.<br />

5. A ingestão de sacolas plásticas é uma das principais causas da mortes de tartarugas,<br />

que confundem o plástico com comida e têm seu aparelho digestivo obstruído. Estima-se<br />

também que em torno de 100 000 mamíferos e pássaros morram sufocados por ano.<br />

6. Descartadas de maneira incorreta, nas cidades, entopem bueiros, provocando enchentes,<br />

que causam a morte de pessoas e animais domésticos, destroem plantas e árvores.<br />

7. As sacolinhas podem acumular água parada e permitir a proliferação do mosquito<br />

da dengue.<br />

8. o plástico é o segundo material mais comum no lixo municipal. Quando os aterros chegam<br />

à sua capacidade máxima, é preciso abrir outras áreas que poderiam ser utilizadas para<br />

plantio de vegetação nativa, por exemplo, para o depósito de resíduos.<br />

9. o material orgânico depositado em sacos plásticos demora mais para ser degradado e<br />

decomposto em nutrientes e minerais, que serão utilizados em outros processos biológicos.<br />

10. Com a decomposição lenta dos resíduos orgânicos aprisionados nas sacolas plásticas,<br />

produzem-se mais metano e Co2, que são liberados quando a sacola é rasgada e contribuem<br />

para a aceleração do aquecimento global.<br />

Fonte: Adaptado do site http://super.abril.com.br/blogs/planeta/<br />

embalagens, o que representa 26,3% menos<br />

sacolinhas sendo consumidas de 2008 a 2011.<br />

A iniciativa conta hoje com a participação de<br />

quatro das seis maiores redes de supermercados<br />

do ranking da Abras (Pão de Açúcar, Zaffari,<br />

Prezunic e GBarbosa), além de dezenas de outras<br />

redes pelo Brasil afora. Além disso, mais de 5 000<br />

pessoas, entre supervisores e operadores de<br />

caixa dos supermercados participantes, foram<br />

treinadas para orientar os consumidores sobre o<br />

uso responsável das sacolinhas.<br />

Dez motivos para recusar sacolinhas plásticas Dez vantagens das embalagens plásticas<br />

1. A embalagem é fundamental para a conservação dos alimentos, ainda mais em um país<br />

de condições continentais como o Brasil.<br />

2. A energia usada para produzir alimentos é muito maior do que a utilizada para produzir<br />

embalagens. Portanto, quanto melhor for a conservação dos alimentos e menor for<br />

a sua perda, mais estaremos evitando o desperdício de tudo o que a sociedade e o meio<br />

ambiente investiram para produzi-los: energia, trabalho, recursos naturais, financeiros etc.<br />

3. A embalagem plástica protege o produto na distribuição e na estocagem, aumenta<br />

sua vida útil, conserva sua qualidade por mais tempo, reduz perdas, garante segurança<br />

alimentar e impede contaminação e doenças.<br />

4. A embalagem plástica evita fungos em grãos, farinhas, bolos e sopas desidratadas, mantém<br />

inalterada a textura de biscoitos e retarda a deterioração microbiológica das salsichas.<br />

5. As garrafas plásticas impedem contaminação da água e refrigerantes, evitam riscos no<br />

manuseio por crianças, mantêm a carbonatação e resistem à elevada pressão interna.<br />

6. Agrotóxicos, raticidas, inseticidas, soda cáustica e produtos assemelhados não<br />

oferecem perigo aos consumidores e ao meio ambiente quando se encontram nas<br />

embalagens plásticas.<br />

7. Sacos plásticos de lixo evitam proliferação de insetos e roedores, mau cheiro e doenças,<br />

aumentando a segurança dos catadores de resíduos.<br />

8. Produtos hospitalares esterilizados como soro, sangue e alimentação parenteral são<br />

protegidos de recontaminação pelas bolsas plásticas.<br />

9. Alimentos esterilizados, como conservas e doces em calda, também são protegidos<br />

pelas embalagens plásticas.<br />

10. Ao reciclar as embalagens plásticas, evitam-se emissões de gases para a atmosfera<br />

e reduzem-se os consumos relativos aos processos de extração e beneficiamento<br />

de recursos naturais.<br />

Fonte: Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea)<br />

44 | RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

Outubro de 2011 45<br />

| RevistadaFIEC |<br />

FoTo: JoSÉ SoBRINHo


Inovaçoes<br />

PRoTóTIPo DE nAVIo<br />

Incomodados com o<br />

desperdício de material utilizado<br />

na construção de protótipos de<br />

navios (principalmente plástico<br />

à base de poliuretano, que em<br />

grande quantidade é prejudical<br />

ao meio ambiente), cientistas<br />

do Instituto de Pesquisas<br />

Tecnológicas (IPT) passaram a<br />

estudar o uso de outras matériasprimas.<br />

Após 11 meses de<br />

trabalho, eles desenvolveram<br />

uma técnica que usa a cera de<br />

carnaúba como substituta. Para<br />

chegar à cera de carnaúba, os<br />

pesquisadores testaram cem<br />

amostras de 300 gramas de ceras<br />

naturais e industriais disponíveis<br />

no mercado brasileiro. Desse<br />

total, cinco tiveram desempenho<br />

adequado. As formulações<br />

aprovadas passaram, então,<br />

por testes de usinagem. A de<br />

carnaúba provou ser a melhor<br />

combinação. O invento do<br />

IPT é ecologicamente correto<br />

porque usa na composição<br />

cera de carnaúba, parafina<br />

e resina polimérica, dentre<br />

outros componentes. E mais: ao<br />

eliminar o descarte, cai o custo<br />

no processo de construção de<br />

modelos que traz vantagem<br />

econômica. Além de navios, os<br />

moldes poderão ser utilizados<br />

em testes de escala reduzida<br />

de outros processos produtivos<br />

como a fabricação de carros e<br />

até de peças menores. O novo<br />

produto, cujo reaproveitamento<br />

chega perto de 100%, poderá<br />

futuramente ser usado nos<br />

protótipos de embarcação em<br />

substituição à fibra de vidro.<br />

46<br />

| RevistadaFIEC | Outubro de 2011<br />

&Descobertas<br />

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP)<br />

desenvolveram uma nova técnica para usar o bambu<br />

como matéria-prima para a produção de materiais de<br />

fibrocimento. Até poucos anos atrás, telhas e caixas<br />

d'água, dentre vários outros produtos, eram fabricados<br />

usando fibras de amianto, um material carcinógeno<br />

que vem sendo banido em todo o mundo. Além do<br />

bambu, uma das linhas de pesquisa do Laboratório de<br />

Construções & Ambiência, em Pirassununga (SP), visando<br />

à produção de telhas e fibrocimento, envolve a adição<br />

na matriz cimentícia de fibras residuais de bagaço de<br />

cana-de-açúcar e sisal. Segundo os pesquisadores, o<br />

bambu foi escolhido porque apresenta a vantagem de<br />

ter um crescimento mais rápido que a madeira e suas<br />

fibras são bem resistentes. A polpa obtida pode ser<br />

adicionada diretamente à matriz de cimento, dando uma<br />

maior resistência às placas de fibrocimento, inibindo a<br />

propagação de fissuras e proporcionando uma maior<br />

PAnTuFA CoM 3G<br />

A tecnologia 3G, que tem mudado a forma<br />

como as pessoas se comunicam, chega agora<br />

aos calçados, especificamente às pantufas,<br />

acessórios geralmente usados por pessoas<br />

idosas. As novas pantufas possuem um chip de<br />

rastreamento que, por meio da conectividade<br />

3G, notifica a alguns contatos quando o usuário<br />

sofre uma queda. O detector utiliza a mesma<br />

tecnologia empregada para fazer o iPhone<br />

responder a giros e inclinações em aplicativos.<br />

No caso das pantufas, o movimento brusco e a<br />

mudança de posição do usuário servem como<br />

gatilhos. O chip é carregado com o número de<br />

um parente ou amigo, para que ele seja avisado<br />

via mensagem de texto em caso de desmaios,<br />

por exemplo. A tecnologia já atraiu interesse<br />

de companhias de telecomunicações como a<br />

Verizon e a AT&T.<br />

FIbRoCIMEnTo MAIS RESISTEnTE<br />

absorção de impactos em relação à matriz sem fibras.<br />

Nos testes de absorção de água, as placas de cimento<br />

reforçadas com polpa de bambu apresentaram um<br />

percentual máximo de 26%. A norma para fibrocimento<br />

estabelece 37% como limite máximo de absorção. A linha<br />

de pesquisas da USP, que busca alternativas ao amianto,<br />

rendeu diversos produtos, como fibrocimentos à base de<br />

bagaço de cana-de-açúcar, subprodutos da siderurgia e<br />

outros inspirados em vários materiais naturais.<br />

RolhA DIGITAl<br />

Os designers sul-coreanos Kwang-wi Park<br />

e Eun-ji Lin pretendem revolucionar o setor de<br />

bebidas com uma novidade que vai agradar,<br />

num primeiro momento, os amantes do vinho.<br />

Eles criaram uma rolha digital que ajuda a<br />

manter e servir a bebida na temperatura ideal,<br />

avisando quando o vinho está pronto para ser<br />

consumido. A Digital Cork funciona de duas<br />

maneiras: exibe os dados na própria garrafa ou<br />

os envia via wi-fi para seu smartphone, a partir<br />

de um aplicativo específico. Ela é programada<br />

para mostrar quando o vinho atinge a<br />

temperatura ideal ou quando a temperatura<br />

muda demais e deixa de ser indicada para<br />

consumo. Também pode ser ajustada para<br />

avisar quando o vinho atingiu a idade perfeita.


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