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Leia mais... - De Sambas e Congadas

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lho durante o dia, a limpeza da roça, o roçado do pasto e, durante a noite, da festa, momento em que<br />

se dançava a chiba e o jongo.<br />

Seu Antônio acompanha a Congada de São Benedito, sobretudo, por gostar das cantorias e<br />

pela sociabilidade que os momentos de devoção proporcionam. Entretanto, o fato de não participar<br />

do grupo nos dias atuais não anula seus conhecimentos sobre a manifestação e a contribuição que é<br />

capaz de oferecer ao grupo. Indagado sobre o que é ser um bom congueiro, seu Antônio nos explica:<br />

Prá ser bom, ele tem que sabê batê bem o bastão, tem que sabê dançá, pegá o compasso certinho,<br />

que, aquele guiso que eles marra na perna, eles têm que pegá o compasso da batida do bastão.<br />

Conforme eles bate o bastão, eles dança e entoa com o bastão, o guizo, né?<br />

<strong>De</strong>voção e festa são dois elementos que caminham juntos na Congada de São Benedito. A dança e o<br />

canto são significados como reza e reverência ao santo de devoção para os congueiros. Alguns destes<br />

participam do grupo por razões religiosas, como menciona seu Jozé Bideco: “Eu tenho como religião<br />

mesmo, até na Congada eu converso, brinco com meus irmãos, mas tenho respeito pela bandeira, a<br />

gente respeita a bandeira, a bandeira de São Benedito (...)”. Entretanto, as constantes viagens proporcionam<br />

momentos importantes de sociabilidade e convívio entre devotos e congueiros que compartilham<br />

o modo de ver a vida e suas diferentes dimensões. Todas as atividades do grupo e gastos são<br />

arcados com recursos dos próprios congueiros, o que reforça a importância da Congada para seus<br />

participantes.<br />

Ao contrário do que acontecia antigamente, quando a Congada era festejada no ambiente ru-<br />

ral, sobretudo nas festas juninas, nos dias atuais<br />

o grupo cumpre sua devoção em festas dedicadas<br />

aos santos católicos em diferentes cidades e<br />

estados, como Minas Gerais e Rio de Janeiro. No<br />

geral, a Congada participa de cortejos simples em<br />

eventos com a presença de outros grupos.<br />

A equipe do projeto “<strong>De</strong> <strong>Sambas</strong> e <strong>Congadas</strong>”<br />

observou a “Congada de São Benedito”<br />

de Cunha na cidade de Guaratinguetá, em festa<br />

dedicada ao santo padroeiro deste grupo. Conhecemos<br />

os congueiros nesta cidade e, posteriormente,<br />

viajamos a Cunha para entrevistarmos seu<br />

José Ferraz da Silva, cujo apelido é José Bideco, e<br />

seu Antônio Monteiro, no seu sítio nos arredores<br />

da cidade. A Congada de Cunha, que impressiona<br />

pela riqueza de detalhes e organização, parte do<br />

patrimônio imaterial da cidade, é referência viva<br />

para seus congueiros, que, com certeza, darão<br />

continuidade aos meneios entre guizos e manejos<br />

de bastões, como bem afirma o mestre Zé Bideco:<br />

“Eu nasci aqui em Cunha, tenho sessenta e oito<br />

ano. Meu pai viveu setenta e quatro, morava aqui.<br />

Meu bisavô morava aqui. Então, nasceu aqui em<br />

Cunha mesmo. (...) Os cansado vai parando e vai<br />

ficando os <strong>mais</strong> novo”.

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