Hoje é o nosso dia. (...) não tem prefeito, não tem padre, não tem juiz, nem delegado no dia de hoje. Hoje a cidade tá em festa e a cidade hoje é de São Benedito. A cidade hoje é dos congueiros. (trecho de entrevista cedida por Dino, integrante da Congada de Ilhabela)
~ 108 ~ As embaixadas e bailes relacionados ao rei Congo atravessaram séculos na cidade de Ilhabela, com suas cores, cantos e espadas. Tanto, que a “Congada de São Benedito” completa, no período atual, aproximadamente duzentos e cinquenta anos de tradição. <strong>De</strong> modo diverso as duas organizações abordadas neste capítulo, de Guaratinguetá e Cunha, a Congada de Ilhabela é celebrada em uma festa de três dias em homenagem a São Benedito. Ao invés de simples cortejo, a organização de Ilhabela realiza três bailes diferentes nos dias de festa com encenações de embaixadas e guerra, permeadas por falas e músicas, entre o rei do Congo e o embaixador pagão, o primeiro representando os cristão e o segundo, os mouros. A equipe do projeto “<strong>De</strong> <strong>Sambas</strong> e <strong>Congadas</strong>” esteve em Ilhabela nos dias treze, quatorze e quinze de maio, os três dias da Festa de São Benedito, palco da atuação da Congada. A cidade litorânea contextualiza e ambientaliza toda a celebração desta expressão cultural que, antigamente, era praticada, sobretudo, por pescadores da própria cidade de Ilhabela. O período em que a Festa de São Benedito seria realizada estava condicionado ao ofício destes trabalhadores que, esperavam terminar o período de pesca de sardinha para iniciar as festividades dedicadas ao santo de devoção. A festa era, e ainda é, realizada no mês de maio, sem dia fixo, na lua cheia, no chamado “claro”, momento no qual já foram finalizadas as atividades pesqueiras (CORRÊA, 1981). Iracema Corrêa (1981) em seu estudo sobre a Congada local menciona que a presença de ne-